31 janeiro 2009

Os chamados direitos dos animais


Alguém me poderia dizer que a sustentação da minha gatinha (a Kicas) pode ser integrada na educação do meu filho, argumento que subscreveria sem esforço.

Então, dir-me-iam logo que eu sustento o animal em troca de qualquer coisa, assim se instaurando no debate o ponto de partida para o jurídico.

Mas a minha casa, a decoração desta, o meu carro, etc., também se integram na educação do meu filho sem que eu descortine os direitos que assistem à casa, à decoração, ao carro, etc. Sob este tipo de raciocínio, não vejo que se possa legitimar direitos à minha Kicas, razão por que essa coisa dos direitos dos animais é uma das muitas fraudes que herdámos do século XX.

De facto, se os animais têm direitos, o meu projecto empresarial de criar um viveiro de cobras para a extracção da pele terá muitíssimas dificuldades de ir em frente, pois não é com o valor do trabalho e a prosperidade dos povos que os revolucionários da utopia marxista têm chances de vingar.

É uma criatura de Deus


Também comecei a estudar Zoologia no primeiro lustro do anos sessenta. Uma vez saímos do Seminário para darmos um passeio nos arredores da Apelação. Era um domingo à tarde. A dado momento da nossa deambulação, vejo um lagarto grandote e, sem reflectir, pego numa pedra para lhe atirar. Quando levantei o braço, a minha mão foi segurada pela do Padre que nos acompanhava, dizendo-me, olhos nos olhos: "Não deves fazer isso porque aquele animal é uma criatura de Deus". Eu larguei a pedra da mão e deixei o lagarto em paz. Portanto, como se vê, a lição contra a minha atitude gratuita foi-me dada no campo da moral, não disso que chamam direitos dos animais (campo jurídico).

Botânica


Quem por aí faz alarde público de saber Botânica, provavelmente não consideraria despicienda a posse deste manual da dita ciência, uma edição de 1900. Comecei a estudar Botânica na Pia Sociedade de São Paulo, primeiro lustro dos anos sessenta. In illo tempore, os grandes mestres que tive, quando falavam de verdura era para nos dizer que não convinha cozer o bacalhau só com batatas. As plantas eram criaturas de Deus, inclusive as que se comessem, única forma de não cometermos um crime quando arrancássemos uma alface da terra para fazer uma salada.

30 janeiro 2009

Propaganda comunista

«No meu estudo das sociedades comunistas, cheguei à conclusão de que o propósito da propaganda comunista não era persuadir, nem convencer, mas humilhar - e, para isso, quanto menos ela correspondesse à realidade, melhor. Quando as pessoas são forçadas a ficar em silêncio enquanto ouvem as mais óbvias mentiras, ou, pior ainda, quando elas próprias são forçadas a repetir as mentiras, elas perdem de uma vez para sempre todo o seu senso de probidade... Uma sociedade de mentirosos castrados é fácil de controlar» (Theodore Dalrymple).

Água: consumo excessivo ou... aqui há "gato"?


Estão disponíveis os indicadores estatísticos de 2007 respeitantes à Região de Lisboa e Vale do Tejo e, na Península de Setúbal, deparei com dados inexplicáveis sobre consumo de água do sector doméstico por habitante no município de Alcochete.
Ao longo do ano de 2006 – os dados fornecidos para a água referem-se a esse ano – com 88% da população residente servida por sistema público de abastecimento (a segunda taxa mais baixa na península), cada munícipe de Alcochete consumiu qualquer coisa como 105,8m3!
Tão elevado consumo não tem paralelo nos 18 municípios da Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde apenas Montijo nos ultrapassou (120,8m3 por habitante ao longo do ano).
Se a informação respeitante a Alcochete está correcta, ela significa que cada alcochetano(a) consome o dobro da água do lisboeta ou do barreirense e quase o triplo do almadense e do moitense.
A meu ver, o consumo médio diário de 289,8 litros de água por habitante é anormal e justifica clarificação por responsáveis municipais.
Porque de duas uma: ou se gasta demasiada água ou alguém meteu água!

