27 junho 2010

Mário Soares e Durão Barroso: Uma Europa em duas visões

Com a devida autorização da autora Anabela Melão, transcrevo um artigo por ela publicado:

"É obvio que não se comparam, nem enquanto pessoas nem enquanto políticos, Mário Soares e Durão Barroso. Mas se há mil diferenças que os separam, talvez não fosse inoportuno recordar que algumas qualidades têm em comum. Mário Soares não teve de se impor como figura da realeza da política nacional, porque o passado lhe valeu o salto para o primeiro lugar do pódio (talvez ex-aequo com Álvaro Cunhal). Durão Barroso teve estratégia política, de Portugal a Bruxelas, um percurso organizado, pensado, trabalhado. A ambos há que reconhecer uma qualidade cada vez mais rara na politiquice nacional: inteligência política.
Ora, o ocorrido este mês aquando da celebração dos 25 anos da adesão europeia, festa tornada garraiada pela troca de galhardetes entre Soares e Barroso, dá que pensar.
Enquanto Mário Soares afirma que "há falta de liderança na União Europeia e mediocridade. Muita mediocridade e falta de coragem", Durão Barroso argumenta que "há líderes de grande qualidade, de média qualidade e de fraca qualidade. Sempre foi assim e sempre será assim".
Reafirma-se que ambos conhecem bem a realidade nacional e muito bem a europeia. Admite-se que, provavelmente, Mário Soares conhece melhor a concepção, a idealização do sonho europeu, e que, também provavelmente, Durão Barroso tem mais a noção, sente mais o palpitar, da realidade europeia. Isto pode bastar para justificar a divergência. Enquanto um mede a qualidade dos lideres europeus pelos lideres que se sonhavam, outro relativiza-os pelos lideres que temos.
"Não façamos generalizações", dizia Barroso. "No plano nacional, no plano internacional, no plano global, há diferentes lideranças", defendeu, reagindo às declarações de Mário Soares. Mas este homem perante o qual mostra tanta discordância é só o primeiro-ministro que assinou há 25 anos o tratado de adesão. Não é um homem qualquer. É um pai-filho do sonho. E se se preocupa com a actual situação da União, dizendo que a Europa vive uma crise sem precedentes, com a qual não sabe lidar: "Faltou inteligência política a todos os actuais dirigentes europeus.", o caso é grave. Apesar de se perceber Durão Barroso quando diz que este é "o momento mais exigente, precisamente porque estamos mais avançados", mas "não se pode dizer que seja pior ou melhor", "É uma situação de tipo diferente, que exige respostas com grande determinação e vontade política", disse o presidente da Comissão Europeia.
Assumido que entre alguns comentadores e intelectuais parece haver uma atmosfera de glamour do pessimismo quando se fala da Europa, e quanto mais pessimistas mais inteligentes aqueles se julgam, dá-se a devida margem de erro e dúvida.
Sem se referir directamente aos líderes europeus da última década, Mário Soares lamentou que a União Europeia se tenha "deixado atrasar, ao contrário dos Estados Unidos", criticou a gestão "paralisada" e "sem coragem para mudar" da actual liderança em Bruxelas. "Pode ser um retrocesso civilizacional tremendo. É preciso reagir e rapidamente. Os actuais políticos parecem não ter coragem", insistiu, pedido aos cidadãos, sindicatos e entidades sindicais que "pressionem sem perda de tempo"
Acresce que um desafio semelhante foi lançado pelo antigo primeiro-ministro espanhol, Filipe González, para quem a actual crise é "um momento da história que vai definir quem são os vencedores e os perdedores". "Para não perdermos o que conseguimos nestes 25 anos, é preciso fazer algo e fazê-lo já", disse o ex-governante. E um dos caminhos que apontou foi a necessidade de "reformar e resgatar o sistema financeiro". Sobretudo porque, diz, ainda "nada mudou no comportamento dos agentes financeiros desde o início da crise".
A mudança deve, segundo Mário Soares, passar pela descoberta de "um novo modelo" europeu. "Já temos um fundo monetário europeu para gerir e quem o gere é um governo económico. E depois? Vem um governo político? É para aí que estamos a caminhar", apontou. José Sócrates entende que "a Europa encontrou resposta para a crise num quadro europeu", e afirma estar "muito confiante na integração política. Tenho a certeza de que a Europa interpretará esta crise como uma necessidade imperiosa de avançar".
Este fim de semana em Arcos de Valdevez, no âmbito da iniciativa “Concelho de Estado”, homenageou-se Mário Soares. Pela vida. Pelo símbolo. O reconhecimento do seu papel na história do País quase que imerece qualquer controvérsia pela avaliação do painel dos interventores (António Almeida Santos, Artur Santos Silva, Manuel Sobrinho Simões, Miguel Veiga e Gonçalo Ribeiro Telles), pelos depoimentos do antigo líder da União Soviética Mikhail Gorbatchev, por videoconferência, e de Frank Carlucci e Ignacio Ramonet, por mensagem escrita. Adita-se a este acervo de figuras absolutamente credíveis como Eduardo Lourenço, Francisco Assis, Jean Daniel, Raúl Morodo, Manuel Ferreira de Oliveira, Federico Mayor Zaragoza, Adriano Moreira, Lobo Antunes, José Pacheco Pereira, Carvalho da Silva e Soromenho Marques, e fica o ramalhete demasiado bem composto para se suscitar qualquer dúvida com a credibilidade de Mário Soares no espaço nacional e internacional.
Em Arcos de Valdevez, Mário Soares mantém a tónica da sua intervenção na necessidade de "políticas convergentes" entre Portugal e Espanha, considerando que "a Europa está desanimada e sem rumo", correndo o risco de se transformar "numa região pobre e sem influência". "A Europa ou é federalista ou não é Europa. Nós temos que caminhar neste sentido senão vamos ser o extremo ocidental da Ásia, uma região pobre e sem influência", avisou o histórico socialista.
Não se comparam, a qualquer nível, grau ou qualidade, Mário Soares e Durão Barroso, mas não deixa de ser preocupante que o ideólogo e o prático se mostrem tão distantes na sua visão do que é e do que pode ser o espaço europeu.
Valha-nos reconhecer a ambos inteligência política. Diferentes inteligências políticas, sem duvida. E, mais diferentes ainda, sensibilidades e bom senso."

