27 fevereiro 2011

Condomínios Fechados: As Novas Muralhas Contemporâneas

Integrados na Península de Setúbal, Alcochete e Montijo são concelhos marcados por uma determinada continuidade territorial, não se verificando diferenças de monta quanto à organização dos respectivos espaços urbanos e rurais. Os seus sinais identitários são os mesmos. Os limites geográficos de ambos até dividem localidades, caso das freguesias do Samouco e da Atalaia. Em síntese, os dois concelhos, embora se notem actualmente indícios de um desenvolvimento diferenciado, com o Montijo na dianteira, estendem-se ainda harmonicamente ao longo da margem sul do Tejo da área metropolitana da cidade de Lisboa.
Contudo, a partir de meados dos anos noventa, em Alcochete começaram a ser construídos condomínios fechados, em princípio destinados às novas classe médias com algum poder de compra e capacidade de endividamento que, com a construção da Ponte Vasco da Gama, vieram instalar-se no concelho. Passaram a privatizar-se amplos espaços urbanos, restringindo-se a sua utilização apenas aos munícipes neles residentes.Tentação a que a autarquia não resistiu pois  o IMI e as taxas de licenciamento cobradas vieram permitir uma maior arrecadação na receita.

Estes condomínios, cuja estética urbana muitos qualificam de duvidoso bom gosto, para além de não valorizarem o espaço urbano, impedindo que todos dele usufruam, acabaram ainda por separar e criar um fosso entre os "novos" e "antigos" residentes. Entre quem vive dentro e fora deles. "As novas muralhas contemporâneas" terminaram com a saudável convivência entre vizinhos, costume tão usual entre as nossas gentes. Transmitindo a sensação que uns são cidadãos de primeira e outros de segunda, com os primeiros a serem catalogados como a nova elite residencial que, vinda de "fora",  chegou às nossas freguesias.
Atente-se no caso de S. Francisco. Esta freguesia de raiz originariamente rural, com identidade própria bem definida, ficou, face à proliferação dos novos condomínios e outros espaços habitacionais entretanto construídos, com o seu núcleo histórico totalmente descaracterizado. Para além da sua principal rua estar uma autêntica confusão...
Contrariamente, no Montijo nada disto acontece. A construção de condomínios fechados não são permitidos pela autarquia. As novas zonas residenciais de qualidade, como aquelas que foram edificadas  na zona da Atalaia, são espaços abertos onde toda a gente pode circular e aceder sem quaisquer limitações. Com vantagem para a comunidade. Muito embora o RJUE, posto em execução pelo Dec Lei 555/99 de 16Dez, conceda às autarquias a devida autonomia para decidirem quanto aos
novos loteamentos urbanos e licenciamentos das demais edificações. 
Não são, no entanto, as meras questões de legalidade nem de transparência nos procedimentos administrativos relativos aos respectivos licenciamentos  que estão aqui em causa. O que questiono é a diferença de critérios entre Câmaras situadas numa mesma região, onde a continuidade e uniformidade territorial, como já disse, é inegável.
Interrogo-me porque é que numa vasta área como a Península de Setúbal, com instrumentos de planeamento e ordenamento do território comuns aos vários municípios, seja permitido que nuns se construam condomínios e noutros o mesmo não seja autorizado.
Não seria mais adequado existir uma lógica de coerência em tão importante matéria  por parte da administração urbanística local e regional. Tendo a CCDR/LVT uma palavra decisiva neste domínio. Determinando igualdade nos procedimentos e na apreciação dos projectos.
Agora, deixar cada autarquia decidir por si, em matérias tão sensíveis como esta, gera incongruências e incompreensões que, no presente, nenhum sentido fazem. A que convém, por isso, por termo. 

Enfim... de qualquer modo sempre prefiro como se faz no Montijo. Nada de " muralhas contemporâneas"...viva o espaço público!



12 comentários:

Alcoster disse...

Caro J.Pinho,
Aqui está um tema da máxima importancia para qualquer comunidade que se quer cada vez mais civica num ambiente de franca cidadania (prática algo arredada da discussão pública).

Terá o caríssimo comentador (J.P.) assim como o inspirador do tema, Sr.Bruno Q. Rosa toda a razão quanto às críticas feitas sobre "descoordenação regional" assim como quanto à proliferação de condomínios fechados. Contudo não deveremos descurar as causas do efeito observado, nem omitir factores que decerto modo justificam o "inicio do movimento alternativo ao normal'status-quo' existente".

