30 abril 2006

Duas nótulas

O homem não foi feito à imagem e semelhança do Mal.
O homem foi feito à imagem e semelhança do Bem, isto é, de Deus: «Façamos o homem à Nossa imagem, à Nossa semelhança...» (Gén., 1, 26).
Quando a Bíblia afirma que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, tal afirmação quer dizer que o homem foi feito à Essência de Deus.
Portanto, quando o homem nega Deus, nega-se a si próprio porque recusa ser partícipe da Essência de Deus, fundamento de aquilo que o estrutura.

A minha está unida à minha razão e esta àquela. Ao encontro deste equlíbrio vem toda a Teologia da Igreja Católica desde o princípio.
Fé sem razão é nada. Razão sem fé nada é.
Tanto nos lança no abismo a fé sem a razão como a razão sem a fé.
A minha fé assenta na razão da Cruz, união da Eternidade e do tempo, do Infinito e do finito, da Transcendência e da imanência, do Espírito e da carne.
A minha razão assenta na fé de Algo para lá de mim maior que eu.
A fé ilumina a razão, mas esta regula a luz da Fé.

O totalitarismo é a vocação do comunismo

O totalitarismo é a vocação do comunismo porque esta ideologia política é a negação de Deus, isto é, a negação da Alteridade Suprema.
Mas quem nega a Alteridade Suprema, por efeito inexorável, nega também o outro.
Negar o outro é exercer domínio (libido dominandi) sobre o próximo. Daqui ao totalitarismo já está dado o primeiro passo.
Há quem pense que pode negar Deus sem cair no desprezo pelo outro. Eu digo que é impossível porque ninguém pode negar Deus sem se negar a si próprio. Ora como alguém se pode negar a si próprio e respeitar o outro?

NOTA: a palavra alteridade deriva do latim alter que significa outro.

Não é novidade, mas...

Recomendo a leitura dos dois últimos parágrafos desta notícia publicada hoje no DN.
Muito frequentemente, a maioria dos eleitos para a assembleia municipal e para a câmara municipal pertence ao mesmo partido e existe a errada ideia de que o primeiro desses órgãos tem papel secundário. Mas não era esse o espírito do legislador.
Por desconhecimento dos processos de decisão e do funcionamento dos órgãos das autarquias locais, a esmagadora maioria dos eleitores tende a votar no mesmo partido para ambos os órgãos municipais, supondo com isso fortalecer o poder. Contudo, na prática enfraquece-o porque anula o papel fiscalizador atribuído às assembleias municipais.
Há provas mais que suficientes de que se uma assembleia municipal tiver maioria de deputados de cor política diferente da que prevalece na câmara é aquele órgão que desempenha o papel-chave nas deliberações.
Pelo contrário, quando a maioria política em ambos os órgãos é idêntica, a função deliberativa e fiscalizadora da assembleia municipal perde relevância e, por extensão, dilui-se até o poder das juntas e assembleias de freguesia, visto que o funcionamento destes órgãos depende, significativamente, da descentralização de funções e do financiamento camarário.
Sempre que a maioria nos dois órgãos é de um só partido, o centro do poder desloca-se para poucos: os vereadores com funções executivas na câmara. Até o papel dos vereadores da oposição é secundário.
Mas se as maiorias forem diferentes, o poder reside, e muito bem, na assembleia ou parlamento municipal.
Há provas evidentes de que a democracia e o poder local em nada beneficiam com maiorias monocolores nos dois órgãos municipais. Em Alcochete, inclusive.
Um exemplo prático: será possível, num município monocolor, tentar aprovar uma moção de censura à câmara, sanção política prevista na lei das autarquias?
Analisando os resultados das eleições para as autarquias registados desde 1976 no concelho de Alcochete, raramente o mesmo partido teve mais de 100 votos de diferença entre ambos os órgãos.
Vale a pena recordar que a lei das autarquias locais (Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro) determina que "a assembleia municipal é constituída pelos presidentes das juntas de freguesia e por membros eleitos pelo colégio eleitoral do município, em número igual ao daqueles mais um" e que "o número de membros eleitos directamente não pode ser inferior ao triplo do número de membros da respectiva câmara municipal."
A intenção do legislador foi clara ao definir este esquema: criar um parlamento municipal e evitar que a maioria política na gestão camarária influencie as decisões da assembleia.
Voltando ao caso de Alcochete: como existem três presidentes de junta, os membros eleitos directamente teriam de ser quatro. Mas como a câmara tem sete vereadores, terá de haver um mínimo de 21 eleitos directamente para a assembleia.
Mas em Alcochete – e não só, porque na maioria dos municípios a situação é semelhante – as intenções do legislador têm sido iludidas: na câmara e na assembleia tem havido, quase sempre, confortável maioria de uma só cor partidária.
São ainda evidentes as intenções do legislador quanto à separação de poderes, ao determinar que "a câmara municipal faz-se representar, obrigatoriamente, nas sessões da assembleia municipal, pelo presidente, que pode intervir nos debates sem direito a voto".
Está ainda estatuído que "os vereadores devem assistir às sessões da assembleia municipal, sendo-lhes facultado intervir nos debates, sem direito a voto, a solicitação do plenário ou com a anuência do presidente da câmara (...)".
E, caso o plenário não peça a intervenção dos vereadores ou o presidente da câmara discorde da mesma, aqueles apenas poderão "intervir no final da reunião para o exercício do direito de defesa da honra".

29 abril 2006

Praia dos Moinhos V

Relativamente a isto que António escreveu aqui no passado dia 13, tenho a informar que a situação continua inalterada.
Há dias vi dois indivíduos passeando cães perigosos, sem trela nem açaime.
Isto também continua, em pleno dia, dentro e fora de automóveis, ao longo da praia. Só não vê quem for cego.
A Praia dos Moinhos está entregue à bicharada!
Há mais alguém acordado?

Para reclamar, contacte estas entidades:
Polícia Marítima
SEPNA da GNR

28 abril 2006

Microcausas à espera de respostas

Eis a lista actual de questões lançadas neste blogue, que esperam solução ou resposta:

28/11/2005 -
Pedido ao presidente da câmara
2/1/2006 -
Recomendação de leitura
9/1/2006 -
Estão a atirar-nos água para os olhos
10/1/2006 -
Negócio malcheiroso
16/2/2006 -
Samouco: salvem a Casa do Mirante
13/1/2006 -
Ordem na água
16/2/2006 -
Samouco: sugestões para mostrar serviço
14/2/2006 -
Sim e não
31/1/2006 -
Um passo adiante mas...
21/2/2006 -
Negócio malcheiroso (II)
22/2/2006 -
Não metam água, por favor
25/2/2006 -
Atenção à História local
27/2/2006 -
Expliquem-se, por favor
1/3/2006 -
Palmeiras engrossam, canteiros rebentam
2/3/2006 -
Atenção aos eucaliptos
3/3/2006 -
Escândalo em Samouco!
3/3/2006 - D. Mariana Gonçalves perdoar-nos-á?
3/3/2006 - Bucolismo
4/3/2006 - Valha-nos Deus!
6/3/2006 - Novamente o Rossio, para variar...
6/3/2006 - Aviso e recomendação
7/3/2006 - A grua não sabe voar
10/3/2006 - Há regulamento de publicidade? Não parece...
11/3/2006 - Leite por caixa; papel por árvores
13/3/2006 - Para que alguma coisa mude
14/3/2006 - Bagunça na toponímia de Alcochete
17/3/2006 - O site oficial da Câmara
19/3/2006 - Para que alguma coisa mude (4)
20/3/2006 - São Francisco: sugestões para mostrar serviço
21/3/2006 - São Francisco: sugestões para mostrar serviço (2)
22/3/2006 - São Francisco: sugestões para mostrar serviço (3)
22/3/2006 - Dêem à luz, por favor!
22/3/2006 - Aprendam mentes brilhantes!
22/3/2006 - A cola do ex-libris
23/3/2006 - Raios os partam
23/3/2006 - Intendência dos leitores
24/3/2006 - Ideias para reflectir
24/3/2006 - Para inglês ver
25/3/2006 - Sporting merece mais
25/3/2006 - Pinhal do Concelho
25/3/2006 - Um conto, um ponto, e o vigário
26/3/2006 - Passil
27/3/2006 - Torroal
27/3/2006 - O Palácio do Senhor Presidente 3
28/3/2006 - Tenham vergonha!
29/3/2006 - Comovente!
29/3/2006 - Comovente!
30/3/2006 - Olh'á barraca fresquinha!
12/4/2006 - Há alguém acordado?
12/4/2006 - Praia dos Moinhos I
13/4/2006 - Praia dos Moinhos II
13/4/2006 - Praia dos Moinhos III
13/4/2006 - Pasquim de propaganda

