29 novembro 2008


Aposento: embaixador de emoções por Alcochete

Para abordar o tema "A importância do Barrete Verde na divulgação e promoção de Alcochete", José Caninhas – alcochetano e professor do Ensino Secundário, presidente da Direcção do Aposento do Barrete Verde (APB) durante quatro anos, na transição das décadas de 80 e 90 – foi o orador convidado no primeiro encontro informal de cidadania organizado por Paulo Benito no âmbito deste blogue.
Sócio do APB desde os 14 anos, o testemunho do orador centrou-se na história da colectividade e na sua experiência breve como dirigente, durante a qual construiu a visão do ideal alcochetano nessa época, confessando, de passagem, o susto com que, aos 36 anos, encararia o convite para dirigir uma instituição de referência no concelho.
Mas aceitou o desafio e, através do Aposento, pôde conhecer mais profundamente a terra e as pessoas, coligindo traços psicológicos que definem o padrão sociológico do alcochetano médio desse tempo.
Fundado a 20 de Agosto de 1944 (um ano antes do termo da II Grande Guerra), o APB tem invulgar finalidade estatutária principal: organizar, anualmente, as Festas do Barrete Verde e das Salinas, idealizadas pelo jornalista José André dos Santos. A colectividade nascerá na loja do único boticário então existente, António Rodrigues Regatão (da Farmácia Gameiro), fruto de muito cavaqueio político anti-regime também travado no barbeiro.
Estranhamente, porém, a agremiação será fundada de forma elitista: os sócios pagam 7$50 ou 5$00 de quota, mas apenas os primeiros com direito de voto. E quem não usasse gravata não podia aceder às instalações.
As festas surgem como uma dádiva anual de solidariedade à população e só por via delas Alcochete ganhará então realce na Imprensa de expansão nacional. Na vizinha Espanha (nomeadamente em Ciudad Real e Badajoz) alguns aficionados interessam-se também, gerando-se, com o passar dos tempos, reciprocidade de laços e de honrarias entre instituições e dirigentes associativos de ambos os lados da fronteira.
Em pouco mais de duas décadas o APB ganhará lugar de destaque, não somente em tertúlias tauromáquicas luso-espanholas mas também em momentos de grande significado político e económico. Por exemplo, é no Aposento que o eng.º João Maria Ferreira do Amaral (pai do ex-ministro das Obras Públicas e actual presidente da Lusoponte e ao tempo secretário de Estado da Indústria) anunciará a intenção governamental de instalar a Siderurgia Nacional em Alcochete, o que não se concretiza e origina divergências políticas que levariam ao seu afastamento do cargo.
Também durante décadas a colectividade manterá o único museu de Alcochete, sucessivamente valorizado por doações artísticas privadas, como as do cavaleiro tauromáquico José Samuel Lupi, grande amigo e muitas vezes dirigente da instituição.
Quando, em finais da década de 80, José Caninhas dirige o Aposento, surpreende-se com as honrarias concedidas ao seu presidente em colectividades tauromáquicas de Portugal e Espanha, neste caso em Ciudad Real, Badajoz e Ayamonte, cujos alcaides (presidentes de câmara) várias vezes se deslocaram a Alcochete durante as festas.
Na sua visão, colhida nesses anos, o homem alcochetano dividia-se então entre a terra e o mar (nunca se diz rio, porque nesta zona a largura do Tejo faz dele mar encapelado no Inverno), com coragem para enfrentar os touros.
Crê ainda que, apesar de períodos mais e menos positivos que sempre existiram ao longo destes 64 anos, o Aposento do Barrete Verde nunca morrerá por ser o embaixador das emoções alcochetanas.

Solidariedade, para variar

Não há Estado ou autarquia que, a nível nacional ou local, tenham capacidade para resolver problemas desta dimensão social. Podem sinalizar casos, coordenar acções e agitar consciências, mas pouco mais. A solidariedade intergeracional terá de fazer o resto, que é o principal.
Mas nem Estado nem autarquias fazem o suficiente e, consequentemente, os cidadãos alheiam-se da questão. Até ao dia em que o problema lhes bate à porta e passam de espectadores passivos a protagonistas. Tardiamente lembrar-se-ão de Santa Bárbara!

Noutro plano, quando leio coisas como esta fico perplexo por TODAS as instituições locais de solidariedade se preocuparem pouco ou nada em explicar às empresas que o mecenato social é majorado e descontado em IRC e que os contribuintes individuais com colecta de IRS podem, voluntariamente, doar 0,5% do imposto a liquidar ao Estado a instituições sociais da sua preferência. Basta indicarem o respectivo número fiscal na declaração anual.
Mas tente descobrir quantas instituições sociais alcochetanas têm essa informação facilmente acessível aos residentes! *
Já agora, acrescento que, há cerca de três anos, integrei um grupo de cidadãos que tentou criar uma fundação cuja finalidade era, entre outras coisas, coordenar meios e acções de mecenato social, cultural, artístico e educativo. A ideia não foi por diante devido a razões estritamente políticas, referidas neste blogue há pouco mais de um ano.
Conversando, frequentemente, com algumas dessas pessoas, sei que a maioria não desistiu da ideia. Apenas aguarda que no poder local haja gente com o discernimento suficiente para encarar iniciativas da sociedade civil como oportunidades e não ameaças.


* - Em 2006, no município de Alcochete foram cobrados 10.519.405€ em IRS. Meio por cento representa 52.597€ (ou 10.544.751$ em moeda antiga).
Receitas apreciáveis de que todas as instituições carecem e que os cidadãos podem canalizar directamente para seu benefício. Porém, segundo é do conhecimento público, apenas 1/4 dos contribuintes nacionais preenchem essa alínea na declaração de impostos.

O Barrete Verde e a promoção da democracia


O Barrete Verde não promove só Alcochete. O Barrete Verde promove também a genuína democracia.
O que é a genuína democracia? É a união da tradição e da renovação.
O Barrete Verde promove anualmente uma festa que é centralmente uma festa de toiros. Não se pode falar da festa de toiros e esquecer o forcado.
O que é o forcado? É símbolo de coragem, força moral cuja raiz linguística é a mesma de coração (Lat., cor). Na verdade, os antigos pensavam que a sede da coragem era o coração.
Mas em termos antropológicos, a coragem é a defesa do espaço sagrado. Não era qualquer um que descia o Rato e bebia impunemente a água do nosso poço, bem amarga para alguns incautos.
Tudo isto é a tradição. E a renovação?
Há muito que o Barrete Verde fez a adesão às novas tecnologias. Por outro lado, quem, como nós, sabe o que são hoje as festas e o que foram há cinquenta anos, conclui que o Barrete Verde foi recebendo, ano após ano, o sopro dos novos tempos.
Esta é a lição que o Barrete Verde dá à Democracia que, para ser genuína, é renovação unida à tradição.

28 novembro 2008

Que fazer em Alcochete?

Leia-se esta notícia de ontem, referida em vários meios informativos e na Imprensa de hoje.
Tenho as minhas ideias acerca do assunto no contexto local mas gostava de as confrontar aqui com outras, via caixa de comentários.

27 novembro 2008

Natal


O Natal é a Festa da Encarnação, isto é, a festa da união do Espírito e da carne (a do homem e a do mundo), do Transcendente e do imanente, do Infinito e do finito, da Eternidade e do tempo...

