Por agora, limito-me a chamar a sua especial atenção, eventual leitor deste blogue, para o teor do decreto-lei n.º 100/2007, de 2 de Abril. A sua interpretação deve ser conjugada com a redacção do decreto-lei n.º 195/99, de 8 de Junho.
Presumo que a maioria desconhece esta legislação, relacionada com a devolução de cauções exigidas pelos prestadores de serviços públicos essenciais (água, electricidade, gás, etc.). Mas convém lê-la, porque o assunto interessa a todos. Ou melhor: todos devem exigir o cumprimento integral e imediato das citadas leis, porque neste país não há só deveres.
Vão passados quase dois meses após a publicação do primeiro decreto acima citado. Como neste "deserto" nada sucedeu, entretanto, quando se completarem três meses voltarei a abordar o assunto aqui.
E não serei manso!
31 maio 2007
30 maio 2007
Vamos à verdade!
Pilatos, quando pergunta a Cristo o que é a verdade, não obtém resposta. Desta entrada, passemos para algo aparentemente desrelacionado.
Uma pessoa não pode ser um vereador apoiado e chegado ao poder pelo Partido Comunista e simultaneamente ir à missinha todos os domingos.
Ao contrário do espírito evangélico, será que o dito vereador ama dois Senhores ao mesmo tempo? Mas é o próprio Cristo que nos diz isso ser impossível.
Se não se pode amar dois Senhores ao mesmo tempo, engana-se um deles. Quem engana o vereador em foco? A Igreja ou o Partido Comunista? Enganar este último está fora de qualquer hipótese porque ninguém faz o ninho atrás da orelha de organizações políticas cuja ideologia é o marxismo-leninismo. Deste jogo só pode a Igreja sair prejudicada porque é uma estrutura que representa a fragilidade do Crucificado contra as estruturas de pecado.
O projecto de todo o católico consciente é bater-se pela zona da luz-vida que jorra dos Evangelhos e denunciar a zona da treva-morte que se opõe à progressão da primeira. Mas esta denúncia não passa pela tentativa de converter Satanás, pretensão que se opõe ao sentido da Cruz de Cristo. De facto, amar o universo de Deus e não odiar o do diabo só pode resultar no ganho deste último à custa do primeiro.
Em conclusão, Cristo não responde à pergunta de Pilatos porque quer ressaltar o antagonismo dos mundos em confronto.
Uma pessoa não pode ser um vereador apoiado e chegado ao poder pelo Partido Comunista e simultaneamente ir à missinha todos os domingos.
Ao contrário do espírito evangélico, será que o dito vereador ama dois Senhores ao mesmo tempo? Mas é o próprio Cristo que nos diz isso ser impossível.
Se não se pode amar dois Senhores ao mesmo tempo, engana-se um deles. Quem engana o vereador em foco? A Igreja ou o Partido Comunista? Enganar este último está fora de qualquer hipótese porque ninguém faz o ninho atrás da orelha de organizações políticas cuja ideologia é o marxismo-leninismo. Deste jogo só pode a Igreja sair prejudicada porque é uma estrutura que representa a fragilidade do Crucificado contra as estruturas de pecado.
O projecto de todo o católico consciente é bater-se pela zona da luz-vida que jorra dos Evangelhos e denunciar a zona da treva-morte que se opõe à progressão da primeira. Mas esta denúncia não passa pela tentativa de converter Satanás, pretensão que se opõe ao sentido da Cruz de Cristo. De facto, amar o universo de Deus e não odiar o do diabo só pode resultar no ganho deste último à custa do primeiro.
Em conclusão, Cristo não responde à pergunta de Pilatos porque quer ressaltar o antagonismo dos mundos em confronto.
28 maio 2007
Camelos ou beduínos?
Que eu vivo num deserto, segundo disse um ministro, não ponho em dúvida. Constatei-o há muito e disso tenho dado testemunho.
Tal como nos desertos verdadeiros, também neste escasseia a água. Ela está a ser distribuída aos bochechos, embora haja quem tente tapar o sol com a peneira.
A situação continua a piorar mas ninguém se descose.
Nos andares mais altos, a certas horas do dia, quando se abrem duas torneiras de ambas escorre um simples fio de água. Assim é impossível ter água quente, por mais afinações que se façam ao esquentador.
Ninguém diz porquê, mas tenho as minhas suspeições: diminuição deliberada da pressão, procurando evitar rupturas na canalização antiga da vila.
A rede de água do centro de Alcochete foi planeada em 1942 e concluída em 1946, sendo utilizadas condutas com as especificações recomendadas na época mas hoje inapropriadas. Entre os anos 30 e 40, a rede de distribuição domiciliária de água abrangia apenas as artérias compreendidas entre o actual Largo da Feira, a Rua Comendador Estêvão de Oliveira e o Largo Coronel Ramos da Costa. Aquilo a que se convencionou chamar "centro histórico".
Como em mais de 60 anos entretanto decorridos a rede primária não foi substituída nem modernizada, obviamente a canalização herdada de meados do século passado é hoje incapaz de resistir à pressão normal da água.
Tudo isto porque as canalizações de água, tal como as de esgotos, são enterradas e invisíveis, pelo que não servem para caçar votos. Logo, os autarcas dão prioridade aos "elefantes brancos".
Entretanto, como medida de recurso, há meses alguém terá decidido que, para evitar males maiores, seria preferível reduzir a pressão.
Esqueceu-se, eventualmente, haver na vila edifícios com três e quatro pisos não concebidos para tais condições de fornecimento, cujos proprietários e locatários são seriamente afectados com tal decisão.
Já li e escutei reparos sobre o assunto a inúmeras pessoas. Mas ninguém se explica.
Tal como nos desertos verdadeiros, também neste escasseia a água. Ela está a ser distribuída aos bochechos, embora haja quem tente tapar o sol com a peneira.
A situação continua a piorar mas ninguém se descose.
Nos andares mais altos, a certas horas do dia, quando se abrem duas torneiras de ambas escorre um simples fio de água. Assim é impossível ter água quente, por mais afinações que se façam ao esquentador.
Ninguém diz porquê, mas tenho as minhas suspeições: diminuição deliberada da pressão, procurando evitar rupturas na canalização antiga da vila.
A rede de água do centro de Alcochete foi planeada em 1942 e concluída em 1946, sendo utilizadas condutas com as especificações recomendadas na época mas hoje inapropriadas. Entre os anos 30 e 40, a rede de distribuição domiciliária de água abrangia apenas as artérias compreendidas entre o actual Largo da Feira, a Rua Comendador Estêvão de Oliveira e o Largo Coronel Ramos da Costa. Aquilo a que se convencionou chamar "centro histórico".
Como em mais de 60 anos entretanto decorridos a rede primária não foi substituída nem modernizada, obviamente a canalização herdada de meados do século passado é hoje incapaz de resistir à pressão normal da água.
