17 novembro 2005

Ota vs. Rio Frio

Lidos de fio a pavio os estudos difundidos pelo NAER acerca da localização do novo aeroporto da capital, chego à conclusão que a solução técnica e operacional correcta a longo prazo seria Rio Frio, embora um ministro do Ambiente tenha invocado competências próprias para chumbar tal hipótese, com fundamentação que me parece pouco consistente e justificaria o devido esclarecimento em tempo oportuno.
Considerando que a solução Rio Frio teria forte impacte em Alcochete – positivo e negativo, como sempre, quando se trata de grandes obras – por muitas razões creio que deveriam ser feitas, imediatamente, duas coisas:
1. Esclarecer devidamente e interrogar em referendo os cidadãos de Alcochete, Montijo e Palmela sobre se concordam com o aeroporto em Rio Frio;
2. Estudar com maior profundidade o impacte dessa infra-estrutura na avifauna regional e os riscos inerentes.
Em termos locais e regionais, o aeroporto em Rio Frio tinha a vantagem de justificar a construção imediata de uma ponte ferroviária, provavelmente não longe da Vasco da Gama. Quase todos os concelhos a Norte do distrito (e alguns do Sul do Ribatejo) ganhariam ligações ferroviárias fáceis ou directas à capital e os mais populosos da Península de Setúbal poderiam até beneficiar de duas alternativas – via nova ponte ou linha da Fertagus – além de possibilidades de uma mais ampla complementaridade entre o Metro Sul do Tejo e a ferrovia.
Com sabedoria e planeamento correcto um aeroporto em Rio Frio poderia ser o hub europeu e peninsular há muito necessário, com possibilidades de movimentar grandes aeronaves durante 24 horas e de crescer para Leste por muitas décadas, revitalizando Alcochete e outros concelhos economicamente adormecidos (Coruche, Palmela, Montijo e Moita, por exemplo), que não conseguem criar empregos qualificados e obrigam a maioria dos residentes a grandes deslocações e despesas crescentemente insuportáveis, conforme se depreende do número de casas usadas à venda ou pura e simplesmente abandonadas e sem comprador.
Não receio o desenvolvimento sustentado e gostaria de ver este assunto discutido pelos cidadãos, não vá o poder político cometer mais um irreversível disparate.

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