Não me perguntes como esta união se faz, porque, se mo perguntasses, tentar-me-ias a forçar as portas do Céu com violência.

Contra isso nos previne o Evangelho da Cruz, esta símbolo maior de todo o mistério cristão.

26 novembro 2008

Breve Comemoração do 25 de Novembro de 1975

Foi há trinta e três anos que graças à acção de Jaime Neves e a um punhado de resistentes com quem pouco mais partilho do que o gosto de ser livre, que hoje neste país podemos “respirar”. E a falta que isso nos faz.

Que Giro é «Curral das Moinas»

Como era previsível, o deputado municipal da CDU Jorge Giro foi obrigado a retratar-se publicamente pela tremenda «gaffe» politica que cometeu na penúltima edição do Jornal de Alcochete , quando , num desabafo inoportuno , manifestou a sua descrença pessoal na capacidade do actual executivo camarário em dar a volta ao cenário de total imobilismo que retrata este mandato. Só em função disso se entende a necessidade deste artigo/esclarecimento do deputado Giro.
Fá-lo num extenso artigo publicado no Jornal de Alcochete de 26.11.2008 , no qual procura certamente minimizar os estragos que terá infligido na confiança dos seus superiores políticos no aparelho comunista.
Antes de prosseguir devo contudo manifestar a minha satisfação pessoal pelas melhorias notórias na qualidade da expressão escrita do deputado Giro , por comparação aos artigos anteriormente publicados. Tal facto prova então que o debate de ideias tem contribuído positivamente para a qualificação do deputado Giro nessa matéria , o qual evidentemente , e pela diferença para melhor entre a forma de se exprimir por escrito revelada anteriormente , e a manifestada neste último artigo , tem certamente investido enorme esforço e tempo no aperfeiçoamento desta arte.
Tal facto tem com toda a certeza retirado tempo disponível ao deputado Giro para ver na TV um daqueles que me parece ser dos seus programas culturais favoritos. Refiro-me obviamente ao «TeleRural» , objecto da preferência do deputado Giro como se pode inferir pela sua interessante referência a «Curral das Moinas». A este propósito o leitor nem pode imaginar o tempo que perdi até perceber que «Curral das Moinas» não existe na realidade, tratando-se finalmente de uma localidade ficcionada num programa televisivo de enorme profundidade cultural.
É claro que o preço a pagar pelo enorme esforço de melhoria na expressão escrita não retirará ao deputado Giro apenas tempo para ver o TeleRural. Parece igualmente óbvio que lhe provoca um excepcional cansaço mental , pois , como os leitores puderam constatar no texto publicado no Jornal de Alcochete , depois de oito parágrafos dedicados à minha pessoa , o deputado Giro sofre de repente uma «branca» a meio do seu texto , confessando então que afinal não me conhece , pois afirma , e citando: «De Proença , só conheço Proença-a-Nova e Proença-a-Velha» . Pois é , parece que a «lampadazinha» do deputado Giro se fundiu antes da minha… O exercício intelectual tem destas coisas , e para quem não tem muita prática…
Ao contrário do que afirma o deputado Giro no seu artigo, a minha intenção não era silenciá-lo mas pô-lo a falar , pois mais não é preciso para comprometer a posição do seu partido e do executivo camarário sem grande esforço , como aliás veio a suceder. De qualquer forma , o deputado Giro ainda falou pouco e impõe-se que fale mais.
Porque é que por exemplo continua sem esclarecer os munícipes sobre quais as razões formais ou processuais que fundamentaram o chumbo das candidaturas camarárias aos fundos do PIDDAC ou do QREN? Porque é que não esclarece os munícipes sobre os rumores que por aí circulam que parte dessas candidaturas foi chumbada porque a Câmara entregou os processos fora de prazo?
Finalmente, e naquela parte do texto anterior à «branca» que sofreu por cansaço, em que o deputado Giro ainda se lembra do Luís Proença , referindo-se a mim como «politico desesperado» , e ainda que tal qualificação «não me aqueça nem arrefeça» , não deixo de referir que descortino perfeitamente o porquê do deputado Giro ter inventado essa do «politico desesperado».
Com todo o respeito , e depois da gigantesca «gaffe» politica que cometeu a semana passada , o deputado Giro ter-se-à lembrado da expressão « politico desesperado» enquanto , e como dizem os nossos irmãos brasileiros , «contemplava horrorizado o estado das suas próprias cuecas».

Municipalismo de outrora (6): transportes e ligação fluvial


Tráfego fluvial no Tejo em época próxima
da mencionada no texto abaixo
(imagem cedida pelo Dr. João Marafuga)

O primeiro artigo desta série está arquivado aqui. Para consulta directa dos restantes recomendo que, na janela «Pesquisar no Blogue» situada no canto superior esquerdo desta página, seja introduzida a palavra-chave Municipalismo.


Outrora as deslocações em "serviço oficial", do presidente e dos vereadores da câmara, eram indistintamente feitas mediante o aluguer de automóvel ou charrete, sendo inúmeros os prestadores desses serviços citados nas actas consultadas.
Em todas as sessões eram autorizados pagamentos por viagens a Samouco, Montijo e Setúbal e, frequentemente, também a Lisboa.

Em Março de 1939, pela primeira vez, aparece mencionada uma Sociedade Automobilística Montijense como prestadora de serviços de transporte do executivo camarário. Até então eram apenas mencionados nomes individuais de proprietários ou condutores dos veículos.
Em princípios da década de 40 deixam de aparecer pagamentos de despesas de transporte do executivo municipal, pelo que, provavelmente, a câmara terá adquirido nessa época o primeiro veículo para serviço oficial.

Transporte fluvial

O transporte fluvial de passageiros entre Alcochete e Lisboa, então concessionado à Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial, principiou a 2 de Agosto de 1904 com um velho barco adquirido na Alemanha e movido a carvão (para mais pormenores consultar este texto).
A linha foi sempre deficitária e dependente, em grande medida, de regular apoio financeiro da autarquia.

No Verão de 1939, já com um segundo vapor «Alcochete» ao serviço (ver imagem no texto com hiperligação acima), uma vez mais a empresa proprietária pede à câmara o fornecimento gratuito de água para a caldeira, de modo a reduzir as despesas e com isso poder manter a carreira. Por maioria, a câmara decide conceder um desconto de 50%.
Em Agosto de 1944 – a escassos dias das Festas do Barrete Verde e das Salinas – novamente a empresa pede à câmara a intercessão junto do Porto de Lisboa para que destrua o maciço de ostras na cala de Alcochete, que dificultava a navegação em todas as marés e ocasionava rombos na quilha do «Alcochete», estando a braços com imensas dificuldades económicas para manter a carreira.
Embora tal seja quase ignorado pelas gerações actuais, convém recordar que, segundo o historiador Joaquim Veríssimo Serrão, durante cerca de dois séculos existiram defronte de Alcochete viveiros de ostras. Foram importante fonte de receita e chegaram a ser exportadas, em grande quantidade, para a Grã-Bretanha, durante o reinado de D. José I.
Desconheço quaisquer estudos aprofundados sobre a matéria – embora haja documentação na Torre do Tombo e no arquivo da Direcção-Geral das Pescas – mas alguns alcochetanos juram que os viveiros só acabaram poucos anos após a entrada em funcionamento do estaleiro naval da Margueira (Almada), devido ao efeito nefasto dos produtos químicos utilizados no tratamento do casco dos navios.