Tudo isto porque as canalizações de água, tal como as de esgotos, são enterradas e invisíveis, pelo que não servem para caçar votos. Logo, os autarcas dão prioridade aos "elefantes brancos".
Entretanto, como medida de recurso, há meses alguém terá decidido que, para evitar males maiores, seria preferível reduzir a pressão.
Esqueceu-se, eventualmente, haver na vila edifícios com três e quatro pisos não concebidos para tais condições de fornecimento, cujos proprietários e locatários são seriamente afectados com tal decisão.
Já li e escutei reparos sobre o assunto a inúmeras pessoas. Mas ninguém se explica.
Igreja e Cruz de Cristo
Se o Espírito Santo me iluminasse e Te cantasse a Ti, Igreja, mãe dos crentes, o hino mais excelso de todas as eras, seria um dom para este humilde servo do Povo de Deus cujo sinal descido dos céus é a Cruz de Cristo que rechaça a soberba dos homens.
Ao longo de dois milénios, Tu, Igreja, vezes sem conta foste só tempo desunido do Eterno, mas a majestosa imponência da Cruz perseguia-Te sem Te dar sossego, até que Tu, humilhada, a abraçavas de novo para Te reencontrares contigo própria.
Ainda hoje, Tu, Igreja, afirmas estranhamente a Cruz. Afirmas a Cruz, sinal visível do Deus Uno e Trino, a argamassa dos mundos, mas incompreensivelmente para mim, homem cristão do séc. XXI, negas que todos os sacramentos sejam para todos os teus filhos e filhas como se houvesse incompatibilidades entre aqueles sinais ou uns se colocassem acima de outros. Não abres mão do matrimónio para os presbíteros nem do sacerdócio para as mulheres sob o pretexto da disciplina e de que Jesus Cristo não incluiu nenhuma mulher no grupo dos Apóstolos, quando isto nada tem a ver com os fundamentos teológicos da Fé.
Apesar de tudo, não me consigo ver fora de Ti, Igreja. Não é possível deixar-Te porque o sentido da própria Cruz, União do Espírito que desce do Alto e da carne que se levanta do chão, impede que eu o faça.
Compreender a Cruz é sentir por Ti, Igreja, a compaixão que Cristo sentiu pelas multidões; é estar contigo como Cristo esteve com o mundo; é sofrer na consciência o que Cristo sofreu na Cruz.
Ao longo de dois milénios, Tu, Igreja, vezes sem conta foste só tempo desunido do Eterno, mas a majestosa imponência da Cruz perseguia-Te sem Te dar sossego, até que Tu, humilhada, a abraçavas de novo para Te reencontrares contigo própria.
Ainda hoje, Tu, Igreja, afirmas estranhamente a Cruz. Afirmas a Cruz, sinal visível do Deus Uno e Trino, a argamassa dos mundos, mas incompreensivelmente para mim, homem cristão do séc. XXI, negas que todos os sacramentos sejam para todos os teus filhos e filhas como se houvesse incompatibilidades entre aqueles sinais ou uns se colocassem acima de outros. Não abres mão do matrimónio para os presbíteros nem do sacerdócio para as mulheres sob o pretexto da disciplina e de que Jesus Cristo não incluiu nenhuma mulher no grupo dos Apóstolos, quando isto nada tem a ver com os fundamentos teológicos da Fé.
Apesar de tudo, não me consigo ver fora de Ti, Igreja. Não é possível deixar-Te porque o sentido da própria Cruz, União do Espírito que desce do Alto e da carne que se levanta do chão, impede que eu o faça.
Compreender a Cruz é sentir por Ti, Igreja, a compaixão que Cristo sentiu pelas multidões; é estar contigo como Cristo esteve com o mundo; é sofrer na consciência o que Cristo sofreu na Cruz.
25 maio 2007
Vejam!
Vede o que faz o PT (Partido dos Trabalhadores) no Brasil em http://www.olavodecarvalho.org/semana/070524jb.html e arrancai de vós os vossos próprios juízos.
24 maio 2007
Obrigado sr. Lino!
Quando um cidadão com o currículo do actual ministro das Obras Públicas diz da margem Sul o que ontem afirmou o sr. Mário Lino, os bardos deste lado só podem agradecer-lhe. Sobretudo os autarcas do partido a que em tempos pertenceu, deveriam aproveitar a boleia para despertar o Terreiro do Paço para uma realidade há muito escondida debaixo do tapete. O mais certo, porém, é fazerem como o líder do seu partido: abrirem a boca de espanto.
Afinal, o sr. Lino limitou-se a confirmar o que, muito antes, outros pensavam e escreveram (eu incluído): isto é mesmo um deserto! De obras, de gente, de projectos e, mais grave ainda, de ideias para o futuro.
Apesar de o sr. Mário Lino ser mestre em hidrologia e não em construção e exploração de aeroportos, em vez de o criticar felicito-o. Quem fala assim não é gago.
Disparatada é, sim, a referência a Brasília. Mas essa é uma questão cultural e não de hidrologia. Porque quem conhece a história da capital brasileira sabe ter sido, propositadamente, planeada e construída no sertão.
"Algumas razões para a sua construção são o deslocamento do centro político do país para fora do eixo Rio-São Paulo, incentivo ao povoamento do interior quase vazio do país e melhor posição estratégica e militar da capital" (conf. Wikipédia). Isto foi pensado em meados da década de 50 do século passado, quando o sr. Lino já frequentava o ensino secundário. Hoje, a cidade de Brasília tem mais de 2,6 milhões de habitantes e na sua zona de influência residem mais de cinco milhões de brasileiros.
Já agora, veja-se aqui o que é uma cidade bem planeada. Isto é urbanismo pensado há 40 anos! Contudo, para mim que a conheço, o melhor de Brasília é o trabalho de Óscar Niemeyer.
Por isto e pelo muito mais que se sabe acerca do despovoamento do interior da parte continental portuguesa, o melhor que poderia acontecer ao Alentejo, ao país e à Extremadura espanhola era aparecer algum novo Juscelino Kubitschek de Oliveira, que decidisse construir uma nova capital algures perto da fronteira.
Também por tudo o que já se sabia e o sr. Mário Lino acaba de recordar, o melhor é mesmo construir o aeroporto no Poceirão ou nas Faias.
Afinal, o sr. Lino limitou-se a confirmar o que, muito antes, outros pensavam e escreveram (eu incluído): isto é mesmo um deserto! De obras, de gente, de projectos e, mais grave ainda, de ideias para o futuro.
Apesar de o sr. Mário Lino ser mestre em hidrologia e não em construção e exploração de aeroportos, em vez de o criticar felicito-o. Quem fala assim não é gago.
Disparatada é, sim, a referência a Brasília. Mas essa é uma questão cultural e não de hidrologia. Porque quem conhece a história da capital brasileira sabe ter sido, propositadamente, planeada e construída no sertão.
