21 fevereiro 2007

Vem aí mais betonização

Sem que haja ideias, projectos ou decisões destinados a minimizar os inúmeros impactes negativos resultantes do crescimento populacional explosivo e desordenado dos últimos oito anos – recordo que a população aumentou mais de 50% – o executivo da câmara de Alcochete anuncia, para hoje, a apreciação de protocolos para a elaboração de "estudos urbanísticos na Coutadinha e Lagoa da Cheia".
A quinta da Coutadinha foi vendida, há quase três anos, a um promotor imobiliário bem conhecido em Alcochete, confina a Nascente com a projectada Avenida do Euro 2004 (tendo vista privilegiada sobre a reserva natural e o outlet), a Poente com o Parque Industrial do Batel, a Sul com o CM1004 (vulgo Estrada Real) e, dependendo da extensão a urbanizar, a Norte com a Estrada da Atalaia.
A Lagoa da Cheia situa-se a Sul da freguesia de São Francisco, confinando com o CM1004 (vulgo Estrada Real, no troço entre a rotunda com a da Atalaia e o da EN119 [Alcochete-São Francisco-Montijo]) e, visivelmente, caracteriza-se por solos com aptidão agrícola.
Trocado em miúdos isto significa mais betão em altura ou deitado, impermeabilização de grandes extensões de terreno, mais uns milhares de residentes e agravamento de problemas que os actuais já enfrentam: distribuição de água irregular e/ou insuficiente, dificuldades pontuais no saneamento pluvial, escolas e centros de saúde a rebentar pelas costuras e sem condições, aumento da insegurança, congestionamento de tráfego nos principais acessos, etc.
Segundo a lei, esses estudos urbanísticos terão de ser submetidos a discusssão pública. Contudo, a coisa é sempre anunciada com a discrição possível, a maioria dos residentes nunca chega a sabê-lo e, tradicionalmente, ninguém reage.
Os problemas vêm depois. Mas quem os criou foi, entretanto, despedido e teve de mudar de vida. Antes conseguira cobrar taxas e licenças imprescindíveis para continuar a pagar ordenados, sinecuras, mordomias e subsídios.
Por via disso os patos bravos fizeram mais um grande negócio e os cidadãos o papel de parvos.
Assim, invariavelmente, a culpa morre solteira e é sempre da "pesada herança".
Mexa-se, não seja comido por parvo!

6 comentários:

Anónimo disse...

E "nós" a vê-los passar...gasolina... mal precisa; oficina... nem pensar.

Justifiquem-me a autonomia administrativa de Alcochete!

O que fazem os Alcochetanos com ela?

JP disse...

Acabei de descobrir este espaço a que não mais faltarei com uma visita habitual, dado o interesse que me suscita a terra e o povo de Alcochete. Resumidamente sobre este assunto, gostaria de me congratular do mesmo modo, com os antigos e com os jovens residentes de que faço parte, no sentido de manifestar a minha preocupação com as urbanizações aprovadas e em via de aprovação, sobretudo se aumentarem o número de aldeias fantasma, em vez de trazerem mais e melhor vida a este nosso concelho.

Alcochetano disse...

Ao anónimo que teima em fazer-nos freguesia de outro concelho:

Justifique essa sua exclamação de laivos saudosistas de João Franco.

Unknown disse...

Estou com ALCOCHETANO.

Anónimo disse...

Não desviem a conversa. A questão em causa é clara: o que fazem os Alcochetanos com a sua autonomia administrativa?


Para ajudar aqui vai sugestão de resposta: deixam-se betonizar!


Sobre fantasma de cessa-concelho: acrescento que o concelho do Montijo devia ser extinto. As unidades administrativas do território português deveriam ser outra.

Alcochetano disse...

Em sua opinião deveria existir uma nova reorganização administrativa que tentasse dissolver as autarquias que tivessem associadas exageros de diversa ordem, como mediocre administração, cargas tributárias excessivas, etc.

Pois bem, parece que já foi tentado em 1896, cumprindo-se nos moldes do Liberalismo que teimava em centralizar, quando nos nossos dias já se ouve e muito em "descentralizar".

Se pegarmos por exageros e mediocridade, tinhamos de extinguir todos os concelhos de Portugal.

Penso que a solução não passará por aí, mas é sua opinião e respeito-a como tal.

Abraço

Alcochetano