18 março 2012

A categoria de género (2)

É curioso constatar como, aparentemente, não há superintendência dos intelectuais de esquerda sobre o que as câmaras debitam nos órgãos de comunicação regionais relativo a uma "jóia" operatória de tanta importância para o movimento de esquerda à escala mundial como é a de género.
Quando aquela gente da Câmara de Alcochete fala em violência de género, dar-se-á conta de que, na perspectiva feminista, elimina a potencialidade analítica da categoria só para mandar alguma areia para os olhos dos eleitores?
Por que em vez de violência de género não falam em violência dos homens sobre as mulheres? Será porque a violência dos homens sobre as mulheres, sendo facto transversal a todas as classes, tanto mais cresce quanto mais vai descendo nos estratos sociais? (Dias, Isabel. Exclusão social e violência doméstica, que relação? Comunicação apresentada no I Congresso português de Sociologia económica, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1998). Ora é, sobretudo, nos estratos sociais mais baixos que está a base de apoio de um partido político como o Partido Comunista Português. Eis-nos, outra vez, perante o politicamente correcto porque a denúncia da dominação masculina poderia prejudicar, eleitoralmente, o Partido.
Mas, ó Marafuga, estás a prevenir esta gente da Câmara ou o que é que tu estás a fazer?
Eu estou a querer dizer às pessoas que para a consecução da revolução vale tudo, inclusive a grande falta de respeito por parte das esquerdas por aquilo que lhes pertence, isto é, pela panóplia de instrumentos conceptuais próprios dessas mesmas esquerdas.

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