"Algumas razões para a sua construção são o deslocamento do centro político do país para fora do eixo Rio-São Paulo, incentivo ao povoamento do interior quase vazio do país e melhor posição estratégica e militar da capital" (conf. Wikipédia). Isto foi pensado em meados da década de 50 do século passado, quando o sr. Lino já frequentava o ensino secundário. Hoje, a cidade de Brasília tem mais de 2,6 milhões de habitantes e na sua zona de influência residem mais de cinco milhões de brasileiros.
Já agora, veja-se aqui o que é uma cidade bem planeada. Isto é urbanismo pensado há 40 anos! Contudo, para mim que a conheço, o melhor de Brasília é o trabalho de Óscar Niemeyer.
Por isto e pelo muito mais que se sabe acerca do despovoamento do interior da parte continental portuguesa, o melhor que poderia acontecer ao Alentejo, ao país e à Extremadura espanhola era aparecer algum novo Juscelino Kubitschek de Oliveira, que decidisse construir uma nova capital algures perto da fronteira.
Também por tudo o que já se sabia e o sr. Mário Lino acaba de recordar, o melhor é mesmo construir o aeroporto no Poceirão ou nas Faias.
Que felizes somos!
Li algures sobre a Carta Educativa de Alcochete.
Conhece a versão final? Não? Eu também não.
Deixe lá, isto passa com o tempo.
Conhece a versão final? Não? Eu também não.
Deixe lá, isto passa com o tempo.
23 maio 2007
Toiros
Devido a qualquer razão que não atinjo, há pessoas que julgam ver contradição na defesa, levada a cabo por um cristão, da Festa Brava e origem pagã desta.
Não há contradição nenhuma.
Apontemos uma das grandes distinções entre paganismo e cristianismo.
Para o pagão, o destino está por cima dele, dos próprios deuses e é inexorável, vale dizer, o homem não pode fugir ao ditame de forças incontroláveis. Os próprios Gregos, pais da nossa Filosofia, pensavam assim. Era a moira à qual nem sequer Zeus escapava.
Para o cristão é o homem que faz o seu próprio destino, vale dizer, para o cristão, se há um destino, é o da liberdade orientada a Deus, máximo Bem. Isto, no fundo, é o que em Teologia se chama livre arbítrio, negado pelo marxismo, filosofia do comunismo.
Em conclusão, eu cumpro o sentido da Cruz de Cristo se me apropriar do legado pagão da cultura taurina e redimensionar os traços antropológicos desta num quadro de vivência cristã.
Assim, o caos (desordem) da cultura taurina desde tempos arcaicos virou cosmos (ordem) por força da acção civilizadora do cristianismo.
Não há contradição nenhuma.
Apontemos uma das grandes distinções entre paganismo e cristianismo.
Para o pagão, o destino está por cima dele, dos próprios deuses e é inexorável, vale dizer, o homem não pode fugir ao ditame de forças incontroláveis. Os próprios Gregos, pais da nossa Filosofia, pensavam assim. Era a moira à qual nem sequer Zeus escapava.
Para o cristão é o homem que faz o seu próprio destino, vale dizer, para o cristão, se há um destino, é o da liberdade orientada a Deus, máximo Bem. Isto, no fundo, é o que em Teologia se chama livre arbítrio, negado pelo marxismo, filosofia do comunismo.
Em conclusão, eu cumpro o sentido da Cruz de Cristo se me apropriar do legado pagão da cultura taurina e redimensionar os traços antropológicos desta num quadro de vivência cristã.
Assim, o caos (desordem) da cultura taurina desde tempos arcaicos virou cosmos (ordem) por força da acção civilizadora do cristianismo.
22 maio 2007
Carta aberta ao comentário anónimo (2)
O meu amigo não sabe escrever. Desculpa lá, mas a verdade em primeiro lugar. Quando alguém não dá expressão conveniente às próprias ideias, não poderei desconfiar da justeza destas?
Repara bem como abres o teu texto: «Você já deu para perceber...». Em Português é assim: "Já deu para perceber que você". É que eu não sou a favor de promiscuidades linguísticas, razão por que recuso quaisquer portuganhóis.
Outra coisa que tu não sabes é hierarquizar as frases através da subordinação. A tua escrita reverte-se num puro horizontalismo, reflexo da tua própria visão do homem e do mundo, também essa horizontal.
Uma palavra que utilizas e chama logo a minha atenção é globalização. Achas que esta é obra de conservadores? Como é que isso pode ser? Larga da mão a intoxicação das esquerdas. Estas, aliadas aos grandes capitalistas (megacapitalistas), é que levam por diante a tal globalização que te aflige. Pensa um pouco com a tua cabeça e não com a deles: será o Partido Republicano dos Estados Unidos da América que está interessado na globalização ou toda a esquerda chique acoitada no Partido Democrata? Saberás que este é apoiado por 70% dos capitalistas americanos?
Nos séculos XV e XVI, alguma da melhor elite da Europa estava em Portugal. Essa elite cumpriu o seu papel. A ela devemos a interferência que tivemos na História Universal. Hoje não há uma verdadeira elite em Portugal, o que explica a nossa decadência perante as nações. Repara para ti próprio: és um oceano de confusão sem coragem para dar o rosto. Claro que tens uma "teoria" na manga para transformares cobardia em heroísmo. Poupa-me!
O teu pensamento obedece à centralidade do homem. Não vês que esta inflexão na História Ocidental teve início no Renascimento e é responsável pelo sofrimento inaudito que hoje nos cerca? Eu não estou a dizer que se regrida à mentalidade teocêntrica da Idade Média, mas para lá de mim há Algo maior do que eu. Sem esta verdade incontornável, o homem esquece-se de si próprio e perde-se, tantas vezes irremediavelmente.
Os Estados Unidos foram para o Iraque combater o terrorismo e promover a Democracia. Ainda é cedo para vermos os resultados. Independentemente destes, é com o Ocidente que eu estou, logo com os Estados Unidos. E também estou com Israel e com a Igreja Católica. Destes baluartes no mundo espero eu a defesa da liberdade, excelsa bandeira da civilização judaico-cristã. Não falo da liberdade como fim, mas como meio para a plenitude do homem ordenado a Deus, máximo Bem.
Evidentemente que os políticos do Brasil são pragmáticos, razão por que hoje dizem uma coisa, amanhã desdizem; hoje fazem uma coisa, amanhã desfazem. Desses esquerdistas estou eu bem informado através de alguns dos melhores analistas do mundo.
O multiculturalismo, também aproveitado pelas esquerdas para o estrangulamento do legado judaico-cristão, não pode pretender que os meus princípios e valores se apaguem perante os de povos que, alguns, nem sequer pertencem à minha civilização. Tu percebes isto, pá?
