13 janeiro 2011

Da categoria feminista de género ao conceito de mobilidade.


Quase não há nenhuma publicação da Câmara que não nos confronte com a palavra género. Esta é uma das palavras do politicamente correcto. Artigo sobre o feminismo que a dispense é para deitar ao caixote do lixo.

Mas saberão os piratas do politicamente correcto o que é a categoria de género, mesmo quando empregam esta palavra? Eu fiz os seminários de um Mestrado em Estudos sobre as Mulheres (Universidade Aberta) e sei que a apreensão do sentido desta categoria não é facil.

Por género entende-se as práticas de educação para o menino e para a menina. Por outras palavras, as múltiplas culturas da Humanidade desde que esta é Humanidade atribuem papéis aos meninos que em várias vertentes se distinguem dos que são atribuídos às meninas.

Ora eu pergunto: se o menino e a menina são diferentes, não será natural que os pais tenham discursos também diferentes para o que é diferente?

Por exemplo, quaisquer pais nunca direccionarão o discurso para a maternidade se falam com rebentos varões.

Mas ao fim e ao cabo, o que é afinal o género? O género mais não é do que a diferença de poder entre homens e mulheres. O que se pretende saber é: quem tem poder sobre quem? Para iludir esta questão, impõe-se a igualdade de género através de uma legislação que faz tábua rasa do que há de mais sagrado no ser humano, nomeadamente a identidade.

E quando se houve falar da luta contra a discriminação de género, saiba-se que, no fundo, se fala da igualdade de género, esta responsável por uma espécie de indiferenciação entre masculino e feminino. A partir daqui, cada um(a), qual célula estaminal com poder de escolha sobre si próprio(a), decide a orientação sexual que quer: heterossexualidade (passando esta a estar démodé), homossexualidade, bissexualidade, transexualidade, etc., etc., etc.

Em conclusão, género é uma categoria que extrai a sua carga conceptual do marxismo e ameaça empurrar-nos para a pior das escravidões alguma vez sofrida por homens e mulheres à face da terra.

Outra palavra do politicamente correcto à qual não teríamos o direito de nos furtarmos é mobilidade.

Quando leio estes textos escritos por gente sem alma na imprensa local, vem-me à cabeça a ideia de que estas esquerdas querem substituir liberdade por mobilidade.

Mas o que é esta mobilidade?

Esta mobilidade é a deslocação física de pessoas e coisas sob condições - dizem - sustentáveis (forçosamente tenho que embarcar nos clichés da tribo para não parecer um extraterrestre).

E então a mobilidade cívica, política, ética, moral, cultural, religiosa, espiritual, etc.?

Onde está a mobilidade cívica de um autarca que ofende gratuitamente um jovem por este pretender dar de beber a uma cadelinha num bebedouro público em vez de aproveitar a ocorrência para o exercício pedagógico do civismo?

Onde está a mobilidade política, ética e moral de uma câmara que quase exige tomar conhecimento prévio dos conteúdos de um jornal sob ameaça implícita de bloquear o envio dos próprios materiais de informação e publicidade para esse órgão de comunicação?

Onde está a mobilidade cultural de uma câmara que politiza os eventos culturais e abafa a cultura de raiz popular? Por que razão a Câmara Municipal de Alcochete não toma posição explícita sobre a Festa Brava, quando esta hoje sofre ataques como nunca os houve em Portugal?

Onde está a mobilidade do respeito devido à religião por parte de uma câmara que não desmunicipaliza a Fundação João Gonçalves Júnior, quando a fundadora, D.ª Mariana Gonçalves, colocou a sua doação sob a égide da Igreja Católica?

Onde está a mobilidade espiritual da câmara se esta é comunista e se o comunismo nega o Transcendente? Ou haverá uma espiritualidade intramundana como a que defende o ambientalismo? Que querem? Reduzir a mobilidade ao passeio da carne? NUNCA!

4 comentários:

Anonymous disse...

Vou só fazer referência àquilo que verdadeiramente me incomodou neste texto.

Desde quando é que a orientação sexual de uma pessoa é uma escolha? Que eu saiba, uma pessoa não vai dizer um dia "escolho ser heterosexual" e depois mais tarde se arrepende e diz "Não senhor, vou agora escolher ser homossexual". Essas ideias que a sexualidade é uma escolha são ideias arcaicas, desacreditadas pela psicologia dos dias de hoje, e que promovem apenas a descriminação só porque uma pessoa não adoptou os valores esperados numa sociadade, mesmo que não tenha feito mal algum.

Unknown disse...

Claro que se nasce do sexo masculino ou feminino. Ninguém escolheu os pais que tem, a cor dos olhos que tem nem o próprio sexo. É isso que eu defendo, obviamente, no meu texto.

Unknown disse...

Manuel Peralta Godinho e Cunha, nome incontornável dos círculos tauromáquicos portugueses e com projecção além fronteiras, bem conhecido nos meios de comunicação tradicionais e electrónicos, é um grande senhor.

João Pinho disse...

A Câmara Municipal não tem que tomar posição sobre a Festa Brava, quer enquanto espectáculo, quer como actividade económica, quer ainda como aspecto identitário de uma região. À Cãmara Municipal compete respeitar todo o passado e a memória do concelho, recordar os seus aspectos mais marcantes e ajudar a traduzir anualmente nas festas populares aquilo que marcou indelevelmente a idiossincrasia do alcochetano.
A Câmara, como orgão institucional, respeita a Lei e, neste momento, tanto tem de respeitar os defensores como os detractores da Festa Brava. Não marca posição. Reproduz, deve-o fazer, os valores dos nossos antepassados mas nunca emitir opinião e ser um factor de divisão entre os alcochetanos aos dias de hoje.
A continuidade do espectáculo de tauromaquia, um entre os vários da Festa Brava, a festa brava não é só corridas de toiros, é assunto de âmbito nacional e será, debatendo, nos diferentes fóruns nacionais que tudo se resolverá. Em última instância, será decidido no Parlamento.
À Câmara Municipal, malevolamente, não lhe peçam posição oficial. Não tem de ter! Deve apenas acolher e dar apoio a todas as iniciativas que, inseridas do quadro legal vigente, a comunidade desenvolva. Nesta perspectiva, o seu apoio pecuniário e logístico aos eventos relacionados com a festa tem toda a legitimidade. Tal como o contrário!
Ao lobby das touradas, direi que a actividade de lobbyng a seu favor terá de ser melhor realizada para fazer prevalecer os seus argumentos no seio da sociedade portuguesa. Aos dias de hoje, estão claramente a perder para os seus adversários. Cada vez os detractores são mais. Ou não será assim?
Ciente da melhor atenção...