Em Giddens, Anthony, Sociologia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2000, poderemos ver que género «...diz respeito às diferenças culturais entre homens e mulheres». Eis por que as feministas tentam por todos os meios esbater essas diferenças, desestabilizando o género.
Se assim é, como perceber a expressão "igualdade de género" utilizada mil vezes pela Câmara de Alcochete? Aparentemente, estamos perante uma contradição porque não se perceberia que as feministas desestabilizem o género e a Câmara o pretenda igualar.
Bom, a Câmara não está a incorrer em erro. Mas já tenho sérias dúvidas que alguém lá seja capaz de explicar à população o que é macaqueado a partir de tenebrosos centros ideológicos. Eu sei o que estou a dizer e por que o estou a dizer.
As feministas opõem-se tenazmente que haja um modo de educar meninos e outro de educar meninas; que as roupinhas dos meninos sejam diferentes das roupinhas das meninas; que os brinquedos para meninos sejam diferentes dos brinquedos para meninas, etc. Nesta conformidade, as feministas não só são adeptas da destruição do binarismo como também são adeptas da igualdade de valor para cada género, no fundo, para cada sexo. (Diga-se, de passagem, que a categoria de sexo ganharia em muitos pontos à de género, o que poderá ser assunto de outro texto).
Ora, por exemplo, o trabalho é um valor. Não querem as feministas que haja trabalhos só para homens e outros só para mulheres. Aqui eu estou de acordo, percebendo-se agora o que significa igualdade de género. O problema é que esta Câmara que ainda temos desmancha-se a sí própria. Então vejamos: dantes as mulheres só varriam em privado, quero dizer, só varriam a casa delas; agora, como promoção, foi-lhes cedido, para varrer, o espaço público...onde já não se vê homens.
As feministas podem desestabilizar o género, o que não quer dizer, forçosamente, que desapareça o poder patriarcal. Este organiza os espaços e está por cima dos sistemas de género.
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