15 outubro 2010

O PSD e um “Novo Estado Social”

Recebemos do Sr. João Manuel Pinho o seguinte artigo de opinião:

"Ultimamente muito se tem falado, no âmbito do projecto de revisão da Constituição, que o PSD quer acabar com o Estado Social, diminuindo os apoios e as prestações a largas franjas da população que dela dependem.

Por outro lado, o Partido Socialista, como na sua prática de governação demonstra, apenas se tem preocupado em distribuir cada vez mais, sem regras nem controlo, asfixiando a população e agentes produtivos com cada vez mais encargos e impostos. Faz a apologia da continuidade do actual Estado Social, colocando em plano secundário a sua sustentabilidade e capacidade de garantir no futuro o apoio a quem dele precisa. Usa o Estado Social como uma bandeira para que as suas elites se vão perpetuando no poder.
Ora, o PSD, com o rigor e transparência que o caracteriza, com a sua politica de verdade, sabe bem que o País tem de arrepiar caminho e apenas com a introdução corajosa das reformas indispensáveis é que se torna possível a manutenção de um Estado Social, capaz de assegurar aos Portugueses uma qualidade de vidas decente e o exercício de uma cidadania com dignidade.
Assim, perante o que se vem assistido, trago a esta coluna uma breve reflexão sobre o Estado Social e as mudanças estratégicas que o PSD propõe para que aquele se constitua como um modelo equilibrado, apto para responder aos mais imperativos de um País mais solidário e socialmente mais justo.
O Estado Social da segunda metade do século XX representou um avanço assinalável sobre o Estado liberal do século XIX, mas a sua evolução demonstra que algumas decisões políticas não têm sido devidamente ponderadas.
O “Estado Providência” tornando-se no chapéu-de-chuva dos cidadãos, apoderou-se contudo da sua liberdade de escolha, condicionando-os e desresponsabilizando-os, enfraquecendo a cultura de rigor e exigência essenciais à vida em comunidade.
Perverteu a concorrência em que se alicerça a liberdade de escolha e o resultado de más decisões e estratégias, foi a criação de um Estado Social burocrático, excessivamente centralizador, frequentemente cativo de interesses corporativos e individuais que sentados à mesa do Orçamento de Estado se vão apropriando dos impostos que todos pagamos.
Atento a esta situação o PSD vem agora afirmar que precisamos de evoluir para um “Novo Estado Social”, um “Estado Garantia” em que a razão de ser passa por garantir a liberdade de escolha, a igualdade de oportunidades e o cumprimento do principio da subsidiariedade social, o qual visa responder supletivamente, de forma eficaz, sempre que as necessidades de pessoas e Instituições assim o imponham.
De forma sempre que o exercício de um determinado direito fundamental exigir a utilização de um mínimo de recursos públicos, o Estado deverá financiar a igualdade de oportunidades a quem não tem esse mínimo.
Queremos um Estado Social operativo, dinâmico e actuante, mas acreditamos que o futuro de Portugal depende do desenvolvimento das capacidades dos portugueses, na mobilização das suas energias, da qualidade da organização da nossa sociedade e instituições. Não da omnipresença do Estado.
