Se a conjuntura económica é particularmente nefasta para o poder local em Alcochete, os autarcas com funções executivas devem preocupar-se com o emagrecimento dos orçamentos do lado da despesa.
Nas actuais circunstâncias económico-financeiras a melhor estratégia para o poder local alcochetano é demonstrar preocupação com a elevada carga de impostos a que os contribuintes estão sujeitos e evitar contribuir para o seu agravamento, reduzir o quadro de pessoal por via da informatização dos serviços, usar bem cada euro recebido e impedir que um único cêntimo seja inutilmente gasto.
Em vez de continuarem a anunciar obras – a maioria delas não prioritária e muitas irrealizáveis no que resta do mandato por razões de ordem financeira – os autarcas com funções executivas em Alcochete deveriam preocupar-se em envolver os cidadãos nas actividades do poder local e apresentar planos de racionalização e de gestão de pessoal.
Em todas as autarquias parte substancial das despesas pertence à rubrica encargos com pessoal. Em muitas representa mesmo a fatia de leão. Na actual conjuntura as intervenções prioritárias terão de ser feitas aí, diminuindo o quadro e contratando serviços externos quando necessário, pois já hoje as autarquias se limitam, praticamente, a pagar os vencimentos aos funcionários, respectivos encargos obrigatórios e algumas sinecuras injustificáveis. Alcochete não é excepção, como muita gente sabe.
Estranhamente, ao invés de incidir o foco num plano de redução de encargos fixos e variáveis com o intuito de libertar fundos a mobilizar em obras realmente imprescindíveis mas adiadas, o chefe da edilidade de Alcochete opta por anunciar que, para contrariar o défice entre despesas e receitas, aumentará, no início de 2008, taxas de urbanização, de licenciamento urbanístico e de edificação.
Tal poderá permitir-lhe admitir mais alguns funcionários e promover outros, a fim de assegurar votos firmes na reeleição. Ninguém esqueça que o pessoal da câmara representa, pelo menos, um milhar de votos.
Contudo, para mim o agravamento de taxas representa um erro de planeamento, porque nada resolve e, uma vez mais, afecta directamente o bolso dos contribuintes.
De resto, convém não ignorar que, provavelmente no primeiro semestre de 2008, o presidente da câmara terá de anunciar mais aumentos e esses afectarão directamente todos os actuais residentes.
1 comentário:
Serei eu o único burro a ver que o avanço paulatino do totalitarismo garrido também se faz através da via tributária?
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