Desde criança que eu ouço falar de "povo alcochetano". Só mais tarde é que fui posto na frente da mesma expressão com a leitura dos livros do historiador local José Estêvão, nome injustiçado no âmbito da nossa micro-cultura.
Povo aglutina todos os extractos sociais sem nada ter a ver com a divião marxista da sociedade em classes. A luta destas, para Marx, seria a mola da História.
Outra coisa curiosa é que eu, também desde criança, sempre ouvi falar de "terra de Alcochete". Não poucos dos meus textos utilizam a expressão "esta minha terra de Alcochete". Não é possível que eu fale assim por falar porque não há estrutura de pensamento sem nada que a preceda.
O conceito "minha terra" só faz sentido por oposição e respeito à terra que é do outro. Não vejo no que esta estrutura ancestral, tão básica quanto natural, esteja na lógica do fim da propriedade privada e internacionalismo comunista - Proletários de todos os países, uni-vos (Assim acaba o Manifesto Comunista de Marx e Engels publicado em 1848).
Depois, há uma literatura local que vem dos fins do séc. XIX aos nossos dias: Boieiro de Pancas, Luís Cebola, Dr. Grilo, Germano Carvalheda, Leonor Matos, Maria José Branco, António Neto Salgado, João Santana, António Rei, Constantino Menino, Manuel Rei e tantos outros cujo elenco exaustivo abusaria dos moldes pré-delineados para este artigo.
Entre poemas e contos, os milhares de textos que estas pessoas nos deixaram inserem-se no veio dos princípios e valores da civilização ocidental judaico-cristã: a terra, o rio, o fado, o touro, a família, etc.
O que disse e o muito que ficou por dizer me afoita a sustentar que temos bases indeléveis para defender uma opinião pública alcochetana cuja pedra angular seria a ideia de que o comunismo é estruturalmente uma mentira.
2 comentários:
Eu só queria que meia dúzia de alcochetanos mordessem este meu texto e o interiorizassem!
Ai se assim fosse!
Uma opinião pública alcochetana poria fim aos caciques desta terra de Alcochete.
Enviar um comentário