A ocupação humana do concelho de Alcochete remonta ao Paleolítico inferior, evidenciado por várias estações arqueológicas existentes no território. O sítio da Conceição, ocupado, há 28 000 anos (Paleolítico Médio) é uma das principais jazidas pré-históricas, situada sob a estação de serviço da Ponte Vasco da Gama.
Durante as acções de exploração deste local associadas à escavação arqueológica, foram recolhidos cerca de 8500 artefactos líticos, que comprovam a existência de abundante matéria e uma intensa utilização desta área enquanto “área de fabrico”, nomeadamente de grandes quantidades de “núcleos”, além de subprodutos de talhe de seixos.
Perto da povoação do Samouco foram identificados vestígios de ocupação humana no Neolítico, datada do período entre 5000 e 4500 anos, designadamente instrumentos em pedra, fragmentos de cerâmica, que confirmam a presença de comunidades recolectoras e dos primeiros agricultores que também exploraram estas terras, deixando marcas da sua presença na Quinta da Praia (Samouco), há 7.000 anos.
A ocupação romana estendeu-se ao longo da margem direita da Ribeira das Enguias, em várias unidades de produção oleira. Destas unidades destaca-se a de Porto dos Cacos, situada na herdade de Rio Frio, com produção contínua entre os sécs. I e V d.C., com especial destaque para a produção anfórica. As ânforas eram recipientes em cerâmica, usados para embalar e transportar preparados piscícolas, nomeadamente, conservas e molhos, que chegavam desta forma a todo o Império Romano.
As escavações efectuadas nos anos 80 puseram a descoberto fornos, um enigmático alinhamento de ânforas e uma área de necrópole, que indicia um povoamento constante na área. Este sítio atesta ainda ocupação visigótica.
A ocupação árabe não foi ainda comprovada arqueologicamente no concelho, embora o topónimo “Alcochete” que parece derivar de uma expressão árabe que significa “o forno”, tenha já alimentado muito esta ideia, em diversa bibliografia.
Após a Reconquista, Alcochete passou a integrar a área denominada pela Ordem de Santiago, de Riba Tejo. Nesta vasta região limitada a nascente pelo Rio das Enguias e a poente pelo Rio Coina foi identificada a existência, já no século XIII de vários povoados ribeirinhos que tinham como actividades principais a salicultura e a produção de vinho.
Após a Reconquista, Alcochete passou a integrar a área denominada pela Ordem de Santiago, de Riba Tejo. Nesta vasta região limitada a nascente pelo Rio das Enguias e a poente pelo Rio Coina foi identificada a existência, já no século XIII de vários povoados ribeirinhos que tinham como actividades principais a salicultura e a produção de vinho.
Santa Maria de Sabonha, sede paroquial dos lugares da parte oriental do antigo concelho de Ribatejo, foi uma das sedes deste concelho, local onde estava edificada a igreja com o mesmo nome, e onde no século XVI os frades recolectos de S. Francisco fundam um convento, do qual só existe a fachada, na actual freguesia de São Francisco.
No século XV, graças aos bons ares e abundância de caça, Alcochete transforma-se na estância de repouso preferida pela corte. D. João I que vinha com frequência descansar a Alcochete. O Infante D. Fernando escolheu-a para residir e foi aqui, que em 31 de Maio de 1469, nasceu o seu filho D. Manuel, aquele que viria a ser o Venturoso rei de Portugal. Ainda sob a protecção do Infante D. Fernando, 10.º Mestre da Ordem de Santiago (1418-1442), Alcochete terá adquirido autonomia e privilégios que a terão conduzido à categoria de Vila. No Livro das Vereações de Alcochete e Aldeia Galega de 1421-22, Alcochete é referenciada como vila.
Em 17 de Janeiro de 1515, D. Manuel concedeu à sua terra natal o foral, importante documento, marco emancipador na vida do então jovem concelho de Alcochete. Os Descobrimentos marcaram, também, a economia e a sociedade – de Alcochete partiam grandes quantidades de madeira para Lisboa, aqui chegavam novos produtos e gentes. A época quinhentista está bem patente no Concelho em monumentos como a Igreja Matriz, a Capela de Nossa Senhora da Vida, o Convento dos Recolectos da Ordem de São Francisco, já referido, e também no retábulo da Igreja da Misericórdia e na bandeira da Misericórdia.