Quando J.Pinho resume como amâgo da questão a seguinte frase:
...
"As novas muralhas contemporâneas" terminaram com a saudável convivência entre vizinhos, costume tão usual entre as nossas gentes. Transmite a sensação que uns são cidadãos de primeira e outros de segunda categoria.
...
-Provavelmente terá razão, mas isso sempre existiu espelhado, considerando a grandeza que por sí só, a casa observada transmitia ao observador.
E em qualquer localidade as casas vão desde tugúrios até palacetes!

-A frase resumida é quanto amim um pouco demagógica, algo romântica e não verificavel nos actuais tempos de propriedade horizontal no que concerne à "saudavel convivência entre vizinhos".
continua...

Alcoster disse...

-A frase resumida é quanto amim um pouco demagógica, algo romântica e não verificavel nos actuais tempos de propriedade horizontal no que concerne à "saudavel convivência entre vizinhos".
continua...

-Infelizmente não é verificavel, porque o regime de propriedade horizontal, não protege convenientemente os cidadãos, dos infractores co-proprietários que ao arrepio de todos os organismos de poder (juridico, legislativo ou executivo)aziagam o bem-estar diário dos que cumprem com os normais deveres de condomíno.

-Refiro-me aos condóminos que ao se aperceberem que não existem penalizações de execussão rápida,
por coersão institucional do poder local, então atrasam ou não pagam quotas; não pagam seguro de partes comuns nem querem saber de eventuais avarias causadas a terceiros; fazem barulho em horas impróprias etc.,etc.
Tudo isto , muitas vezes sem justificação de desemprego, etc., apenas falta de civismo de quem não está preparado para viver em sociedade, e arrasta as situações de conflito por mero prazer de conflitualidade, e por se sentir imune quanto à "falta de leis eficazes"

-Em Alcochete, são às dezenas os casos testemunhados por Agencias de Administração de Condomínios, onde os casos são recorrentes e só servem para atafulhar os Tribunais com "lana caprina" quando podiam ser resolvidos por intermediação do poder local.

Mas este assunto, como muitos outros talvez sejam resolvidos quando houver "menos Camaras e mais poder autárquico..."

Cumprimentos

Pedro Giro disse...

Sr. João Pinho só uma alusão ao seu comentário em que você profere: “indícios de um desenvolvimento diferenciado com o Montijo na dianteira”. Só para lhe informar que a maioria dos habitantes julga o contrário do que você escreve, inclusive os do Montijo que pensam que o Montijo têm-se tornado num dormitório circulatório e devido a esse facto nestes últimos anos temos assistido a um autêntico êxodo da população do Montijo para Alcochete. A sua opinião só se compreende pelas suas tendências partidárias.

João Pinho disse...

Não tem que ver com tendências partidárias. É uma evidência que o crescimento económico do Montijo vai muito à frente de Alcochete. Mas, aos dias de hoje, tal não é de estranhar. Alcochete permanece estagnado porque existe algum receio em investir no concelho...

Anónimo disse...

Na minha opinião os condomínios fechados não são mais "muralhas" do que as existentes nos casos das moradias ou pequenas quintas. Também estas nos seus espaços muitas vezes superiores aos 1000m2 não estão abertas ao público. São privados e de uso próprio para quem na generalidade das vezes arduamente paga durante 30 e 40 anos! Por outro lado é de pensar o porquê de em tantos países europeus se utilizar sistematicamente este modelo e com sucesso. É pois nos condomínios fechados que verdadeiramente se desenvolvem melhores as relações entre condóminos pelo espaço de lazer comum. O mesmo não acontece na habitação vertical, e esta tem muito "passeio" à volta... Portanto o condomínio fechado tem algumas vantagens: as pessoas que lá habitam tendem a tratar melhor desse espaço que lhes pertence, existe uma maior ligação humana entre indivíduos pela utilização do mesmo espaço exterior, a segurança é acrescida para as crianças, os assaltos à porta são mais difíceis, urbanisticamente são "bem parecidos" como é o caso do de S.Francisco pela sua uniformização, e o direito à propriedade é visível e desejada, como forma de dinamizar o mundo, pois se não valha-nos Deus pois estariamos certamente num governo comunista. Por outro lado é caso para dizer que também deveriamos deixar a porta da nossa casa aberta, para que qualquer cidadão possa afinal utilizar os metros quadrados do imóvel assente na terra de todos! Pior não será os três blocos de apartamentos em construção no Cerrado da Praia que mais parecem um complexo prisional com as suas centenas de grades em todas as varandas! Quanto à questão do Montijo e Alcochete, perdoem-me a minha opinião, mas AMBOS ESTÃO PARADOS NO TEMPO À VÁRIAS DÉCADAS! Basta ver pela dimensão do turismo existente e pelo número de empresas instaladas nestes concelhos, e não vamos contar com os cafézinhos, talhos e frutarias... Falemos sim de empresas com porte e capacidade e empregar e dinamizar! Se calhar deveríamos apostar na construção de Centros Empresariais para atrair empresários e muitas start-up's, incentivar o empreendedorismo, e até protocolar finaciamentos e/ou ajudas com os empresários para os manter por cá ao invés desta onda de EXPO, Lisboa, Oeiras e etc.