14/4/2006 - Estátua ao bombeiro
17/4/2006 - A praça
19/4/2006 - Não aos funcionários descartáveis
20/4/2006 - Bom exemplo de recuperação
21/4/2006 - Não se entende
23/4/2006 - Cobrador de promessas

O Dr. Grilo, também poeta

O Dr. José Grilo Evangelista nasceu em Alcochete a 11 de Novembro de 1895 e faleceu a 24 de Dezembro de 1972.
Do médico insigne muito se tem dito e escrito. Aqui vou-me ocupar um pouco do meritoso poeta que foi o Dr. Grilo.
Nas mãos do neto, meu saudoso amigo António Carlos Grilo, vi eu uma resma de folhas A4 com poemas do avô. Hoje, quem detém esse espólio?
Para além da reflexão àquilo que desencadeia o próprio processo da escrita, vale dizer, o sentimento no entender de José Grilo Evangelista, na obra deste poeta descobre-se tanto o carinho pela gesta do torrão natal como a solidariedade por todos os que ganham o sustento na árdua labuta de todos os dias. É isto mesmo que testemunha o poema a seguir transcrito.

VIA DOLOROSA

Manhã de São João
Mal desponta o dia
E com ele a canseira no labutar
Premente
De quem precisa ganhar o pão.
Manhã de São João
Brumosa
Fria
Anúncio de sol ardente.
Estrada fora
Lá vão todos à porfia
Lá vão todos sem demora.
Os novos à frente
A galhofar
A rir
Alguns de naco na mão
Lá vão
Lá vão.
Mais atrás os velhos pobrezinhos
A cuspir
A manquejar
Arrumados ao seu bordão
Já lhes pesa o fardo nos caminhos
Na via dolorosa
De quem tem ainda que mourejar.

In "Tempo Livre", 1987

27 abril 2006

Praia dos Moinhos IV


No passado dia 30 de Março, António inseriu aqui este breve texto e uma imagem esclarecedora (a mesma que está ao lado).
Com alguns dias de atraso porque estive ausente, venho comunicar que, tenha ou não havido coincidência, os buracos do parque de estacionamento já foram tapados.
É coisa provisória, como de costume. Mas do mal o menos, até ver.

Urge cumprir o 25 de Abril em Alcochete

Retorno à base quando já se conhece o texto integral do discurso proferido pelo Presidente da República no parlamento. Recomendo a sua leitura atenta para se entender o alcance do que seguidamente escrevo.
Também em Alcochete é necessário lançar um olhar sobre a sociedade, implantar a verdadeira democracia, reforçar a intervenção e o prestígio das instituições e dos seus titulares, confrontar os cidadãos com os sonhos de uma sociedade mais justa e equilibrada que marcaram o 25 de Abril e questioná-los sobre a realidade actual, porque os benefícios do desenvolvimento não contemplam todos e muito menos a maioria.
Temos em Alcochete muitos dos problemas apontados por Cavaco Silva no seu discurso.
Incompreensíveis critérios de desenvolvimento: esgotam-se os poucos recursos disponíveis em obras públicas faraónicas, embora a meia dúzia de quilómetros de distância haja milhares de residentes com infra-estruturas básicas do séc. XIX.
Não se vislumbra o menor sinal de empenho em fixar empresas que dêem ocupação à mão-de-obra qualificada e aos jovens. Até o pouco comércio de proximidade continua a encerrar e a desaparecer.
O tecido económico e social é cada vez mais frágil, faltam creches e escolas, aumentam as bolsas de pobreza e a exclusão social.
Urbanizamos sem qualidade, sem cuidar do bem estar nem da dimensão humana. Os novos residentes estão desenraízados e descontentes porque trabalham a muitos quilómetros de distância. Paralelamente, os centros históricos esvaziam-se e degradam-se e desvaloriza-se o único património da esmagadora maioria das famílias – a habitação própria – embora os impostos sobre ele incidentes continuem a aumentar.
Somos social e culturalmente arcaicos a pensar e a agir. Deixamo-nos iludir com facilidade. Somos enganados, quase diariamente, mas aceitamo-lo sem contestação perceptível.
Somos uma sociedade apática e indiferente ao défice democrático: incapaz de se organizar, de reagir e de exigir transparência a um poder que continua longe de prestigiar as instituições e a democracia.

Não sabemos usar a liberdade conquistada com o 25 de Abril e estamos cada vez mais longe de construir a sociedade justa e equilibrada.
"Todos somos responsáveis, todos temos que assumir a quota-parte de responsabilidade social que nos cabe como cidadãos. Assumir como desígnio colectivo a protecção dos que vão resvalando, lenta e invisivelmente, para a margem de uma sociedade que se quer competitiva e dinâmica, mas também justa e inclusiva.
"Temos de romper com o conformismo e o comodismo de relegar para o Estado a única solução do problema.
"Temos de conseguir enaltecer, através de uma nova atitude cívica, o exemplo de milhares de cidadãos que, através do voluntariado e da participação em instituições de solidariedade social, encontram um sentido para esse desígnio.
"Mas temos também a obrigação de reconhecer que a melhoria da justiça social, o combate à pobreza e à exclusão exigem que o País volte a ganhar a batalha do investimento, do crescimento económico, da criação de riqueza, sem o que o sonho continuará adiado" – disse o Presidente da República há dois dias.
Acreditem: é preciso fazer um novo 25 de Abril em Alcochete. Mas com todos e não somente com os do costume!

A esquerda é a morte da tradição

A esquerda é a morte da tradição. Mas por que motivo?
Peguemos no tema da família. Poucos são os valores com raízes tão profundas no ser humano como o da família. Esta instituição para a cosmovisão cristã é um reflexo da Trindade: a união dos pais e filhos pela força do amor. Mas para a esquerda, esta forma de ver o homem e o mundo atrasa o advento da nova ordem, razão por que deve ser atacada por todos os meios. Ora não é possível atacar o valor da família sem atacar o da religião. Para esta o imperador do mundo é o Criador e não a criatura. A estes dois valores junta-se um terceiro, a saber, o da propriedade privada que dá ao homem o sentimento de ser um colaborador de Deus na obra da Criação.
Relativamente a este último valor, o da propriedade privada, inextricavelmente ligado ao da família e religião pelo suporte da tradição, diz Marx no Manifesto o seguinte: «A revolução comunista é a ruptura mais radical com as relações tradicionais de propriedade; nada de estranho, portanto, que no curso de seu desenvolvimento rompa do modo mais radical com as ideias tradicionais. [...] As leis, a moral, a religião, são para o proletário meros preconceitos burgueses, atrás dos quais se ocultam outros tantos interesses burgueses. [...] Os proletários nada têm de seu a salvaguardar; a sua missão é destruir todas as garantias e seguranças da propriedade privada até aqui existentes» (Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, Alianza Editorial, Madrid, 2004).
Deixei ficar alguma luz sobre o motivo pelo qual a esquerda é a morte da tradição? Esta jamais poderá ser defendida por aquela. Se alguma vez o for, a esquerda deixará de o ser.

26 abril 2006

Coincidências?


Se há qualquer coisa prontamente repelida pelos ecologistas é o emprego de químicos na agricultura. Pensará o caro leitor que por amor à saúde do próximo, à defesa dos solos e veios freáticos? Não vá nisso que eu também não!
A consecução dos planos das esquerdas à escala planetária não passa por milhões de pobres de barriga cheia com produtos alimentares a baixos preços, mas por uma catástofre redentora que implantasse de vez a nova ordem mundial.
Há mais de cento e cinquenta anos, a crítica acerba que Marx faz à burguesia no Manifesto denuncia «...a aplicação da química à industria e à agricultura...» (Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, Alianza Editorial, Madrid, 2004).
Como provo, o filão vem de longe. Julgar que a desmistificação feita aqui por mim de alguns aspectos do Manifesto é anacrónica só arrasta ilusão que poderá ficar muito cara em termos de futuro.