Os decisores políticos só poderão responder ás preocupações sociais se existir riqueza para distribuir. E para criar mais riqueza é necessário um Estado que crie oportunidades, estimule a iniciativa, incentive o risco e não um “Estado Providência”, com uma visão paternalista sobre Portugal e os Portugueses. Os cidadãos deverão contribuir para a produção económica e promover o trabalho e o emprego, afastando-se todas as limitações decorrentes de impostos pesados, exigências burocráticas e normas restritivas. E quem não estiver disposto a colaborar neste caminho para a realização do bem-estar comum deve ser impedido de beneficiar da redistribuição da riqueza que a sociedade gera e põe à disposição do Estado.
São estes conceitos que marcam a diferença entre o PSD e os demais partidos e que agora se pretende que sejam aprofundados, plasmando-os depois no projecto de revisão constitucional a levar a cabo.
Durante muitos anos o PS reclamou para si a defesa das “causas sociais”, reivindicando uma sociedade mais ambiciosa e aberta. O resultado foi um aumento do peso do Estado na economia, o descontrolo das contas públicas, o desperdício generalizado e a deteorização dos serviços públicos. Com o PS verifica-se a defesa de interesses e não dos que menos têm. Criou-se um círculo vicioso de destruição de valor com a inevitável perda da qualidade de vida pelos Portugueses. Em suma, constitui-se um quase Estado anti-social, cujas consequências, contrariamente ao que pretendiam, foi um empobrecimento generalizado de muitos estratos sociais e uma permanente insatisfação da população face ao Estado Social que o PS defende e quer manter.
Por outro lado, na política económica, o PS já demonstrou À sociedade o que sabe fazer, assume encargos que não pode pagar, adia reformas indispensáveis para não ter de optar, tem dificuldade em liquidar compromissos. O PS sempre que está no poder aumenta a despesa pública e nunca revelou capacidade para promover as reformas estruturais necessárias à modernização do País. As suas políticas visam a conjuntura, fazendo apenas navegação à vista.
O PSD tem por tradição olhar para a frente!
Faz e apresenta claramente as suas opções: estabilidade económica e não a ilusão de benefícios sem custos; libertação da sociedade civil e pouco intervencionismo do Estado; responsabilidade na defesa de valores e objectivos comuns; intransigência com lóbis e grupos de interesses; incremento da livre iniciativa e, por fim mais qualificação e coesão social com menos dependência. Queremos transmitir aos Portugueses a noção de que somos competentes para executar as nossas propostas e gerir os programas adequados à nossa concretização. O PSD, tal como já demonstrou anteriormente, é capaz de inovar e reformar, mediante políticas apropriadas, vastos sectores da sociedade portuguesa, entre elas as áreas do chamado Estado Social como sejam a saúde, a educação e a segurança social, bastando apenas para isso que os portugueses aprendam as suas ideias e concepções, dando-lhe de seguida uma oportunidade para que o possa vir a provar.
Em conclusão, o País precisa de um Estado Social com futuro, diferente e melhor que o actual, isto é, precisa de um “Novo Estado Social” que o PSD levará em frente para bem dos Portugueses, quando chegar de novo ao poder."




