04 novembro 2010

Miséria

Se fosse eu o convidado de uma festa e metesse croquettes e pasteizinhos de bacalhau no bolso do meu casaco previamente forrado com plástico para o efeito, que diriam de mim?
Mas há senhor que todos se apressam a cumprimentar na nossa praça que o faz ou, pelo menos, costumava fazer. Quem via achava natural, pois o senhor P. não teria necessidade de atitude tão insólita, não fora a sobrecarga de trabalho em prol da comunidade que não lhe deixava réstia de tempo para preparar em casa salgadinhos tão tentadores.
E se eu andasse pelas piqueiras dos caminhos a apanhar figos, que diriam de mim?
Passa alguém no seu carro e diz pela janela fora:
-Então, senhor P., que tal estão os Kivis?
O senhor P. esboça um sorriso de quem o faz por desporto, e pronto, tudo numa boa.
Uma vez ia eu pelo campo num dos meus habituais passeios higiénicos. À beira do caminho estava um marmeleiro carregadinho de marmelos ao alcance da mão. Não me atrevi a tanto. Apanhei um do chão que me pareceu de bom aspecto. De repente, sai um homem gigantesco de não sei donde, pôs-se à minha frente, e perguntou-me:
-Isso é seu? Isso é seu? Largue já o marmelo da mão!
Sem palavra, larguei o marmelo da mão e prossegui o meu caminho.
O Marafuga não é o senhor P. que todos se apressam a cumprimentar na nossa praça.

5 comentários:

Unknown disse...

apenas queria aqui referir a cronica de um salineiro no jornal alcachete do dia 4\11\2010 muito bem escrita e revela as verdades um bem haja aqueles que dizem a verdade

João Pinho disse...

A crónica de um salineiro é uma excelente peça de denúncia e de apoio a um período de gestão socialista que governou Alcochete de 2001/2005...só que não deveria ser anónima...de quê e de quem tem o autor medo? Não compreendo e este é um excelente local para a explicação!
Fico a aguardar...

João Pinho disse...

A crónica de um salineiro publicado no "Alcaxete" do dia 04.11.2010,pag 6, é na realidade um texto de opinião, de denúncia e também de apoio à gestão de maioria socialista que governou a Câmara de Alcochete no período de 2001/2005.
No entanto, é um texto anónimo pois o seu autor não se identifica...afinal tem medo de quê?
E como o anonimato nunca valoriza nem credibiliza qualquer texto de opinião ,assim neste ficamos sem saber se a mensagem é fidedigna e verosímil.
A pertinência da matéria justificava conhecermos o autor da crónica...

Unknown disse...

sr joao pinho desde já dou-lhe os meus parabens pela sua coluna no jornal alcaxete do dia 4\11\2010 um texto muito bem elaborado e sem uma unica mentira.

João Pinho disse...

Regressando à crónica de um salineiro,publicado no "Alcaxete",só para referir que,sendo a crónica não assinada, a responsabilidade e sua assinatura é evidentemente do director do jornal. Assim,a notícia é fidedigna e verosímil,contrariamente ao que escrevi em comentário anterior...mea culpa. Está identificado o seu autor!
Uma palavra de saudação para o proprietário e para o director do "Alcaxete" pela coragem e persistência em manter vivo um jornal local que luta,contra tudo e todos,pela sua independência,afirmação e sobrevivência. Em Alcochete não é fácil...imagino o quanto é ostracizado e hostilizado por vastos sectores da comunidade local. De qualquer modo,força...