04 janeiro 2011

De Marx e Engels a Alcochete


O Manifesto Comunista (1848) de Karl Marx e Friedrich Engels começa assim: «A história de todas as sociedades até ao momento presente é a história das lutas de classes».

Meus amigos, vamos à verdade, pois só com esta eu me entendo. Tempos já lá vão que me levaram atrás desta cantilena repugnante, tempos esses que correspondem aos mais negros da minha vida.

Aquelas palavras de Marx e Engels expressam talvez a maior idiotice que recaiu sobre a humanidade desde que esta é humanidade.

Imaginemos que Aristóteles ressuscitava e que a primeira coisa que lhe davam a ler era aquele primeiro parágrafo de O Manifesto Comunista. Ao Estagirita dar-lhe-ia logo um colapso e cairia de novo na tumba.

Mas por que perdemos a capacidade de recuar às causas das coisas?

A expansão do Império Romano que teve a ver com as lutas de classes? Nem estas tiveram alguma coisa a ver com a Reconquista Cristã cuja causa foi o alargamento do território e a dilatação da Fé Cristã.

Eis também por que, quando se defende que Alcochete é terra fundada pelos Romanos, postergamos a nossa História para a bruma dos tempos, obliterando o inimigo estrutural, o árabe, contra o qual nos levantámos como nação independente.

6 comentários:

João Pinho disse...

A evolução da história da Humanidade caracteriza-se, em síntese,pela sucessão dos vários modos de produção que o homem foi criando para dominar a natureza, os quais , em cada período histórico socialmente determinado, mais não são do que a consequência das relações sociais de produção existentes e da forma como as respectivas forças produtivas da sociedade vão interagindo entre si.
No seu desenvolvimento desde os primórdios até à actualidade, há assim que distinguir, sumariamente, cinco grandes categorias históricas de organização social, cuja estrutura económica, modo de produção e superestruturada politico-ideológica, que lhe corresponde, encontram-se especificamente bem definidas e são bem diferenciadas...
A pouco e pouco, no seu percurso histórico, começou a surgir entre os homens o conceito de posse e as sociedades foram-se estratificando em possidentes, não possidentes e outros cuja único bem disponível era a sua força de trabalho.Uns começaram a trabalhar para outros... Apareceram as classes sociais!
Identificam-se, deste modo, cinco grandes categorias históricas a que correspondem outros tantos modos de produção e diferentes classes sociais. São elas:
-A comunidade primitiva, vulgo, barbárie;
-O regime esclavagista;
-O regime feudal;
-O sistema capitalista;
-Algumas formas hodiernas de processos de socialização que ,estando numa fase embrionária do seu desenvolvimento, não permitem visionar ainda com clareza o devir da humanidade( muitos falariam em rumo ao socialismo e comunismo, eu não...).
Chegado aqui, quero dizer que com a escravatura, regime social que atingiu o seu mais alto grau de desenvolvimento com a civilização em Roma, veio a primeira grande cisão na sociedade dos homens, em que existe uma classe dominante que explorava e uma outra que era explorada, os escravos (haviam outras classes intermédias mas para o texto torna-se irrelevante referir essa circunstância).Na anterior categoria histórica, a comunidade primitiva, as diferenças sociais encontravam-se esbatidas e a exploração da força de trabalho inexistia ( prevalecia a tribo e outros).
A escravatura é assim a primeira forma de exploração ocorrida entre os homens e teve o seu zénite no período do Império romano. Sucedem-lhe a servidão na Idade Média e o trabalho assalariado no sistema capitalista.
São estas as três formas de organização social do trabalho que caracterizam três épocas de civilização diferentes que a humanidade atravessou. A civilização fez-se sempre acompanhar, por assim dizer, de escravatura: a princípio declarada, na antiguidade clássica com gregos, romanos, germanos e outros; depois mais ou menos disfarçada, com servos e assalariados.
Significa isto que, numa concepção dialéctica da história, a humanidade vai passando por vários estádios de desenvolvimento, superando as suas contradições e atingindo progressivamente patamares superiores na sua organização, modelos de sociedade e relações sociais de produção, fruto da luta de classes que tem estado subjacente a cada uma das respectivas categorias históricas. O Império romano, tal como todos os outros, acabou por cair fruto das suas contradições internas e da luta de classes que cresceu no seu âmago, a qual inevitavelmente conduziu ao seu estertor. Veio depois a Idade Média.
Concluindo, com o materialismo histórico e dialéctico percepciona-se perfeitamente que têm sido a luta de classes o grande motor da mudança e desenvolvimento da humanidade...não acha sr Marafuga?
Cordialmente...

Unknown disse...

Se o João Pinho defende o marxismo, a "filosofia" assassina do comunismo, vá para o Partido Comunista. O que é que vocês fazem no PSD, o Partido de Sá Carneiro?
BASTA.

Anonymous disse...

Adoro pessoalmente o uso do ataque pessoal para evitar o debate. Nos regimes totalitários mata-se o Homem para que não se ouça as suas ideias para que possa reinar a do regime, com os políticos ridiculariza-se o Homem até que a sua ideia deixe de ser ouvida e a ideia do próprio político seja aceite por todos.

João Pinho disse...

