Poderá ser mentira, mas não poucas pessoas me têm assegurado que com uma boa lubrificadela eu já tinha a minha casa construída. Na verdade, toda a gente na Rua Francisco Diogo era do parecer que me iria ter por vizinho já neste Natal.
No último almoço (Agosto do ano em curso) que tive com ex-combatentes da Guiné oriundos de todas as partes do País, não faltaram camaradas que, à boca cheia, falavam em quantias avultadas que tinham dado a funcionários camarários para verem os seus processos despachados em tempo razoável.
Eu interrogava-me para dentro de mim: será verdade?
A uma das pessoas aqui em Alcochete com quem costumo falar sobre esta matéria, senhor de idade e bem conhecedor de todo este labiríntico universo, dizia eu que, se me prestasse a coisa tão odiosa, mais não poderia dar que uns escassos quinhentos euros. Ele, de rompão, retorquiu:
-Pois, mas isso já seria metade dum daqueles ordenados!
Fiquei estarrecido por tal coisa nunca me ter vindo à cabeça.
Mas aqui é que está o busílis da questão para mim: como é que essa coisa se faz?
Uma vez, estava eu entre vários encarregados de educação, quando um deles, dando-se pressas, estende-me a mão para se despedir e retirar-se. No vigoroso cumprimento, eu senti qualquer coisa entre a palma da mão dele e a minha. Tendo ele largado a minha mão, eu, numa atitude de espanto bem representada, comecei a desdobrar a nota na presença de todos, enquanto esse pai, já a alguma distância, gritava a rir-se:
É para o professor comprar alguns livros!
Entre a gargalhada geral, também gritei:
Obrigado!
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