25 abril 2006

25 de Abril: está dito o essencial


Estas comemorações do 25 de Abril intrometem-se em mais uma das minhas escapadelas forçadas ao centro do País e, não dispondo de meios para escrever longamente sobre o assunto, limito-me a chamar a atenção para o discurso do Presidente da República, proferido esta manhã, no parlamento.
Não encontrei, pelo menos até ao momento, o texto na versão integral, pelo que me limito a recomendar a leitura desta e desta notícias. Mais tarde voltarei ao assunto.
Cavaco Silva disse o que era oportuno e necessário ser dito nesta ocasião. A sua é também a minha visão do 25 de Abril: valerá pouco se persistirem e se agravarem os problemas económicos e sociais do país.

Quase todos de direita

Marx, em meados do séc. XIX, dividiu a sociedade «...em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes diametralmente opostas, a burguesia e o proletariado» (Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, Aliança Editorial, Madrid, 2004).
Eu divido a sociedade em direita e esquerda, tirando todo o partido destas tão antigas quanto novas categorias.

No tempo de Marx, um burguês, detentor do capital, e um proletário, assalariado daquele, eram figuras antagónicas. Hoje, a própria base militante dos partidos políticos é interclassista e não há partido nenhum que não receba votos de empregadores e trabalhadores.
Por mais que muita gente possa estranhar, há grandes capitalistas que estão com a esquerda. O interesse comum desta e daqueles é o controlo do Estado.
Por outro lado, há pessoas das mais diferentes profissões que vivem simplesmente dos ordenados e votam na direita por considerarem que esta defende valores a conservar como os direitos individuais, a propriedade privada, a família, etc.
Há pessoas que se reclamam da esquerda, mas a análise do que escrevem nos órgãos de comunicação social diz-nos que têm uma estrutura mental de direita. O inverso também se verifica, embora a minha experiência me tenha confrontado com mais casos do primeiro tipo. Qualquer das situações resulta de interesses particulares e/ou ignorância.
De facto, como é que uma pessoa se afirma de esquerda e simultaneamente defende a família, se os valores ancestrais desta entram em conflito visceral com os daquela?
Finalmente, arrisco a dizer que, no fundo, somos quase todos de direita porque há valores indeléveis arreigados à estrutura intrínseca do ser que, ao mais pequeno descuido, põem a nu flagrantes contradições dos esquerdistas.

23 abril 2006

Os 10 mandamentos do Manifesto Comunista

Depois de uma breve introdução, Marx divide o corpo do Manifesto em quatro partes, a saber, Burgueses e Proletários, Proletários e Comunistas, Literatura Socialista e Comunista, Posição dos Comunistas diante dos Diversos Partidos de Oposição.
No fim da segunda parte (Proletários e Comunistas), Marx expõe as 10 medidas «...indispensáveis como meio para transformar radicalmente todo o modo de produção» (Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto Comunista, Alianza Editorial, Madrid, 2004).

1 - Expropriação da propriedade da terra e emprego da renda da terra em proveito do Estado.

2 - Imposto fortemente progressivo.

3 - Abolição do direito de herança.

4 - Confiscação da propriedade de todos os emigrantes e rebeldes.

5 - Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com o monopólio exclusivo.

6 - Centralização, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte.

7 - Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado, arroteamento das terras incultas e melhoria das terras cultivadas, segundo um plano geral.

8 - Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.

9 - União do trabalho agrícola e industrial e medidas tendentes a fazer desaparecer gradualmente a distinção entre a cidade e o campo.

10 - Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas fábricas. União da educação com a produção material.

Aqui há uma infinidade de perguntas a fazer. Limitar-me-ei a duas ou três. Se me obrigam a renunciar ao direito de herança, não me obrigarão a renegar o meu próprio sangue? Quem são os rebeldes para os comunistas? Poderia ser alguém como eu que tenta desmistificá-los?
Dirão algumas pessoas que o comunismo de hoje em dia nada tem a ver com as 10 medidas deste Manifesto. Ora é exactamente esta medonha ilusão que dá o triunfo ao mesmo Manifesto. No fundo, embora bem camuflada, a vocação de qualquer partido comunista à face da Terra consubstancia-se nas teses defendidas por Karl Marx e Friedrich Engels no célebre opúsculo.

Cobrador de promessas

Há tempos, tinha prometido começar a cobrar promessas eleitorais da CDU para o município de Alcochete. Passou o tempo suficiente para recordar algumas devidamente datadas, pelo que chegou o momento de perguntar se estão concretizadas.
Algumas são vagas e abstractas, outras compreendem-se facilmente.
No Eixo Estratégico 1, Gestão Integrada para o Desenvolvimento Autárquico (GIDA) – definido com a finalidade de "Garantir a modernização da Câmara Municipal e das Juntas de Freguesias, capacitando-as para a eficácia e eficiência dos serviços e produtos por elas prestados, no âmbito de um Sistema Integrado de Qualidade, Ambiente e Segurança (SIQAS), promovendo a qualificação e satisfação dos seus trabalhadores e assegurando mais e melhor serviço público" – indicam-se objectivos operacionais e acções concretas devidamente datados.
No primeiro objectivo diz-se explicitamente: "Criar uma área sectorial, até ao 1.º trimestre de 2006, responsável pela coordenação, implementação e gestão da nova Arquitectura no âmbito do Sistema Integrado de Qualidade, Ambiente e Segurança, identificando e descrevendo:
"a. As principais preocupações estratégicas e operacionais das autarquias;
"b. Os processos e respectivos procedimentos associados;
"c. Os Sistemas e Tecnologias de Informação e Comunicação em uso".
Quanto ao segundo objectivo, escreve-se o seguinte: "Aplicar, de forma sistemática, ferramentas da qualidade com vista à descrição e posterior implementação de processos de gestão mais eficientes e eficazes:
"a. Simplificação e desburocratização dos procedimentos organizacionais em vigor;
"b. Implementação de planos de melhorias ao nível do atendimento ao cidadão, na recepção e encaminhamento de reclamações e na maior rapidez e eficácia na resposta às solicitações dos munícipes".
Façam o favor de demonstrar que isto está concretizado.

Estarei errado?

Tenho a impressão que isto e isto têm relação directa, pelo que deste lado do rio alguém deveria antecipar-se e apresentar ideias para projectos viáveis e úteis a cidadãos, município e APL.

22 abril 2006

A ilusão marxista


No fundo, para ficarmos com uma ideia válida do que é o marxismo, basta ler o Manifesto Comunista (1848) de Karl Marx e Friedrich Engels. Embora o documento venha sempre assinado por estes dois homens, a redacção do texto coube ao primeiro por ordem expressa da Liga dos Comunistas, também conhecida na época por Liga dos Justos (cf. Marx, Karl; Engels, Friedrich, Manifesto Comunista, Alianza Editorial, Madrid, 2004).
Se há qualquer coisa que ainda espanta é o que me espantou (enganou) na minha juventude. De facto, quem lê o Manifesto fica com a impressão de que entre este texto e o Evangelho há pontos comuns, quando, na verdade, aquele é a destruição deste.
O opúsculo de Marx encararia a História não como um destino fatal, mas como tarefa a realizar pelos homens. Ora, aparentemente, isto é Evangelho porque soa a liberdade. Só que a liberdade cristã ordena-se ao Criador e a liberdade marxista ordena-se à criatura, sempre limitada, o que faz do marxismo um sistema fechado, isto é, um fatalismo.
Esta minha conclusão não deve surpreender ninguém porque as ideologias de esquerda são tentáculos hodiernos do paganismo antigo. Neste, os homens e os deuses submetem-se ao destino do qual não escapam inexoravelmente.

NOTA: a designação inicial de Liga dos Justos (Bund der Gerechten) para o que viria a ser a Liga dos Comunistas é um sinal evidente da raiz gnóstica destes.
Marx e Engels entraram na Liga em 1847.

E se...?

