12 junho 2007

Aeroporto: processo a seguir (5)

Porque não quero perder nenhum pormenor relevante do estudo apresentado ontem pelo presidente da Confederação da Indústria, respeitante às possíveis alternativas à Ota para a construção do novo aeroporto da Área Metropolitana de Lisboa, acabei de ler aqui a versão integral desse interessante documento, o qual analisa as localizações Ota, Poceirão e a Poente do Campo de Tiro de Alcochete.
Detectei nesse estudo alguns pormenores que considero importantes e merecedores de apreciação cuidada:

– Não foram identificados nem avaliados impactes ambientais da adaptação de infra-estruturas rodo-ferroviárias (nomeadamente, prolongamento do IC13 até Porto Alto e linha do TGV a passar perto de Alcochete para atingir a nova ponte Barreiro-Chelas);
– Os autores do estudo consideram "fundamental proceder a uma análise mais detalhada das incidências ambientais da intervenção sugerida" (recursos hídricos superficiais, qualidade do ar e ruído);
– É necessária uma reflexão estratégica acerca das localizações "Poceirão" e "Alcochete" e também sobre o modelo de desenvolvimento regional que estas opções poderão induzir. Era bom que se aproveitassem estes seis meses para colher ideias na região;
– Algumas das orientações das pistas sugeridas para a área a Poente do campo de tiro (nomeadamente Norte-Sul: 01-19 ou 17-35) implicam que, 24 horas por dia, durante a maior parte do ano, nas descolagens as aeronaves voem praticamente sobre a vila de Alcochete. Pela descrição técnica fornecida, calculo que esse sobrevoo ocorra a um quilómetro de altitude.
Como é sabido, nesta zona o vento predominante é de Norte e os aviões descolam em sentido oposto ao da direcção do vento.
Convém ainda recordar que o ruído das aeronaves é muito mais intenso nas descolagens.
Seria bom que se aproveitassem estes seis meses para estudar melhor o assunto e, eventualmente, sugerir uma orientação clara das pistas no sentido Norte-Sul (00-18).

Insisto, entretanto, num pressuposto que estabeleci no texto anterior: penso que a opção Ota é irreversível desde 1999 e não acredito que, ao fim de 40 anos de estudos e de muito dinheiro gasto, haja a intenção política de recomeçar tudo de novo.


P.S. - Embora esteja correcta a hiperligação acima fornecida para o estudo encomendado pelo presidente da CIP, minutos depois parece-me que o «Público» pode ter retirado ou provisoriamente tornado inacessível o documento.

3 comentários:

Unknown disse...

Se o aeroporto vier para a margem sul, o Belmiro de Azevedo irá buscar o que perdeu com a OPA e muito mais!

Fonseca Bastos disse...

Só esse?
Pelas minhas contas, há meia dúzia de grupos económicos interessados na margem esquerda.
E a nível local, muito por alto, conto mais de uma dezena.

Unknown disse...

Para quem é capaz de ler entre as linhas e para lá delas, estes dois comentários explicam muita coisa...a começar pela própria política local.