29 novembro 2008

Solidariedade, para variar

Não há Estado ou autarquia que, a nível nacional ou local, tenham capacidade para resolver problemas desta dimensão social. Podem sinalizar casos, coordenar acções e agitar consciências, mas pouco mais. A solidariedade intergeracional terá de fazer o resto, que é o principal.
Mas nem Estado nem autarquias fazem o suficiente e, consequentemente, os cidadãos alheiam-se da questão. Até ao dia em que o problema lhes bate à porta e passam de espectadores passivos a protagonistas. Tardiamente lembrar-se-ão de Santa Bárbara!

Noutro plano, quando leio coisas como esta fico perplexo por TODAS as instituições locais de solidariedade se preocuparem pouco ou nada em explicar às empresas que o mecenato social é majorado e descontado em IRC e que os contribuintes individuais com colecta de IRS podem, voluntariamente, doar 0,5% do imposto a liquidar ao Estado a instituições sociais da sua preferência. Basta indicarem o respectivo número fiscal na declaração anual.
Mas tente descobrir quantas instituições sociais alcochetanas têm essa informação facilmente acessível aos residentes! *
Já agora, acrescento que, há cerca de três anos, integrei um grupo de cidadãos que tentou criar uma fundação cuja finalidade era, entre outras coisas, coordenar meios e acções de mecenato social, cultural, artístico e educativo. A ideia não foi por diante devido a razões estritamente políticas, referidas neste blogue há pouco mais de um ano.
Conversando, frequentemente, com algumas dessas pessoas, sei que a maioria não desistiu da ideia. Apenas aguarda que no poder local haja gente com o discernimento suficiente para encarar iniciativas da sociedade civil como oportunidades e não ameaças.


* - Em 2006, no município de Alcochete foram cobrados 10.519.405€ em IRS. Meio por cento representa 52.597€ (ou 10.544.751$ em moeda antiga).
Receitas apreciáveis de que todas as instituições carecem e que os cidadãos podem canalizar directamente para seu benefício. Porém, segundo é do conhecimento público, apenas 1/4 dos contribuintes nacionais preenchem essa alínea na declaração de impostos.

7 comentários:

Paulo Benito disse...

Caro Fonseca Bastos,

Considero muito pertinente a questão que coloca. Considere desde já o meu apoio em qualquer iniciativa desse âmbito.

Paulo Benito

Fonseca Bastos disse...

Tomei boa nota. Antes, porém, será necessário dar tempo ao tempo.

Unknown disse...

Como novo residente do concelho, tive conhecimento deste blog através do Jornal de Alcochete, que desde já aproveito para felicitar, pois a qualidade que apresenta é digna desta felicitação.
Socorria-me até então do site da CMA e do site do Jornal de Alcochete e do site da VOZ de Alcochete, para obter informação sobre o concelho, passando agora também a visitar este blog.
Como cidadão activo e solidário, procuro sempre participar e contribuir para a melhoria da “minha terra” que agora é esta.
No âmbito da minha parte solidária, estive recentemente num jantar realizado no restaurante Alfoz a favor da CERCIMA e seguramente que irei estar no dia a favor da Cruz Vermelha local no próximo mês de Dezembro e divulgado na VOZ de Alcochete.
Não sei se habitualmente quem escreve neste blog é ou não leitor do Jornal de Alcochete e da VOZ de Alcochete, mas não encontrei nenhuma referência neste blog a esses dois actos de solidariedade, o que acho estranho, alguém pode explicar?
Relativamente a este artigo em concreto a pergunta que me ocorre é, o que tem uma fundação a ver com política?

Fonseca Bastos disse...

Esta resposta é estritamente pessoal e não compromete nenhum outro autor deste blogue.
Se ler o artigo de Outubro de 2007, acerca da fundação, compreenderá tudo.
Este blogue define-se como local de abordagem de "aspirações, ideias, comentários e debate sobre assuntos relacionados com o concelho de Alcochete" e não tem características informativas. O que aqui se publica resulta da iniciativa individual dos autores listados ao lado e, na ausência de qualquer referência oportuna, sou levado a supor que, em relação ao jantar a que alude, a nenhum terão sido explicados os objectivos nem pedida colaboração. Eu, pelo menos, não fui contactado.
Desconhecia a iniciativa relacionada com a Cruz Vermelha até ler a sua mensagem. Não encontrei rasto dela em parte alguma e irei investigar por outras vias. Não apenas por isso mas por algo mais grave que me deixou estupefacto.

Unknown disse...

Caro Sr. Fonseca Bastos,
Relativamente à sua sugestão para a leitura do artigo de Outubro de 2007, agradeço e irei fazê-lo, talvez assim compreenda a ligação.
Quanto ao afirmar que este blog não tem características informativas, cumpre-me dizer o seguinte:
1 – Se assim não é, julgo que também deveria sê-lo, pois num blog que fala sobre um concelho, informar sobre o mesmo nunca é demais (desculpe a minha intromissão).
2 – Olhando melhor para este blog, não me parece exactamente que o mesmo não tenha objectivos informativos, pois olhando com mais atenção para artigos de 23/11/2008 (encontro mensal para debate de ideias) e de 14/11/2008 (assembleia geral do Barrete Verde), eu não me atreveria a dizer que este blog não tem objectivos informativos.
Antes de ir ler o artigo que me recomendou, não queria deixar de dizer que a mim também não foram explicados os objectivos do jantar realizado a favor da CERCIMA, nem directamente solicitada a minha colaboração.
No entanto, senti que a minha colaboração estava a ser solicitada quando através do Jornal de Alcochete me senti “convocado” e parti do suposto que o objectivo era ajudar a instituição a melhorar o apoio prestado aos seus utentes.
Fica a minha curiosidade relativa ao seu último parágrafo, “…… mas por algo mais grave…”

Unknown disse...

Caro Sr. Fonseca Bastos,
Li o artigo recomendado e agora compreendo o porquê de se querer envolver políticos numa possível fundação.
Desculpe a minha opinião, mas o caminho é errado.
Acredito que talvez possam existir pessoas neste concelho capazes de concretizar um projecto de uma fundação sem qualquer envolvimento de políticos.

Fonseca Bastos disse...

Resposta telegráfica à questão 1: respeito a sua opinião, mas penso não ser ideia de ninguém ir por aí; questão 2: respeito a sua opinião, que não coincide com a minha.
Quanto à segunda mensagem, recomendo-lhe que releia melhor o texto em causa.