
Numa deliberação camarária, de Fevereiro desse ano, invoca-se o recenseamento geral da população, realizado no ano anterior, segundo o qual a principal freguesia (Alcochete) tinha 4000 habitantes e a periferia (incluindo Samouco) cerca de 2000 pessoas. Tais factos, somados à circunstância de haver "fáceis meios de comunicação no concelho", levaria a câmara a propor ao ministro do Interior que o segundo médico municipal residisse também na vila, embora prestasse serviço prioritário em Samouco.
O caso tinha alguns contornos políticos – possivelmente devido a divergências herdadas da restauração do concelho, em 1898, quando em Samouco surge um grupo que tenta manter a freguesia no município de Montijo – e a nomeação desse médico para a freguesia periférica andaria embrulhada cerca de ano e meio, resolvendo-se apenas na Primavera de 1944, ao ser nomeado o falecido dr. Manuel Simões Arrôs (1910-2007).
O processo tem início no Verão de 1942, quando o presidente da câmara propõe que o lugar seja posto a concurso, encetando logo diligências para que a sua residência seja fixada em Alcochete, para evitar problemas políticos futuros.
A proposta divide a vereação. Manuel Ferreira da Costa discorda da abertura do concurso, enquanto não for dada resposta a um pedido de esclarecimento da câmara, ao Ministério do Interior, formulado cerca de ano e meio antes.
António Antunes secunda a posição do presidente, mas sugere que se aguarde pela resposta da comissão incumbida de emitir parecer acerca da petição da câmara, invocando o argumento de que convinha "evitar que, colocado o médico na freguesia rural, não surjam depois dificuldades de ordem política local, nem prejuízos que obstem ao estabelecimento da residência do médico na sede do concelho, com prejuízo para a boa regularização da assistência clínica".
Só em Janeiro de 1943 a câmara decidirá abrir concurso para o segundo médico municipal, cujo cargo vagara cerca de dois anos antes devido a aposentação do anterior titular, e a nomeação vem a concretizar-se mais de um ano depois (em Março de 1944), quando a vereação vota em escrutínio secreto e decide por maioria admitir o dr. Manuel Simões Arrôs, que fixa residência em Alcochete embora prestasse sobretudo serviço em Samouco.
O Dr. Simôes Arrôs faleceu, em Alcochete, a 9 de Abril de 2007.
Texto anterior da série «Municipalismo de outrora» arquivado aqui.
continua
Estou fora de Alcochete, desde outubro de 2000!
ResponderEliminarE foi ao ler este Artigo, que constatei esta triste notiçia!
Foi com pesar e muita mágoa, que constatei esta grande perda!
Mais um grande AMIGO partiu!
Que DEUS o acolha e o abençoe!
P.Gouveia
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