21 junho 2010

Alcochete – vila prodígio da Forcadagem!

João Batista, também chamado de João, o Batizador, foi um pregador judeu e considerado pelos cristãos como o precursor do prometido Messias, Jesus Cristo. Baptizou muitos judeus, incluindo Jesus, no rio Jordão, e introduziu o baptismo de gentios nos rituais de conversão judaicos, que mais tarde foram adoptados pelo cristianismo.
Tendo São João Batista como o seu Santo Padroeiro, a vila de Alcochete assiste no dia consagrado à natividade do Santo, às comemorações de mais um aniversário do Grupo de Forcados Amadores de Alcochete.
Praticamente a efectuarem 39 anos de existência, este Grupo de Forcados, fundado a 24 de Junho de 1971, consagrando nomes como João Mimo, Gregório Bolota, José Barrinha da Cruz, Francisco Sequeira, Aníbal Pinto, Alberto Silva, José Pinto, Estêvão Oliveira, Filipe Sequeira, Manuel Pinto, Augusto Oliveira, António José Pinto, João Rei, João Barata, Manuel Jorge Marques, António Cardoso, aos quais ainda se juntaram António Cruz, António Faria, Francisco Salvação, Paulo Penim, Vítor Marques e Joaquim da Costa Godinho.
Pouco menos de um mês da sua fundação, este Grupo fez a sua apresentação na Praça de Toiros da cidade vizinha – Montijo, enfrentando 6 toiros de Rio Frio. Sob a égide de João Mimo, este Grupo ao longo de 13 anos, conseguiu definir os seus princípios assentes numa postura determinada e conquistando o prestigio necessário para consolidar o seu sucesso nos anos imediatamente seguintes. É precisamente na década comandada por António Manuel Cardoso que este Grupo atinge simultaneamente os melhores e os mais angustiantes momentos da sua carreira. Foi precisamente na tragédia, com a morte de dois jovens e valorosos forcados, que o Grupo ainda mais se uniu, apesar de todas as dificuldades, conseguiu reunir fortes condições para superar as suas adversidades e continuar no trilho do êxito.
Em 1995 é João Pedro Bolota, forcado de enorme referencia no seio do grupo e não só, o eleito para liderar os Amadores de Alcochete. Na senda dos seus antecessores, o João prejudicando fisicamente a sua própria vida, mantém no seio do Grupo o espírito de unidade que permite continuarem com todo o mérito a marcarem presença de forma cada vez mais assídua nas melhores feiras taurinas.
O Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, não só continua a honrar a jaqueta que enverga como também consegue elevar o nome da vila de Alcochete em todo o País e Ilhas, mas igualmente em Espanha, França e Estados Unidos da América.
A 01 de Julho de 2007, o João coloca um ponto final na sua já longa carreira de forcado passando o seu testemunho ao Vasco Pinto, que apesar da sua juventude, à muito que deixou de ser uma promessa da forcadagem para naturalmente se assumir como uma certeza com todo o romantismo que a figura de forcado representa na Festa.
Jovem, dinâmico mas simultaneamente humilde, empenhado e com uma visão bem actual, o Vasco orgulhoso do seu Grupo e com Alcochete no coração aposta na continuidade reforçando o Grupo com novas caras mas sempre regendo-se pelos mesmos princípios desse já longínquo ano de 1971.
Alcochete orgulha-se do seu passado e presente e de todos aqueles que um dia optaram por vestir a jaqueta das ramagens e deram a conhecer a outros povos e culturas, esta genuína, ímpar, e tão nobre arte de ser forcado português e de Alcochete.
Não é uma tarefa fácil, perceba-se, mas a amizade e a união entre novos e menos novos fomentada em muitas tardes e noites de glória e quiçá de infortúnio permitem aos Amadores de Alcochete continuarem…a manter a tradição.


