25 março 2012

A categoria de género (9)

Do nome género reclama-se a Biologia, a Gramática, as Artes Plásticas, a Lógica, a Literatura, etc., etc., etc.
Género é então uma palavra homónima que tem pronúncia e grafia iguais às de outra, mas sentido diferente. (ex.: canto 'da sala' e canto 'do rouxinol').
Nesta conformidade eu pergunto: o "género" como conceito que se pretende científico dos Gender Studies não se prestará a equívocos a que forçosamente a linguagem o levará? É evidente que sim porque «na linguagem existem nomes que, sendo os mesmos e, portanto, não diferenciáveis ao nível linguístico, se referem a coisas diversas» (António Monteiro:2002).
Um conceito científico tem como verdadeiro objecto a estrutura do real, servindo-se para isso da linguagem, mas também evadindo-se desta mediadora. Ora eu receio que o género das feministas se fique pelas coisas que se dizem, a mirar as coisas que existem.
Nesta conformidade, eu penso que a categoria de sexo nos ajudaria a frear a estrutura da linguagem porque assim seria mais fácil dar a definição do referido (o concreto) sem as ambiguidades do referente (a representação).
Qualquer pessoa atenta vê que me tenho estado a basear em Aristóteles, mas Kant, filósofo que detesto, diz isto sobre o imperatico categórico: «age segundo máximas que possam ao mesmo tempo ter-se a si mesmas por objecto como leis universais da natureza». Será que o filósofo iluminista me desse razão quando defendo a categoria feminista de sexo em desfavor da de género?
Mas a categoria de sexo acabará por prestar os mesmos serviços às mulheres que a de género se não se voltar contra o poder patriarcal, omnipresente e verdadeiro flagelo das mulheres e de todos aqueles homens que recusam poisar as cardas sobre os semelhantes.

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