Ando a reler o Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco publicado em 1862.
Os Maias de Eça de Queirós foi publicado em 1888.
Portanto, feitas as contas, há um espaço de tempo de 26 anos entre a publicação das duas obras.
O que eu verifico é que a caracterização de Afonso da Maia obedece estruturalmente aos mesmos traços da caracterização de Domingos Botelho Mesquita e Meneses, pai de Simão, o herói desta novela camiliana. Isto não surpreende porque estes escritores têm algumas preocupações em comum, para além de que, poria a minha mão no fogo, Eça leu Camilo e diria de si para si: "não sou eu que escrevo melhor português que este camarada!".
Então o que há de comum na pintura de Afonso da Maia e Domingos Botelho? É que estas duas personagens são chefes das respectivas famílias de jure, mas o que se verifica de facto nas casas de uma e outra é o matriarcado.
Não vou expor aqui e agora juízos de valor, mas sem sombra de dúvida que os narradores das obras em foco apontam o amolecimento do poder patriarcal no seio da aristocracia para a preterição desta a favor da burguesia. Só atraiçoando o próprio texto e os dados da análise é que eu poderia negar ou mesmo omitir o afirmado no período imediatamente anterior. Mas se eu embarcasse em tal, falsificar-me-ia a mim próprio e à minha posição de professor.
Ora nada se vê na sociedade que já não se tenha visto na Literatura.
Hoje a criminosa ideologia de género, causa tenebrosa das esquerdas, mais não faz do que formatar a sociedade para o matriarcado, meta de prostitutas, homossexuais e gajos cheios de dinheiro e de porcaria na cabeça.
2 comentários:
A questão fundamental da ideologia de género, não confessada, é a seguinte: QUEM TEM PODER SOBRE QUEM?
Continuo a reler AMOR DE PERDIÇÃO de Camilo. O que vejo no texto é a incomunicabilidade entre as camadas sociais e dentro de cada uma dessas camadas (inter se et intra se). Isto é o que é tragicamente o homem português...isto é o que é Portugal.
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