O interculturalismo só pode frutificar se assentar no respeito pela especificidade cultural de cada grupo.
Já sei que o veio anglo-saxónico é um tropeço na visão marxista que tens do homem e do mundo. O espaço anglo-saxónico não dobrará ao comunismo. Este está hoje mais forte que no tempo de Estaline, embora a maioria das pessoas, intoxicada pela media que temos, não esteja preparada para ver isso. Mas se um obscuro professor de Português como eu o vê, então milhares e milhares de outras pessoas pelo mundo fora também vêem o mesmo. Na hora da verdade, repicarão os sinos, os campos estribar-se-ão, os povos amantes da liberdade triunfarão. Ou penso assim ou penso que criminosos do mais alto calibre reduzirão a Humanidade à escravatura e animalização.
A seguir, o meu amigo ataca a Igreja de uma forma desconexa e incoerente, revelando-se a si próprio.
Ó meu amigo, eu sou a favor da pena de morte para violadores de menores, incendiários e traficantes de droga, pessoas e órgãos humanos. Aqui não vou em balelas, sejam quais forem as que atires para cima de mim. E sou aquilo que o meu amigo sabe que eu sou: cristão e católico. Esperavas por esta? Sabes, é que mais dois anos e qualquer coisinha em cima de mim e viro num sexagenário. O tempo das ilusões já se foi. Hoje defendo a liquidação de alguns para a paz e segurança da grande maioria.
Para o fim, o meu amigo confronta-me com malfeitorias de católicos. Que tenho eu a ver com isso, embora lastime? Sempre houve e há muitos católicos criminosos, mas os crimes destes são de trazer por casa perante os dos comunistas que, no séc. XX, mataram uns 100 milhões de seres humanos. Só às mãos de Estaline tombaram mais de 20 milhões. Isto mesmo me foi dito por jovens russos quando estive em Moscovo (1981). Mas ai de mim! Na altura pensei que eles eram reaccionários que denegriam a própria pátria a visitantes estrangeiros.
Repara bem como abres o teu texto: «Você já deu para perceber...». Em Português é assim: "Já deu para perceber que você". É que eu não sou a favor de promiscuidades linguísticas, razão por que recuso quaisquer portuganhóis.
Outra coisa que tu não sabes é hierarquizar as frases através da subordinação. A tua escrita reverte-se num puro horizontalismo, reflexo da tua própria visão do homem e do mundo, também essa horizontal.
Uma palavra que utilizas e chama logo a minha atenção é globalização. Achas que esta é obra de conservadores? Como é que isso pode ser? Larga da mão a intoxicação das esquerdas. Estas, aliadas aos grandes capitalistas (megacapitalistas), é que levam por diante a tal globalização que te aflige. Pensa um pouco com a tua cabeça e não com a deles: será o Partido Republicano dos Estados Unidos da América que está interessado na globalização ou toda a esquerda chique acoitada no Partido Democrata? Saberás que este é apoiado por 70% dos capitalistas americanos?
Nos séculos XV e XVI, alguma da melhor elite da Europa estava em Portugal. Essa elite cumpriu o seu papel. A ela devemos a interferência que tivemos na História Universal. Hoje não há uma verdadeira elite em Portugal, o que explica a nossa decadência perante as nações. Repara para ti próprio: és um oceano de confusão sem coragem para dar o rosto. Claro que tens uma "teoria" na manga para transformares cobardia em heroísmo. Poupa-me!
O teu pensamento obedece à centralidade do homem. Não vês que esta inflexão na História Ocidental teve início no Renascimento e é responsável pelo sofrimento inaudito que hoje nos cerca? Eu não estou a dizer que se regrida à mentalidade teocêntrica da Idade Média, mas para lá de mim há Algo maior do que eu. Sem esta verdade incontornável, o homem esquece-se de si próprio e perde-se, tantas vezes irremediavelmente.
Os Estados Unidos foram para o Iraque combater o terrorismo e promover a Democracia. Ainda é cedo para vermos os resultados. Independentemente destes, é com o Ocidente que eu estou, logo com os Estados Unidos. E também estou com Israel e com a Igreja Católica. Destes baluartes no mundo espero eu a defesa da liberdade, excelsa bandeira da civilização judaico-cristã. Não falo da liberdade como fim, mas como meio para a plenitude do homem ordenado a Deus, máximo Bem.
Evidentemente que os políticos do Brasil são pragmáticos, razão por que hoje dizem uma coisa, amanhã desdizem; hoje fazem uma coisa, amanhã desfazem. Desses esquerdistas estou eu bem informado através de alguns dos melhores analistas do mundo.
O multiculturalismo, também aproveitado pelas esquerdas para o estrangulamento do legado judaico-cristão, não pode pretender que os meus princípios e valores se apaguem perante os de povos que, alguns, nem sequer pertencem à minha civilização. Tu percebes isto, pá?
O interculturalismo só pode frutificar se assentar no respeito pela especificidade cultural de cada grupo.
Já sei que o veio anglo-saxónico é um tropeço na visão marxista que tens do homem e do mundo. O espaço anglo-saxónico não dobrará ao comunismo. Este está hoje mais forte que no tempo de Estaline, embora a maioria das pessoas, intoxicada pela media que temos, não esteja preparada para ver isso. Mas se um obscuro professor de Português como eu o vê, então milhares e milhares de outras pessoas pelo mundo fora também vêem o mesmo. Na hora da verdade, repicarão os sinos, os campos estribar-se-ão, os povos amantes da liberdade triunfarão. Ou penso assim ou penso que criminosos do mais alto calibre reduzirão a Humanidade à escravatura e animalização.
A seguir, o meu amigo ataca a Igreja de uma forma desconexa e incoerente, revelando-se a si próprio.
Ó meu amigo, eu sou a favor da pena de morte para violadores de menores, incendiários e traficantes de droga, pessoas e órgãos humanos. Aqui não vou em balelas, sejam quais forem as que atires para cima de mim. E sou aquilo que o meu amigo sabe que eu sou: cristão e católico. Esperavas por esta? Sabes, é que mais dois anos e qualquer coisinha em cima de mim e viro num sexagenário. O tempo das ilusões já se foi. Hoje defendo a liquidação de alguns para a paz e segurança da grande maioria.
Para o fim, o meu amigo confronta-me com malfeitorias de católicos. Que tenho eu a ver com isso, embora lastime? Sempre houve e há muitos católicos criminosos, mas os crimes destes são de trazer por casa perante os dos comunistas que, no séc. XX, mataram uns 100 milhões de seres humanos. Só às mãos de Estaline tombaram mais de 20 milhões. Isto mesmo me foi dito por jovens russos quando estive em Moscovo (1981). Mas ai de mim! Na altura pensei que eles eram reaccionários que denegriam a própria pátria a visitantes estrangeiros.