Alcoster disse...

...Estranho que um tema de alguma relevância para o Poder Local Autárquico, não desperte uma intervenção ...mais acutilante e participativa dos residentes que se dizem interessados no controlo autárquico (!).

-Começo a convencer-me que neste blog andarão mais ...camareiros, do que legitimos autarcas, interssados no poder local sem correias de transmissão dos maiorais do partido, seja ele qual fôr !

-Se neste blog, não aparecer quem trate dos temas que interessam em primeirissima mão ao Cidadão vulgar em vez dos comentadores que nos trazem com frequencia as perspectivas partidárias... assim meus caros...não vamos a lado nenhum. Quarenta anos após o 25A já deram para provar o pantanoso ambiente das entourages partidárias que se prepectuaram na governação ou na oposição a esta, tanto no poder central como no poder local.

P.S.- para provar o que está resumido acima, basta vêr a quantidade de elementos que foram admitidos no funcionalismo publico nos ultimos dois anos, apesar da crise financeira apontar para a atitude contrária, e o máximo rigor na despesa publica.
O Contribuinte (liquido)está farto dos dos "Empregadores partidários" que têm arrastado o país para o fundo!

Bruno Queimado Rosa disse...

A minha questão prende-se, tal como já disse o Sr. João Pinho, pela privatização do espaço público no espaço central das localidades. Não estou em por em causa o espaço privado ou, no caso dos condomínios “privados”, do espaço semi-privado, e as suas vantagens ou desvantagens.
Existe um conceito de espaço público que tem haver com a identidade local. São conceitos importantes, é do tipo de conceito que nos permite caracterizar as localidades. Identificamos os monumentos, os sitios. Mas também podemos identificar os maus exemplos. Dá para as ambas as situações. Mas deve-se criar e preservar bons exemplos, e provavelmente condomínios privados dentro do espaço histórico ou antigo não será um bom exemplo.

João Pinho disse...

Sobre o parágrafo ínsito no "post scriptum" deste último comentário, queira atentar no registo que aqui foi deixado em 7Nov do ano transacto com o título "Município de Alcochete: A Gordura e o Desperdício".
Nele se tenta desmontar uma politica incorrecta de admissões, em contratos de trabalho sem termo, nos Quadros da Câmara. Porém, com um estratagema bem montado, o executivo, porquanto hegemónico, tem vindo a colocar quem quer nos quadros da autarquia.
Vejamos:- Aprovam e põem em execução um ROSM e nele estipulam as missões orgânicas globais de cada divisão e sector. Mas ardilosamente não definem o número máximo de funcionários, nas diferentes categorias, que cada um(a) dele(a)s pode comportar. Isto é, não existe um Quadro Aprovado por Lei definindo previamente o número de funcionários em cada divisão/sector nem sequer está elaborada a descrição de tarefas, o chamado "job description", para cada um dos funcionários. Em síntese, nesse QAL teria de estar previsto antecipadamente o total de funcionários por carreira/categoria e descritas as funções a eles inerentes. E este número não era ultrapassável por limitação legal decorrente do QAL existente. Deste modo existia transparência, rigor e contenção nos custos. Infelizmente, não é assim!
O que é que o executivo CDU faz: - Define a missão global da divisão/sector mas deixa em aberto o quantitativo de funcionários que nela(e) tem cabimento. Assim em cada divisão/sector entra, por concurso, quem eles querem apesar das quotas de admissão que o Governo central tenta impor. Limitação fácil de contornar como todos os que entendem alguma coisa destas matérias decerto sabem.
Põem a trabalhar para a Câmara quem querem e o número que querem!
Por isso, num concelho com 16 mil almas temos 413 funcionários, fora avençados e colaborações externas, caso da equipa do socialista Augusto Mateus que trabalha no famigerado PEDA. Número excessivo e que o vereador dos recursos humanos ainda diz que não chega. É o desperdício generalizado. Não entendem que gastando em emprego improdutivo esse dinheiro é retirado ao investimento no concelho e na qualidade de vida dos cidadãos.
Concluindo, constata-se ser uma politica de emprego público completamente errada aquela que o executivo autárquico vem prosseguindo. Tantas maneiras de desenvolver as actividades, cumprir os encargos e responsabilidades municipais sem estar a criar compromissos futuros que cada vez mais se tornam insuportáveis. Compromissos que representam custos definitivos, quer os funcionários venham ou não a fazer falta posteriormente. Hipotecam o futuro mas perpetuam-se no poder, tutelando Alcochete e suas freguesias.
Com estas opções de gestão, eles já nem sabem onde ir buscar o dinheiro, queixando-se depois do não cumprimento da Lei das Finanças Locais por parte do governo da República. Argumento para iludir incautos.
Trouxe resumidamente e de forma informal aqui ao blog apenas da politica de emprego público que a CMA vem adoptando e nada mais...que é o que julgo estar em causa ( não abordo a situação da Administração Central porquanto isso é outra conversa, com pano para mangas).
Cordialmente...

