08 agosto 2008

Um bom autarca vê-se em épocas de crise ( A crise tem as costas largas)

«Por estas e outras razões, suponho que a malfadada crise não é o maior problema destes autarcas (eu acrescento - autarcas de Alcochete). A sua desatenção surpreendeu-me no início do mandato e, quase três anos volvidos, os sinais de emenda continuam invisíveis.»
As doutas palavras de Fonseca Bastos retiradas do seu último texto publicado hoje sob o título «Palavras Traiçoeiras: Comunicação», reportam-se à inclinação do executivo camarário (e concordo que não passa de uma mera inclinação sem contornos profissionalizados) para um «marketingzinho» politico que procura utilizar alguns investimentos como bandeira de realização e competência, esquecendo contudo ,que as provas do contrário (ou seja da falta de capacidade de realização e de competência) estão afinal à vista de todos, como bem evidencia Fonseca Bastos através dos seus textos e fotos, tornando verdadeiramente caricaturais e até risíveis, os esforços destes autarcas para «tapar o sol com a peneira».

Aliás não será descabido afirmar que é o próprio Presidente da Câmara Municipal de Alcochete que auto denuncia a sua incapacidade e a do seu executivo em promover o desenvolvimento e o progresso no Concelho.

Se assim não fosse, que necessidade teria o Senhor Presidente da Câmara de iniciar a Nota de Abertura ao último Boletim Municipal «inAlcochete», edição nº 10 de Julho de 2008, com a desculpa já gasta e conhecida de todos que a culpa é da crise?
Escreve o Senhor Presidente da Câmara logo na abertura :
«Vivemos numa época difícil e conturbada, com uma grave crise económica e social… que …provoca constrangimentos vários no desenvolvimento e no progresso que pretendemos instituir no Concelho.»
A opção por iniciar com esta advertência a Nota de Abertura a esta edição do informativo mensal camarário, denuncia que o Senhor Presidente da Câmara está antes de mais preocupado em «amortecer» ou «suavizar» com a já esfarrapada desculpa da crise, a opinião dos munícipes, que ele próprio adivinha critica, para o evidente imobilismo e ausência de estratégia com que tem conduzido os destinos da autarquia.
Ciente da sua má performance, o Senhor Presidente da Câmara, revelando uma clara tendência para a resignação, procura antes de mais que os munícipes o ilibem ou desculpem pela sua gestão deficiente. É a crise diz ele!
A crise tem as costas largas. Serve para justificar a incompetência, a má gestão, a improdutividade, a falta de qualidade dos serviços, a ausência de estratégia, a pouca capacidade de risco, os investimentos disparatados... (ai o Valbom…) Enfim, é uma oportunidade de ouro para a desresponsabilização, para a inércia, para o «deixa andar» tão ao gosto deste executivo camarário.
O texto do Senhor Presidente da Câmara denuncia que aquele continua a preferir agarrar-se à muleta da crise e a continuar a mancar até que as nuvens negras passem. Entretanto, pode ser que as audiências realizadas junto dos ministros do Governo surtam algum efeito...
O Senhor Presidente da Câmara, que intuiu há muito a imagem negativa, a desilusão e a insatisfação dos munícipes de Alcochete, opta então pela fuga para a frente, valorizando excessivamente os factores externos à sua gestão ( a crise económica , a escassez de recursos financeiros) , em detrimento dos factores internos (produtividade, qualidade do serviço, motivação da equipa, coerência estratégica, capacidade de investimento...), quando a atitude deveria ser a contrária.
O que se espera de um bom autarca, é que em momentos de crise, olhe para dentro da sua autarquia para aí encontrar forças para combater a adversidade. A dinâmica interna é fundamental para rechaçar eventuais impactes negativos, ao contrário do que tem acontecido na Câmara de Alcochete, cuja gestão, como denuncia o próprio Presidente da Câmara, depende quase em exclusivo da evolução dos factores externos.
O que o Senhor Presidente da Câmara revela uma vez mais aos munícipes no boletim informativo de Julho de 2008 , é que só podem esperar mais dele e da sua equipa quando as condições favoráveis ao crescimento apareçam , graças, unicamente, a fenómenos exteriores.
E quanto a criar internamente um ambiente favorável à gestão da autarquia, assumindo a crise sem temores, motivando a sua equipa para um esforço redobrado, afinando a estratégia e apostando na inovação?
A resposta a esta pergunta é confrangedora: NADA SE FAZ!
Ora, é nos momentos difíceis que se descobrem, por vezes, energias, recursos, potencialidades que permaneciam escondidas ou subaproveitadas. A crise seria, ao contrário do que afirma o Senhor Presidente da Câmara no boletim informativo, um momento privilegiado para a autarquia se descobrir a si própria devido à pressão a que está sujeita, e não um momento para usar como desculpa ou álibi para desempenhos menos conseguidos.
Nessa perspectiva eu considero que um bom autarca se vê nos períodos de retracção económica e não em períodos de «vacas gordas» em que tudo é muito mais fácil de resolver.
A capacidade de adaptação das autarquias à crise é pois um dos principais critérios de aferição da capacidade de gestão dos seus responsáveis.
Quando a gestão é competente, quando há capacidade de inovação e criatividade, quando se quebram modelos e se criam outros, quando há estratégias bem definidas e equipas mobilizadas, os factores externos à gestão da autarquia acabam por ter um peso menos significativo no seu dia a dia.
Caso contrário Senhor Presidente da Câmara Municipal de Alcochete, tudo o que disser ou divulgar não passa de fachada.
Portanto, PARE DE SE DESCULPAR COM A CRISE!

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