21 maio 2007
Rumo à utopia
Poderíamos ver em Memorial do Convento de José Saramago uma obra bipolarizada pela construção do Convento de Mafra por um lado e da Passarola por outro.
A construção do Convento de Mafra reverte-se na desconstrução de todo um universo civilizacional de raiz cristã.
De facto, a heroína do romance, Blimunda, «...diz do outro lado do pano, em voz alta [...], Não tenho pecados a confessar» (Saramago, José, Memorial do Convento, Círculo de Leitores, Lisboa, 1984). Esta mesma personagem, quase para o fim do texto, dirá taxativamente a Baltasar: «O pecado não existe...».
Se o pecado não existe, não faz sentido o perdão, estrutura de liberdade contra o fatalismo que reduz à luta de classes toda a História até ao fim desta.
A construção da Passarola, em completa ruptura com o passado, projecta-se para o futuro rumo à vitória. Isto mesmo é simbolizado pelo voo da máquina de Bartolomeu Lourenço de Gusmão a passar triunfalmente por cima do Convento com o Padre a bordo mais Baltasar e Blimunda.
A figura romanceada do Padre Bartolomeu de Gusmão aparece-nos a abdicar da veste da Fé para envergar a da heresia («...ao padre Bartolomeu Lourenço ensinaram que Deus, se sim é uno em essência, é trino em pessoa, e hoje as mesmas gaivotas o fizeram duvidar»), soerguendo-se como o profeta novo de uma nova Igreja, advento de outra Humanidade no limiar da paz perpétua, utopia prefigurada pelo casal protagonista.
A construção do Convento de Mafra reverte-se na desconstrução de todo um universo civilizacional de raiz cristã.
De facto, a heroína do romance, Blimunda, «...diz do outro lado do pano, em voz alta [...], Não tenho pecados a confessar» (Saramago, José, Memorial do Convento, Círculo de Leitores, Lisboa, 1984). Esta mesma personagem, quase para o fim do texto, dirá taxativamente a Baltasar: «O pecado não existe...».
Se o pecado não existe, não faz sentido o perdão, estrutura de liberdade contra o fatalismo que reduz à luta de classes toda a História até ao fim desta.
A construção da Passarola, em completa ruptura com o passado, projecta-se para o futuro rumo à vitória. Isto mesmo é simbolizado pelo voo da máquina de Bartolomeu Lourenço de Gusmão a passar triunfalmente por cima do Convento com o Padre a bordo mais Baltasar e Blimunda.
A figura romanceada do Padre Bartolomeu de Gusmão aparece-nos a abdicar da veste da Fé para envergar a da heresia («...ao padre Bartolomeu Lourenço ensinaram que Deus, se sim é uno em essência, é trino em pessoa, e hoje as mesmas gaivotas o fizeram duvidar»), soerguendo-se como o profeta novo de uma nova Igreja, advento de outra Humanidade no limiar da paz perpétua, utopia prefigurada pelo casal protagonista.
18 maio 2007
Carta aberta ao comentário anónimo
Caro amigo, o teu discurso é um chorrilho de asneiras sem conto. Desculpa lá a franqueza, mas o melhor é que seja assim!
Vou fazer o levantamento e desmistificação de algumas das tuas asserções sem que não me sinta humilhado.
Começas tu : «A Humanidade é uma construção social e cultural...». Eis-nos perante a centralidade do homem, ou seja, da criatura. Isto, caro amigo, não é humanismo mas sim uma degenerescência humanista porque nenhum vulto dos séculos XV e XVI pensou que o homem se constrói a si mesmo. O antropocentrismo de um Pico Della Mirandola, por exemplo, não exclui Deus.
O meu caro amigo da evolução da Língua Portuguesa não sabe nada. Então a nossa poesia trovadoresca que vem de fins do séc. XII não é português? Essa é boa! O Renascimento o que fez foi reaproximar muitas palavras do étimo (origem). Numa cantiga de amor, o meu amigo pode ler dino, mas em Camões já lê digno, regressão que recupera o adjectivo latino dignu. Se o meu amigo quer saber a minha opinião sobre isto, obviamente que lastimo o trabalho dos clássicos quinhentistas na área focada, mas como sei olhar para o classicismo com um mínimo de cientificidade, encolho os ombros, porque a História não é aquilo que eu desejava que fosse, mas aquilo que é.
Claro que este meu realismo não me inibe de tentar neutralizar os efeitos nefastos das obras de alguns humanistas ao longo dos séculos. Por exemplo, o legado do humanista Zamenhoff (séc. XIX), fundador do Esperanto, não só ajuda o marxismo como me parece corporizar uma acentuada vertente maçónica. Já estou a ver o meu amigo a atirar-se aos ares com todo o denodo, mas não tenhas medo porque eu, cá em baixo, amparo-te a queda.
Crendo dar uma grande novidade a um professor de Língua e Literatura Portuguesas que, pachorrento, te dá troco, o meu amigo grita eureka! e escreve: «...grandes vultos da História da nossa Literatura como Camões e Gil Vicente escreviam também em Castelhano». Com certeza que escreviam porque o público-alvo deles estava na corte que era bilingue por força dos sucessivos casamentos entre as famílias reais de Portugal e Castela.
O Português em Timor não é só uma opção política. É também opção histórica, cultural e de afirmação geo-estratégica face à Indonésia e Austrália, uma vez que a Lusofonia tem peso no Mundo.
Julgará o meu amigo que me surpreende com as loucuras anti-civilizacionais que vêm do Brasil, país desgovernado pelos comunistas do PT (Partido dos Trabalhadores)? Portuganhol para mim não passa de uma palavra promíscua. Ou bem que temos Português ou bem que Espanhol. Se o meu amigo diz lua, temos Português; se diz luna, fala como nuestros hermanos. E só há duas hipóteses: ou daqui lua e de lá luna ou um destes referentes se sobrepõe ao outro. De facto eu não vejo maneira de portuganholizar o signo que refere o nosso satélite natural. Entre o Português e o Castelhano há diferentes estruturas de ordem fonética e morfo-sintáctica que delimitam o espaço linguístico daqueles dois idiomas. O mesmo não acontece com o Galego-Português porque não há diferenças estruturais, linguisticamente falando, para lá e para cá do rio Minho. Em conclusão, o poderio político-militar e cultural de Madrid não conseguiu matar o Galego, o Catalão, o Basco, etc. Quase sempre querer não é poder.
A ideia de que o Latim é uma língua morta sempre foi combatida por mim perante os meus alunos. Quando o sangue da nossa mãe nos corre nas veias, como vamos considerá-la morta? A língua latina é a mãe da nossa língua. Entre esta e aquela apenas se interpõe uma transparente e finíssima película que deixa ver as mudanças mas também as origens. Olho para a palavra véu, vejo duas vogais (a segunda em rigor semi-vogal), logo reparo que em Latim entre aquelas vogais houve uma consoante porque temos velar (cobrir com véu). Então coloco o "l" entre o "e" e o "u", obtendo velu. Esta palavra latina é o étimo de véu.