Alcoster disse...

Caro J.Pinho,
Fiquei verdadadeiramente perplexo com os detalhes que carreou no anterior post.

O rácio de 1 funcionário para 40 habitantes, deixou-me completamente estarrecido. Como é possivel que "ditos" gestores da causa pública tenham chegado até aqui sem o escrutinio de cidadãos responsaveis que os tivessem impedido ?
- A resposta provavelmente está na falta da participação de cidadãos isentos de filiação partidária, que têm dado todo o espaço de manobra às cliques partidárias.

- O descabimento das aberrantes decisões da Camara de Alcochete, muito provavelmente se repetem nas outras trezentas e tal camaras. Em todo o país a lógica do caciquismo partidário se repete com o mesmo "empenho" na criação do monstro autárquico de sobrevivência impossivel. Chamo a atenção dos leitores que o rácio acima revelado, significa que um habitante de Alcochete deve ser responsável por 2,5% do vencimento de um "funcionário autárquico" (!!)

-Como se não bastasse a incompetência do poder local, o exemplo do poder central e das famigeradas comissões parlamentares composta por quem conseguiu um lugar sentado, no limbo dos deuses que criam "coisas" como a Lusitania, conforme excerto de noticia publicada pelo DN de 26.01.11:

«O Governo concedeu, em 2009, utilidade pública à Lusitânia, uma associação de municípios e desenvolvimento regional, que gastou mais de 25 milhões em fundos comunitários, públicos e municipais mas que não apresenta contas há cinco anos. A associação existe desde 2002 e vai agora ser extinta. Na prática criou sites na Internet que não funcionam (...)»
Cordialmente

Pedro Giro disse...

Na minha opinião como cidadão e munícipe prefiro um milhão de vezes que sejam feitos condomínios privados fora da zona histórica da vila do que ver Alcochete infestado de “caixotes verticais” como tem sido feito no Montijo ao qual já é alcunhado como a “nova Almada”. Recordo-me do Montijo há 20 Anos atrás e de contemplar a praça da república repleta de actividade e de juventude, recordo-me e por estar em época carnavalesca de deslumbrar em família a alegria pelas ruas, recordo das grandes noites e bairrismo nas festas de São Pedro, recordo de ver o Clube desportivo do Montijo a disputar pela subida á 1ª divisão de Futebol, recordo um concelho cheio de mão-de-obra operária, e agora o que vejo? O fim disto tudo, uma praça morta pelos interesses bancários, o fim do carnaval, um clube falido, umas festas sem identidade, dezenas de fabricas falidas enfim um povo atraiçoado pela uma politica de edificação e rotundas que em troca menospreza as associações do concelho, neste momento o Montijo é um concelho onde o povo perdeu a sua identidade e ferido pela uma politica camarária que sufocou os princípios e raízes dos seus povos. Isto talvez seja a “qualidade” a que muitos novos “ Messias” se referem e queiram ver em Alcochete.

João Pinho disse...

Sr Pedro Giro saúdo, antes do mais, o seu retorno aqui às "lides". Espero que venha com mais assiduidade...os defensores do ideário comunista também fazem falta. Gostei particularmente da ironia com que escreveu, em tempos, a história do pão caseiro. Sem desprimor para ninguém, foi uma figura de estilo bem engraçada.

