18 janeiro 2011

A marxização do ensino em Portugal


Sustentava entre colegas que o principal cancro do Ensino em Portugal circunscreve-se à elevação do aluno a centro do Sistema Educativo, estabelecendo eu um paralelismo entre esta trágica mudança do pós 25 de Abril e a divinização do homem desde o humanismo antropocêntrico.
Logo me foi dito de rompão que os grandes humanistas eram cristãos.
É verdade. Na afirmação de que os humanistas do séc. XVI eram cristãos não há novidade, mas há a distinção de que Dante (1265-1321) abre A Divina Comédia com a noção de pecado ("Nel mezzo del cammin di nostra vita/mi ritrovai per una selva oscura,/ché la diritta via era smarrita.") e Camões (1525?-1580), logo no primeiro verso de Os Lusíadas ("As armas e os barões assinalados") coloca o homem (barões), qual titã, no centro do decassílabo a receber o acento predominante.
Cristão e católico era Tomás Morus (1478-1535) que não deixou de dar com A Utopia uma mãozinha à ideologia utópica de Karl Marx (1818-1883), uma vez que um e outro, representantes dos Ícaros e Prometeus de todos os espaços e tempos, não contaram com o pecado original (criminalidade hereditária) para a arquitectura das ilhas de sonho que apresentaram à Humanidade.
Ora o que vemos é que o ensino em Portugal caminha paulatina mas firmemente para a marxização dos conteúdos: prioridade do praticismo sobre o conhecimento, da acção sobre a moral, do quantitativo sobre o qualitativo...tudo resultando na destruição do ser.
Em conclusão, o humanismo antropocêntrico de quinhentos não queria subjectivamente este homem apenas horizontal do séc XXI, mas objectivamente contribuiu, e muito, para o mundo que hoje nos cerca e faz sofrer.

2 comentários:

Unknown disse...

O centro do sistema educativo é o ensino-aprendizagem.

João Pinho disse...

Sobre este tema que introduziu e sobre ele discorre num tom excessivamente maniqueísta, manifestamente tendencioso e desconforme à realidade, permita-me que o remeta para um brilhante texto de análise sobre "Educação Mal Amada" da autoria da Professora Graça Cabral, publicado em 17Novembro2010, aqui no blog, o qual identifica perfeitamente quais os problemas com que na actualidade o ensino básico e secundário se defrontam em Portugal. Reflicta sobre ele e decerto concordará com todos os pontos de vista que nele são
apresentados. Àquele texto da Professora Graça Cabral acrescento apenas aquilo que o sr devia ver e não vê!
O frentismo sindical, liderado por sindicalistas que há 20 anos não dão aulas e ainda se perpetuam no poder, pagos pelo Estado para uma função que de facto não exercem, é de índole comunista e prejudica o ensino. Cada vez aquela malta reivindica mais benesses e acréscimos financeiros ao Estado para o ensino e desses investimentos pouco se aproveita.
Aqui neste aspecto, da proliferação e nefasta influência das práticas dos sindicalistas comunistas que dominam a corporação dos professores ou estes se deixaram dominar, é que reside, para além do que a professora Graça Cabral afirma, um dos grandes problemas do ensino aprendizagem em Portugal. Não acha?

Sobre Marx, reitero-lhe aquilo que aqui já disse. A teoria científica da história, observada numa perspectiva dialéctica, e o pensamento económico de Marx estão muito para além da apropriação que os comunistas contemporâneos, principalmente os portugueses, dela e dele fazem.
Marx objectivou de modo coerente toda e evolução da humanidade até ao séc XIX, analisando os seus saltos qualitativos, numa perspectiva evolucionista, vendo bem aquilo que é a dialéctica da natureza. Insatisfeito,viu que, ao longo da História, foram as condições económicas sempre que determinaram as condições de vida e as relações sociais de produção existentes em cada período historicamente determinado. Debruçou-se assim sobre a economia e todo o seu estudo foi determinante para se compreender o mundo até aquele século.Tudo visto numa perspectiva materialista, isto é, baseado nas condições de vida dos povos. Daí o materialismo, histórico e dialéctico. Conceitos como a teoria do valor, a mais valia, a criação da moeda e a troca, são conceitos ainda assumidamente correctos. Os seus estudos foram consistentes.
Agora Marx errou ao perspectivar o futuro. As suas premonições sobre o devir revelaram-se errónias. Mas Marx não era bruxo, conduziu as suas teses naquele sentido por força dos Congressos das várias Internacionais, onde anarquistas e troskquistas, sem trabalho e pensamento devidamente estruturado, o afrontaram.
Veja Marx apenas pelo seu trabalho histórico-filosófico até ao sec XIX e certamente verá um Marx merecedor do crédito de nós todos. Até pelo mau uso que Lenine, Staline, Mao e outros, posteriormente, dele fizeram.
Finalizando, dizer que o ensino em Portugal sofre de influências marxistas é despropositado.
O sr não gosta dos comunistas portugueses e alcochetanos, também lhes vejo muitas incongruências, e vai daí ataca Marx a todo o tempo. Aí está incorrecto! Continue apenas atacando Mao, Che, Fidel, etc, aqueles que mataram milhões, como, aliás, o vem fazendo, e aí, sim, está no rumo certo.
Reveja essas posições.
Cordialmente...