Diz ainda o meu amigo: «...seria preferível uma língua ideal [...] a termos uma única língua inglesa no mundo». O que é uma língua ideal? Eu cá não sei! Quanto à crescente progressão do Inglês pelos quatro cantos da Terra, o que preocupa o meu amigo é a visão conservadora do homem e do mundo levada por este idioma a todo o lado. Tu sabes que o marxismo só pode triunfar à escala planetária se a espinha dorsal anglo-saxónica for quebrada. Ora, caro amigo, eu não acredito que isso venha a acontecer assim em três tempos. E também não acredito no Estado laico total. Aqui, o meu amigo, entre as linhas, destila ódio contra a Igreja Católica, talvez porque esta instituição multi-secular defende a autonomia do Estado face à hierarquia eclesiástica, mas recrimina o Estado imoral, isto é, sem regras.
O meu amigo mistura Esperanto com marxismo sem desperdiçar o ingrediente maçónico, acumulando ódio das três frentes contra o mesmo alvo.
Vou fazer o levantamento e desmistificação de algumas das tuas asserções sem que não me sinta humilhado.
Começas tu : «A Humanidade é uma construção social e cultural...». Eis-nos perante a centralidade do homem, ou seja, da criatura. Isto, caro amigo, não é humanismo mas sim uma degenerescência humanista porque nenhum vulto dos séculos XV e XVI pensou que o homem se constrói a si mesmo. O antropocentrismo de um Pico Della Mirandola, por exemplo, não exclui Deus.
O meu caro amigo da evolução da Língua Portuguesa não sabe nada. Então a nossa poesia trovadoresca que vem de fins do séc. XII não é português? Essa é boa! O Renascimento o que fez foi reaproximar muitas palavras do étimo (origem). Numa cantiga de amor, o meu amigo pode ler dino, mas em Camões já lê digno, regressão que recupera o adjectivo latino dignu. Se o meu amigo quer saber a minha opinião sobre isto, obviamente que lastimo o trabalho dos clássicos quinhentistas na área focada, mas como sei olhar para o classicismo com um mínimo de cientificidade, encolho os ombros, porque a História não é aquilo que eu desejava que fosse, mas aquilo que é.
Claro que este meu realismo não me inibe de tentar neutralizar os efeitos nefastos das obras de alguns humanistas ao longo dos séculos. Por exemplo, o legado do humanista Zamenhoff (séc. XIX), fundador do Esperanto, não só ajuda o marxismo como me parece corporizar uma acentuada vertente maçónica. Já estou a ver o meu amigo a atirar-se aos ares com todo o denodo, mas não tenhas medo porque eu, cá em baixo, amparo-te a queda.
Crendo dar uma grande novidade a um professor de Língua e Literatura Portuguesas que, pachorrento, te dá troco, o meu amigo grita eureka! e escreve: «...grandes vultos da História da nossa Literatura como Camões e Gil Vicente escreviam também em Castelhano». Com certeza que escreviam porque o público-alvo deles estava na corte que era bilingue por força dos sucessivos casamentos entre as famílias reais de Portugal e Castela.
O Português em Timor não é só uma opção política. É também opção histórica, cultural e de afirmação geo-estratégica face à Indonésia e Austrália, uma vez que a Lusofonia tem peso no Mundo.
Julgará o meu amigo que me surpreende com as loucuras anti-civilizacionais que vêm do Brasil, país desgovernado pelos comunistas do PT (Partido dos Trabalhadores)? Portuganhol para mim não passa de uma palavra promíscua. Ou bem que temos Português ou bem que Espanhol. Se o meu amigo diz lua, temos Português; se diz luna, fala como nuestros hermanos. E só há duas hipóteses: ou daqui lua e de lá luna ou um destes referentes se sobrepõe ao outro. De facto eu não vejo maneira de portuganholizar o signo que refere o nosso satélite natural. Entre o Português e o Castelhano há diferentes estruturas de ordem fonética e morfo-sintáctica que delimitam o espaço linguístico daqueles dois idiomas. O mesmo não acontece com o Galego-Português porque não há diferenças estruturais, linguisticamente falando, para lá e para cá do rio Minho. Em conclusão, o poderio político-militar e cultural de Madrid não conseguiu matar o Galego, o Catalão, o Basco, etc. Quase sempre querer não é poder.
A ideia de que o Latim é uma língua morta sempre foi combatida por mim perante os meus alunos. Quando o sangue da nossa mãe nos corre nas veias, como vamos considerá-la morta? A língua latina é a mãe da nossa língua. Entre esta e aquela apenas se interpõe uma transparente e finíssima película que deixa ver as mudanças mas também as origens. Olho para a palavra véu, vejo duas vogais (a segunda em rigor semi-vogal), logo reparo que em Latim entre aquelas vogais houve uma consoante porque temos velar (cobrir com véu). Então coloco o "l" entre o "e" e o "u", obtendo velu. Esta palavra latina é o étimo de véu.
Diz ainda o meu amigo: «...seria preferível uma língua ideal [...] a termos uma única língua inglesa no mundo». O que é uma língua ideal? Eu cá não sei! Quanto à crescente progressão do Inglês pelos quatro cantos da Terra, o que preocupa o meu amigo é a visão conservadora do homem e do mundo levada por este idioma a todo o lado. Tu sabes que o marxismo só pode triunfar à escala planetária se a espinha dorsal anglo-saxónica for quebrada. Ora, caro amigo, eu não acredito que isso venha a acontecer assim em três tempos. E também não acredito no Estado laico total. Aqui, o meu amigo, entre as linhas, destila ódio contra a Igreja Católica, talvez porque esta instituição multi-secular defende a autonomia do Estado face à hierarquia eclesiástica, mas recrimina o Estado imoral, isto é, sem regras.
O meu amigo mistura Esperanto com marxismo sem desperdiçar o ingrediente maçónico, acumulando ódio das três frentes contra o mesmo alvo.
16 maio 2007
O Esperanto
O Esperanto (1887) é a língua artificial mais conhecida no mundo ao lado de muitas outras do mesmo género, nomeadamente o Volapuk (1879).
O criador do Esperanto foi L. L. Zamenhoff (1859-1917). Este polaco de origem judaica passou a infância num ghetto situado numa encruzilhada de etnias onde se falava uma dezena de línguas.
O sonho essencial de Zamenhoff era o de unir a humanidade. Este idealista defendeu a construção de uma língua que permitisse ultrapassar os obstáculos levantados pelas línguas naturais. Era a diversidade destas que, manifestamente, incomodava Zamenhoff. Animado de uma fé inquebrantável no génio bom da humanidade, este utopista quis, através da criação de uma língua internacional, conseguir a união de todos os homens e suprimir de vez a confusão da Torre de Babel.