Em 1944 a Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial gasta mais de 50 contos na reparação da quilha do vapor, corroída pelo roçar nas ostras, sendo forçada a uma paragem do navio durante 26 dias e ao aluguer do vapor «Renascer», à razão de 970$/dia, sendo de 1.500$ aos domingos. A câmara concedera anteriormente 2.000$00 de subsídio para a reparação do barco e o aluguer do substituto.
Era opinião da vereação da época que a carreira fluvial para Lisboa "é de absoluto interesse para o concelho e somente tem viabilidade com o auxílio da câmara durante a recuperação do vapor «Alcochete»".
Para a maioria dos residentes o vapor era simplesmente "o nosso Menino" e, durante cerca de 30 anos, um dos seus tripulantes mais populares foi Mestre Francisco Marques (1900-1978), alcochetano castiço e 'Petrolino' por alcunha.


Ler artigo anterior

Sugestão de leitura


Vão começar as férias do Natal.

Aproveite parte do seu tempo para ler Chesterton, Gilbert, Ortodoxia, Aletheia, Lisboa, 2008.

Pode ler-se na contra capa: «Com um século já decorrido sobre a primeira edição desta obra, eis que Ortodoxia de G. K. Chesterton surge mais do que nunca actual, lançando o debate em torno dos valores modernos, e de como estes, ao contrário do que comummente se imagina, se encaixam no conceito de ortodoxia».

Se o meu amigo ou amiga aceitar a sugestão e comprar o livro, verificará que em boa hora o fez.

25 novembro 2008

Arco Iris 2


Alcochete - Hoje às 16:20 horas


Ó arco-íris arrebatador, brilhante,
colorido, ditoso, encantado, fresco,
gracioso, hospitaleiro, intenso
janota, luminoso, majestoso,
notório, opíparo, perfeito, querido,
radiante, simpático, travesso,
universal, vital, xenófilo, zelador,
Abraça-me com calor!

Arco-Íris


Que as cores do arco-da-velha
vos alegrem a vida
nesta floresta de betão.


(Alcochete, hoje, às 16h20)

O dinheiro dos contribuintes é sacrossanto

As decisões da Câmara sobre dinheiros públicos só podem ter a ver com a criação de infra-estruturas imprescindíveis à vida do concelho ou com a melhoria das existentes: escolas, estradas municipais, jardins, etc.
O dinheiro dos contribuintes não pode ser dado a associações sem projectos de actividades em benefício da comunidade nem direccionado para comezainas justificadas sob palavras bonitas como "confraternização", "convívio" e outras que tais.
O dinheiro dos contribuintes é sacrossanto porque é sangue de muitos.

24 novembro 2008

As comezainas é que dão tacho

A Câmara Municipal de Alcochete tem em seu poder documentos inéditos sobre vários aspectos da vida do povo alcochetano que não dá à luz do dia.
Uma ínfima parte dos custos de tanta almoçarada e jantarada chegaria para levar ao conhecimento do público interessado o conteúdo desses documentos, pois do património colectivo se trata.
Alguns, em forma de manuscrito, são da autoria do historiador local José Estêvão e oferecidos à Câmara pelo Dr. Elmano Alves sob promessa de publicação.
Claro que os valores de José Estêvão são os do cristianismo, os da história de Portugal, os da lídima cultura do povo alcochetano, etc., o que não interessa muito aos senhores autarcas, mais propensos ao apoio de eventos vazios de alma.
Por que publicar textos cujos potenciais leitores jamais votaram ou votarão no poder instalado nas cadeiras do Largo do Poço?
Quem lê de ler vota comunista?
As comezainas é que dão tacho (panem et circenses).
É o fim da Civilização.

23 novembro 2008

Encontro mensal para debate de ideias (3)

O primeiro encontro Mensal para debate de ideias sobre Alcochete, tem como título "A importância do Barrete Verde na Divulgação e Promoção de Alcochete"

DATA: 28 de Novembro, sexta-feira
HORA: 21:00 - 23:00
LOCAL: Junta de Freguesia de Alcochete
ORADOR: José Caninhas

Relembra-se que está aberta a participação a todos os munícipes interessados


A instrumentalização das colectividades

A instrumentalização das colectividades para ambições políticas é crime nojento.
Os que, azafamados, andam nesse afã são criminosos e merecem o mais veemente desprezo da comunidade.
O responsável por estas palavras é só e apenas João Marafuga.
Se alguém lobrigar neste texto matéria criminalizável, aí estão os tribunais aos quais me sujeitarei com humildade democrática.
Meus amigos, tentar a mudança obriga-me a falar assim.

O povo tem fome de homens sérios

Qualquer cidadão que se candidate aos órgãos autárquicos tem que ser um homem sério. O que é que eu quero dizer?
Quero dizer que esse cidadão aceita uma missão de serviço perante a comunidade e que ao fim do mês recebe só o que está estipulado por lei. Mais nada.
Esse cidadão que seja presidente de câmara ou de freguesia, vereador, etc., não se serve do exercício do cargo que os eleitores lhe confiaram para auferir proventos particulares.
Se aquele ou aquela que legitimamente se quiser candidatar a um órgão autárquico torcer o nariz à base moral implícita neste pequeno texto será porque é ladrão ou ladra.

22 novembro 2008

A Cooperativa de Consumo pós-25 de Abril

A Cooperativa de Consumo pós-25 de Abril, obra dos comunistas a funcionar no rés-do-chão da Sociedade (Largo António dos Santos Jorge), nos fins dos anos 80 foi à falência. Não sei se este é o termo técnico que se quadra juridicamente à Cooperativa em foco, mas julgo estar a fazer-me entender minimamente.
Quando a Cooperativa fechou portas, dizia-se que devia à banca larguíssimas dezenas de milhares de contos. Eu lembro-me que na época a dívida era vista como uma soma astronómica por todos. Conservo mesmo na cabeça um vago número, mas é preferível não ir mais longe.
Eu penso que seria bom que chegasse aqui um responsável e esclarecesse a opinião pública do estado integral das coisas, sendo a minha sugestão de todo o interesse para a força política que ocupa as cadeiras do poder em Alcochete.

Contradição?

Eu amo a humanidade.
Eu odeio a inumanidade.
Há contradição nestas minhas duas asserções?
Se há, também Santo Agostinho entra em contradição quando diz que ama o pecador, mas odeia o pecado.
Bom, parece que lancei todos os pressupostos básicos que justificarão os textos que passarei doravante a expor neste blog.

Denúncia

Há gente que não gosta da palavra denúncia.
Eu cá, neste blog, não tenho feito senão denunciar.
Mas será que o faço gratuitamente ou as minhas denúncias pressupõem uma doutrina moral?
Por exemplo, os meus dois textos imediatamente anteriores fazem a defesa enérgica do património artístico-cultural da humanidade e a do mandamento bíblico «não roubarás».
Mas bem no fundo, o que eu denuncio é o fim do pensamento, isto é, o fim do homem.

