22 janeiro 2009

Felicidade e realidade


Há quem pense (não são poucas as pessoas a pensar assim), por exemplo, que a felicidade está num casamento feito a contento de nubentes que protestam um ao outro eterno amor. Ora não é bem isso porque o verdadeiro amor conta com a realidade. Como assim?
É feliz quem se submete à realidade, não quem por cima desta põe o "eu" e quer submeter o que não pode ser submetido à própria subjectividade.
E o que é transformar a realidade senão querer submetê-la à nossa subjectividade?
A grande lição é-nos dada pelo significado profundo da história de São Cristóvão. Parecia a este bom homem da tradição cristã que nada lhe custaria transportar aos ombros um menino de uma margem para a outra do rio que o agigantado barqueiro tão bem conhecia. Dando início à travessia, Cristóvão começa a sentir que o peso do menino é cada vez mais pesado, obrigando-o a vergar-se qual Atlas sob o peso do mundo. Exausto, o santo chega à margem oposta do rio, quando se desfaz o menino-aparência e se lhe revela o Senhor pela Criação, o Cristo, a Estrutura da Realidade.
Feliz pelo alívio da revelação, Cristóvão percebeu que a humildade é a verdade.

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