21 setembro 2008

A Ponte-Cais das secas e o Solar Velho


A ponte-cais das secas do bacalhau, em madeira e ferro, poderia ainda hoje pertencer ao nosso museu colectivo a céu aberto, mas foi barbaramente destruída depois do 25 de Abril de 1974.

Outra relíquia do nosso património destruída gratuitamente também depois da Revolução foi o Solar Velho na Rua Dom Nuno Álvares Pereira, belo edifício que albergou a GNR durante décadas.

Solar Velho - dizíamos - por oposição ao Solar Novo no Troino onde tem funcionado a Biblioteca Municipal. Como este, o que foi destruído também tinha um telhado saliente sustentado por colunas cobrindo a entrada do edifício, vulgarmente dito alpendre.

Aqui fica este pequeno registo para memória futura.

7 comentários:

Fonseca Bastos disse...

Hoje será indispensável ir a Viana do Castelo visitar o velho navio-hospital «Gil Eanes» para perceber a relevância das secas de bacalhau de Alcochete nas décadas de 50 a 70 do séc. passado. Recomendo tal visita.
Aliás, desde que os portugueses deixaram de secar bacalhau ao sol nunca mais o "fiel amigo" teve qualidade mínima.
Tanto quanto é do meu conhecimento, restam poucas imagens públicas da primeira revolução industrial em Alcochete, iniciada com as secas. A maquinaria de uma delas até já foi retirada e, presumivelmente, nem terá havido o cuidado de proceder a um levantamento fotográfico para memória futura.
Há anos tentei uma abordagem, mas as autorizações dependiam de pessoas radicadas a razoável distância de Alcochete e não me pareceu que houvesse disponibilidade e, sobretudo, vontade de trazer o assunto à ribalta. Hoje sou levado a crer que, em nome do desenvolvimento, a premência estará em demolir tudo depressa.
Guardo o pouco que me veio parar às mãos e, qualquer dia, começarei a partilhá-lo aqui. Assim nem tudo se perderá.
As principais memórias documentais e fotográficas estão em arquivos particulares, que ninguém terá ainda sequer tentado preservar, tal como são quase inexistentes livros e estudos que ajudem a compreender quanto se perdeu e ganhou com essa época.

Alguém tem imagens e memórias do Solar Velho da Rua D. Nuno Álvares Pereira?

Do Solar Novo do Troino existe muita coisa, uma vez que o edifício está classificado. Resta saber o que lhe sucederá no futuro, agora que a biblioteca passou para novo edifício. Ainda ninguém disse uma palavra sobre o assunto e, a julgar pela degradação de outros edifícios classificados, públicos e privados, temo também pelo futuro do Solar Novo.

Unknown disse...

Sr Bastos, tudo o que diz em cima tem muita pertinência.

Unknown disse...

O histórico de destruição em Alcochete tem raízes que remontam ao séc. XIX.
Em data que de momento não posso precisar rigorosamente, mas certamente na segunda metade do séc. XIX, destruiu-se o pelourinho que se situava no Largo da Praça. Nos fins deste séc. ou princípios do seguinte destruiu-se um cruzeiro que se erguia no Largo do Poço.
Os Cabaneiros - assim eram conhecidos os actuais habitantes de S. Francisco - destruíram o Convento de São Francisco depois da implantação da República (1910).
Isto é o que me vem à cabeça assim de repente, mas haverá mais.
Devo dizer que na década de oitenta eu já me referi a todos estes factos com as datas precisas no jornal já extinto «O Distrito de Setúbal» da propriedade de Carlos Florival Monteiro, meu saudoso amigo já falecido.

Fonseca Bastos disse...

Quantas coisas desconhecidas de gerações mais novas ou recentemente arribadas, que se deveriam recuperar, preservar e publicar em formato electrónico porque são património comum.
Tantos motivos para conhecer melhor e amar Alcochete!
Na Biblioteca Nacional (Lisboa) existem todos os jornais legalmente publicados no país e, provavelmente, da publicação em causa existirão também exemplares no Arquivo Distrital de Setúbal.

Unknown disse...

Sr. Bastos, eu cheguei a consultar a «Voz de Alcochete» e o «Echo d'Alcochete» na Biblioteca Nacional. Os mesmos jornais também os consultei numa Biblioteca em Setúbal que não sei se hoje ainda funciona no mesmo edifício.

Unknown disse...

Evidentemente que eu, nos locais que referiu, poderei rever todos os textos que publiquei no jornal «O Distrito de Setúbal».
Nas próprias instalações do referido jornal que hoje publica outros haverá arquivos que certamente me deixariam consultar.
Muitas vezes, por problemas relacionados com dificuldades de espaço, eu ia-me desfazendo, ao longo do tempo, dos jornais que traziam os meus artigos. Em compensação, o sr. Miguel Boieiro, ainda presidente da Câmara, para grande espanto meu, mostrou-me um dossier com todos os meus artigos recortadinhos e sobrepostos em perfeita ordem. Digam lá se não tenho amigos!

Fonseca Bastos disse...

Algo de semelhante continua a passar-se hoje com artigos publicados neste blogue.
Ainda bem, para que mais tarde tenham memória!