Um colega esquerdista

Um colega esquerdista fazia o favor de tomar café comigo algum tempo atrás.
Sobre a mesa estava um jornal diário que a um canto da primeira página chamava a atenção para um assalto a uma agência bancária à mão armada.
O colega, bebido o café, enquanto se preparava para fumar um cigarro, sem olhar para mim, deixou escapar esta frase: «assaltar bancos é exigir ao banqueiro o imposto revolucionário».
De tão estonteado interiormente que fiquei, não respondi.
Quando chegou o momento de pagar as bicas, o colega, mais novo, fez questão de pagar as duas. Puxou de uma nota de cinco euros e deu-a ao empregado. Este, no troco, faltou com alguns cêntimos. O meu par de profissão chamou-o à atenção e disse a rir-se: «o que é meu é meu».
E eu, ao lado dele a caminho da escola, ia pensando: «mas quem diz 'o que é meu é meu' só pode estar a dizer que não o roubem».
Nunca mais tomámos café juntos.

Onde é que ele quer chegar?


Se por qualquer estranhíssimo facto todos Os Lusíadas desaparecessem à face da terra de um momento para o outro, se apenas um homem possuísse um exemplar, se esse homem fosse obstáculo inultrapassável à recuperação da obra, se a resolução deste problema dependesse exclusivamente de mim, eu matava o dito homem e salvava o poema épico de Camões.
Onde é que ele quer chegar?

21 novembro 2008

Já me ia esquecendo...

Com toda esta exposição de fotos, documentos, livros, etc., já me ia esquecendo da Câmara!
Alguma pessoa teria pensado que me distraí?
Olhe que não! Olhe que não!
Lembro-me agora que esta câmara está no poder há três anos. Mas o que foi feito concretamente que meus olhos vejam?
Alguém é capaz de me ajudar nesta minha miopia quase sexagenária?
Fico esperando!

Qualquer semelhança é pura coincidência

Enquanto por aqui se desqualifica o concelho com o licenciamento de milhares de m2 para armazéns logisticos que vão desfigurando o território transformando-o num imenso baldio logistico , num concelho em que a falta de recursos financeiros serve de justificação permanente para o total imobilismo , noutros concelhos , o engenho , o empreendedorismo imaginativo e competente , atrai o investimento e a qualificação.
Basta ler este pequeno artigo que aqui publico e fazer a comparação. Quem quer continuar assim?

Constatação

Actualmente correm tantos rumores políticos nesta terra que o mínimo exigível a qualquer potencial candidato às eleições autárquicas é que, previamente, apresente uma declaração de rendimentos e de interesses.

20 novembro 2008

O nosso menino


Meus amigos, este 'título de uma acção' com mais de cem anos em nome de Avelino Carvalheda não foi rasgado ao meio, mas apenas dobrado (I'm joking).
Reza assim o Diário de Notícias de 31 de Julho de 1903. «Realizaram-se ontem as experiências com o novo vapor que a Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial adquiriu na Alemanha para fazer carreiras diárias e regulares entre Lisboa e Alcochete [...]» sic.
Eu estou em condições de afirmar que dois dos directores da Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial foram D. João Pereira Coutinho e Francisco Ramos da Costa.
«Se estou a fitar o Tejo
-E não deixo de o fitar-
É porque sinto o desejo
De ver se um dia vejo
Nosso menino a voltar».
António Rei in Poemas de um Mareante (CMA, 1988)

O «Menino II» (imagem dos anos 40, ao que suponho) e
a sua lanterna de navegação de bombordo
conservada em colecção particular em Alcochete.




















19 novembro 2008

Municipalismo de outrora (5): moção sobre baldios

Armações (hoje inexistentes) para secagem de bacalhau na Praia dos Moinhos.
Antes da construção desta seca o terreno era baldio municipal.



Depreende-se do artigo anterior sobre este tema que, a partir de finais da década de 1930, se intensifica a venda de baldios municipais em Alcochete, que normalmente iam a hasta pública a $50 por metro quadrado, embora com polémicas excepções, como foi o caso, entre outros, do terreno da primeira seca de bacalhau (situada atrás do fórum cultural).

Interessante peça política é a moção que o então presidente da câmara, Francisco Leite da Cunha, dita para a acta da sessão de 1 de Agosto de 1941, na qual são apresentadas as propostas de compra de baldios nos Moinhos da Praia (hoje Praia dos Moinhos) e nas Hortas, moção reveladora de preocupações e de perspectivas acerca do desenvolvimento do concelho na época.
Transcrevo integralmente essa moção, aprovada por unanimidade, recordando ser da autoria de alguém que, além de chefe da edilidade durante muitos anos, foi professor do ensino primário e pessoa com uma cultura acima da média para a época:
"Nada menos de três requerimentos, apresentados por outras tantas entidades, são hoje patentes à apreciação da câmara.
"Os baldios constituem parte integrante do património municipal e, ano a ano, vários requerimentos são submetidos à sanção e despacho da câmara e todos têm obtido deferimento.
"É, porém, fora de toda a dúvida que, quer pela extensão dos terrenos cuja compra se pretende, quer pela finalidade a que os destinam os requerentes, claramente indicada nos requerimentos de cada um deles, não deve a câmara cingir-se às normas em uso em casos análogos, visto que a operação a realizar transcende em muito e sob todos os aspectos, tudo quanto até hoje de semelhante se tem efectuado.
"Conclui-se facilmente de um dos requerimentos que a finalidade do requerente não é outra que não seja assegurar o futuro e possivelmente maior incremento da indústria que já explora [secagem de bacalhau]; da apreciação dos dois outros requerimentos [para indústrias de cerâmica e de cortiça] igualmente se verifica que existe o desejo de proceder à montagem e instalação de estabelecimentos industriais, sem qualquer relação ou afinidade com outra indústria já existente e também absolutamente díspares entre si mas de cuja actividade e acção futura são de esperar os mais benéficos e lisongeiros reflexos na vida do concelho.
"Se cotejarmos o desenvolvimento e progresso dos concelhos da margem sul do Tejo, vizinhos deste de Alcochete, com o marasmo e estagnação de vida do nosso, impõe-se como verdade axiomática a afirmação de que o próspero desenvolvimento daqueles constitue função do seu desenvolvimento industrial, do qual Alcochete não aproveitou por razões bem sabidas e conhecidas.
"A margem sul do Tejo era a região ideal para a laboração e transformação de todas as matérias primas produzidas pela rica província do Alentejo, desde o momento que entre eles se estabelecesse um sistema rápido, barato e cómodo de comunicações. Uma vez que ele se estabeleceu, era fatal assistir-se à industrialização de toda a margem sul, movimento esse de que Alcochete não beneficiou exactamente porque essas comunicações se não estenderam até cá.
"Nesta conformidade, continuou o concelho de Alcochete quase limitado às suas tradicionais fontes de vida: cultura das terras, a lavra das salinas e o tráfego do rio.
"Destas três fontes de vida, o desenvolvimento da última constitue função do grande florescimento ou decadência das duas primeiras, tão intimamente lhes está subordinada.
"Ora, não é segredo para ninguém o quanto, mercê de circunstâncias de ordem vária, a agricultura tem decaído no concelho. A apreciação das determinantes deste fenómeno alarmante, e de todas as suas graves consequências, levar-nos-ia muito longe; basta, por isso, que digamos que os consideramos como fatais e irremediáveis, exactamente porque os conhecemos e temos estudado.
"Resta, pois, considerarmos como factor económico de valor a lavra das salinas.
"É todavia justo que vejamos que não podemos julgar como elemento de influência num ulterior progresso e desenvolvimento concelhio, a sua exploração.
"Não nos resta dúvida alguma que qualquer modificação no ritmo da mesma se viria projectar perigosamente na já precária vida económica do concelho, mas isso constituiria apenas o agravamento daquilo que está já mau e que passaria então a estar péssimo.
"Sendo assim, parece-nos ser de justiça considerar tal género de actividade unicamente factor imprescindível de estabilidade económica concelhia, o que já não é pouco, isto a menos que o sal não venha a constituir num futuro próximo factor de prosperidade, pelo seu aproveitamento como matéria prima, à semelhança do que já acontece noutros pontos. Esboçada assim a traços largos a situação das três principais fontes de vida do concelho e não podendo tomar em consideração qualquer das outras actividades, que nele se exercem pelo carácter transitório e aleatório que a todos informa – excepção feita talvez da construção naval, que se está tornando progressiva e florescente – a câmara reconhece como sendo uma necessidade vital o estabelecimento de indústrias na área do concelho.
"Assim, proponho:
"1.º - A câmara acolhe com prazer todas as tentativas tendentes a montar indústrias no concelho, ou que visem o desenvolvimento das que nele são já existentes;
"2.º - A câmara reconhece o dever que se lhe impõe de estimular e auxiliar todas as iniciativas deste género e nestes termos:
"Considerando que à câmara foi requerida, pelas firmas Cerâmica de Alcochete, Indústria de Cortiça e Bacalhau de Portugal, a venda em hasta pública de três porções de terreno baldio que se destinam respectivamente a assegurar a continuidade da indústria que já exercem, a montagem de uma fábrica de cortiça e a montagem de uma seca de bacalhau;
"Considerando que à câmara não pode deixar de merecer o maior, mais justo e legítimo interesse a finalidade a que se destinam os terrenos cuja venda lhe é requerida;
"Considerando que nos termos do preâmbulo desta moçõa, dos seus números 1.º e 2.º e dos anteriores considerandos, não é de admitir o critério que a câmara tem adoptado em todas as outras vendas de baldios que formam parte do património municipal, mas que salvaguardando os seus justos direitos, dos anteriores adquirentes de outras porções de baldios municipais e dos proprietários confinantes com os baldios cuja venda ora lhe é solicitada, a câmara resolve despachar favoravelmente todos os requerimentos, fixando em $25 o preço base de licitação de cada metro quadrado dos terrenos a pôr em hasta pública".


Ler artigo anterior

Este livro (Nunes, Luís Santos, Glória a Deus e Louvores a Nossa Senhora, Adastra, Lisboa, 1959) recebi-o eu da mão do próprio autor.

Nesta obrinha de 100 páginas vê-se que Luís Santos Nunes está muito para lá do simples médico e discreto administrador do Concelho que a maioria das pessoas pensa que ele foi.

Na verdade, Luís Santos Nunes é um homem bem conhecido das mais altas esferas do mundo católico em Portugal.

O texto faz alusão a grandes figuras alcochetanas como o Dr. Luís Cebola, o Dr. José Grilo Evangelista, o Padre Cruz, etc.

Figura das maiores entre todos os grandes alcochetanos, o Dr. Luís Santos Nunes foi homem de ciência e fé.

18 novembro 2008

Um documento jurídico de 1923


Neste texto de importância ímpar aparecem nomes célebres da História de Alcochete como Estêvão Augusto d'Oliveira, senhor de Pancas; D. João Pereira Coutinho, inimigo figadal daquele; o tenebroso Padre Tobias; o administrador do Concelho António Luiz Nunes; o sapateiro Leopoldo Veludo, etc., enfim, um friso inesgotável.
Considero o texto inestimável e digno da melhor biblioteca de um povo.
Quando tiver mais alguma disponibilidade, partilharei com os interessados as preciosas informações deste documento sobre a vida dos alcochetanos no fim do séc. XIX, princípios do seguinte.
Por hora, só pode ficar a promessa.

Concurso popular de poesia e prosa


Nas comemorações do 111º aniversário da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 que, como é tradição, ocorrerão em simultâneo com as comemorações da Restauração do Concelho de Alcochete, a Direcção abre um Concurso Popular de Poesia ou Prosa cujos trabalhos deverão ser entregues até 10 de Janeiro de 2009.
Os interessados que queiram participar neste concurso deverão abordar como leque do seu trabalho o historial dignificante da Sociedade Imparcial e da sua Banda ao longo do tempo.
Se o concorrente optar por um poema, este deverá conter no máximo cinco estrofes; se optar pelo trabalho em prosa, preencherá no máximo duas folhas A4 escritas em computador.
A criatividade e a mensagem inerentes às composições serão avaliadas por um júri idóneo, constituído por três elementos.
As produções literárias eleitas, uma em poesia e outra em prosa, serão apresentadas no Concerto de Aniversário a realizar no Fórum Cultural de Alcochete, dia 01 de Fevereiro de 2009, pelas 17H30, sendo os autores vencedores distinguidos com um prémio simbólico.
Os trabalhos devem ser datados e identificados com o nome do autor, podendo ser enviados por e-mail sia.banda@gmail.com - Fax 210873046 - carta para Rua Comendador Estêvão de Oliveira, 31 - 2890-046, Alcochete.

Parabéns Praia dos Moinhos

É verdade, o Praia dos Moinhos comemora o seu terceiro aniversário!
Foi certamente preciso uma assinalável dose de coragem para fundar este Blogue que talvez nem o seu próprio fundador imaginaria chegaria tão longe.
Ao fim de três anos de vida , o Praia dos Moinhos é uma realidade bem presente no quotidiano alcochetano . Existe e vai crescendo, o que me dá imenso prazer, não tanto pela existência em si, antes sim por saber que é um espaço procurado por todos os que pretendem saber e conhecer mais de Alcochete com verdade e transparência , doa a quem doer.