Leiam simplesmente esta notícia. Depois pensem se isto vos recorda alguma obra semelhante em construção por cá e uma promessa não cumprida com ela relacionada.

21 abril 2006

Liberdade e igualdade


O sr. Presidente da Câmara, Dr. Luís Franco, num desdobrável distribuído à população de todo o Concelho assina uma pequena saudação cujo primeiro parágrafo diz o seguinte: «A Revolução dos Cravos, momento sublime de manifestação e exaltação da vontade do Povo, verdadeiro e único cerne da Democracia, teve subjacente uma filosofia ideológica conducente à consagração e instauração da Liberdade e da Igualdade, valores absolutamente fundamentais e imprescindíveis no processo de construção de uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária» sic. Nesta transcrição tive o cuidado de não falhar no emprego das mesmas maiúsculas que o texto apresenta.
As perguntas que faço são as seguintes: de que liberdade fala o sr. Presidente? Falará do exercício da cidadania dentro dos limites da lei e do respeito pelos direitos do outro? Quem está contra a liberdade assim entendida ou a favor da desigualdade? Será que ao Partido Comunista já não resta a defesa de mais nada? Se me cabe alguma razão, resta muito pouco a essa organização política!

Audiência deste condomínio

Dos 1.576 blogues nacionais listados no blogómetro de Webblog.com.pt, Praia dos Moinhos ocupa hoje a 419.ª posição em volume de visitas diárias.
A rever aqui.
Quanto ao número de páginas acedidas, estamos um pouco mais acima: na 350.ª posição.
A rever aqui.

Não se entende


Luís Pereira enviou-me esta imagem e o seguinte texto:
"Em São Francisco (Quinta do Duque), no meio da Estrada Nacional 119, emerge este cabo de alimentação eléctrica.
"Há quem pergunte se este se destina à ligação de um semáforo ou de um poste de iluminação.
"Alguns residentes receiam a possibilidadede de o declive acentuado da via, e a aparente drenagem deficiente das águas pluviais, poder, no futuro, provocar inundações no local".
Fui observar o caso e reparei haver mais de um cabo em idênticas condições. Creio que, se chover intensamente, residentes e comerciantes têm motivos para recear o pior. Tanto pelos motivos indicados como porque uma das duas únicas grelhas de águas pluviais está parcialmente tapada com brita da inacabada obra.
Além disso, não entendo duas coisas acerca desta obra de Santa Engrácia:
1. O que impede o retorno da circulação rodoviária à EN 119, tanto mais que o piso do desvio continua a degradar-se mas ninguém parece reparar nisso, excepto os automobilistas e os bombeiros (leia-se este texto, no qual me referia também ao caso);
2. O que impede a colocação de asfalto no buraco há muito existente no sentido São Francisco-Montijo, no ponto onde o trânsito é desviado da EN119 para o interior da urbanização.
Já agora, sublinho a recente e disparatada febre de plantação a esmo de rotundas no concelho de Alcochete. Já se percebeu, há muito, que nada resolvem em termos de limitação de velocidade, embora originem inúteis congestionamentos e conflitos de trânsito.
Em cerca de 200 metros da EN119, no centro de São Francisco, há nada menos de três rotundas. Todas demasiado estreitas para os autocarros articulados manobrarem sem dificuldade nem destruírem os lancis dos passeios.
Melhor seria que, ao planear as novas urbanizações de São Francisco (nomeadamente as do Convento e da Quinta do Duque), alguém tivesse pensado no desvio definitivo do tráfego da EN119 para uma via exterior de circulação rápida.
Em vez disso, têm-se plantado rotundas e prédios de habitação em todo o espaço livre, sem ter em conta que a EN119 é o principal eixo de comunicação rodoviária entre Alcochete e Montijo.
Aqui, sim, justificava-se ter sido construída, previamente, uma variante.

20 abril 2006

A transcendência ou a base articuladora entre homem e mundo


Os valores da religião partem da estrutura mais profunda do ser humano: não matar, não roubar, não desrespeitar pai e mãe, não escandalizar a criança, não praticar a usura, etc. A observância destes preceitos não é possível se a soberba do homem o levar a negar que para lá dele haja Algo maior do que ele.
Na verdade, quem ao menos uma vez na vida não se interrogou sobre a existência de Deus? Ao fazê-lo, o homem coloca-se no cerne do problema religioso. Mas a religião, para Marx, é o ópio do povo. Por aqui se vê que não é possível a coexistência de valores religiosos e dos esquerdistas porque estes negam aqueles, quero dizer, os valores esquerdistas só poderão triunfar com a morte dos religiosos. Aqui há um problema: matar os valores religiosos é matar o ser humano porque a transcendência é a base articuladora entre homem e mundo.

Bom exemplo de recuperação


Tenho um saco cheio de promessas de recuperação da magnífica orla ribeirinha do concelho de Alcochete, embora não veja nem um centímetro de obra feita. E não me contento com aquela amostra em curso na Praia dos Moinhos.
Já se prometeu de tudo um pouco (de circuitos pedonais a vias para ciclistas, passando pela requalificação ambiental do espaço entregue à Fundação das Salinas do Samouco) e, inclusive, algo que me desagrada: hotéis no lugar das antigas secas de bacalhau.
Temos um dos mais longos e belos panoramas sobre o Tejo (são cerca de 9kms do Sítio das Hortas à Praia de Samouco), mas inaproveitados, abandonados e improdutivos, apesar de me parecer que, com imaginação e o planeamento adequado, dessa obra poderia fruir a generalidade da população. E creio ser possível autofinanciá-la, através da concessão de espaços e das infra-estruturas de apoio.
Por motivos que não vêm ao caso, ultimamente a minha vida está dividida entre Alcochete e Coimbra. Há cerca de uma década que não revia em pormenor a cidade do conhecimento, que cresceu e se modernizou sem abandonar, destruir ou adulterar, aparentemente, alguns dos seus ex-libris.
Há dias, sentado numa esplanada do novo e magnífico Parque Verde do Mondego – construído no prolongamento do exemplarmente conservado Parque Manuel Braga, junto à margem direita do rio (aquela em que se situa o centro histórico da cidade) – dei comigo a pensar quantos novos empregos, negócios e atractivos ganharia Alcochete se alguém passasse das promessas aos actos e tratasse da recuperação da jóia do nosso concelho, a sua orla ribeirinha.
Era minha intenção colher meia dúzia de imagens para vos mostrar o tal Parque Verde do Mondego mas, como na Internet se encontra quase tudo o que é preciso, deixo-vos esta preciosa página como referência, por conter belas imagens captadas por Dias dos Reis, um artista da fotografia que não conheço (é também dele a imagem acima, que reproduzo com a devida vénia).
Consultem atentamente as imagens que indiquem Parque Verde do Mondego (ou Parque do Mondego) e o Parque Manuel Braga.
O primeiro (com cerca de 400.000m2) é novo e nem sequer está ainda totalmente concluído. O segundo é antigo e conhecido, mas continua bem tratado e conservado.
Parece-me serem dois bons exemplos, para Alcochete, em termos paisagísticos.
Digam-me se preferem o que temos ou o que se fez em Coimbra.

A desespiritualização da vida humana

Não há a menor dúvida de que a Câmara apoia e/ou apoiará actividades da Igreja Católica local, mas para a esquerda - por exemplo - uma procissão não passa de uma excrescência cultural a banir na nova ordem do futuro.
A procissão é uma manifestação cultural e também acto de culto que testemunha o sentimento religioso e a devoção popular. À frente vai sempre a Cruz. Depois as uniões, as confrarias, as ordens e o clero. Atrás do pálio vai o povo. A caminhada exterior prefigura a caminhada interior que todos devemos empreender para um novo nascimento ordenado à verdadeira vida que vale a pena ser vivida. Eis o sentido da procissão que nós sabemos que a Câmara nunca apoia quando apoia a comunidade dos fiéis com recursos materiais.
Para as câmaras de esquerda, a procissão e, por exemplo, o passeio pedestre são manifestações culturais que se colocam no mesmo plano. O desejo acalentado e nunca confessado é mesmo que o passeio pedestre substitua por completo a procissão porque os valores desta não podem coabitar com os da esquerda.
Será então a total desespiritualização da vida humana.

