14 julho 2010

A Psicologia da Mentira: Seja você mesmo um detector de mentiras (políticas)!

Por se tratar de um excelente artigo de opinião de pessoa amiga, Anabela Melão, coloco o texto aqui para análise e desafiando os leitores a estarem atentos aos agentes locais da política. Existindo novos actores será desejável que façamos comparações, porque o monólogo tem sido evidente, e acreditamos num futuro de sonho para Alcochete:

"Quem tiver olhos para ver e ouvidos atentos pode convencer-se de que nenhum mortal é capaz de manter segredo. Se os lábios estiverem silenciosos, a pessoa ficará batendo os dedos na mesa e trairá a si mesma, suando por cada um dos seus poros!" (Sigmund Freud)
Estamos em plena campanha eleitoral e assistimos a uma troca de galhardetes entre os dois partidos que bipolarizam a cena política nacional, como nunca antes se viu. Ora, zaragateiam, ora avançam timidamente para o namoro, ora descaradamente pedem-se em casamento e comportam-se como noivos, ora já parecem um casal e discutem a toda a hora, ora têm atitudes de divorciados em pleno litigio judicial. Quando tudo isto começou, vivia-se um clima de convenção ante-nupcial (aquele documento que os precavidos assinam antes de casar para evitar matarem-se um ao outro em caso de divórcio), alternavam as atitudes de cedo eu e cedes tu, cedemos os dois. Agora já diz o PSD que sem ele o PS não pode continuar a governar, como que a dizer: eu valho mais que tu, quantos ministros nomeias deste lado, quantos directores-gerais e afins saem dos quadros laranjas, senão…não há casório.
Ora, em casamentos como este, em que tudo é feito numa base de calculismo e em que não há lugar para romantismos, o jogo de cintura vai-se refinando, e a insinuação, a sedução, e outras armas idênticas, levam a que um dos nubentes, eventualmente, os dois, pura e simplesmente, mintam. Entram numa fase em que vale tudo até arrancar olhos!
O pobre do eleitor, pouco dado a estes exercícios maquiavélicos, ou reage indiferente, ou entra em pânico, temendo ser injusto com um dos noivos, e cai numa crise de nervos que pode mesmo conduzir à depressão “politica”. Como calculam, o fenómeno não é novo, a mentira política nasce no mesmíssimo momento em que nasce a política, e muitos têm sido os psicólogos a debruçarem-se sobre o tema, na procura de pistas, de sinais, de indícios, dessas inverdades ou menores verdades.
O que vos deixo é o resultado de anos de estudos na área do comportamento humano do Dr. David J. Lieberman, Ph.D. em Psicologia, e autor do livro "Never be lied again".
Conseguiu apurar com precisão os 30 sinais de uma mentira. E, na maior parte dos casos, a linguagem gestual revela a verdade. Numa apresentação perante um grupo de pessoas, 55% do impacto são determinadas pela linguagem corporal - postura, gestos e contacto visual -, 38% pelo tom de voz e apenas 7% pelo conteúdo da apresentação. Ou seja, não é o que dizemos, mas a forma como o dizemos, que faz a diferença.
Observemos.
1.O mentiroso contacta pouco ou nada com os olhos; 2.A sua expressão física é mínima - poucos movimentos dos braços e das mãos. Se os mexe, fá-lo de forma rígida e mecânica. As mãos, os braços e as pernas ficam retraídos contra o corpo e a pessoa reduz-se a um espaço menos; 3.Uma ou ambas as mãos podem ser levadas ao rosto ou á boca, indicando que ela não acredita - ou está insegura - no que diz. É improvável que toque o peito a mão aberta; 4.Para parecer mais tranquila, pode encolher-se ligeiramente; 5.Não há sincronismo entre gestos e palavras; 6.A cabeça move-se de modo mecânico; 7.Mantém a distância perante quem o interroga, e pode mesmo posicionar-se em direcção à saída; 8.Quem mente tem relutância em enfrentar o interpelador e pode virar a cabeça ou posicionar o corpo para o lado oposto; 9.O corpo fica encolhido. É improvável que permaneça direito; 10.Haverá pouco ou nenhum contacto físico, sobretudo visual, perante quem o tenta convencer que está errado; 11.Não aponta o dedo para quem tenta persuadir; 12.Observe para onde os olhos se movem na hora da resposta à sua pergunta. Se olhar para cima e à direita, e for destra, está a mentir. 13.Meça o tempo de demora da resposta. A hesitação evidencia que está a pensar numa desculpa. Verifique se a resposta é coerente ou não. Quem mente não consegue responder automaticamente, de forma directa e imediata, à pergunta. 14.Quem mente ganha uma expressão corporal mais relaxada quando o “incómodo” muda de assunto. 15.Se a pessoa ficar tranquila enquanto é acusado, desconfie. Dificilmente as pessoas ficam tranquilas enquanto são acusadas por algo que são inocentes. “Quem não se sente não é filho de boa gente!”. Quem mente fica quieta, evitando falar de mais detalhes sobre a acusação; 16.Quem mente utilizará as palavras de quem o ouve para afirmar seu ponto de vista; 17.A pessoa que mente continuará acrescentará informações (desconhecidas) até se certificar que o convenceu; 18.Ocasionalmente, pode ficar de costas para a parede, dando a impressão que está pronta para se defender; 19.Em relação à mentira, o mentiroso, geralmente, deixa de mencionar os aspectos negativos e desvia-se descortinando consequências positivas (que mais ninguém consegue ver); 20.Um mentiroso pode estar pronto para responder às perguntas, mas nunca coloca nenhuma questão; 21.Quem mente pode utilizar frases típicas, para ganhar tempo, até pensar na resposta “certa” ou de mudar de assunto: "Para dizer a verdade...", "Para ser franco...", “Poderia repetir a pergunta?", "Este não é o lugar próprio para discutir isso, mas mais tarde terei todo o gosto el lhe responder"; 22.Evita responder, pedindo para repetir a pergunta, ou então responde com outra pergunta; 23.Utiliza o humor e o sarcasmo para aliviar a atenção dos ouvintes e do interlocutor; 24.Quem mente, pode corar, transpirar e respirar com dificuldade; 25.O corpo pode ficar trémulo, sobretudo as mãos e os olhos. Pode esconder para disfarçar o tremor incontrolável. 26.A voz pode falhar e parecerá titubeante, meio perdida e até incoerente; 27.A voz pode mudar de tom: as cordas vocais, como qualquer outro músculo, tendem a ficar enrijecidos quando a pessoa está sob pressão. Sobe de tom; 28.Começa a engolir em seco; 29.Tossir. Devido à ansiedade, o muco forma-se na garganta, e, porque fica mais nervosa, pode tossir para limpar a garganta antes de começar a falar. 30.Já reparou que quando estamos convictos do que dizemos, as mãos e os braços gesticulam, reforçam o nosso ponto de vista e demonstram convicção? Quem mente não consegue fazer isso. Esteja atento.
Afinal, “mais depressa se apanha um mentiroso…."

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