28 março 2006

Tenham vergonha!

Foi a partir das premissas «Trabalho, Honestidade e Competência» que a organização do Partido em Alcochete encarou a derrota eleitoral da CDU em 2001”, refere um membro do C.C. do PCP, por certo o “controleiro”, no caso vertente a “controleira”, tendo para o efeito engajado no terreno o aparelho partidário, sobretudo um ano antes das eleições autárquicas de 2005, como se constata da leitura do texto transcrito no post anterior. Para tanto utilizaram as chamadas “acções de contacto directo com a população” o que, na linguagem cifrada do leninismo, se traduz no idioma das pressões e chantagens, coagindo e constrangendo o eleitorado, um velho expediente extraído da vulgata marxista-leninista, bem documentado historicamente na prática antidemocrática e violenta dos partidos comunistas um pouco por todo o mundo. Escusado referir – se não vai a bem vai a mal! – os casos paradigmáticos e últimos dessa rotina na Hungria, Checoslováquia, Afeganistão, Camboja, Angola, e por aí fora num ror de mortos, barbárie e horror só comparáveis à carnificina nazi. Daí o espanto e perplexidade que me suscita a ligeireza do descaro com que a direcção do PC, quando eleitoralmente perde por via democrática, fale em Trabalho – Gulag? – Honestidade – Ceausescu? – e Competência – Coreia do Norte? – na tentativa de vazão do gato pela lebre. Por onde passaram e passam a política é a da terra queimada, consentânea aos seus propósitos, vestindo o nome do povo a relembrar os princípios generosos de 1789, da “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, numa manipulação licenciosa e grosseira dos mais pobres, dos mais desprotegidos, dos mais frágeis. Não para ventura dos mesmos, que tanto pouco lhes importa, mas para uso destes na prossecução do objectivo mais vasto da tomada do poder e na imposição da “ditadura do proletariado”, eufemismo gasto e estafado de oligarquia partidária bruta, cruel, impiedosa. Haja em vista a colectivização forçada da terra dos camponeses russos, num mar de sangue inaudito, ou na decapitação da chefia do Exército Vermelho, varado a balas em arremedo de julgamentos sumários.As mesmas técnicas, os mesmos pressupostos, as mesmas admoestações, persuasões, coações de agitação e propaganda, foram usadas num concelho pobre, parte analfabeto outro tanto iletrado, economicamente dependente do maior patrão e empregador, que dispenso alvitrar: todas e todos sabem quem é, como se chama, onde reside. Por grosso, entre emprego directo e indirecto, por via das associações, quantas famílias, quantas bocas, quantos eleitores manietados dependem dele? Nestas circunstâncias é livre o voto? Quando se mendiga um lugar, se almeja um emprego, se anseia um trabalho? Quando destes depende o pão para a boca? Em anos e anos de autarquia comunista, fizeram-se as infra-estruturas básicas de saneamento e salubridade? A rede viária dos 128 Kms2 foi pavimentada e asfaltada? E a distribuição domiciliária de água? E a captação de empresas geradoras de trabalho e emprego? E o turismo nas suas diversas vertentes? Tenham pudor e decoro e não enunciem «Trabalho, Honestidade e Competência»! Nada se fez porque nada se quer fazer, politicamente o “monstro” alimenta-se da miséria e ignorância, pois é aí sim que fazem render votos e ganhar eleições.

8 comentários:

Unknown disse...

A verdade é dura.

Anónimo disse...

É verdade, tenham vergonha. Este blog é exemplar nas denúncias dos muitos abusos que se fazem!

Anónimo disse...

Amigos,

Deixem-me dar a minha opinião que pode estar errada, mas acredito que não totalmente.

O PC ganhou porque ninguém (munícipes em geral e correligionários - com excepção dos do poleiro -)gostava do Sr. Inocêncio e da suas prepotências.

E como as outras forças partidárias que votam em Alcochete não dão provas de fibra para algo fazerem e muitos munícipes nem sequer cá estão recenseados, só o PC podia ganhar.

Se fosse o trabalho, a honestidade e a competência que tivessem levado os Alcochetanos a votar no PC, o PS nunca tinha posto os pés na Câmara...

Saudações,

marialisboa

In Via disse...

Bem visto!

Anónimo disse...

Distribuidor da Boa Nova, agora dilogar com as populações, saber dos seus anseios, aproximar os eleitos da população é isso tudo e muito mais que pensas? Qual o conceito de poder local democrático que defendes? Afinal a derrota ainda te custa a engolir, ainda te tira o sono? Será que eras um dos assalariados que dependias da Câmara PS?
Em democracia (será que sabes o que isso é?) o povo é soberano e expressa a sua vontade através do voto nas urnas.

António

In Via disse...

O cavalheiro, em vez de me tentar insultar - debalde, só me ofende quem quero! - faria melhor em responder às questões deixadas no post: "em anos e anos de autarquia comunista, fizeram-se as infra-estruturas básicas de saneamento e salubridade? A rede viária dos 128 Kms2 foi pavimentada e asfaltada? E a distribuição domiciliária de água? E a captação de empresas geradoras de trabalho e emprego? E o turismo nas suas diversas vertentes?". Vá lá, responda!

Anónimo disse...

Compare aquilo que diz que não foi feito com o estado em que se encontrava Alcochete em 1974. Analise os trabalho feito por 27 anos de gestão democrática.

António

In Via disse...

Agora, com um pouco mais de calma, vamos lá conversar. É escusado ser rude, ofensivo, não fica com mais razão, já viu? Liberta a bílis, simplesmente. Estas coisas discutem-se sem necessidade de se recorrer à ofensa gratuita, só porque temos perspectivas diferentes. O meu amigo defende q em 27 anos se fez muito, eu defendo a posição contrária. Faça então favor de me dizer, insisto, tenha lá paciência: em anos e anos de autarquia comunista (27 anos), fizeram-se as infra-estruturas básicas de saneamento e salubridade? A rede viária dos 128 Kms2 foi pavimentada e asfaltada? E a distribuição domiciliária de água? E a captação de empresas geradoras de trabalho e emprego? E o turismo nas suas diversas vertentes? Faça favor de responder, caramba, deve ter respostas para todas estas interrogações, já q defende a excelência da gestão PC!