31 março 2012

Tremenda contradição

Depois que moro na vila, tenho frequentado mais assiduamente a Igreja. Ora eu nasci em Alcochete e cá tenho vivido há 62 anos que é a minha idade. Quero com isto dizer que admito sem custo que boa parte das pessoas que assistem à celebração da missa e recebem os sacramentos votam comunista e socialista.
-Ó Marafuga, não te metas nisso! Olha que não é politicamente correcto!
-Meto-me, sim, porque penso que se eu fosse politicamente correcto seria um criminoso.
-E não tens medo?
-Tenho medo de quem me pergunta se tenho medo.
Vamos à vaca fria. A base dos partidos comunistas e socialistas é o marxismo, uma ideologia ateia. Mas o marxismo não é só ateu. Com efeito, há muitos ateus que negam Deus, mas mantêm o sentimento religioso. O marxismo, além de negador de Deus, quer destruir no ser humano o sentimento religioso. Mas se tu cortas a religação (religião pertence ao tema desta palavra) entre ti e Algo maior do que tu por cima de ti, destróis o teu próprio intelecto, ou seja, destróis-te a ti próprio.
Em toda esta conformidade, a minha pergunta é a seguinte: como um cristão e católico pode afirmar Deus por um lado e, por outro, fazer coisas, quais sejam dar o voto a comunistas e socialistas, que levam ao desaparecimento da ideia de Deus?
Essas pessoas, com ou sem consciência sobre a matéria em foco, vivem objectivamente em tremenda contradição, o que as precipita numa psicopatologia destruidora do pneuma, isto é, da vida espiritual. E não é isto o que se pretende?

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