Fernando Pinto
Deputado Municipal Independente eleito pelo PS
bancadapsalcochete@gmail.com

JOSÉ SARAMAGO

Propositadamente, não escrevi nenhuma consideração enquanto o corpo não foi cremado. Mas, depois de cumpridos os ritos de respeito perante um ser humano não recuso a considerar, que esteve bem o Presidente da República ao enviar apenas um representante às cerimónias.
Porque razão o povo português tinha teria que venerar uma personalidade que sempre quis renegar as origens históricas cristãs do país. Uma personalidade em estado avançado da sua idade foi defendendo que a Espanha anexasse Portugal.
Que respeito deve merecer uma personalidade que cultivava o pensamento puro e duro do marxismo (igualdade de classes) sob o jugo de um centro de poder único, mas depois a sua prática de vida era incoerente com a ideologia.
Respeito a morte de um ser humano, mas não me vergo à sua obra e considero condenável que os alunos do secundário sejam obrigados a estudar um escritor, que altera tudo que se aprende no modo de escrever e ler língua portuguesa.

16 junho 2010

A PREVISÃO FOI FEITA

Sigam esta:

http://www.ionline.pt/conteudo/64729-houve-um-blogue-que-previu-crise-da-zona-euro-ninguem-ligou

04 junho 2010

AQUI HÁ RATO...


Caros visitantes e munícipes:


O Movimento de utentes dos Serviços Públicos de Alcochete (MUSPA), levou a efeito no dia 26 de Maio junto ao Centro de Saúde de Alcochete mais um protesto, em defesa da reabertura do atendimento médico na extensão de Saúde de São Francisco, onde participaram dezenas de cidadãos daquela localidade.
Neste protesto estiveram presentes várias representações, da Câmara Municipal e Junta de Freguesia de Alcochete, para além da dita Organização.
É de todo lamentar que nem um único elemento do executivo daquela Freguesia de São Francisco se fizesse representar…
Eu tenho vindo a denunciar há muito tempo, a forma que este partido tem pelo seu eleitorado, aqueles que no passado recente elegeu para defender os direitos dos munícipes desta localidade.
É triste, é anti-ético, antidemocrático o respeito de denotam pela população que os elegeu, isto não é pura demagogia mas sim, dados concretos de irresponsabilidade que, em democracia não deveriam de coexistir.
As elações dos seus actos políticos ficam para a prosperidade, é lamentável o mesmo executivo que fora eleito pela população, venha agora a demarcar-se da luta por um objectivo comum, só porque foi executado pelo seu próprio aparelho partidário que desgoverna o nosso país.
Não podia deixar de salientar mais este caso, até porque, foi o próprio Presidente eleito que solicitou ao executivo da autarquia do concelho ajuda nesta demanda sobre esta população Rural, o mesmo que dias antes do encerramento tivera a gentil visita de v.exa, do governador do Distrito de Setúbal, para que, antecedesse sobre este caso com a Ministra da Saúde do desgoverno dos seus partidos (PS).
No entanto, entre trocas e baldrocas, algumas más engenhocas, AQUI HÀ RATO, não deixa cair em saco roto estas atitudes que como munícipe atento que sou ao concelho presencio diariamente.
Será que o desnorte deste eleito local é o reflexo do país?
Ou do estado em que vive o Partido Socialista de Alcochete?
São estes senhores que se dizem a alternativa há CDU?
Porque senão vejamos mais algumas considerações:
É público, que a concelhia deste partido se demitiu em bloco um mês após ter sido eleito o novo presidente da concelhia João Barata.
Isto prova a guerra pelo puder que está instituída, onde se cada um pretende alcançar o melhor tacho, mesmo que para isso prejudiquem as populações das diferentes Freguesias, como é o caso mais latente de São Francisco.
Este recente caso está longe de terminar, já outro assunto salta para a berlinda no concelho, com o encerramento do posto móvel dos CTT no Samouco e em São Francisco, em entrevista ao Jornal (ALCAXETE), os dois presidentes comentaram o referido assunto.
Ora, estranho, e AQUI HÀ RATO também que, o mesmo edil de São Francisco aguarde serenamente pelo desenrolar dos acontecimentos…
Será senhor Presidente, que aguardará tal como tem feito em relação à extensão de Saúde dessa localidade?
Não seria melhor fazer ouvir a voz do povo nesta e em tantas outras matérias de utilidade e interesse público?
Mas é claro, no país que vivemos, tudo falta, tudo se tira, tudo se paga, em nome de um bizarro adjectivo…crise…
Mas onde os grandes e chorudos ordenados continuam a serem pagos nas grandes empresas, prémios anuais, viagens de primeira classe e familiares, cartões de crédito ilimitados, automóveis com motoristas e tudo entre outras mordomias dos seus administradores, onde a grande maioria são nomeados directamente sem concursos públicos, violando assim tudo o sistema das leis da Republica Portuguesa.
AQUI HÁ RATO, estará atento a tudo o demais que aconteça, brevemente outras notícias e novos desenvolvimentos.