29 janeiro 2009

Nova Direcção do Aposento do Barrete Verde


Foram há vinte anos estas Festas do Barrete Verde e das Salinas. Agora que o Aposento tem uma nova Direcção presidida pelo sr. Carlos Maurício, hão-de desejar todos os alcochetanos que a mesma leve a cabo um bom trabalho a fim de que as festas deste ano dignifiquem Alcochete perante Portugal inteiro e o Mundo.

28 janeiro 2009

Feitiçaria

É impressionante a velocidade com que, em Alcochete, se queimam candidaturas autárquicas.
Até parece que o número de interessados(as) relevantes excede o de cargos a distribuir!
Que mais irá acontecer?

27 janeiro 2009

Realidade e demagogia

Entre os inúmeros desafios que, em Alcochete, os potenciais candidatos às próximas eleições locais têm pela frente, um dos que me parece decisivo é o de clarificar a real situação financeira das autarquias.
Os cidadãos têm acesso fácil aos orçamentos municipais de 2008 e 2009, embora, contrariando o legalmente estipulado, ignorem as contas de gestão desde 2004. Parece-me estranho mas como nunca houve qualquer outra reacção política pública – além de várias minhas – presumo que os potenciais candidatos já perfilados no horizonte terão informação privilegiada, estão atentos e em condições de esclarecer o cidadão comum.
Estarão mesmo ou, tal como em 2001 e 2005, por exemplo, continuamos no reino da ficção e, pouco depois da tomada de posse, virão reconhecer que nada sabiam acerca da realidade?
Se conhecem as contas de gestão seria preferível começarem por aí, explicando detalhadamente donde partimos, qual a situação actual e que perspectivas existem para o mandato.
De outro modo, quaisquer ideias e planos dificilmente prenderão a atenção de significativo número de eleitores.
No início de uma crise financeira e económica sem precedentes na actual geração, qualquer candidato(a) a cargos de representação política deve começar por descrever a realidade dos factos e dos números.
Numa democracia madura não há lugar para a demagogia. Sem conhecer o passado, nem o presente, dificilmente alguém acreditará no futuro.

26 janeiro 2009

Municipalismo de outrora (9): nomeação do dr. Simões Arrôs

Em meados de 1941 ocorre em Alcochete um surto de febre tifóide e, na sessão de 1 de Agosto, a câmara paga 51$ a uma senhora que prestara serviços no balnério público "durante a campanha contra o tifo".
Numa deliberação camarária, de Fevereiro desse ano, invoca-se o recenseamento geral da população, realizado no ano anterior, segundo o qual a principal freguesia (Alcochete) tinha 4000 habitantes e a periferia (incluindo Samouco) cerca de 2000 pessoas. Tais factos, somados à circunstância de haver "fáceis meios de comunicação no concelho", levaria a câmara a propor ao ministro do Interior que o segundo médico municipal residisse também na vila, embora prestasse serviço prioritário em Samouco.
O caso tinha alguns contornos políticos – possivelmente devido a divergências herdadas da restauração do concelho, em 1898, quando em Samouco surge um grupo que tenta manter a freguesia no município de Montijo – e a nomeação desse médico para a freguesia periférica andaria embrulhada cerca de ano e meio, resolvendo-se apenas na Primavera de 1944, ao ser nomeado o falecido dr. Manuel Simões Arrôs (1910-2007).
O processo tem início no Verão de 1942, quando o presidente da câmara propõe que o lugar seja posto a concurso, encetando logo diligências para que a sua residência seja fixada em Alcochete, para evitar problemas políticos futuros.
A proposta divide a vereação. Manuel Ferreira da Costa discorda da abertura do concurso, enquanto não for dada resposta a um pedido de esclarecimento da câmara, ao Ministério do Interior, formulado cerca de ano e meio antes.
António Antunes secunda a posição do presidente, mas sugere que se aguarde pela resposta da comissão incumbida de emitir parecer acerca da petição da câmara, invocando o argumento de que convinha "evitar que, colocado o médico na freguesia rural, não surjam depois dificuldades de ordem política local, nem prejuízos que obstem ao estabelecimento da residência do médico na sede do concelho, com prejuízo para a boa regularização da assistência clínica".
Só em Janeiro de 1943 a câmara decidirá abrir concurso para o segundo médico municipal, cujo cargo vagara cerca de dois anos antes devido a aposentação do anterior titular, e a nomeação vem a concretizar-se mais de um ano depois (em Março de 1944), quando a vereação vota em escrutínio secreto e decide por maioria admitir o dr. Manuel Simões Arrôs, que fixa residência em Alcochete embora prestasse sobretudo serviço em Samouco.
O Dr. Simôes Arrôs faleceu, em Alcochete, a 9 de Abril de 2007.