17 novembro 2008

QUESTÃO DE PRINCÍPIO

Como primeiro artigo que faço para o blog” Praia dos Moinhos”, para além de felicitar o seu mentor, Fonseca Bastos, pelo 3º Aniversário deste blog, sinto-me na obrigação de lhe dedicar algumas palavras.
Da frequente leitura que faço dos seus artigos e das esporádicas conversas e troca de opiniões que tive o privilégio de travar, reconheço que não estamos certamente no mesmo quadrante político/ideológico, o que pouco importa, pois estou convicto de que ambos, temos similares anseios e objectivos: somos democratas, defendemos uma democracia participada, com oportunidades e direitos iguais, uma maior distribuição da riqueza, mais justiça e bem estar social, humildade nos actos, lealdade e honra nos compromissos assumidos.
Veio este artigo a propósito de notícias que li na imprensa, já há algum tempo, sobre o General Ramalho Eanes. Segundo essas fontes, o General Eanes teria recorrido à justiça contra o Estado, por discordância de interpretação de não poder acumular a sua pensão de reforma com a de ex-presidente da república. Ganhou a causa da acumulação das pensões e foram-lhe concedidos os retroactivos, o que perfazia um total de cerca de um milhão e trezentos mil euros. De acordo com a notícia, o General Eanes abdicou de receber os retroactivos.
Estou certo que algumas pessoas, ao lerem esta notícia, se hão-de interrogar:
- Já deve ser suficientemente rico para abdicar desse valor;
- Não recebe esse dinheiro porque não precisa;
- Deve ter qualquer coisa na manga;
- É capaz de ter outros negócios;
Não se trata de uma crítica a quem possa fazer estas interrogações, antes pelo contrário, se calhar até têm razões para pensar assim. Quando nós assistimos, no dia a dia, que os “espertos” são os que se safam, que os gestores públicos, privados ou responsáveis políticos com cobertura mediática, que deveriam ser o exemplo de honestidade e solidariedade, deambulam pelas “passarelles”da família do poder instalado, como modelos draculianos, disfarçados em ninfas, rumo aos lugares cimeiros dos honorários e benesses, auferindo regalias anuais, que um simples mas qualificado técnico não consegue durante toda a sua vida de trabalho. Isto tem acontecido num país que ainda não se libertou das dificuldades económicas, onde persiste o desemprego, alguma fome e miséria visível ou encapotada.
Não tenho relações próximas com o General Ramalho Eanes, mas conheço o seu perfil, o seu carácter e a sua personalidade, por isso essa atitude não é surpresa para mim. É uma “questão de princípio” e os “Princípios” não se discutem.
Penso que para muita “gentinha”, atitudes destas deveriam servir como “exemplo”.

E vão três!




«Praia dos Moinhos» entra hoje no quarto ano de existência e continua a crescer: tem mais autores e mais interessados no que aqui se escreve. Bons sinais de que a cidadania está viva.
A todos muito obrigado!

Acolheremos de bom grado novos autores que tenham aspirações e ideias sobre o concelho de Alcochete, comunguem ou não dos pontos de vista dos condóminos registados.

Não quero deixar de recomendar, a quem tenha alguns minutos livres, a leitura dos primeiros textos publicados neste blogue. Curiosamente, a maior parte continua actual.

16 novembro 2008

António Cruz


O alcochetano António Cruz é o maior pintor vivo de arte sacra em Portugal, mas espectacularmente, o Museu local de Arte Sacra não tem um único quadro deste nosso conterrâneo.
Como é que isto é possível?
É possível porque os homens são estúpidos.
Estúpidos e invejosos.
Desculpem-me os leitores deste blog, mas para viver a esperança de alguma mudança não há outra maneira de falar senão desta que falo.
A realidade é brutal e eu tenho que denunciá-la brutalmente.
Prefiro mil vezes não ser considerado doutor e estar do lado de António Cruz do que sê-lo à custa de silenciar esta e outras iniquidades.

Um poeminha de Leonor Matos


Nasceu podendo ser rico
Mas o seu bom coração
Só tinha amor à riqueza
Do poder da oração.

Quando via a dor e a fome
Lembrava sempre o Sacrário
Onde Jesus existia
Por ter subido o Calvário.

É no céu onde estará
Recebendo de certeza
A graça dos sacrifícios
Que em vida fez p'la pobreza.

Leonor Matos Ornelas in Breves Palavras Apenas

Ideias sobre a crise

Creio não existirem, localmente, excepcionais condições para evitar problemas destes, mas sempre haverá formas de tentar minimizá-los.
Uma delas seria as pessoas e empresas com necessidades pontuais de mão-de-obra publicitarem ofertas em local fixo e acessível à maioria.
É um trabalho a que, por exemplo, as juntas de freguesia poderiam dedicar-se, em painéis publicitários adjacentes às respectivas sedes.
A centralização da procura e oferta num sítio na Internet também me parece útil.
Tal iniciativa deveria ainda envolver uma bolsa de oportunidades de negócio para pequenas e médias empresas, as quais asseguram a maior parte do emprego.
Convém agir depressa porque, tanto quanto prevêem muitos analistas económicos, estaremos apenas no início de um ciclo negativo de consequências devastadoras, principalmente para as famílias de fracos recursos.
Estou disponível para cooperar no que for possível, mas sempre fora do âmbito partidário.
Venham mais ideias, por favor!

Se, em devido em tempo, ao invés de privilegiar a construção de habitação se tivesse optado, previamente, pela criação de condições para a fixação de indústria ligeira, de produtores de novas tecnologias e de sedes empresariais, não existiriam muitos dos actuais problemas de infra-estruturas e de fragilidades económicas e sociais.
Mas como, sobretudo desde 1995/1996, se fez o oposto do sucedido nas décadas de 50 e 60 – quando surgiram várias indústrias que deram emprego à maioria – hoje parece-me urgente plenear o futuro em bases mais sólidas.
Não vejo outra saída que não seja travar o aumento populacional e dar prioridade ao bem-estar dos actuais residentes, o que jamais se conseguirá se continuar a ocupação de solos com grandes armazéns.

O Clown


O Clown será alcochetano ou não, mas elemento pertencente à família dos Atalaias de Alcochete é certamente.
Deveremos estar na primeira metade do séc. XX, o mais tardar meados.
Não disponho de grandes informações sobre esta simpática figura que seria bem conhecida da Lisboa do seu tempo.
Seria bom que alguém que dispusesse de informações a respeito as partilhasse com todos a favor da construção de um património histórico e cultural que é comum.
Segundo informação do sr. Alfredo Canário, tomámos conhecimento de uma quadra de Henrique Atalaya.
«Alcochete tem seus desdoiros,
Mas este tem certa graça:
Tem praça, faltam os toiros
E onde há toiros, não há praça».
Os versos do nosso clown aludem a uma época de carestia em Alcochete que tinha a praça de toiros que hoje tem, mas não dava corridas por não poder chegar aos toiros. Por sua vez, a Aldeia Galega (Montijo) conseguia os toiros que eram corridos em praça improvisada.

Os Barris


Todos conhecem os Barris.

Vede um pouco o que foi toda esta zona.

Ao fundo o depósito da água, construído em 1946.

Um pouco para lá do depósito era a casa da minha tia do campo.

À direita, lembro-me das sementeiras de trigo.

O Terreiro


O terreiro dos antigos começou por ser o Largo Miguel Bombarda, mudando mais tarde de nome a favor de António dos Santos Jorge.

Fosse como fosse, este espaço tem sido palco de factos apreciáveis da nossa história: o primeiro edifício que se vê foi sede da Sociedade durante décadas. Hoje está lá a comissão política do PCP local.

No edifício do fundo, outrora dos Nunes, está hoje instalada a Sociedade. No rés-do-chão funcionou a primeira cooperativa de consumo em Alcochete depois do 25 de Abril.

Claro que estou a falar muito superficialmente. O que está por baixo das poucas informações que dei é só tragédia que já não lembra à maioria, julgando a minoria espertalhaça que o que lá vai não vem.

Mas não é essa a lição que me dá a dialéctica!

15 novembro 2008

O Rato


Estamos na primeira metade ou, o mais tardar, a meio do séc. XX em Alcochete (actual Avenida 5 de Outubro).

Para mim e muitos alcochetanos sempre foi e é o Rato sem mais conversa.

A pipa, o homem montado no burro, as carroças, etc., são testemunhos de um concelho bem rural.

Um sonetilho de Germano Carvalheda


Parabéns e saudações
Para a minha Leonor,
Rainha dos corações,
Minha estrela, meu amor.

