18 dezembro 2009

Nem todas as estrelas …são brilhantes!

Confesso que a Quadra que atravessamos irradia em mim um sentimento repleto de emoção, de alegria, de jubilo mas simultaneamente de reflexão e de preocupação. Felizmente que me vejo rodeado de família e amigos, felizmente que na minha mesa não falta o essencial das iguarias que o Natal nos proporciona, felizmente que tenho sempre alguém que se lembra de mim e que me surpreende.
No entanto esta propensa realidade construída em muitos lares da nossa sociedade não se verifica de forma global. Quantas famílias do Concelho de Alcochete vivem isoladas, abandonadas sem uma companhia para desfrutarem da alegria desta Quadra Natalícia? Quantas famílias existem no nosso Concelho que não reúnem as condições mínimas de habitação para comemorarem o nascimento de Jesus Cristo? Quantas famílias existem no nosso Concelho que não possuem uma típica mesa gastronómica desta altura do ano? Quantas famílias do nosso Concelho gostariam de satisfazer os seus mais pequenotes com uma simples prendinha e que de facto não conseguem concretizar esse tão humilde sonho?
Podereis equacionar a minha retórica mas creiam que esta realidade ainda existe, e nalguns casos concretos com uma descrição significativamente pior do que aquela que aqui descrevo, no entanto os políticos da nossa Praça continuam é preocupados com outros valores…descurando completamente os valores humanos, os princípios básicos da vida, as condições elementares da sobrevivência.
Se analisarmos o Anuário Estatístico de 2008 da Região de Lisboa que entretanto acaba por ser divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) podemos verificar e comprovar como evoluímos, ou não, de como se corrigiram processos e do que está ou não está a ser bem elaborado. E preparem-se porque no que concerne ao Concelho de Alcochete, existem vários dados que me deixam bastante preocupado. Se a questão do ordenamento do território já é o nosso “calcanhar de Aquiles”, outros valores se erguem mais alto, nomeadamente as questões ambientais, onde de acordo com o INE, em 2006/2007 Alcochete era um dos piores municípios da península de Setúbal e da Grande Lisboa em termos de indicadores ambientais. O sistema público de abastecimento de água serve apenas 88% da população, somente 76% dispõe de sistemas de drenagem de águas residuais e da ETAR beneficiam apenas 77% dos residentes.
O dia 25 de Dezembro, independentemente das condições de vida de cada família consta literalmente no calendário de cada uma delas, contudo no Concelho de Alcochete ainda cerca de 2000 pessoas consomem água de poços, 3900 não têm esgotos domésticos e perto de 3700 dependem de fossas sépticas. Estes são alguns bens básicos para além de outros enumerados pelo Anuário aqui referido que nos deixam numa posição bastante fragilizada comparativamente a outros Concelhos.
O executivo deste Concelho conhece as pessoas, ou pelo menos deveria conhecer, de forma a trabalhar para elas, escutando os seus problemas, as suas preocupações e fundamentalmente a encontrar soluções para melhorar significativamente a vida destas pessoas, destas famílias. Em primeiro lugar deveriam estar as pessoas, eu sou dessa opinião.
Na noite de Natal, saia à rua e olhe para o céu, procure a estrela guia. Na imensidão dessa pintura magistral que é o céu, uma estrela vai brilhar.
Este é o seu Natal, quiçá diferente do meu, mas preencho o meu coração de pedidos de uma vida melhor para todos, sem excepção. Nem todas as estrelas são brilhantes, mas espero que a sua ilumine toda a sua vida.
Feliz Natal!!

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