Texto anterior da série «Municipalismo de outrora» arquivado aqui.

continua

Com uma cajadada matava dois coelhos

Pelo que se retira dos meus textos anteriores, o comunismo não é o único inimigo do capitalismo liberal. Deste também são inimigos não poucos dos grandes donos do dinheiro porque a muitos homens o que lhes diz tudo é o quintal que não têm. Por aqui se vê que, no respeitante a efeitos, vai dar no mesmo o que comunistas e esses megacapitalistas querem. Ora é a partir daqui que começa a grande mistificação à humanidade que tem origem na propaganda estalinista.
Como os povos ficaram a odiar o fascismo e como este fizera a aliança com parte do alto capital, o comunismo, passando por cima da distinção entre megacapitalismo desregrado e capitalismo liberal, mete tudo no mesmo saco, acusando o capitalismo em geral dos horrores do fascismo, sobretudo do nazismo.
Estaline, com uma cajadada matava dois coelhos. Por um lado, desacreditava aos olhos de milhões de incautos o capitalismo liberal, isto é, a espinha dorsal das democracias ocidentais; por outro, desviava a atenção desses mesmos incautos dos crimes hediondos levados a cabo pelo comunismo nos quatro cantos do mundo.

25 janeiro 2009

Ambientalismo versus capitalismo

O capitalismo é um sistema económico que germinou no seio da Civilização Judaico-Cristã. Esta asserção afoita-me a declarar, sem risco de grande engano, que o sustentabilidade do sistema económico do Ocidente nada deve ou vem a dever ao ambientalismo senão ao respeito pela matriz cultural no seio da qual cresceu e se solidificou.
Não pode haver capitalismo se o mandamento bíblico não roubarás for desprezado. Ora se eu passo a vida a não querer o que é meu mas o que é do outro, sou um ladrão. É este, em palavras muito simples, o retrato de não poucos megacapitalistas do nosso tempo.
Entrando noutro tipo de registo desta minha escrita afunilada, não há capitalismo quando se abdica da moral. Esta fica para trás se a pessoa é coisificada. Eis a economia pela economia, ou seja, a economia (coisa) como fim. Nesta mesma linha está o ambientalismo, culto do imanente (da criatura), o que se opõe a todo o espírito do Cristianismo porque rouba à pessoa a sua lídima dimensão humana ordenada a Deus.

24 janeiro 2009

Fim de ciclo no Aposento do Barrete Verde



Fernando Pinto, presidente cessante da Direcção do Aposento do Barrete Verde, pede-me a publicação do seguinte texto:


Chegámos ao fim de um maravilhoso ciclo no Aposento do Barrete Verde de Alcochete.
Depois de 4 anos intensos, surgiu o momento indicado para encerrarmos um capítulo na história desta Agremiação.
Ao longo deste período foram muitos os sorrisos esboçados, muitas as lágrimas derramadas mas acima de tudo muitos os amigos que conquistámos. Naturalmente que muito ainda ficou por fazer, mas estamos de consciência tranquila porque sabemos que fizemos o melhor que sabíamos e que podiamos.
Foram muitos os que se insurgiram contra este grupo de jovens que abraçou um projecto para desenvolver as suas ideias sempre em função dos mais supremos interesses do Barrete Verde, preservando a sua história, os seus costumes e tradições acrescentando novas ideias face ás mais recentes ideologias da sociedade, mas foram muitos mais, aqueles que sempre estiveram do nosso lado, percebendo as nossas razões, motivando-nos e apoiando todas as iniciativas desenvolvidas, criticando construtivamente quando necessário.
A todos que nos acompanharam nesta missão "Por Alcochete" agradeço a forma entusiástica e desinteressada como o fizeram.
O Aposento não é apenas um local onde se bebe um copo e se fuma um cigarro, o Aposento é o local onde se "respira" a cultura deste povo, onde se encontra o nosso mais recente passado e fundamentalmente onde se confunde essa nobre tradição secular de pegar toiros com a valentia e destreza desta gente que "abraça" o Tejo como se fosse seu.
Aos meus companheiros de 4 anos (Fátima Soares, Estêvão Pereira, Pedro Lavrado, Luciano Bolota, Nuno Lavrado, José Jorge Ferreira, Nuno Damiães, Paulo Silva, Sérgio Gregório e António Carlos) jamais esquecerei a lealdade com que me acompanharam contribuindo decisivamente para que continuássemos a escrever em letras de ouro "Barrete Verde de Alcochete".

Ambientalismo

O ambientalismo está entre as maiores patranhas que se abateram sobre a humanidade desde que esta é humanidade.
Nenhum homem mentalmente saudável nega a verdade de que se deve proteger o ambiente. Mas é nesta evidência tão racional que se apoia toda a mentira. Por exemplo, se alguém tem um bom bocado de terreno virado ao mar e lá quer construir um complexo turístico, dando trabalho a centenas de pessoas, descobrem, quando menos se espera, uma colónia de roedores em vias de extinção na propriedade do empreendedor, tolhendo este de levar por diante o projecto que acalentava. Claro que estou a utilizar uma caricatura, mas todos vêem que há um cordão qualquer a ligá-la à realidade.
O ambientalismo é uma maquinação de alguns megacapitalistas do globalismo inimigos do capitalismo liberal, o único sistema à face da terra que pode assegurar a liberdade e prosperidade ao mundo e salvar a humanidade da hecatombe.

Nota: por capitalismo liberal entendo o capitalismo normalizado, isto é, o capitalismo sujeito a normas (regras) que contam com um árbitro chamado Estado que penaliza quem não as cumpre.

22 janeiro 2009

Estás contra o ambiente?

- Por que pisaste a ervinha? Por que não desviaste o teu pé da formiguinha? Por que deixaste cair o papelinho do teu rebuçado para o chão? Estás contra o ambiente?
- Não, estou a favor!
- Entras em contradição porque pisaste a ervinha, não desviaste o teu pé da formiguinha, deixaste cair o papelinho do teu rebuçado para o chão.
- Mas estar a favor do ambiente é não pisar a ervinha, desviar o meu pé da formiguinha, não deixar cair o papelinho do meu rebuçado para o chão?
- Claro, estúpido!
- Bem diz o poeta...
- Qual poeta?
- O poeta António Aleixo!
- Que diz ele?
- «P'rà mentira ser segura/e atingir profundidade/tem que trazer à mistura/qualquer coisa de verdade».
- Deixa-te de lirismos. A defesa do ambiente está na ordem do dia.
- Para mudar valores, dominar e roubar o outro?
- Eh pá, toda a gente diz que já não se pode falar contigo! Bom, estou atrasado. Depois falamos. Até outro dia.

31 de Maio: Alcochete a Correr

Por enquanto há só um "boneco" para mostrar, mas a data definitiva está fixada: 31 de Maio.

