15 setembro 2006

Uma história de irmãos desavindos

As pessoas que fazem o favor de acompanhar o fio da meada dos meus textos reconhecem a minha persistência em considerar comunismo e fascismo dois ramos do mesmo tronco.
Que tronco é esse? É a sujeição da sociedade à supremacia do Estado. Este, para a consecução de tal fim, tanto no comunismo como no fascismo, serve-se do culto do chefe, da censura, da polícia política, etc.
Mas o paciente leitor poder-me-ia perguntar: por que razão, por exemplo em Portugal, o comunismo combateu o fascismo durante décadas?
Vamos lá então dar inteligibilidade à questão, não obstante de forma sucinta.
O valor supremo do comunismo é a igualdade herdado da égalité da Revolução Francesa. Para se conseguir essa igualdade, o capital tinha que estar sob o controlo do Estado que, qual paizinho babado, o distribuiria com equidade por todos os seus filhos. Claro que, como sabemos, a igualdade era só para a nomenclatura (arregimentados do Estado-Partido) e a massa esmagadora do povo vivia na mais crassa desigualdade.
O valor supremo do fascismo é a nação. Para a sustentabilidade desta, a irmandade fascista defende a aliança do capital com o Estado.
Ora os comunistas guerreiam os fascistas porque os acusam de fazer o jogo dos capitalistas. Mas que capitalistas são estes? Os que sustentam as democracias liberais dentro das regras do livre mercado ou os que medraram tanto à custa deste que lhe querem ditar as próprias normas? Claro que os segundos. Foi o alto capital que viu ensejo de se fortalecer ainda mais à custa da ideologia fascista, o mesmo que hoje, com o avanço camaleónico do comunismo, está na mesma trincheira desta ideologia.
Na verdade, os megacapitalistas estão-se nas tintas para a luta de irmãos desavindos e para o guloso do vencedor que faça as leis em nome seja do que for. Eles querem é controlar o dinheiro do Estado.

Sem comentários: