10 outubro 2010

Defesa da Festa Brava


A perspectiva meramente emocional para a avaliação da Festa Brava é falaciosa porque, neste caso, se quisermos ser coerentes até ao fim, teríamos igualmente que denunciar os modernos processos de criação de mamíferos e aves a grande escala para abate e distribuição no mercado (não me julguem ingénuo, esta denúncia vem sendo feita subtilmente por sectores afectos às esquerdas).
Por exemplo, o frango assado que comemos foi criado compulsivamente e apenas direccionado para se alimentar, sem espaço para se mover.
Pecamos quando comemos frango assado? Se porventura alguém me respondesse que sim, então eu diria que, por essa lógica, é pecado arrancar da terra uma couve. Esta tem vida vegetal e perde-a por força desse acto. Mas o problema não está em sacrificar a couve e os animais cuja carne comemos. O problema está em saber se somos dignos dos nossos alimentos, quero dizer, se somos homens e mulheres de levantar os olhos ao céu e aceitar a nossa condição de criaturas na humildade das nossas limitações. Se sim, o nosso acto de comer e beber está justificado e não pecamos, tal como não peca o cavaleiro que farpeia o toiro, sacrificando-o na arena do grande banquete artístico que é o espectáculo taurino.

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