
A Festa Brava, pela sua vertente mais prestigiada, vale dizer, a Corrida de Toiros, está ordenada ao Bem.
De facto, a Corrida de Toiros pauta-se pela imutabilidade de gestos sempre repetidos, recriando simbolicamente a obra da Criação que se rege por leis imutáveis e é boa: «Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa. Assim, surgiu a tarde e, em seguida, a manhã. Foi o sexto dia» (Gen. 1, 31).
Nesta conformidade, a Corrida de Toiros (são lidados seis animais) celebra a Criação gerada pelo Sumo Bem, razão por que só pode estar ordenada a Este, lembrando todos os homens de que são colaboradores do Criador na construção incessante da casa comum.
Atentem bem neste sentido de oportunidade.
ResponderEliminarVou aqui reproduzir uma passagem retirada de uma tradução do Latim pelo Professor Dr. José Cardoso , inserida no livro « Concilio Provincial Bracarense e Frei Bartolomeu dos Mártires » edições APPACDM/1994-Braga - desde já agradecendo à minha prima Sãozinha ( professora cetedrática de história ) o empréstimo para leitura dessa obra interessantissima.
Citando:
"Braga , Novembro de 1567 (Conc.Trid., Sessão 25 , «De venerat. sanctorum»)
Capítulo 8º
O espectáculo das touradas é indigno de ser visto pelos cristãos e não difere muito daquele desumano costume dos pagãos de combater contra as feras , com erro do povo ignorante. Sucede julgar-se este este género de espctáculos como exibição em honra de Deus , da bem aventurada Virgem Maria e dos Santos-de tal maneira que se chega ao ponto de alguns fazerem promessas de realização de touradas! O Santo Concilio aconselha os Ordinários que ensinem ao Povo a si confiado , que com espectáculos desta natureza , mais se ofende a Deus do que se Lhe presta culto. Essas horas que se destina, a distrair os olhos com um vão e inútil prazer , são subtraídas ao culto devido a Deus , levando muitos fiéis a afastarem-se do sacrificio da Missa qye aqui e ali deixam de assistir ao ofício vespertino. Por isso ordena-se aos juízes das confrarias que não comprem toiros com as rendas ... Se assim fizerem , além da restituição no dobro , sejam multados... Se algumas promessas com o pretexto de oferecer touradas forem feitas , estabelece o Santo Concílio que as declarem nulas...Proibe-se os clérigos , quaisquer que sejam as ordens sacras ... e
ou aos prebendados... que assistam a tais espectáculos. Aos alcaides das cidades e vilas , exorta-os o Santo Concílio que se abstenham de semelhantes espectáculos , a fim de que não desviem das coisas da Igreja e dos oficios divinos as almas dos povos cujo governo presidem."
Senhor Professor Marafuga - ESTA DECISÃO DA IGREJA , reunida em Santo Concilio , foi tomada em NOVEMBRO DE 1567 !!! OU SEJA HÁ PRECISAMENTE 439 ANOS !!!
Uma vez que agora anda a deambular pela "Festa Brava" , que chega a considerar uma celebração da Criação Gerada pelo Sumo Bem , não posso deixar de concluir que já em 1567 , os Bispos da Igreja pensavam muito à frente de V.Exª.
Para quem se quer mostrar tão apegado às coisas de Deus , não posso deixar de sugerir , que proceda em conformidade com a decisão tomada em Novembro de 1567 pelo Santo Concilio reunido em Braga - Assim , não se subtraia ao culto devido a Deus com pensamentos e reflexões sobre a «Festa Brava». Utilize esse tempo para ir à Missa ( incluindo o ofício vespertino ). Acredite que até aqueles que gostam da «Festa Brava» vão agradecer...
Luis Proença
A Igreja Católica ainda hoje, pelo menos alguns dos seus círculos mais conservadores, vê com displicência as touradas.
ResponderEliminarTalvez a raiz de tal desagrado tenha a ver com reminiscências que vêm da antiga Roma que, segundo a tradição, lançava os primitivos cristãos às feras para divertimento da populaça.
O espírito da Contra-Reforma face a tudo usou de muita rigidez, o que teria prejudicado a própria evangelização e expansão da Igreja no mundo, por exemplo, no Japão.
A verdade é que, quanto à Festa Brava, esta não mexe com o Evangelho da Cruz, com o Deus Uno e Trino, com os sacramentos, com os dogmas da Igreja, com a antropologia cristã, etc., antes vem ao encontro de todo o quadro teológico do Cristianismo.