Vamos então ao que interessa. Não há Messias nem novos profetas. Do que se trata é que Alcochete precisa de renovação no tocante à gestão da autarquia. Trinta anos de poder interpolado enquistaram a CDU no poder local. As suas decisões são pouco exigentes, despesistas e lentas, por isso a produtividade é escassa. Dou-lhe um exemplo: com as verbas que as divisões de carácter operacional gastam anualmente para cumprir os seus objectivos era possível fazer muito mais. Consulte as contas de gerência e os orçamentos (embora estes sejam depois alterados ao longo do ano) e retire as suas ilações. Mais...não me resta dúvidas de que com os montantes de todas as transferências do Governo Central para a autarquia, ao longo de todos estes anos, era para muito mais estar realizado. Faça as contas e compare com o que se fez...tem havido muito desperdício.
E as dias de hoje, perante os níveis de endividamento, a curto, médio e longo prazo (mais de 8 milhões de euros), torna-se cada vez mais difícil uma recuperação capaz de ultrapassar o presente caos num pequeno município como o nosso com uma grande rigidez na despesa...sabe, tenho receio de que um qualquer modelo de regionalização venha por aí. Esteja atento.

Quanto à comparação Montijo/Alcochete. O crescimento e o cosmopolitismo vão extinguindo inexoravelmente as antigas tradições das nossas pequenas cidades. Está a acontecer no Montijo por força do seu desenvolvimento (bonita a sua ingénua expressão de "recordo um concelho cheio de mão de obra operária) onde as tradições que refere, sendo a cidade cada vez maior, vão acabando. Tem sido assim em todas as pequenas cidades portuguesas. Olhe, nas "comunistas" Almada e Seixal, por exemplo, também todo o seu passado recente tem ido parar aos museus municipais e livros de autor.

Agora, os "caixotes do Montijo de terceiro e quarto andar são idênticos aos dos "barris", só que em maior número. A Base Aérea não deixa subir mais, como sabe.
Além de que em Alcochete parece, actualmente, em alguns bairros de moradias unifamiliares, uma cidade fantasma, completamente desocupada. E a "muralha no "Cerrado da Praia", quem vem do Samouco nota-a bem, é o exemplo acabado de uma total ausência de perspectiva urbanística.
A centralidade do Montijo está tão arranjada e frequentada como está a de Alcochete, só que a do Montijo é bem maior. E as novas centralidades na periferia prejudicam os centros históricos mas são uma inevitabilidade dos tempos.
Quanto ao desenvolvimento económico, também em Alcochete as principais actividades do passado desapareceram. Os pneus, a cortiça, a agricultura de emparcelamento médio, o sal, etc, findaram, restando em Alcochete a antiga "Ormis" (engraçada mas inócua a criação das hortas sociais, ideia fora do tempo e do contexto, sem sentido).
Quanto a rotundas de circulação rodoviária, Alcochete também está bem servida...
Concluindo, em Alcochete ainda se preservam algumas tradições, em especial no lazer, mas com o seu crescimento e perda de vizinhança de proximidade, também elas irão paulatinamente desaparecer. Não tenha dúvidas. Ser um saudosista do passado só prejudica a nossa vila. O seu texto, desculpe-me, traduz exactamente a falta de visão e perspectiva futura que caracteriza o hegemónico poder local CDU. Não sabem antecipar o futuro...
Cumprimentos...

Pedro Giro disse...

Ora viva Sr. João Pinho é sempre com prazer que quando posso deixo aqui a minha opinião no blogue.Relativamente ao assunto em discussão, de todos os despautérios comentados por si realço o seguinte em que diz: “Ser um saudosista do passado só prejudica a nossa vila” que demonstra bem a falta de identidade e bom senso que tem com as nossas gentes e tradições, claro que pode haver uma evolução sem perder os nossos princípios culturais. E é essa homogeneidade entre o futuro e o orgulho de um passado que o devemos preservar, mas não vale pena lhe explicar porque para você é complicado apreender talvez por uma questão de analogia para connosco, por isso entramos assim numa incompatibilidade de opiniões.Para terminar quanto aos fundos entregues pelo governo central em proporção, a autarquia do Montijo leva ampla vantagem em relação a Alcochete, tão pelo simples facto de vestir a mesma camisola e olhe que se aqui você diz que se mostra pouco trabalho, então lá o que direi…Cumprimentos.