28 maio 2007

Camelos ou beduínos?

Que eu vivo num deserto, segundo disse um ministro, não ponho em dúvida. Constatei-o há muito e disso tenho dado testemunho.
Tal como nos desertos verdadeiros, também neste escasseia a água. Ela está a ser distribuída aos bochechos, embora haja quem tente tapar o sol com a peneira.
A situação continua a piorar mas ninguém se descose.
Nos andares mais altos, a certas horas do dia, quando se abrem duas torneiras de ambas escorre um simples fio de água. Assim é impossível ter água quente, por mais afinações que se façam ao esquentador.
Ninguém diz porquê, mas tenho as minhas suspeições: diminuição deliberada da pressão, procurando evitar rupturas na canalização antiga da vila.
A rede de água do centro de Alcochete foi planeada em 1942 e concluída em 1946, sendo utilizadas condutas com as especificações recomendadas na época mas hoje inapropriadas. Entre os anos 30 e 40, a rede de distribuição domiciliária de água abrangia apenas as artérias compreendidas entre o actual Largo da Feira, a Rua Comendador Estêvão de Oliveira e o Largo Coronel Ramos da Costa. Aquilo a que se convencionou chamar "centro histórico".
Como em mais de 60 anos entretanto decorridos a rede primária não foi substituída nem modernizada, obviamente a canalização herdada de meados do século passado é hoje incapaz de resistir à pressão normal da água.
Tudo isto porque as canalizações de água, tal como as de esgotos, são enterradas e invisíveis, pelo que não servem para caçar votos. Logo, os autarcas dão prioridade aos "elefantes brancos".
Entretanto, como medida de recurso, há meses alguém terá decidido que, para evitar males maiores, seria preferível reduzir a pressão.
Esqueceu-se, eventualmente, haver na vila edifícios com três e quatro pisos não concebidos para tais condições de fornecimento, cujos proprietários e locatários são seriamente afectados com tal decisão.
Já li e escutei reparos sobre o assunto a inúmeras pessoas. Mas ninguém se explica.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eureka! descobri, eis a solução: como não substituem as canalizações antigas, aproveitem a revisão em curso do PDM e estabeleçam 3 pisos, digo três pisos como limite máximo de construção, que, com a cave e sotão já são 5, no entanto, sempre seria melhor que os 7 que por aí proliferam. Nessa não caem esses "artistas"