Felicito alegremente
Meu amor, minha alegria
Que a desejo eternamente
Para a minha companhia.

Ó minha doce amizade,
Quero a tua f'licidade
E venturas só desejo,

E nesta fraca lembrança
Vai minha alma, minha esp'rança
Com o perfume de um beijo.

O campino, o forcado e o salineiro


De cima desse cavalo
Soberbo
És o rei da lezíria
E a imponência do teu busto
Erguido sobre a planície
Olha os confins da terra
E sonha correrias para lá dos horizontes.
+++
Ser homem homem
É desafiar a dor
E rosto alto
Peito largo
Passo firme
Marcha adiante.
+++
Vens d'eras perdidas
E foste gigante tisnado pelo sol
Em séculos de silêncio ergueste montanhas
Brancas a teus pés gretados pelo sal.
+++
Marafuga, João, Antologia de Poetas Alcochetanos, CMA, I vol., 1989.

Nota sobre comentários

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14 novembro 2008

O momento de lucidez democrática do Camarada Assobiador


O camarada Jorge Giro voltou à carga de assobios «estridentes» no Jornal de Alcochete , para reiterar que a expelição das suas ventilosidades orais fez «dói-dói» aos responsáveis da concelhia do PSD, por , e citando , «aparentemente serem os únicos contentes, pelo facto das diversas candidaturas da Câmara Municipal terem sido politicamente rejeitadas em sede do PIDDAC e do QREN.»
Ora cá está uma achega decisiva ao conceito de democracia do camarada Giro.
Para o camarada em questão , como bom comunista que afirma ser , os interesses do concelho devem ser partidarizados , ou seja quem critica o PC está também contra os interesses do concelho.
Ao exercermos o nosso direito à oposição arvoramo-nos em inimigos do «regime» , em inimigos de Alcochete , ou naquilo de que eram qualificados os opositores do regime durante as purgas estalinistas - «elementos socialmente estranhos».
Na verdade , só assim se compreende esta confusão intencional entre a critica que foi dirigida à autarquia e ao PC local e a fabricação pelo camarada Giro , fabricação tipicamente estalinista , de que quem critica é sabotador , por querer o prejuízo do concelho e apreciar o facto do concelho ter sido lesado pela reprovação das candidaturas camarárias ao PIDDAC e ao QREN.
Para o camarada Giro , aparentemente embuído do mais ortodoxo e puro comunismo à moda norte-coreana do Partido-Estado, a autarquia confunde-se com o PC , logo quem critica o PC está contra os interesses da autarquia. É o regime do Partido-Autarquia proposto pelo camarada Giro.
Segundo o camarada Giro a autarquia são eles PC e quem está contra eles está contra a autarquia. O partido e a autarquia confundem-se na cabeça do camarada Giro como bom aprendiz de militante comunista à moda da antiga URSS e da actual Coreia do Norte.
Esta é pois a visão da democracia segundo o camarada Giro , visão que impõe um apelo às origens desta forma de pensar a democracia que remonta às conclusões do X Congresso do Partido Bolchevique realizado de 8 a 16 de Março de 1921 na ex URSS.
No segundo dia de trabalhos desse Congresso Lenine afirmou: «Camaradas , nós não temos necessidade de oposição. De hoje em diante nada de oposição. Em minha opinião é preciso que o Congresso chegue à conclusão de que é tempo de por fim à oposição , de correr uma cortina sobre ela; estamos fartos de oposição.»

Portanto , ser contra o PC é ser contra o Estado. Neste caso concreto ser contra o PC de Alcochete é estar contra o concelho de Alcochete.
Paradoxalmente , e no meio desta verdadeira manifestação de ortodoxia comunista , o camarada Giro tem um estranho laivo de lucidez política.
Assume por completo a incapacidade e a impotência do PC e do actual executivo camarário para gerir os destinos do Concelho.
Escreve o camarada no Jornal de Alcochete:«Lamentavelmente, em 2009 Alcochete volta a ser o concelho que menos dinheiro recebe através das transferências do Estado. Condicionando claramente o desenvolvimento sustentado do nosso Município. Assim, não dá!»
O Camarada Giro afirmou : «ASSIM NÃO DÁ» , ou seja A CÂMARA NADA MAIS PODE FAZER , O PARTIDO NADA PODE FAZER.
Para qualquer munícipe a inesperada confissão do camarada Giro sobre a impotência comunista para governar Alcochete impõe que não se vote em quem assume nada mais poder fazer.
Muito bem camarada Giro , eis o exemplo típico de lucidez democrática que no tempo da ex URSS lhe teria custado uma boa temporada num Gulag da Sibéria acusado de «sabotagem» contra os interesses do Partido e portanto do Estado.
Felizmente que o camarada Giro não nasceu e viveu no local errado , no tempo errado…



Já agora , é verdade ou mero boato o que alguns funcionários camarários deixaram escapar , que alguns dos projectos apresentados pela Câmara Municipal aos fundos do PIDDAC e do QREN foram reprovados porque foram entregues fora do prazo?

Aos sócios do Aposento e aos alcochetanos (2)

Pede-me Fernando Pinto, presidente cessante da Direcção do Aposento do Barrete Verde, a publicação da seguinte mensagem:

"Em continuação da última Assembleia Geral Ordinária do Aposento do Barrete Verde de Alcochete, realizada no passado dia 31 de Outubro, realiza-se nesta sexta-feira (14/11/2008), pelas 20.30 horas, mais uma sessão com o objectivo de se elegerem os Órgãos Directivos e Consultivos para o Biénio 2008-2010.
"Agradecemos a presença do maior número de associados, o Aposento merece e Alcochete também.
"Por Alcochete"

13 novembro 2008

Encontro mensal para debate de ideias (2)

Decorrente de uma ideia/proposta que surgiu neste blog, vai realizar-se uma sessão presencial no próximo dia 28 de Novembro para um debate sobre tema relativo a Alcochete.
Posteriormente serão dadas informações sobre o tema a discutir, pois está condicionado pela resposta positiva de técnico convidado a participar.

1. OBJECTIVO:
Debate de ideias e temas relativos a Alcochete.
[Se possível] elaborar um documento com as ideias/propostas decorrentes da sessão e enviar para as entidades com poder de decisão/execução.

2. ÂMBITO:
Aberto a todos os munícipes

3. PONTO DE ENCONTRO:
Junta de Freguesia de Alcochete

4. PERIODICIDADE:
Última Sexta-feira de cada mês das 21:00 às 23:00

Paulo Benito

11 novembro 2008

Três quadrinhas de Amélia Carvalheda


Que lindo é o Rossio
Em noites de lua cheia
A reflectir no rio
Quando está a maré cheia.

Hoje estou aborrecida
Vem comigo passear
Como o Rossio é bonito
Nestas noites de luar.

Gosto muito d'Alcochete
Nestas noites de luar
Vem ao Rossio comigo
Vamos as duas passear.

NOTA - Amélia Carvalheda nasceu em Alcochete em 1914 e faleceu na sua terra em 2007.

Municipalismo de outrora (4): baldios a preço de saldo

Baldio vendido pelo município, em 1941, à razão de $30 por metro quadrado,
no terreno desta antiga seca de bacalhau surgirá em breve um empreendimento turístico
.


