A sociedade portuguesa em geral – e a comunidade alcochetana em especial – anda abstraída de tudo e todos, inclusive dos que nada têm: nem lei que lhes valha, nem poder reivindicativo, nem meios mínimos de sobrevivência.
Depois de conversar com alguém que presta assistência regular a alcochetanos paupérrimos, sinto-me no dever de voltar a alertar para as terríveis bolsas de pobreza existentes no nosso concelho.
Há conterrâneos velhos e doentes cujas feridas não saram por insuficiência de proteínas, mães sem leite para amamentar recém-nascidos por se alimentarem deficientemente, seres humanos sem dinheiro para pagar dívidas a farmácias e muito receituário médico guarda-se na gaveta à espera do milagre que uma pensão de 200 euros torna impossível.
Essa miséria há muito conhecida, assustadoramente crescente e espalhada por todo o concelho, impõe acções enérgicas, imediatas e decisivas. E há ainda outro tipo de miséria, a envergonhada, tão ou mais terrível que aquela.
Em redor de qualquer instituição local de solidariedade – existem várias e parece-me desnecessário criar outras – devem reunir-se voluntários para actuar no terreno.
Em primeiro lugar identificando os casos mais urgentes e prioritários, recorrendo à experiência e conhecimento de quem profissionalmente lida com problemas sociais.
Em segundo lugar expor a realidade e congregar vontades empresariais e individuais para recolher e adquirir bens de primeira necessidade e proceder à sua distribuição, bem como reunir fundos para adquirir medicamentos indispensáveis.
Em terceiro lugar pensar e planear outras acções adequadas ao meio social e às suas necessidades, porque para angariar votos promete-se muito mas o vento continua a levar essas palavras para longe.
Os cidadãos têm de agir sem delongas, antes que seja tarde demais para gente cuja triste existência a ninguém parece incomodar o suficiente.
Sozinho não posso fazer nada, com muitos outros talvez!
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