O projecto de Zamenhoff é total: ele lança em 1906 os fundamentos de uma religião universal, o hilelismo, respeitador das particularidades religiosas, linguísticas, nacionais, etc., de todos os homens, mas reunindo-os no amor à humanidade, agora reconciliada pela tolerância e fraternidade.
Em 1954, a Conferência Geral da Unesco (braço da ONU para a educação, ciência e cultura) aprovou, pela primeira vez, recomendações a favor do Esperanto.
O Esperanto, encerra um ideal pacifista. Ora o pacifismo sempre foi um aliado das esquerdas à escala planetária, razão por que alguns regimes autoritários defensores da paz e segurança dos povos, perseguiram os adeptos da língua artificial criada por Zamenhoff. Mas para quem sabe ler entre as linhas deste texto, outras razões de maior peso estão na base das perseguições movidas ao Esperanto.
NOTA: hilelismo, de Hillel, judeu contemporâneo de Jesus Cristo.
O criador do Esperanto foi L. L. Zamenhoff (1859-1917). Este polaco de origem judaica passou a infância num ghetto situado numa encruzilhada de etnias onde se falava uma dezena de línguas.
O sonho essencial de Zamenhoff era o de unir a humanidade. Este idealista defendeu a construção de uma língua que permitisse ultrapassar os obstáculos levantados pelas línguas naturais. Era a diversidade destas que, manifestamente, incomodava Zamenhoff. Animado de uma fé inquebrantável no génio bom da humanidade, este utopista quis, através da criação de uma língua internacional, conseguir a união de todos os homens e suprimir de vez a confusão da Torre de Babel.
O projecto de Zamenhoff é total: ele lança em 1906 os fundamentos de uma religião universal, o hilelismo, respeitador das particularidades religiosas, linguísticas, nacionais, etc., de todos os homens, mas reunindo-os no amor à humanidade, agora reconciliada pela tolerância e fraternidade.
Em 1954, a Conferência Geral da Unesco (braço da ONU para a educação, ciência e cultura) aprovou, pela primeira vez, recomendações a favor do Esperanto.
O Esperanto, encerra um ideal pacifista. Ora o pacifismo sempre foi um aliado das esquerdas à escala planetária, razão por que alguns regimes autoritários defensores da paz e segurança dos povos, perseguiram os adeptos da língua artificial criada por Zamenhoff. Mas para quem sabe ler entre as linhas deste texto, outras razões de maior peso estão na base das perseguições movidas ao Esperanto.
NOTA: hilelismo, de Hillel, judeu contemporâneo de Jesus Cristo.
15 maio 2007
Do aborto e homossexualismo à imigração
Ninguém negará que o aborto diminui a natalidade. Sim, o aborto diminui a natalidade nas democracias liberais, o que preocupa muito porque a interrupção voluntária da gravidez não entra no Islão por mais eufemística que se apresente.
Nesta conformidade, num país como Portugal, por exemplo, cuja taxa de envelhecimento populacional aumenta vertiginosamente, o aborto só poderá agravar a situação per se já agravada.
Claro que vai faltando a mão-de-obra a determinados sectores produtivos. Isto, entre nós, vê-se na construção civil, restauração, limpezas, etc. É então a imigração, tantas vezes descontrolada, que vem preencher a lacuna.
Até este ponto do meu arrazoado, muitos não se afligirão por aí além porque não pensam que um imigrante é portador da sua cultura de origem, pele que dificilmente largará ou jamais largará se for um fiel de Alá. A dada altura, o mesmo Estado alberga duas civilizações uma frente à outra. O que acabo de dizer verifica-se hoje um bocado em França e Inglaterra e também nos Estados Unidos.
Se o que venho expondo se carrega de alguma pertinência, o apoio das esquerdas ao aborto e à legalização do casamento entre homossexuais atenta contra a civilização judaico-cristã porque vulnerabiliza esta perante grupos humanos que não aceitam, de maneira nenhuma, uma legislação igual à nossa.
Nesta conformidade, num país como Portugal, por exemplo, cuja taxa de envelhecimento populacional aumenta vertiginosamente, o aborto só poderá agravar a situação per se já agravada.
Claro que vai faltando a mão-de-obra a determinados sectores produtivos. Isto, entre nós, vê-se na construção civil, restauração, limpezas, etc. É então a imigração, tantas vezes descontrolada, que vem preencher a lacuna.
Até este ponto do meu arrazoado, muitos não se afligirão por aí além porque não pensam que um imigrante é portador da sua cultura de origem, pele que dificilmente largará ou jamais largará se for um fiel de Alá. A dada altura, o mesmo Estado alberga duas civilizações uma frente à outra. O que acabo de dizer verifica-se hoje um bocado em França e Inglaterra e também nos Estados Unidos.
Se o que venho expondo se carrega de alguma pertinência, o apoio das esquerdas ao aborto e à legalização do casamento entre homossexuais atenta contra a civilização judaico-cristã porque vulnerabiliza esta perante grupos humanos que não aceitam, de maneira nenhuma, uma legislação igual à nossa.
14 maio 2007
Naturalogista?
Não é com surpresa de qualquer espécie que de há algum tempo para cá vejo o sr. Miguel Boieiro a publicar extensos artigos no Jornal de Alcochete a favor das plantas. Antes desta empresa, as horas vagas do ex-presidente da Câmara de Alcochete eram dedicadas ao Esperanto.
Alguns espíritos menos prevenidos não encontrarão o elo da cadeia que liga o Esperanto e a defesa das plantas à ideologia marxista do actual presidente da Assembleia Municipal.
Qualquer língua natural é a alma de uma nação. O Esperanto é uma língua artificial cuja pretensão internacionalista desalmaria cada povo da visão peculiar do homem e do mundo.
A defesa das plantas, tal como é levada a cabo pelo naturalogista Miguel Boieiro, presta culto ao deus ambiente para a mutação de princípios e valores dos nossos ancestrais.
Hoje, derretidos, lemos os artigos dos Boieiros e quejandos; amanhã teremos os direitos das plantas como já temos os dos animais.
Se agora vemos organizações afectas às esquerdas de todo o mundo mais preocupadas com os ovos das cegonhas do que com uma criança na barriga da mãe, que nos reservará o futuro?
Alguns espíritos menos prevenidos não encontrarão o elo da cadeia que liga o Esperanto e a defesa das plantas à ideologia marxista do actual presidente da Assembleia Municipal.
Qualquer língua natural é a alma de uma nação. O Esperanto é uma língua artificial cuja pretensão internacionalista desalmaria cada povo da visão peculiar do homem e do mundo.
A defesa das plantas, tal como é levada a cabo pelo naturalogista Miguel Boieiro, presta culto ao deus ambiente para a mutação de princípios e valores dos nossos ancestrais.
