25 fevereiro 2007

De urgência em urgência

É tristemente divertido e não consigo levar a sério este filme das urgências hospitalares.
Quinze serviços tinham sentença de morte proposta por uma comissão de sumidades, por isto ou por aquilo, mas uma providencial cesariana, realizada ontem, salva seis em concelhos cujos chefes de edilidade são bem comportados.
Em Montijo a coisa foi tão auspiciosa que, já hoje, o ministro que nos trata da saúde até foi visitar o respectivo serviço de urgência hospitalar. Algo que, se bem me lembro, não sucedia há imenso tempo, nem mesmo quando tinha instalações muito piores que hoje. Até as TV foram atrás do ministro que nos trata da saúde, carago!
Depois de ler também esta notícia fico com a estranha sensação que desta história sairá mais alguém chamuscado, além do ministro que nos trata da saúde. E será muito bem feito, creio eu.

Já agora, peço encarecidamente a quem de direito que nos esclareça – como se fôssemos muito burros – o seguinte enigma: não tendo o chefe da edilidade de Alcochete fumado o cachimbo da paz com o ministro que nos trata da saúde, teremos permissão excepcional para usar a novíssima urgência de Montijo?
Ou mais de 16.000 "patos bravos" do lado de cá da Estrada Real estão de castigo e, felizmente, irão todos pró Barreiro?
E se algum "pato bravo" desconfiar da qualidade da novíssima urgência do hospital de Montijo pode pedir ao motorista da ambulância que o leve directamente a Nossa Senhora do Rosário no Barreiro?
E se formos
à novíssima urgência de Montijo teremos de pagar imposto de palhota à senhora que nunca mais chega a ministra de qualquer coisa?

Depreendo de tudo isto que, brevemente, por estas bandas a nossa saúde passará a ser tratada a três níveis. Primeiro, no SAPinho de Alcochete. Segundo, no SAPote de Montijo. Terceiro, no SAPão do Barreiro.
Quem resistir a essa odisseia tem ainda a possibilidade de ir morrer longe: Garcia de Orta ou São José.

Tivesse o Dr. Simões Arrôs menos meio século de idade e eu sugeriria hoje que, para nos vermos livres das trapalhadas deste
ministro que nos trata da saúde, se reabrisse a urgência do hospital da nossa Misericórdia.


P.S. - Diz a Constituição da República Portuguesa:

Artigo 64.º
(Saúde)
1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.

Mexa-se, pela sua saúde!

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