24 maio 2007

Obrigado sr. Lino!

Quando um cidadão com o currículo do actual ministro das Obras Públicas diz da margem Sul o que ontem afirmou o sr. Mário Lino, os bardos deste lado só podem agradecer-lhe. Sobretudo os autarcas do partido a que em tempos pertenceu, deveriam aproveitar a boleia para despertar o Terreiro do Paço para uma realidade há muito escondida debaixo do tapete. O mais certo, porém, é fazerem como o líder do seu partido: abrirem a boca de espanto.
Afinal, o sr. Lino limitou-se a confirmar o que, muito antes, outros pensavam e escreveram (eu incluído): isto é mesmo um deserto! De obras, de gente, de projectos e, mais grave ainda, de ideias para o futuro.
Apesar de o sr. Mário Lino ser mestre em hidrologia e não em construção e exploração de aeroportos, em vez de o criticar felicito-o. Quem fala assim não é gago.
Disparatada é, sim, a referência a Brasília. Mas essa é uma questão cultural e não de hidrologia. Porque quem conhece a história da capital brasileira sabe ter sido, propositadamente, planeada e construída no sertão.
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Algumas razões para a sua construção são o deslocamento do centro político do país para fora do eixo Rio-São Paulo, incentivo ao povoamento do interior quase vazio do país e melhor posição estratégica e militar da capital" (conf. Wikipédia). Isto foi pensado em meados da década de 50 do século passado, quando o sr. Lino já frequentava o ensino secundário. Hoje, a cidade de Brasília tem mais de 2,6 milhões de habitantes e na sua zona de influência residem mais de cinco milhões de brasileiros.
Já agora, veja-se aqui o que é uma cidade bem planeada. Isto é urbanismo pensado há 40 anos! Contudo, para mim que a conheço, o melhor de Brasília é o trabalho de Óscar Niemeyer.
Por isto e pelo muito mais que se sabe acerca do despovoamento do interior da parte continental portuguesa, o melhor que poderia acontecer ao Alentejo, ao país e à Extremadura espanhola era aparecer algum novo Juscelino Kubitschek de Oliveira, que decidisse construir uma nova capital algures perto da fronteira.
Também por tudo o que já se sabia e o sr. Mário Lino acaba de recordar, o melhor é mesmo construir o aeroporto no Poceirão ou nas Faias.

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