19 abril 2006

Cães perigosos

Há legislação sobre a detenção de cães perigosos ou potencialmente perigosos, regulamentando a forma em como devem ser conduzidos: de trela e açaime. Curiosamente as autoridades municipais e juntas de freguesia têm uma palavra a dizer sobre o assunto. Como sempre assobiam para o ar! (v. http://membros.aveiro-digital.net/rottweiler/DR_290_2003.pdf )

Não aos funcionários descartáveis

Dois comentários inseridos neste texto – um dos quais da autoria de alguém cujo nome julgo reconhecer – evidenciam provável instabilidade, pelo menos, no pessoal contratado a termo certo pelo município.
Sempre fui contrário a contratações políticas, porque todo o ser humano tem direito a ser tratado com dignidade e não a servir de carne para canhão.
Legalmente, cada autarca com funções executivas não deveria ter direito a levar consigo mais que o(a) secretário(a) pessoal. Os restantes funcionários efectivos ou contratados – todos sujeitos a deveres, tais como o da lealdade – deveriam ter direitos reconhecidos e defendidos. Mas não têm, infelizmente.
Desagrada-me ver animais abandonados na rua e revolta-me que se faça o mesmo a pessoas que, até prova em contrário, cometeram um único "crime": foram admitidas por autarcas derrotados na eleição seguinte.
Pelo menos desde 2002, tem sido prática corrente que cada novo executivo de Alcochete despeja na rua a maioria dos contratados a termo pelos antecessores – e remete para museus, arquivos e biblioteca outros funcionários do quadro efectivo – sem lhes conceder o direito a apelo nem a desagravo.
Nenhum foi alvo de processo disciplinar nem punido por deslealdade, nenhum cometeu abuso de confiança nem se provou ser incompetente, mas várias dezenas foram despedidos ou transferidos compulsivamente.
Os munícipes fingem ignorar o assunto, embora se conheçam casos de famílias em situação precária por causa disso. Muito estranho até o silêncio de dirigentes sindicais, tanto mais que depressa outros contratados ocupam os mesmos lugares.
Porque as pessoas não são descartáveis nem devem ter estabilidade de emprego e de vida dependente dos humores e das orientações políticas do poder local, enquanto cidadão e munícipe tenho o direito de exigir que o executivo municipal apresente dados concretos e esclarecedores acerca das movimentações de pessoal desde a sua tomada de posse, quantas rescisões, demissões e transferências ocorreram e por que motivos, quantos processos disciplinares estão em curso e quantas admissões se verificaram.
Mas não basta quantificar. É necessário que a informação contenha indicação clara das funções.

Cães perigosos: punam donos, depressa

Há dias, neste texto, António relatava o susto que apanhara na Praia dos Moinhos, onde foi atacado por um cão Doberman.
Hoje deparei no blogue «Escândalos no Montijo» com um outro caso passado em Alcochete (ver texto intitulado "Ataque de pit bull em pleno Domingo de Páscoa").
Já que os donos dos animais se revelam inconscientes, parece-me haver necessidade da autoridade policial competente estar mais atenta ao assunto. Antes que tenhamos de lamentar algum caso muito mais grave que os dois conhecidos...

O Gnosticismo

«Os gnósticos admitem a existência do criador, mas proclamam que ele é mau, que fez o mundo contra a vontade do verdadeiro deus, ente espiritual puríssimo que jamais sujaria as excelsas mãos numa porcaria dessas; donde se segue a obrigação máxima do crente gnóstico, a qual consiste em destruir o mundo ou modificá-lo radicalmente, de preferência destruindo-o primeiro para depois substituí-lo por algo de totalmente diferente. Dessa proposta dupla do movimento gnóstico nasceu uma pluralidade caótica de seitas, das quais algumas se transformaram em movimentos de massa a partir do séc. XVIII, gerando as ideologias revolucionárias do anarquismo, do comunismo, do nazismo, do fascismo, do positivismo e da tecnocracia, bem como a proliferação de ocultismos da Nova Era [New Age] e o plano da Nova Ordem Mundial ao qual esses ocultismos não servem senão de instrumento provisório.
O gnosticismo é a ideologia suprema do nosso tempo, destinada a reinar soberana sobre uma humanidade idiotizada tão logo as religiões tradicionais se tornem incompreensíveis para as multidões e possam ser sintetizadas num culto imanentista sob a administração das Nações Unidas ou órgão equivalente auto-incumbido das funções de governo do mundo. A proposta é tão virulenta, absurda e infame que, embora já esteja em fase avançada de implementação, jamais é apresentada em público com franqueza, apenas difundida indirectamente através de eufemismos anestésicos» (Olavo de Carvalho, Diário do Comércio, 17 de Abril de 2006).

18 abril 2006

"Vencer o mal e o bem"?

O verso «vencer o mal e o bem» de Eros e Psique era o que mais dificuldade me oferecia quando analisava este poema de Fernando Pessoa com os meus alunos.
Interiormente, sempre achei que eu ficava aquém do que o poeta queria dizer.
Hoje, depois dos meus estudos sobre gnosticismo, morreu em mim aquela ideia de dar o benefício da dúvida a todos estes poetas do séc. XX, modernistas e pós-modernistas.
«Vencer o mal e o bem» é arredar a moral do meu horizonte e de cima do penhasco da minha soberba ferir o céu com o grito: eu sou deus.
Mas mesmo que «vencer o mal e o bem» se tornasse possível, repugna-me pensar que o homem regredisse a uma total ausência de organização legal (anomia) e matar o outro fosse tão natural como a procura de abrigo ou alimento. Quero dizer, ainda assim, haveria sempre alguma regra.
Eis-nos de regresso à moral, a menos que queiramos ser iguais ao leão da selva que mata os leõezinhos se o instinto lhe diz que estes são filhos de progenitor intruso em seu território.
O leão está para lá do mal e do bem.
O homem distingue o mal do bem e escolhe este ou morre naquele.

17 abril 2006

A praça

Voltei, há dias, ao mercado de Alcochete, vizinho dos Paços do Concelho. Pareceu-me melhor abastecido e mais animado que no passado, embora com visível escassez de compradores.
A variedade e a qualidade do que vi exposto, do peixe aos hortícolas, pareceram-me irrepreensíveis. O atendimento foi simpático e correcto.
Creio valer a pena a deslocação e gostaria que quem o fizer deixasse aqui registadas as suas impressões.
É mau prenúncio quando um mercado tem mais vendedores que clientes, embora a câmara disponha de meios e de pessoas suficientes para haver alguma criatividade que ajude a inverter essa tendência.
Devo ainda chamar a atenção dos responsáveis pelo mercado para a inexistência de uma rampa que facilite o acesso de carrinhos de bebé e de deficientes. É imperdoável essa falha.
Nunca reparei que a construção de um novo mercado fizesse parte do lote de promessas políticas, embora me pareça que o actual tem sérias limitações de espaço, notórias dificuldades de estacionamento (sobretudo para os comodistas) e está descentrado em relação aos eixos de expansão da vila e da população com poder de compra.
Porque, quando bem planeadas, estas obras se pagam por si próprias, deixo a ideia registada para memória futura.

16 abril 2006

Desafio

Com todas as minhas limitações, não há a menor dúvida de que eu defendo intelectualmente a direita neste blog.
Quando falo de direita, falo numa visão liberal do homem e do mundo: direitos individuais, livre iniciativa, propriedade privada, etc. Neste meu afã, tudo o que abarco nos campos histórico, cultural, político, teológico, antropológico, literário, linguístico, etc., se encaixa e concorre para expor um discurso coerente aos olhos dos benévolos leitores.
Por que razão não aparece neste blog um intelectual a defender a esquerda com a mesma convicção que eu defendo a direita? Claro que tal pessoa daria o rosto. Sem esta condição que é atitude de coragem... nada feito.
Meus caros amigos, eu bem faço o desafio, mas se sei o que é isto de direita e esquerda, não vejo qualquer viabilidade de aparecer aqui alguém a bater-se intelectualmente pelos tão propalados valores marxitas.
Pode-se mistificar o outro, mas defender o não-defensável é uma ilusão.

