16 maio 2007

O Esperanto

O Esperanto (1887) é a língua artificial mais conhecida no mundo ao lado de muitas outras do mesmo género, nomeadamente o Volapuk (1879).
O criador do Esperanto foi L. L. Zamenhoff (1859-1917). Este polaco de origem judaica passou a infância num ghetto situado numa encruzilhada de etnias onde se falava uma dezena de línguas.
O sonho essencial de Zamenhoff era o de unir a humanidade. Este idealista defendeu a construção de uma língua que permitisse ultrapassar os obstáculos levantados pelas línguas naturais. Era a diversidade destas que, manifestamente, incomodava Zamenhoff. Animado de uma fé inquebrantável no génio bom da humanidade, este utopista quis, através da criação de uma língua internacional, conseguir a união de todos os homens e suprimir de vez a confusão da Torre de Babel.
O projecto de Zamenhoff é total: ele lança em 1906 os fundamentos de uma religião universal, o hilelismo, respeitador das particularidades religiosas, linguísticas, nacionais, etc., de todos os homens, mas reunindo-os no amor à humanidade, agora reconciliada pela tolerância e fraternidade.
Em 1954, a Conferência Geral da Unesco (braço da ONU para a educação, ciência e cultura) aprovou, pela primeira vez, recomendações a favor do Esperanto.
O Esperanto, encerra um ideal pacifista. Ora o pacifismo sempre foi um aliado das esquerdas à escala planetária, razão por que alguns regimes autoritários defensores da paz e segurança dos povos, perseguiram os adeptos da língua artificial criada por Zamenhoff. Mas para quem sabe ler entre as linhas deste texto, outras razões de maior peso estão na base das perseguições movidas ao Esperanto.

NOTA: hilelismo, de Hillel, judeu contemporâneo de Jesus Cristo.

1 comentário:

Anónimo disse...

A Humanidade é uma construcção social e cultural e os ideais sempre os houve, sempre houve Reis e Chefes de povos que definiram linguas, pesos e medidas e até a moeda a história está cheia de exemplos desses. Na lingua Portuguesa também isso aconteceu no Sec. XV e XVI ainda se falava Castelhano nos estratos mais baixos da população, foram as elites de cima para baixo que impuseram o Português como lingua, criando uma identidade linguistica que se deferenciasse de Castela, possivelmente muito poucos portugueses sabem disso, mas grandes vultos da Historia da nossa Literatura como Camões e Gil Vicente escreviam também em Castelhano.
Em Timor o Português foi escolhido como lingua oficial, porque não o Inglês ou a lingua da Indonesia, trata-se opções politicas. Os Reis da antiga civilização persa fizeram isso com as tribos que tinham sobre seu dominio, tinham que obter tributos e vasalagem desses povos. O inglês é a lingua franca do mundo apesar de não ser oficialmente. E já temos o Inglês no básico em Portugal alguém se lembrou dessa decisão, será por acaso?!
O ser humano vive num meio social e cultural em que as linguas são vivas e contaminam-se como reconheu o ministro da cultura do Brazil ao defender o Portuganhol e ao que tudo indica o senhor não é adepto dessas teses, possivelmente preferia regressar ao Latim Clássico que já pertence à arqueologia das linguas.
Será invitável a contaminação das linguas num futuro, e existem linguas mais dinamicas culturalmente que outras e seria preferivel uma lingua ideal construida democraticamente e participada a termos uma unica lingua inglesa no mundo.
O problema resume-se a fazer uma lingua que encerra um ideal humanista e não belicista, que poderá ser o Esperanto ou outra solução de linguagem visto que é um tema de muita complexidade e com muitas implicações que dava para um blog novo sobre o tema.
Ignorância e Comunicar não são sinónimos, perfiro que haja comunicação e ignorancia a haver saber e não haja comunicação. Quanto à religião universal isso é um não problema, desde que haja respeito acima de tudo pelo estado laico, um verdadeiro estado laico que é o que ainda não temos.
Já agora a direita também tem a sua quota parte de mortes na história da humanidade, Pinochet, Franco, Musolini, Hitler, Bush,...