22 maio 2007

Carta aberta ao comentário anónimo (2)

O meu amigo não sabe escrever. Desculpa lá, mas a verdade em primeiro lugar. Quando alguém não dá expressão conveniente às próprias ideias, não poderei desconfiar da justeza destas?
Repara bem como abres o teu texto: «Você já deu para perceber...». Em Português é assim: "Já deu para perceber que você". É que eu não sou a favor de promiscuidades linguísticas, razão por que recuso quaisquer portuganhóis.
Outra coisa que tu não sabes é hierarquizar as frases através da subordinação. A tua escrita reverte-se num puro horizontalismo, reflexo da tua própria visão do homem e do mundo, também essa horizontal.
Uma palavra que utilizas e chama logo a minha atenção é globalização. Achas que esta é obra de conservadores? Como é que isso pode ser? Larga da mão a intoxicação das esquerdas. Estas, aliadas aos grandes capitalistas (megacapitalistas), é que levam por diante a tal globalização que te aflige. Pensa um pouco com a tua cabeça e não com a deles: será o Partido Republicano dos Estados Unidos da América que está interessado na globalização ou toda a esquerda chique acoitada no Partido Democrata? Saberás que este é apoiado por 70% dos capitalistas americanos?
Nos séculos XV e XVI, alguma da melhor elite da Europa estava em Portugal. Essa elite cumpriu o seu papel. A ela devemos a interferência que tivemos na História Universal. Hoje não há uma verdadeira elite em Portugal, o que explica a nossa decadência perante as nações. Repara para ti próprio: és um oceano de confusão sem coragem para dar o rosto. Claro que tens uma "teoria" na manga para transformares cobardia em heroísmo. Poupa-me!
O teu pensamento obedece à centralidade do homem. Não vês que esta inflexão na História Ocidental teve início no Renascimento e é responsável pelo sofrimento inaudito que hoje nos cerca? Eu não estou a dizer que se regrida à mentalidade teocêntrica da Idade Média, mas para lá de mim há Algo maior do que eu. Sem esta verdade incontornável, o homem esquece-se de si próprio e perde-se, tantas vezes irremediavelmente.
Os Estados Unidos foram para o Iraque combater o terrorismo e promover a Democracia. Ainda é cedo para vermos os resultados. Independentemente destes, é com o Ocidente que eu estou, logo com os Estados Unidos. E também estou com Israel e com a Igreja Católica. Destes baluartes no mundo espero eu a defesa da liberdade, excelsa bandeira da civilização judaico-cristã. Não falo da liberdade como fim, mas como meio para a plenitude do homem ordenado a Deus, máximo Bem.
Evidentemente que os políticos do Brasil são pragmáticos, razão por que hoje dizem uma coisa, amanhã desdizem; hoje fazem uma coisa, amanhã desfazem. Desses esquerdistas estou eu bem informado através de alguns dos melhores analistas do mundo.
O multiculturalismo, também aproveitado pelas esquerdas para o estrangulamento do legado judaico-cristão, não pode pretender que os meus princípios e valores se apaguem perante os de povos que, alguns, nem sequer pertencem à minha civilização. Tu percebes isto, pá?
O interculturalismo só pode frutificar se assentar no respeito pela especificidade cultural de cada grupo.
Já sei que o veio anglo-saxónico é um tropeço na visão marxista que tens do homem e do mundo. O espaço anglo-saxónico não dobrará ao comunismo. Este está hoje mais forte que no tempo de Estaline, embora a maioria das pessoas, intoxicada pela media que temos, não esteja preparada para ver isso. Mas se um obscuro professor de Português como eu o vê, então milhares e milhares de outras pessoas pelo mundo fora também vêem o mesmo. Na hora da verdade, repicarão os sinos, os campos estribar-se-ão, os povos amantes da liberdade triunfarão. Ou penso assim ou penso que criminosos do mais alto calibre reduzirão a Humanidade à escravatura e animalização.
A seguir, o meu amigo ataca a Igreja de uma forma desconexa e incoerente, revelando-se a si próprio.
Ó meu amigo, eu sou a favor da pena de morte para violadores de menores, incendiários e traficantes de droga, pessoas e órgãos humanos. Aqui não vou em balelas, sejam quais forem as que atires para cima de mim. E sou aquilo que o meu amigo sabe que eu sou: cristão e católico. Esperavas por esta? Sabes, é que mais dois anos e qualquer coisinha em cima de mim e viro num sexagenário. O tempo das ilusões já se foi. Hoje defendo a liquidação de alguns para a paz e segurança da grande maioria.
Para o fim, o meu amigo confronta-me com malfeitorias de católicos. Que tenho eu a ver com isso, embora lastime? Sempre houve e há muitos católicos criminosos, mas os crimes destes são de trazer por casa perante os dos comunistas que, no séc. XX, mataram uns 100 milhões de seres humanos. Só às mãos de Estaline tombaram mais de 20 milhões. Isto mesmo me foi dito por jovens russos quando estive em Moscovo (1981). Mas ai de mim! Na altura pensei que eles eram reaccionários que denegriam a própria pátria a visitantes estrangeiros.

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