João Manuel Carreiro Pinho
Vogal da Comissão Política Concelhia PSD/Alcochete.

14 comentários:

Sérgio Silva disse...

Grande Artigo de Opinião, cheio de perspicácia e acutilância, os meus sinceros parabéns pelo excelente trabalho.

Unknown disse...

Eis um texto bem escrito e carregado de justeza.

Pedro Giro disse...

Infelizmente está demonstrado que a Politica PS/PSD é a fundamental culpada do estado em que o nosso país se encontra no momento, com o passar dos anos têm-se completado um ao outro com mentiras e incompetência agrupada levando Portugal a uma situação actual de “Bancarrota” e endividamento sem precedentes. Portugal precisa de uma política justa a favor da produção e de seriedade e esta última estes dois partidos nunca nos vão conceber. Como se não bastasse ainda vem o “ Dr. Marcelo Ribeiro de Sousa” na TV pronunciar que todos somos culpados desta crise…eu não me considero! Trabalho todos os dias, pago os meus impostos e nunca requeri a algum fundo de apoio. Diz o povo: "A paciência dos povos é a manjedoura dos tiranos"

João Pinho disse...

Com a devida vénia parece-me que este comentador está profundamente equivocado.
O PS está no poder à cerca de 15 anos,com excepção de 2004/05.Chegou ao poder depois da grande bolha de desenvolvimento sócio-económico que o País atravessou com os governos do dr Cavaco Silva.Contudo, o eng Guterres não soube dar continuidade ao período anterior como também não soube aproveitar devidamente os fundos europeus provenientes do II QREN.Ele e os socialistas deixaram o País num pântano...
Felizmente que lhe sucedeu um governo dirigido pelo PSD que com a dr Ferreira Leite nas finanças, perante um quadro de extrema dificuldade orçamental herdado dos socialistas,consolidou as contas públicas e estabilizou a situação económica portuguesa.Porém,a boa governação do PSD,não sendo populista,trouxe custos políticos, o partido perdeu as eleições seguintes mas salvou o País...daí o seu mérito e credibilidade.
Sucedeu o eng Sócrates que frouxo,retórico,despesista e com um conjunto de qualidades pessoais de natureza algo duvidosa,tem encaminhado o País para a ruína e para o empobrecimento generalizado.E alguns socialistas ainda dizem que há mais vida para além do déficit...o que me deixa perplexo.
Assim sendo,confundir o PSD com o PS parece-me um grave erro de análise.Em Portugal os momentos de desenvolvimentos sempre corresponderam aos períodos em que o PSD esteve no governo,concretamente na AD e nos governos do dr Cavaco Silva.Negar isto é negar as evidências.
É despropositado meter tudo no mesmo saco.
Cordiais saudações a todos.

Pedro Pereira disse...

Com a devida vénia…O PSD pagou a factura do seu líder Dr. Durão Barroso ter-se desdito a um mandato de 4 anos que lhe foi confiado democraticamente, o mesmo que em posse honrou cumpri-lo mas não o fez, cedendo o mesmo ao Dr. Santana Lopes que por inabilidade do mesmo e do partido arrastou-nos necessariamente a novas eleições. Por isso não julgo que esteja equivocado e não acho despropositado pôr tudo no mesmo saco. Apesar de tudo concordo com tudo o resto que escreveu.

Cumprimentos

Sérgio Silva disse...

Sr. Pedro Pereira,
O dr. Pedro Santana Lopes foi vitima de muitas injustiças, inclusive de uma dissolução da AR quando tinha Maioria Absoluta, facto insólito em 36 anos de Democracia, o Socrates ainda hoje agradece ao seu amigo Sampaio... (até lhe deu um "tachinho" na ONU!)
Mas ao menos esse boy do PS (Sampaio) não é pago pelos nossos impostos...

João Pinho disse...

Sr Pedro Pereira
O Dr Durão Barroso saiu do governo de Portugal para um alto cargo na União Europeia(Presidente da Comissão Europeia) e a sua escolha devia ser considerado uma honra e motivo de orgulho para TODOS os portugueses.Recordo-lhe até que raros serão os portugueses a quem os europeus confiariam tal cargo. Nem vejo no PCP ,BE ou mesmo no PS gente com qualidades para o mesmo.Mário Soares candidatou-se à presidência do Parlamento Europeu e foi rejeitado...
O Dr Durão Barroso deixou o Governo mas não deixou Portugal sem governo e é por isso que o Sr está equivocado ou então a sua memória não recorda com nitidez os factos efectivamente passados.O PSD continuou a governar com o Dr Santana Lopes na liderança da coligação,Portugal tinha cumprido com a consolidação orçamental, acabado com os chamados "déficits" excessivos que vinham dos tempos do eng Guterres e estava a dar um forte impulso na economia na sequência do Euro/2004.Infelizmente deixou-se enredar em tricas palacianas e na comunicação social,onde os socialistas são na realidade uns "experts",o que deu origem a que o dr Sampaio,pressionado pelo PS mas no fundo seu apoiante, viesse a demitir o seu governo.
Em síntese: O Dr Durão Barroso deu e dá prestígio a Portugal com a cargo que ocupa para o qual até foi reeleito; o PSD nunca se eximiu das suas responsabilidades de governação nesses tempos,cujas tarefas até vinha cumprindo com determinação e rigor;O governo do dr Santana Lopes,que nunca teve intenção de se demitir,foi vítima dum acto arbitrário do dr Sampaio,este influenciado pelos socialistas.Nas eleições subsequentes, a retórica,o canto da sereia socialista e o tráfico de influências de bastidores colocaram o PS no poder com as consequências que todos conhecemos...
O argumento do abandono,à falta de melhor, é conversa usada pelos comunistas e socialistas para distorcer a realidade do que de facto se passou e assim iludir os incautos.
Ciente da sua melhor atenção,as minhas saudações pela sua participação.