15 abril 2006

Páscoa em Alcochete


Luís Pereira enviou-me o texto que se segue, bem como a imagem inserida ao lado.
Porque o Cirio dos Marítimos principiou (esta imagem do Chininá é oportuna), não resisto a publicá-los de imediato:

A Páscoa em Alcochete
Tem um sabor especial.
Sabem a limão e a canela
As fogaças, na minha terra

Mãos prendadas as fabricam
Misturando os seus aromas
Com o leite pascal
O açúcar e a farinha amassam

E os bolos de água-mel
Que a saudade me não doa
Feitos de néctar real
Coroados por uma amêndoa

Na rua o Chininá
Abrilhanta a nossa festa
Sai o Juiz, sai o andor
E entre o rufar do tambor
Paira o perfume da giesta

Pela graça das moçoilas
Vai o Círio bem garrido
Desfilando quais papoilas
Co'os burros em desalinho.

Estala o foguetório no ar
E o povo cumpre um desejo:
Ouvir a Banda tocar
No Cais, à beira do Tejo.

Sortudo é, afinal
Quem na Páscoa
Recebe em casa
Um Boletim Municipal.

Remeto p'ra todos vós
Recheado de carinhos
Um cesto repleto de ovos
Viva o PRAIA DOS MOINHOS.

Para o autor e para todos, uma boa Páscoa e muitas amêndoas. Mas não exagerem nestas, vá lá!

14 abril 2006

O cristianismo e a pobreza

«O cristianismo, segundo uma concepção materialista da pobreza, seguida pelos partidários da Igreja dos pobres, só aceitaria pobres entre seus seguidores e só eles entrariam no Reino dos Céus. [...].
O conceito evangélico de pobreza não se refere à carência de bens materiais, mas à humildade como qualidade espiritual. Cristo fala aos pobres em espírito em outra dimensão do ser humano, ignorada ou menosprezada pelos materialistas.
Nessa dimensão, o contrário de pobre não é o rico em bens materiais, mas o soberbo que, com base na riqueza material ou no poder, deprecia os demais e pensa que não necessita de Deus e da religião.
O teólogo António Fuentes diz, em relação aos elogios de Cristo aos pobres: Quando Ele chama de bem-aventurados os pobres, não elogia a pobreza material, nem diz que o pobre é feliz pelo simples facto de ser pobre. Os verdadeiros recebedores da primeira bem-aventurança são os pobres em espírito» (Pazos, Luís, Lógica Económica, Editorial Diana, México, 1999).

Adulteração

O Jornal do Montijo publicou hoje (14-04-06) o meu texto A Igreja, adulterando-o por completo.
Para mim, tenho que os cortes aqui, os acrescentos ali, impossíveis no plano da informação automática, visam descredibilizar a minha pessoa perante os leitores de Alcochete e Montijo.
No meu texto, escrevi:
«Quando falo de Igreja é do corpo místico de Cristo que falo. Igreja, do grego, ekklesia, significa assembleia de todos porque a salvação é para todos». No Jornal do Montijo, o meu texto foi adulterado para isto: «Quando falo de Igreja, do grego, ekklesia, significa assembleia de todos porque a salvação é para todos».
Depois, um pouco mais à frente foi suprimido um fragmento do meu texto que é o seguinte: «...só e apenas a esta última dimensão de verdade».
No fim digo: «Agora percebemos melhor por que São Francisco é uma figura grata à New Age e esquerdistas de todas as cores, nomeadamente ecologistas». Mas o Jornal do Montijo emendou para isto: «Agora percebemos melhor por que São Francisco não é uma figura grata à New Age e esquerdistas de todas as cores, nomeadamente ecologistas». Como se vê, eu digo que '...São Francisco é uma figura grata...', mas o referido órgão de comunicação social diz que '...São Francisco não é uma figura grata...', baralhando por completo, perante os leitores, toda a logicidade do meu texto.
Eis como na própria Sexta-Feira Santa se crucifica o outro.

Estátua ao bombeiro


Ontem, a caminho de Badajoz, passámos por Elvas. Numa das rotundas à entrada desta cidade está uma belíssima estátua em homenagem ao bombeiro. Logo o meu filho me disse, «pai, lá em Alcochete, na rotunda entre os Bombeiros e o depósito da água, podiam fazer o mesmo». Fiquei deveras surpreendido com a sugestão do meu filho que vem ao encontro de um sonho com, pelo menos, dez anos.
De facto, o Boletim Municipal, ano XVII, Dez./1996, n.º 118, sob o título "Bombeiros recolhem fundos para monumento", traz a seguinte informação: «A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcochete solicita a divulgação de que a recolha de fundos nas ruas 25 de Abril e António Santos Gonçalves, em Alcochete, para a construção do Monumento ao Bombeiro, rendeu 17.205$00».

13 abril 2006

Olho vivo

Sabendo, por experiência própria, que para o frontispício de qualquer publicação periódica se puxam sempre os assuntos mais relevantes, chamo a vossa especial atenção para a capa do primeiro boletim desta câmara, acerca do qual escrevi detalhadamente aqui.
Reparem que, ao fim de cinco meses de mandato, nada havia de melhor para destacar que a descentralização das reuniões da edilidade.
Será assunto de transcendente importância? Será sintomático de que alguma coisa caminha muito mal?

Na página 8, detectei duas pistas (uma boa e uma má) acerca da variante urbana de Alcochete.
A boa é que, quando essa avenida for aberta ao tráfego, os autocarros deixarão de circular pelo interior da urbanização dos Barris.
Os moradores agradecem, obviamente, mas esperam que alguém esclareça ainda quem pagará a limpeza dos prédios das ruas José Grilo Evangelista, Artur Garrett e da Escola Secundária, nomeadamente, cujo estado lastimável demonstrei aqui.
A má pista é a ausência de menção à prometida passagem superior para peões, entre o acesso à escola secundária e o centro de saúde. Sempre esteve prevista e havia até um projecto faraónico.
Façam qualquer coisa mais simples e económica, mas cuidem da segurança dos peões. Antes que seja tarde demais!
Não me conformo com o abandono dessa promessa, doa a quem doer.

Praia dos Moinhos III


A Praia dos Moinhos deveria ser um local de lazer, não um palco de sexo avulso e exibicionista em jeitos de bordel a céu aberto. Não dou pelo nome de “diácono Remédios” nem pertenço a nenhuma liga de moralidade pública, mas cenas rascas deste recorte incomodam-me, enojam-me. Serei eu só a ver e a reportar?!

Praia dos Moinhos II



Inadmissível! Um indivíduo, de calças camufladas, taco de baseball, passeava um Doberman sem respeitar a lei que obriga a trela e açaime. Saberá o que é ser atacado por um cão destes?!