Nos séculos XVI e XVII o Concelho conhece um significativo desenvolvimento económico motivado por uma crescente produção de sal e motivador de um acréscimo populacional. A documentação da época refere a existência de 180 moradores na Vila no século XVI, registando no início de século XVII 360 fogos e 1902 habitantes.
No século XVIII Alcochete continuou a abastecer Lisboa. Inúmeras barcas navegavam no Tejo em direcção à capital, carregadas de sal, lenha e carvão.
No século XIX a história do Concelho ficou marcada pela perda e Restauração da autonomia do concelho, geradoras de grandes movimentações populares. O período de dependência municipal relativamente a Aldeia Galega a partir de Outubro de 1895 gerou um sentimento de angústia por parte das populações e despertou simultaneamente uma consciência de identidade municipal que foi progressivamente ganhando raízes. A 15 de Janeiro de 1898 é publicado no Diário do Governo o decreto que restaura 51 concelhos, entre os quais o concelho de Alcochete. Destaque ainda para o contributo filantrópico do 3.º Barão de Samora Correia que doou à Misericórdia local avultados bens entre os quais um palácio que viria a ser mais tarde um asilo para idosos, instituição que permanece em funcionamento.
No que concerne à actividade agrícola, o Concelho foi alvo de experiências pioneiras de fomento agrário, promovidas por Jacome Ratton, no século XVIII, e por José Maria dos Santos, no século XIX. Outras actividades até então proeminentes como a pesca, navegação fluvial e salicultura, entraram em decadência, e o concelho de Alcochete viu-se excluído das principais vias de comunicação, com o advento dos transportes ferro-rodoviário, que viriam a substituir o transporte fluvial no escoamento dos produtos e abastecimento do mercado lisboeta.
O Concelho permaneceu assim, predominantemente rural até meados do século XX, quando se iniciou a actividade da seca do bacalhau, um sector que conheceu grande expansão, proporcionando localmente a existência do maior centro de secagem em Portugal, favorecido pelo clima e pela facilidade de descargas dos navios bacalhoeiros. O processo de industrialização teve início com a instalação da fábrica de pneus Firestone em 1958, à qual se seguiu a instalação de outras unidades de processamento de cortiça e de alumínio.
Com a construção da Ponte Vasco da Gama o concelho de Alcochete voltou a ser alvo de investimentos, retomando o desenvolvimento económico, que tinha abrandado com o encerramento das referidas unidades industriais, ganhando uma nova centralidade na Área Metropolitana de Lisboa.
Alcochete é actualmente um concelho com identidade que assenta maioritariamente na afirmação das suas origens históricas, nas suas tradições de cariz tauromáquico, onde o forcado, o campino e o salineiro são figuras de destaque, quer nas inigualáveis Festas do Barrete Verde e das Salinas, quer nas festividades religiosas relacionadas com o culto a São João Baptista, a Nossa Senhora da Vida, a Nossa Senhora do Carmo e a Nossa Senhora da Atalaia.
Alcochete é actualmente um concelho com identidade que assenta maioritariamente na afirmação das suas origens históricas, nas suas tradições de cariz tauromáquico, onde o forcado, o campino e o salineiro são figuras de destaque, quer nas inigualáveis Festas do Barrete Verde e das Salinas, quer nas festividades religiosas relacionadas com o culto a São João Baptista, a Nossa Senhora da Vida, a Nossa Senhora do Carmo e a Nossa Senhora da Atalaia.
Actualmente, Alcochete é um concelho moderno onde se pode vislumbrar e contactar directamente com a história, em cada monumento, em cada casa senhorial ou edifício ou nas ruas onde a história se respira em cada esquina e é vivida com intensidade.
1 comentário:
Atenção aos copy-paste. Este espaço arrisca-se a perder qualidade desta forma.
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