Se o Espírito Santo me iluminasse e Te cantasse a Ti, Igreja, mãe dos crentes, o hino mais excelso de todas as eras, seria um dom para este humilde servo do Povo de Deus cujo sinal descido dos céus é a Cruz de Cristo que rechaça a soberba dos homens.
Ao longo de dois milénios, Tu, Igreja, vezes sem conta foste só tempo desunido do Eterno, mas a majestosa imponência da Cruz perseguia-Te sem Te dar sossego, até que Tu, humilhada, a abraçavas de novo para Te reencontrares contigo própria.
Ainda hoje, Tu, Igreja, afirmas estranhamente a Cruz. Afirmas a Cruz, sinal visível do Deus Uno e Trino, a argamassa dos mundos, mas incompreensivelmente para mim, homem cristão do séc. XXI, negas que todos os sacramentos sejam para todos os teus filhos e filhas como se houvesse incompatibilidades entre aqueles sinais ou uns se colocassem acima de outros. Não abres mão do matrimónio para os presbíteros nem do sacerdócio para as mulheres sob o pretexto da disciplina e de que Jesus Cristo não incluiu nenhuma mulher no grupo dos Apóstolos, quando isto nada tem a ver com os fundamentos teológicos da Fé.
Apesar de tudo, não me consigo ver fora de Ti, Igreja. Não é possível deixar-Te porque o sentido da própria Cruz, União do Espírito que desce do Alto e da carne que se levanta do chão, impede que eu o faça.
Compreender a Cruz é sentir por Ti, Igreja, a compaixão que Cristo sentiu pelas multidões; é estar contigo como Cristo esteve com o mundo; é sofrer na consciência o que Cristo sofreu na Cruz.
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