Saudações Alcochetanas

02 junho 2010

Crise – essa foragida da lei!

O assunto não é novo e infelizmente ainda vai perdurar no tempo. De nada nos serve saber que os tempos difíceis estão para ficar, em toda a Europa sopram ventos inabaláveis de mudança que nos criam dificuldades acrescidas em todos os níveis mas sobretudo no capítulo sócio-económico.
Existe um projecto europeu do qual fazemos parte integrante e que não podemos nem devemos abandonar. É necessário defendermos a Europa e a moeda única, que é também a nossa moeda.
Só é possível esgrimir argumentos perante a difícil conjuntura financeira que nos assola, com elevado sentido de responsabilidade e fundamentalmente com a estabilidade politica que permita a defesa dos supremos interesses do País e da sua população.
Estamos a ser sufocados por um défice que exige um esforço adicional de todos nós, indispensável numa atitude global de várias medidas europeias que visam acalmar os mercados financeiros. As medidas a tomar são impopulares, difíceis de assumir e bastante exigentes, mas importa que todos tenham consciência de que são medidas deveras necessárias para que o nosso País continue a ser credível, para que a confiança na economia seja cada vez maior, para que o índice das nossas exportações subam significativamente.
Um dos nossos problemas reside na fraca competitividade do nosso País, apesar de todo o esforço no sentido de inverter esta tendência, no entanto o crescimento é demasiadamente lento.
Estou convicto que o crescimento da nossa economia e o aumento do emprego são prioridades a estabelecer rapidamente. Devemos encarar esta fase com a vontade de ter um País diferente, melhor, com mais oportunidades. Para isso deve coexistir em todas as mentalidades, determinação, mas simultaneamente rigor.
Apenas e só assim, poderemos baixar o défice. O nosso plano de austeridade não é de todo o ideal, no entanto e no interesse nacional espero e desejo que o sector privado da nossa economia reaja de forma francamente positiva ao mesmo. Era elementar que o Estado e sobretudo a nossa classe politica soubessem dosear o exemplo a partir das mais altas estâncias de forma a cumprirmos rigorosamente um plano de reabilitação sócio-económico para o País. Assim, estou em crer que a médio prazo, podemos consolidar a nossa posição perante a Europa. Para tal, os intervenientes directos na nossa economia, incluindo naturalmente o Estado devem estar imbuídos deste espírito de esforço, de abnegação, para em conjunto construirmos uma base de sustentação mais forte, mais competitiva, mais moderna, com maior qualificação e que permita a todos beneficiarem de mais oportunidades.
Independentemente de tudo o que possamos fazer, creiam que os desafios e os problemas irão sempre surgir.
Como diz Robert Bogaard, um dos grandes nomes do empreendedorismo, “Os desafios e os problemas mantêm-se. O que muda é a natureza e a dimensão dos mesmos. Quanto maior o nosso negócio, maior a dimensão dos desafios e dos problemas, mas geralmente também maior é a nossa capacidade de lidar com os mesmos.”
Temos que nos superar, é preciso acreditar num futuro mais radiante, a confiança é inimiga da crise – essa foragida da lei!


Fernando Pinto
Deputado Municipal Independente eleito pelo PS
bancadapsalcochete@gmail.com