Primeiro texto desta série.
Segundo texto
Terceiro texto

Tal como hoje sucede com a Assembleia Municipal, antes de 1974 o órgão deliberativo dos municípios era o Conselho Municipal, ao qual competia a ratificação da maioria das decisões do executivo camarário. Numa leitura cruzada a duas ou três actas desse órgão, respeitantes à década de 1940, depreendo representarem outro valioso e talvez mais esclarecedor manancial de informação municipal do passado.

Entre outras funções, o Conselho Municipal emitia pareceres sobre a venda de baldios camarários em hasta pública, os quais – segundo legislação então vigente – podiam ser alienados se inaproveitados há mais de 10 anos, independentemente do respectivo valor agrícola.
Em 1938, um baldio com 828m2, sito nos Barris (à entrada da estrada da Atalaia, na freguesia de Alcochete), foi colocado em hasta pública com uma base de licitação de $50 por metro quadrado, preço na época comum em todos os baldios municipais. Mas não em todos, como se verá adiante.
A câmara também investia na florestação de baldios por si administrados. Numa acta de Abril de 1939 é autorizado o pagamento de 66$00 a António Campos Peralta, que vendera 22 varas de eucalipto para serviço de arborização de baldios.
Em Outubro de 1939 a câmara decide cobrar 10$00 anuais pelo arrendamento de um pequeno baldio no Moinho da Praia. Em Outubro do ano seguinte, a outro baldio situado na mesma zona é fixado o arrendamento anual de 50$00.
Depreende-se das actas que, em meados de 1940, a câmara seria proprietária de baldios nos Barris, nos Moinhos da Praia (área actualmente denominada Praia dos Moinhos) e no sítio das Hortas.
Sobre baldios há uma referência interessante na acta da sessão de 1 de Agosto de 1941, elucidativa de que principiava a era da industrialização de Alcochete.
Na sessão deferem-se requerimentos das primeiras empresas industriais interessadas em adquirir terrenos para a sua instalação e o chefe da edilidade, Francisco Leite da Cunha, dita para a acta uma longa e esclarecedora moção, que permite depreender das suas preocupações sobre o desenvolvimento do concelho.
No primeiro requerimento mencionado, a firma Bacalhau de Portugal, Ld.ª, com sede em Lisboa, pede que seja posta em praça para alienação uma porção de terreno baldio sito nos Moinhos da Praia (actual Praia dos Moinhos), com a área aproximada de 40 000m2, com a base de licitação de $25 por metro quadrado (trata-se do terreno da seca de bacalhau situada atrás do Fórum Cultural e a Poente do restaurante O Arrastão).
Nos mesmos termos é decidido deferir um requerimento da Cerâmica de Alcochete, Ld.ª, pedindo que seja posto em praça para alienação outro terreno baldio sito nos mesmos Moinhos da Praia, com a área aproximada de 2 735m2.
É ainda deferido um terceiro requerimento da firma Indústria de Cortiça, Ld.ª, com sede na vila, pedindo que seja posta em praça para alienação uma porção de terreno baldio sito nas Hortas, com a área aproximada de 8 000m2, com a base de licitação de $25 por metro quadrado.
Os dois primeiros terrenos são adjacentes e perduram, há décadas, dúvidas e boatos acerca dos mesmos, porque os baldios normalmente iam a hasta pública a $50/m2 mas os três referidos foram alienados por valor muito inferior. Embora a fundamentação da venda a preço de saldo conste da acta e pareçam atendíveis as razões, dadas as dificuldades de desenvolvimento do concelho na época, entre os mais antigos alcochetanos ainda hoje persistem algumas interrogações. O caso terá voltado novamente à baila pouco depois da revolução do 25 de Abril.
Na página 31 do livro de actas municipais n.º 32, deparei com um pedaço de folha de agenda do dia 21 de Fevereiro de 1975 – um período politicamente conturbado – marcando a página que contém o assento da alienação definitiva dos terrenos a $30/m2. Esse assento foi redigido duas sessões após a recepção das propostas, não pelo secretário da câmara porque a caligrafia é diferente.
Consultei a escritura da venda do terreno dos Moinhos da Praia e nela figura como outorgante, em representação da adquirente, o proprietário e industrial Alberto da Cunha e Silva, residente na vila, que assina na qualidade de sócio-gerente da Bacalhau de Portugal, Ld.ª. Trata-se de pessoa que detinha um terreno adjacente, confrontando a Sul com aquele que a câmara venderia por 17 576$70 (valor equivalente a 5% do seu orçamento anual na época).
Fica por explicar a divergência de áreas: no requerimento dirigido à câmara, a Bacalhau de Portugal menciona a avaliação de 40 000 metros quadrados, mas na escritura estão indicados 58 589m2. No original da escritura, arquivado na câmara, há vários sublinhados a lápis.
Para adensar o mistério, pouco mais de um mês após a celebração da escritura o gerente da Bacalhau de Portugal é guindado à presidência da câmara, em substituição de Francisco Leite da Cunha. O mandato de Alberto da Cunha e Silva seria breve e, como veremos mais tarde, após a sua saída a vereação recusar-se-ia a pagar uma baixada eléctrica, facturada à câmara apesar da instalação respeitar à Bacalhau de Portugal.


Ler artigo anterior

09 novembro 2008

Maciel (3)


Eu persigo este Maciel e ele a mim.

Estaremos a olhar para o auto-retrato desta figura enigmática?

Pois...não sei!

No entanto, há qualquer coisa de muito fino no traço deste artista.

Quanto de bom se perde por indiferença dos homens.

Se a nossa preocupação fosse promover o outro, estaríamos todos mais ricos, sem que eu agora andasse aqui atrás de tantos Maciéis esquecidos da nossa cultura.

Mas quando devotamos o outro ao esquecimento, também compramos o bilhete para que se esqueçam de nós.

A família Carvalheda



À frente, da esquerda para a direita: a Amélia, a Teodora, esposa de Avelino que está imediatamente a seguir, a Zezinha entre os joelhos do pai, o Avelino Júnior (o menino de pé) e finalmente o Germano, letrista bem conhecido nos meios fadistas de Lisboa.

Atrás pela mesma ordem: a Mariana seguida de duas primas da família.

Hoje só resta a memória, mas esta gente foi do tamanho do mundo.

Avelino Rato (1871-1934)


Este senhor é Avelino Carvalheda, mais conhecido em Alcochete por Avelino Rato.

Negociava em vinhos (primeira metade do séc. XX), sendo proprietário de várias tabernas em Lisboa.

Era muito estimado e respeitado em Alcochete por onde tinha casas e propriedades um pouco espalhadas por toda a freguesia.

Ninguém em vão lhe estendia a mão, a todos dando com prejuízo do próprio património.

O que o lançou por terra foi a doença da filha mais nova, a Zezinha, que o obrigou a gastar uma fortuna colossal para a salvar sem que lograsse êxito.

O poeta Germano Carvalheda


Germano José Carvalheda nasceu em Alcochete a 7 de Agosto de 1901, foi Agente Técnico de Engenharia Civil pelo antigo Instituto Industrial de Lisboa e morreu a 13 de Julho de 1935 (ano também da morte de Fernando Pessoa), vítima duma tuberculose na laringe.

Em Marafuga, João, Antologia de Poetas Alcochetanos, II Vol., CMA, 1989, poder-se-ão ler alguns dos poemas do Germano.