Pasquim de propaganda


Chegou-me, enfim, às mãos o prometido boletim informativo da câmara de Alcochete.
Não deveria ser o boletim do município? Creio que essa seria a opção mais lógica, mas lá para os lados do Largo de São João as mentes brilhantes estão-se nas tintas para a Assembleia Municipal e elas lá sabem porquê!
Em formato de crise – mais reduzido e com menor número de páginas que o anterior – mas pecadilhos e vícios idênticos aos do precedente:
1. Em 20 páginas há 22 fotografias do sr. presidente (o assessor de imagem descuidou-se com as gravatas do chefe?);
2. O boletim é da câmara e a Assembleia Municipal que se lixe!
3. A esmagadora maioria da informação é requentada e o sítio na Internet era bem mais conveniente e barato para a sua difusão atempada;
4. A oposição continua sem direito a intervir, contrariando várias recomendações do Provedor de Justiça e da extinta Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Vejamos a edição em pormenor.
O editorial do sr. presidente tem 30 linhas e metade é dirigida ao interior da própria câmara. Eu percebo porquê e já escrevi sobre isso, aqui e aqui.
Nas restantes linhas, em substância nada diz. Fica-se pelas triviais promessas. E tem um penúltimo parágrafo confuso, que espero seja mero lapso.
Se ao fim de cinco meses de mandato ainda se anda às voltas com o planeamento estratégico – que, por sinal, estava esquematizado no programa eleitoral – estamos tramados!
Passo à página 8. Na coluna Breves, chamo a vossa atenção para algo que mostrarei um dias destes em pormenor: o magnífico arranjo paisagístico plantado no cruzamento da Rua 25 de Abril com a avenida D. Manuel I, em Alcochete. Contém 99% de casca de pinheiro e 1% de florinhas discretas. E ninguém reclama?
Na mesma coluna e página, sem que se justifiquem as razões da nova opção nem se esclareça o óbvio e mais relevante, fica a saber-se que, afinal, o centro escolar de São Francisco vai para outro lado. O que irá para o local onde está hoje um cartaz?
Na mesma página, notícia sobre o lítigio entre câmara e misericórdia a propósito do terreno da biblioteca. Também aqui o óbvio ficou no tinteiro. Que houve acordo, a gente já sabia. O que não se sabe e deveria ser esclarecido, depressa, eram os termos exactos desse acordo.
Página 9, centro de saúde de Samouco. Câmara vai gastar, pelo menos, 141.500 euros (28 mil contos e uns trocos) para construir um edifício provisoriamente destinado a essa função. Se e quando o Ministério da Saúde construir outro edifício, este será reutilizado para fins diferentes. Não haverá alguma precipitação na decisão?
Página 11, Centro de Dia de São Francisco. Afinal, já não vai para junto dos arcos. Irá para onde? É segredo! Mais uma vez, o óbvio ficou no tinteiro.
Não sei se quem acreditou nas promessas e votou na CDU ficará satisfeito com este boletim, mas eu – que confesso ter votado em branco mas terei também de o pagar – considero-o inadmissível peça de propaganda e de promoção de pessoas que me desiludem, definitivamente, ao omitirem informação muitíssimo mais importante.
Este boletim é o primeiro contacto directo de eleitos que prometeram transparência, diálogo e democracia participativa. Mas nada esclarecem e limitam-se à agenda da câmara. Estamos conversados.
De uma vez por todas, alcochetanos, metam isto na cabeça: ou dão um safanão nesta gente ou só terão conseguido mudar as moscas!

12 abril 2006

Atenção ao centro de saúde (2)

Escrevi ontem sobre o péssimo estado dos acessos ao SAP do Centro de Saúde de Alcochete.
Voltei lá hoje e, coincidência ou não, os acessos estavam repavimentados.

Houve outra coincidência nas últimas horas: recebi, enfim, a nova revista municipal. Sobre ela prometo escrever amanhã.
Aviso, antecipadamente, que não serei meigo.

Praia dos Moinhos I



Segunda-feira, fim de tarde, Praia dos Moinhos. Dois cavalheiros, no veículo retratado (67-28-PX), em alta velocidade, faziam habilidades pelo meio dos utilizadores da praia. Faz-se qualquer coisa, ou temos de um dias destes levar alguém para o hospital? Deixo a nota às autoridades marítimas, sem admitir escusa que a CMA assobie para o ar. Como sempre.

Quis dizer isto


Leonardo Boff ou a revolução comunista disfarçada de palavra de Deus.

Um visitante deste blog, devidamente identificado, enviou-me o seguinte e-mail: «Caro amigo (perdoe a familiaridade), pode explicar-me o que pretende vincar com o seu artigo "A Igreja"? Confesso que não consegui perceber. Um abraço».
Na volta do correio, dei a seguinte resposta: «Amigo X, no texto "A Igreja" quis dizer que, subjectivamente, São Francisco de Assis não queria o mundo que hoje nos cerca, mas objectivamente ele deu o seu contributo para isso, uma vez que o movimento franciscano tem pontos comuns com o Gnosticismo, raiz remota de todos os esquerdismos actuais.
O grande Papa Inocêncio III viu isso. Ao mesmo tempo que ele combatia os gnósticos Albigenses, deu uma permissão mais ou menos estratégica ao movimento de São Francisco para o controlar através da figura deste, não acontecesse morrer um mal e nascer logo outro.
A Igreja aprendeu a lição do séc. XIII, sendo muito mais cautelosa com a Teologia da Libertação que recebe "bons" contributos do marxismo, filosofia do comunismo».

Há alguém acordado?

Pergunto aos cidadãos de Alcochete, em geral, que fazem para melhorar o concelho onde nasceram e/ou habitam.
Que acções públicas visíveis? Que pressões concertadas? Que intervenções?
Não será necessário exigir àqueles a quem pagam os privilégios que cumpram o elementar dever de informar, de serem transparentes e de mostrarem serviço?
Repararam que este poder, com cinco meses de existência, se tem revelado absolutamente opaco na acção e na informação?
Que o sítio do município na Internet jaz inútil e apodrece – como desde o início, há mais de um ano – excepto no que concerne a festas e bolos?
Repararam ter sido prometido, para Março, um boletim informativo municipal? Que Abril vai quase a meio e nem rasto dele nem sequer uma justificação?
Repararam que nem uma única medida, das inúmeras constantes do programa eleitoral da coligação vencedora, foi ainda concretizada? E que ninguém o justifica? Algumas são ridiculamente simples. Estão à espera de quê?
E ninguém diz nada? Não há oposição? Não há cidadãos acordados?

Prática e cor política

Muitas pessoas dizem que, a nível local, o que conta é a prática dos autarcas, independentemente da cor política.
Eu não estou de acordo.
Na verdade, a ideia de que autarcas podem ter uma prática completamente alheia a qualquer posicionamento político só pode arrancar de mim o sorriso da complacência.
Meus amigos, sabemos por todas as ciências humanas que quem está no poder, por mais pragmático que seja, no fundo tem sempre uma ideia pertencente ao espaço político da direita ou da esquerda. Estas duas categorias políticas não são miragens mas sim reais porque fazem parte da estrutura intrínseca do homem desde a bruma dos tempos, embora com os nomes mais diversos. Tudo o que seja morte da tradição é esquerda; tudo o que seja cruzar a tradição com a renovação é direita.
Mas voltemos ao tema. Se a prática destes autarcas pode não ter nada a ver com a força ideológica que os levou ao poder, por que razão eles não entregam a Fundação João Gonçalves Júnior à Paróquia, devolvendo-a às suas legítimas raízes?
Um dia poderá ser que os comunistas venham a tomar tal medida, mas só quando esta for passo inevitável para adiar a queda de um poder moribundo no Concelho.

11 abril 2006

Atenção ao centro de saúde!

Há, pelo menos, três dias que o acesso ao SAP do Centro de Saúde de Alcochete se faz em condições impróprias e inaceitáveis para doentes transportados em veículos, sobretudo ambulâncias.
Devido às obras da variante, o asfalto do piso foi removido e, nas entradas e saídas do SAP, não há condições mínimas para a circulação de veículos de emergência, cujos ocupantes, normalmente, têm a saúde abalada.
Aceito que as obras têm de ser feitas, mas não admito que ninguém tenha reparado que aqueles acessos são um caso especial e que deveria ser dada prioridade absoluta aos mesmos, devido às péssimas condições actuais para a circulação de ambulâncias. Mais: considero inaceitável que isto se prolongue há vários dias.
Desta vez tocou-me a mim experimentar a desagradável sensação de viajar numa ambulância que, entre o SAP de Alcochete e o hospital de Montijo, foi sujeita a toda a espécie de saltos e solavancos, devido às irregularidades do piso entre os dois serviços de saúde.
Os casos notoriamente mais graves ocorrem junto ao SAP do centro de saúde e na via de circulação provisória no interior da nova urbanização de São Francisco.
É preciso haver cautela com as vias de circulação de ambulâncias, cujo mau estado é susceptível de prejudicar quem se vê forçado a usá-las.

O velho síndrome da tanga

Luís Pereira enviou-me o seguinte texto, que só hoje posso reproduzir depois de mais de uma semana de ausência.
Há, nestas linhas, muito pano para mangas. Parece-me...