Hoje, derretidos, lemos os artigos dos Boieiros e quejandos; amanhã teremos os direitos das plantas como já temos os dos animais.
Se agora vemos organizações afectas às esquerdas de todo o mundo mais preocupadas com os ovos das cegonhas do que com uma criança na barriga da mãe, que nos reservará o futuro?
13 maio 2007
E se for avante? (9)
Andava para os lados de Castro Verde quando, neste domingo, a rádio me traz mais um capítulo da novela do outlet: agora foi uma ameaça de bomba!
Lembrando o que tenho escrito neste blogue (o penúltimo capítulo está aqui), cheira-me a esturro.
Que mais acontecerá ainda?
Lembrando o que tenho escrito neste blogue (o penúltimo capítulo está aqui), cheira-me a esturro.
Que mais acontecerá ainda?
07 maio 2007
Do Tçuzzu ao Girão
O blog http://coisasdealcochete.blogspot.com depara-nos com o facto de tanto Sernancelhe como Alcochete reclamarem o nascimento de um evangelizador no Japão cujo nome é João Rodrigues (séculos XVI/XVII).
O Padre João Rodrigues Tçuzzu (o Intérprete) e o Padre João Rodrigues Girão foram contemporâneos, religiosos da Companhia de Jesus e missionários no Oriente. O primeiro nasceu em Sernancelhe e o segundo em Alcochete.
O Tçuzzu dedicou boa parte da sua vida a estudar Gramática e História. Ele foi o autor de Arte da Língoa de Japam, Nangasaqui, 1604 e Arte Breve da Língoa Japoa, Macau, 1620. Colaborou ainda no dicionário japonês-português, Vocabulário da Língoa de Japam, Nangasaqui, 1603/1604. Mas a obra mais arrojada deste jesuíta intitulou-se História da Igreja de Japam editada por João do Amaral Abranches Pinto, 2 volumes, Macau, 1954/1955.
O Girão consagrou-se no género epistolar, deixando-nos várias cartas que são testemunhos preciosos para o estudo da evangelização portuguesa no Japão.
Foi o Coronel Eduardo Avelino Ramos da Costa (1881/1970) que, entre nós, mais contribuiu para a confusão sobre este assunto, uma vez que na sua monografia O Concelho d'Alcochete, Lisboa, 1902, o emérito engenheiro militar atribuiu as obras de João Rodrigues Tçuzzu a João Rodrigues Girão.
O Padre João Rodrigues Tçuzzu (o Intérprete) e o Padre João Rodrigues Girão foram contemporâneos, religiosos da Companhia de Jesus e missionários no Oriente. O primeiro nasceu em Sernancelhe e o segundo em Alcochete.
O Tçuzzu dedicou boa parte da sua vida a estudar Gramática e História. Ele foi o autor de Arte da Língoa de Japam, Nangasaqui, 1604 e Arte Breve da Língoa Japoa, Macau, 1620. Colaborou ainda no dicionário japonês-português, Vocabulário da Língoa de Japam, Nangasaqui, 1603/1604. Mas a obra mais arrojada deste jesuíta intitulou-se História da Igreja de Japam editada por João do Amaral Abranches Pinto, 2 volumes, Macau, 1954/1955.
O Girão consagrou-se no género epistolar, deixando-nos várias cartas que são testemunhos preciosos para o estudo da evangelização portuguesa no Japão.
Foi o Coronel Eduardo Avelino Ramos da Costa (1881/1970) que, entre nós, mais contribuiu para a confusão sobre este assunto, uma vez que na sua monografia O Concelho d'Alcochete, Lisboa, 1902, o emérito engenheiro militar atribuiu as obras de João Rodrigues Tçuzzu a João Rodrigues Girão.
04 maio 2007
A crise, os americanos e a gasolina
Há muito noto que, aos sábados, domingos e feriados, em Alcochete, os bairros da classe média estão pejados de automóveis. Alguns exemplos poderão ser observados na sede do concelho, nomeadamente nas urbanizações dos Flamingos e dos Barris.
Não é difícil adivinhar o que força a esmagadora maioria a ficar em casa.
Tal como noto, em direcção ao Sul, que o tráfego rodoviário de ligeiros voltou a ser mais intenso na antiga estrada nacional (IC1), sendo agora claramente superior ao da A2. Isto apesar do troço do IC1, entre a Marateca e Grândola, estar em péssimo estado de conservação, em ambos os sentidos.
Como pode a maioria atrever-se a sair de casa se uma simples ida e volta ao Algarve, pela A2, num automóvel movido a gasolina, custa perto de 100 euros?
Mas neste mundo, em que tudo parece andar às avessas, os americanos estão preocupados: nos últimos dias pagam 3,99 dólares por um galão de gasolina super.
São 0,74 cêntimos de euro por litro, metade do preço visível em qualquer posto de abastecimento de Portugal!
Por falar em postos de combustíveis nacionais, alguém saber explicar-me o motivo do súbito aumento de preços da gasolina nas grande superfícies da vizinha cidade de Montijo?
É que, há pouco mais de uma semana, em postos das mesmas empresas na cidade de Portimão, os preços eram 12 cêntimos inferiores...
Não é difícil adivinhar o que força a esmagadora maioria a ficar em casa.
Tal como noto, em direcção ao Sul, que o tráfego rodoviário de ligeiros voltou a ser mais intenso na antiga estrada nacional (IC1), sendo agora claramente superior ao da A2. Isto apesar do troço do IC1, entre a Marateca e Grândola, estar em péssimo estado de conservação, em ambos os sentidos.
Como pode a maioria atrever-se a sair de casa se uma simples ida e volta ao Algarve, pela A2, num automóvel movido a gasolina, custa perto de 100 euros?
Mas neste mundo, em que tudo parece andar às avessas, os americanos estão preocupados: nos últimos dias pagam 3,99 dólares por um galão de gasolina super.
São 0,74 cêntimos de euro por litro, metade do preço visível em qualquer posto de abastecimento de Portugal!
Por falar em postos de combustíveis nacionais, alguém saber explicar-me o motivo do súbito aumento de preços da gasolina nas grande superfícies da vizinha cidade de Montijo?
É que, há pouco mais de uma semana, em postos das mesmas empresas na cidade de Portimão, os preços eram 12 cêntimos inferiores...
03 maio 2007
Segurança em molhada, não
Concentração de meios policiais e superesquadra em Palmela?
Reforma orgânica e problemas pessoais para os agentes, devido a mudanças de local de trabalho?
Isto cheira-me a esturro.
Siga o processo se não quer ser apanhado desprevenido.
Para que, mais tarde, não se diga ser surpresa...
Reforma orgânica e problemas pessoais para os agentes, devido a mudanças de local de trabalho?
Isto cheira-me a esturro.
Siga o processo se não quer ser apanhado desprevenido.
Para que, mais tarde, não se diga ser surpresa...
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