Sr Marafuga:
Esta insinuação força-me a situar as coisas no seu devido lugar. Assim:
1-Sou militante do PSD, não por oposição a nada nem a ninguém, mas porque acredito que é o projecto politico em melhores condições para conduzir, no presente momento histórico, os destinos de Portugal.
2-A esse propósito, remeto-o para o comentário que escrevi (4º comentário) sobre o seu texto, com o título "Bom Natal e Ano Novo", editado em 23Dez2010, aqui no blog. Nesse meu comentário, tracei-lhe, embora sumariamente, quais os valores e opções fundamentais que fazem do PSD um partido com uma importante base sociológica junto dos portugueses. Dei-lhe ainda a conhecer aquilo que é a caracterização do partido, cujo legado politico o tornou na organização sócio-politica mais representativa dos sectores com maior dinamismo da sociedade portuguesa.
3-Partido de 35 anos, criado por Sá Carneiro, Magalhães Mota e Pinto Balsemão, que tem, em minha opinião, o prof Cavaco Silva, um brilhante pragmático com pensamento claro e estruturado, como grande referência viva e responsável pelo enorme salto qualitativo dado por Portugal no período da
Democracia.
4-Reitero-lhe assim, uma vez mais, como homem livre, sem me esconder em qualquer forma de anonimato, o meu grande orgulho em pertencer à família social democrata do PSD, dando, agora que posso, a minha humilde mas determinada contribuição para a sua efectiva afirmação na terra onde nasci: o concelho de Alcochete.
Porque este texto vai longo, de seguida vou-lhe deixar um outro comentário sobre a célebre filosofia assassina do comunismo. Ciente da sua consideração...

João Pinho disse...

Com singela ingenuidade, acusa-me agora de defender o marxismo. Reivindico o direito ao contraditório porquanto a sua afirmação, dita com alguma rudeza, não corresponde, de modo algum, à realidade e é incorrecta. Afirma isso visto que não me conhece.

O meu pensamento politico-ideológico foi estruturado ao longo do tempo, sendo, as concepções relativas ao materialismo histórico e a perspectiva dialéctica de evolução da humanidade, dois instrumentos que considero adequados para se alcançar a compreensão politica e social do mundo contemporâneo e do seu desenvolvimento desde os primórdios até aos nossos dias.

Porém, atenção, trago estas concepções, aqui, à colação, apenas para sustentar a minha franca oposição à sua visceral repulsa por tudo aquilo que tem a ver com aquela que é uma teoria científica da história, de análise das diferentes sociedades, suas leis de funcionamento e desenvolvimento.

Para seu conhecimento, até porque gentilmente já me indicou autores que contribuíram para a sua formação, indico-lhe agora os autores (basicamente os clássicos) que exerceram preponderância determinante para aquilo que é actualmente a minha percepção do mundo. A saber:
1.F. Hegel (1770-1831), principal representante da filosofia clássica alemã e do idealismo objectivo;
2.l. Fuerbach (1804-1872), filósofo alemão que passou do hegeliano de esquerda a materialista metafísico;
3.Adam Smith (1723-1790), economista, fundador da escola económica liberal;
4.D. Ricardo (1772-1823), economista inglês que pode ser considerado como o fundador da escola clássica da economia politica;
5.Marx e Engels, naturalmente;
6.Louis Althusser (2ª metade do séc XX), sociólogo e filósofo francês;
7.Marta Harnecher (2ª metade do séc XX), socióloga e economista chilena;
8.Rosa Luxembourg, Maurice Duverger, os existencialistas Sartre e mulher Simone,mais recentemente o economista liberal americano Karl Popper e ainda alguns mais que não vale a pena referenciar.
Como vê nem todos são autores situados na área do marxismo.

Digo-lhe também da minha total aversão por tudo o que tem a ver com Lenine, Estaline, Mao, Che e Fidel, cuja tentativa de implementação no terreno das teses decorrentes do Manifesto e do ideário leninista-maoísta redundou em genocídios e retrocesso civilizacional.

Para finalizar, o que me interessa na epistemologia de Marx/Engels é apenas compreender os fundamentos essenciais daquilo que constitui a sua teoria científica da história da humanidade, o materialismo histórico, e a teoria filosófica que lhe corresponde e está associada, o materialismo dialéctico.
Na posse destes instrumentos e também de outros, acho que melhor observo o mundo, os seus fenómenos e o rumo que leva.

Sr Marafuga, quase que me chamou comunista...mas está perdoado. Para percebermos aquela gente dos actuais partidos comunistas, que por aí proliferam, nada melhor do que conhecer a génese da doutrina marxista e sua matriz ideológica. Mas as teses e o pensamento económico de Marx estão para além da apropriação que o comunismo delas faz...

Dirijo este longo texto estritamente à sua pessoa, embora ele seja público, pois, para além do respeito que merece como meu concidadão, no fundo admiro o seu persistente combate, sem desfalecimentos, no domínio das ideias, a vizinhos, amigos, conterrâneos e, eventualmente, familiares, os quais, dizem-me, já quase não o ouvem...
Contudo, cada um é como é...ciente da sua melhor atenção, creia-me cordialmente.

Pedro Giro disse...

Acho que o Sr.Marafuga devia medir as suas palavras ao generalizar "filosofia assassina do comunismo" porque está a ofender boa gente inclusive. Saber respeitar a opinião de cada um chama-se liberdade de sufrágio e você não sabendo compreender essas diferenças está a dar um mau exemplo como professor a antigos alunos seus e a todos que por aqui passem, senão ao invés de tomar a hóstia tem que encomendar um pão caseiro e não chegará e olhe que você é um verdadeiro exemplo do dito pelo não dito. Contenha-se e não se achincalhe ainda mais porque muito sinceramente desse modo não acredito que alguém o leve a sério.
Sem ressentimentos.