Não dispomos das estatísticas, mas o dinamismo económico está decerto a decair no concelho de Alcochete.
O PIB nacional cresceu e.g. 0,5% em relação ao ano anterior e o do concelho quanto decresceu? Tudo se passa como se o edil aparecesse a dizer publicamente que a Câmara está de tanga. Será que o poder existe e actua? Falam-nos então da pesada herança: mas dessa conversa já existe fartura que baste.
Estamos habituados a expectativas mais elevadas. Sentimos que caímos em depressão económica e psicológica, em esquizofrenia geral.
No mandato anterior construíram-se obras faraónicas. E agora que fazemos?
Vai dizer: Ah! A câmara está endividada. Devolvemos, não entendemos porque não aproveitam o tempo para planear e publicitar as vossas medidas futuras.
Permitam que responda: não há futuro!
A tanga só por si não é despicienda.
Se não pode usar boxer, experimente umas cuecas.
Se desgosta das cuecas, enfie um slip.Se não, dispa o slip, envergue um fio dental.
Se rejeita qualquer das opções anteriores, diga assim: olhe, amigo, daqui para cima martelo e daqui para baixo foi-ce.
O velho comportamento do síndrome da tanga não trará nada de bom para Alcochete. Tem apenas um objectivo: fazer com que os alcochetanos esqueçam as promessas eleitorais da CDU.
Não é necessário ser uma ave agoirenta para prever que vem aí mais desemprego, sendo certo que este sempre afectou os alcochetanos. E também alguma instabilidade social. Será que vem aí uma procissão de encerramentos de empresas?
A impressão que começa a instalar-se é a de que a digníssima edilidade está a ajudar a criar um clima depressivo.
Eis-nos perante uma pequena e frágil economia local, onde também não se cria atracção pelo investimento externo e em que as famílias estão a reduzir o seu consumo para além do aceitável, onde a vontade e a confiança dos agentes económicos vai definhando.
O povo pede mais investimento para criar emprego, mais produtividade para termos produtos de melhor qualidade, mais competitividade com inovação para sermos um concelho com um futuro mais risonho que os restantes.
Uma série de contratos a termo de um conjunto vasto de funcionários camarários não foram renovados. As famílias destas pessoas estão já atravessar dificuldades desumanas.
Convém alertar os responsáveis que o imobilismo e a insensibilidade social, esta política de estagnação, miséria e marasmo, e a incapacidade para planear, criar uma agenda e adoptar medidas, poderá trazer mais desempregados para as ruas da amargura.

10 abril 2006

Regresso à base

Temporariamente, regressei à base. Por poucos dias, dado haver mais problemas para resolver noutro lado.
Estive afastado mais de uma semana de Alcochete, por favor contem-me as novidades. Da minha torre de controlo não vejo nada de novo.

09 abril 2006

A Igreja


Quando falo de Igreja é do corpo místico de Cristo que falo.
Igreja, do grego, ekklesia, significa assembleia de todos porque a salvação é para todos. Mas há muitas pessoas que não pensam assim: para umas a salvação é galardão de eleitos, para outras a salvação é direito dos pobres. Desta segunda visão do homem e do mundo me quero eu aqui ocupar, embora estes dois tipos de pessoas estejam mais próximos do que se possa imaginar.
A Igreja dos pobres deixou de cumprir o significado profundo da Cruz de Cristo que é união do Eterno e do tempo para se agarrar só e apenas a esta última dimensão de verdade. Se o que acabo de dizer faz sentido - eu penso que faz - a Igreja dos pobres não é a Igreja de Cristo-rei em sua glória, mas sim uma Igreja intramundana.

Por mais que eu possa ferir as ideias feitas de muita gente, é São Francisco de Assis (1182-1226) que objectivamente está no início desta ruptura. O Poverello o que fez foi agarrar-se ao que o sofrimento do Crucificado tem de comum com o de todos os pobres à face da terra. O Papa Inocêncio III, temendo o pior, apadrinhou o movimento franciscano que lança ponte sobre a hodierna Teologia da Libertação, também devedora do marxismo.
Se a Igreja é dos pobres, isto quer dizer que a Igreja não é de todos, mas só de alguns. Assim sendo, temos a matriz da Civilização Ocidental dividida em benefício de uns e detrimento de outros.

Agora percebemos melhor por que São Francisco é uma figura grata à New Age e esquerdistas de todas as cores, nomeadamente ecologistas.

08 abril 2006

A planificação das aulas

Não sou capaz de entrar numa sala de aula sem saber o que vou fazer. Isto quer dizer que toda a minha aula é previamente preparada, pelo menos nos seus traços mais gerais.
Também já me tem acontecido ir para uma aula muito bem preparadinho e a turma virar-me completamente as voltas ao plano. Na verdade, quando um aluno faz uma pergunta, quer uma resposta. Ora esta nunca é dada por mim num minuto. Respostas dadas em tão curto espaço de tempo ou encobrem a ignorância do professor(a) ou o desprezo pelo outro.
Vem este meu arrazoado a propósito do facto de que no Ensino frequentemente se fala em planear as aulas para um período ou até para um ano lectivo inteiro. Colegas que me conhecem prontificar-se-ão logo a dizer que o meu problema é não ser capaz de fazer um plano de aulas a três meses, tanto mais que eles sabem da minha aversão a folhas A4 seccionadas aos quadradinhos. Hoje não basta ser professor competente, é preciso parecê-lo. Ora eu não pareço um professor competente por muitas razões e também por essa de me ver aflito perante um papel com linhas verticais a cruzar horizontais como ferros em janela de prisão.
Mas, relativamente à planificação das aulas a médio e longo prazo, faço as seguintes perguntas: o sistema educatico e o económico não são inextricavelmente interdependentes? Que tipos de mercados queremos institucionalizar? Livres ou planificados? Numa visão liberal do homem e do mundo são os mercados livres que se defendem. A planificação dos mercados faz parte do universo comunista. Como economia e ensino não se podem separar, a defesa da dita planificação das aulas decorre de que estrutura mental?
Meus amigos, a planificação das aulas não é outra coisa senão um instrumento de poder (libido dominandi) nas mãos de alguns poucos professores.

07 abril 2006

A Escola El-Rei D. Manuel I

No ano lectivo de 1964/65, por iniciativa do Padre José Gonçalves dos Santos, no edifício onde actualmente funciona a Biblioteca Municipal, abre o Ciclo Preparatório da TV, frequentado por largas dezenas de alunos, e onde deram aulas, além daquele sacerdote, os professores Francisco Leite da Cunha, Maria José Valle e Pina, Maria Adelaide, Odete Correia, Maria do Carmo Martins Lavrado, etc.
Depois, no ano lectivo de 1969/70, como o número sempre crescente de alunos o justificasse, é criada no Valbom a «...Escola Preparatória d'El-Rei D. Manuel I, graças ao patrocínio dos ministros das Finanças e da Educação Nacional e ao valiosíssimo apoio do subsecretário de Estado da Administração Escolar, Dr. Justino Mendes de Almeida...» (cf. Diário de Notícias de 01/06/1970).
Actualmente, a Escola El-Rei D. Manuel I, situada na Avenida da Restauração desde o ano lectivo de 1984/85, enfrenta problemas que não vou expor no prolongamento dos nobres factos históricos acima referidos. Só digo o seguinte: esta nossa escola básica é um espaço sacrossanto com uma tradição que ultrapassa os 40 anos, razão por que não pode servir interesses menos claros seja de quem for.
Acabo, deixando a minha solidariedade inequívoca ao actual Conselho Executivo presidido pela Dr.ª Ana Fidalgo.

06 abril 2006

Defender hoje a liberdade

É extraordinário que quando se fala, desde já, na união do PSD e CDS em Alcochete para as próximas eleições autárquicas, haja sempre alguém da própria área da direita política a opinar que ainda é prematuro reflectir sobre tal matéria.
Quem pensa assim só poderá estar a esconder inconfessado interesse próprio, sem se aperceber que vai dando a mãozinha aos comunistas.
A única maneira de se convencer o povo sobre a seriedade de um projecto é começar a trabalhar nele quanto antes. Ou haverá por aí gente a pensar que é a três meses das eleições que as coisas se resolvem? Pessoas que pensam assim não servem ao bem comum, razão por que fariam melhor deixar trabalhar quem pensa que já é tarde para amanhã.
A posição que energicamente estou aqui a tomar é ditada pela responsabilidade que todos nós temos perante o futuro dos nossos filhos e netos. Não são estes que têm que forjar para o dia de amanhã a própria liberdade. Esta tem que ser defendida hoje por nós.