A minha charneira para a Literatura Portuguesa, da aurora da era moderna aos dias de hoje, é o canto V de Os Lusíadas, estrofes 50 a 59. O que se vê aqui?
O Adamastor é a terra («Fui dos filhos aspérrimos da Terra»), o mundo feudal em agonia; a Thetis é o mar («Ó Ninfa, a mais formosa do Oceano»), o mundo moderno em estado nascente.
Qual era a possibilidade do enlace amoroso entre uma idade em estertor e outra pujante de vida? É que o servo dava os primeiros passos em direcção ao homem livre.
Nesta conformidade, desde Camões até aqui e agora, o que verifico é que a maior parte dos nossos escritores são Adamastores, quero dizer, eles não são homens do tempo que ao tempo os deu.
Em contrapartida, Cesário Verde, o Camilo (Amor de Perdição), o Nemésio (Mau Tempo no Canal) e a Agustina Bessa-Luís (A Sibila)...considero-os do lado de Thetis, «...das águas a Princesa» (Os Lus., V, est. 52).
2 comentários:
Eu estou a dizer que o MAR foi o grande palco da emergência em força de uma nova gente, a burguesia, desencadeadora do capitalismo, sistema económico que nos últimos dois séculos fez mais pela humanidade do que todos os outros sistemas juntos desde que o homem é homem.
Para travar a dinâmica do capitalismo que espontaneamente nasceu na Inglaterra e rapidamente se espalhou um pouco por todo o mundo, apareceram em todos os sectores da vida humana os novos adamastores, os novos titãs, que TUDO dizem e fazem contra os homens para que os homens regridam, "mutatis mutandis", à situação pré-industrial.
O que se está a fazer agora foi o que se fez no pricípio do Cristianismo...aquando da passagem do escravo a servo.
O último parágrafo deste texto deveria ser assim: "Em contrapartida, Cesário Verde, o Camilo (Amor de Perdição), o Nemésio (Mau Tempo no Canal)...considero-os do lado de Thetis, «...das águas a Princesa» (Os Lus., V, est. 52)."
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