Pedro Giro disse...

Antes de qualquer equívoco quero clarificar que sem intenção e por lapso registei o comentário como Pedro Pereira e não como Pedro Giro. Em resposta ao Sr. João Pinho o seu comentário que: “O PSD foi vítima dum acto arbitrário do Dr. Sampaio, este influenciado pelos socialistas”, e não sendo eu Socialista, acho de um facciosismo absurdo e no mínimo ridículo. Em relação ao argumento “abandono” não é conversa usada pelos comunistas ou socialistas para distorcer a realidade, foi a realidade, e se alguém está a querer ocultar o sucedido esses sim estão a intencionar distorcer a verdade onde o PCP é alheio a tudo isso. O seu comentário faz-me recordar uma anedota em que a policia entra numa casa de alterne e pergunta ás mulheres semi-nuas se são prostitutas e estas respondem todas que não, e o policia responde-lhes querem ver que a prostituta sou eu…
No meio desta crise provocada pelo PS/PSD querem ver que o PCP é que é o culpado??..

Pedro Giro disse...

Pena os comentários aqui deixados sejam manuseados.

Sérgio Silva disse...

Desculpe pedro mas aqui nenhum comentário é manuseado! apenas podem ser publicados ou não, tal como informamos a todos nas notas editoriais.

João Pinho disse...

Sr Pedro
Repito-lhe para ver se entende: o dr Durão Barroso deixou o governo mas não deixou Portugal sem governo. O aceitar do convite que os governos da Europa então lhe formularam não teve a oposição presidencial , deu enorme prestígio a Portugal e foi o reconhecimento das suas inúmeras qualidades politicas...
A questão do défice excessivo na altura em 2004/05 estava estabilizado e Portugal dava sinais de retoma. O governo de coligação estava apoiado numa maioria parlamentar e podia seguir o rumo traçado no programa de governo então aprovado.Parecia não haver problemas de maior...
Posteriormente, a queda do governo do dr Santana Lopes foi consequência de guerras palacianas,pura propaganda e muita demagogia...e resto remeto para o comentário anterior.
Volto a dizer-lhe que quem esteve treze dos últimos quinze anos no governo foi o PS e associar o PSD ao PS na responsabilidade da crise é estar desfocado da realidade.
E ,olhe,normalmente quando se trata de saídas para resolver certas questões, a CDU é sempre parte do problema nunca da solução.
Por último, quero dizer-lhe que a anedota que contou,sendo descabida,contudo é gira.
Aceite os meus melhores cumprimentos.

Pedro Giro disse...

Eu entendo SrºJoão...o nosso prestígio de Portugal e o reconhecimento das nossa inúmeras qualidades políticas dos governos PS/PSD estão hoje á vista de todos..

João Pinho disse...

Sr Pedro Giro
O seu excesso de zelo na defesa do PCP leva-o infelizmente a confundir os valores,princípios e a essência do PSD.A diferença para o PS é abissal...porque será que o sr insiste em misturar as coisas?Porquê esse propositado fundamentalismo militante ,à boa maneira do PCP, em juntar PSD e PS no mesmo saco? O que pretende com isso?
Assim nada mais há a dizer.Penso que começa a ser patológica essa sua persistência.Dado já estarmos muito longe do tema central e o caminho que a nossa discussão leva começa a perder o interesse,por mim este debate fica desde já encerrado.
Da minha parte obrigado pela sua participação.

Pedro Giro disse...

Sr.João encerrado com uma pequena rectificação, a minha persistência não é Patológica mas sim ideológica