Felicidade e realidade


Há quem pense (não são poucas as pessoas a pensar assim), por exemplo, que a felicidade está num casamento feito a contento de nubentes que protestam um ao outro eterno amor. Ora não é bem isso porque o verdadeiro amor conta com a realidade. Como assim?
É feliz quem se submete à realidade, não quem por cima desta põe o "eu" e quer submeter o que não pode ser submetido à própria subjectividade.
E o que é transformar a realidade senão querer submetê-la à nossa subjectividade?
A grande lição é-nos dada pelo significado profundo da história de São Cristóvão. Parecia a este bom homem da tradição cristã que nada lhe custaria transportar aos ombros um menino de uma margem para a outra do rio que o agigantado barqueiro tão bem conhecia. Dando início à travessia, Cristóvão começa a sentir que o peso do menino é cada vez mais pesado, obrigando-o a vergar-se qual Atlas sob o peso do mundo. Exausto, o santo chega à margem oposta do rio, quando se desfaz o menino-aparência e se lhe revela o Senhor pela Criação, o Cristo, a Estrutura da Realidade.
Feliz pelo alívio da revelação, Cristóvão percebeu que a humildade é a verdade.

21 janeiro 2009

O que não podemos dar

Nos últimos três anos, a actividade política local caracterizou-se por hibernação da oposição. Foram encerrados todos os sítios partidários na Internet criados durante a campanha de 2005 e os poucos blogues com finalidade similar raramente ou nunca tiveram actualização.
Agora que se avizinha a época das promessas intensificam-se as pesquisas temáticas ao arquivo deste blogue, indiciando que alguns redactores dos programas de 2009 estarão a servir-se dele como farol de ideias. Não virá mal ao mundo por isso, até porque entre os 1650 textos aqui disponíveis encontrarão muito para reflectir.
Infelizmente, porém, este blogue nunca poderá dar-lhes aquilo para que várias vezes chamei a atenção: a descrença da sociedade no papel dos partidos, que localmente continuaram a primar pelo silêncio e por outros preocupantes sinais de alheamento acerca do dia-a-dia dos órgãos administrativos. Os partidos ignoraram os seus eleitores, não se dedicaram à construção de pontes para o futuro e deram rédea solta ao poder.
Neste blogue ninguém conseguirá obter o imprescindível capital de credibilidade e de confiança. Quem se submete ao sufrágio popular, ganhe ou perca tem de honrar os compromissos assumidos. Tendo ou não lugar em órgãos de representação política, deve lealdade aos seus eleitores. O dever de informar e esclarecer é o mínimo exigido.
Entre Novembro de 2005 e o passado mês de Agosto, várias vezes apontei o silêncio e outros preocupantes factores negativos de natureza partidária porque descreio da possibilidade de alguém ser alternativa e ter capacidade para ganhar qualquer acto eleitoral sem um persistente trabalho de formiga.

20 janeiro 2009

Grande abraço a Isabel M!




Envio para Londres um abraço a Isabel M, bisneta de António Rodrigues Regatão, a qual, graças a este texto, pôde conhecer uma imagem do seu antepassado.

Repare-se no comentário por ela introduzido no texto.
Já agora, Isabel, especialmente para si aqui tem uma página com tudo o que neste blogue se escreveu acerca do seu bisavô.

E o que ainda não se escrevera, por falta de oportunidade, fica registado em seguida, com duas imagens pouco conhecidas: ao alto, grupo de fundadores do Aposento do Barrete Verde, onde figura seu bisavô. Um pouco mais abaixo, neste texto, há ainda um documento histórico da fundação do Aposento.

Há cerca de sete anos, quando originalmente escrevi e publiquei este texto, registei nele que o filho de António Rodrigues Regatão - reformado e então com quase 80 anos - lamentava que Alcochete se tivesse esquecido do pai, oficialmente tido como o ideólogo do Aposento do Barrete Verde.
Nunca houve justificação para tal e presume-se que a razão seja apenas uma: não nasceu cá!
O impulsionador do Aposento do Barrete Verde foi o jornalista José André dos Santos e na época (início da década de 40 do século passado) surgiram várias ideias acerca do nome a atribuir-lhe, tais como Casa, Pousada ou Albergue.
Chega a ser impressa uma circular, datada de 22 de Agosto de 1944, em que surge estampada a denominação Pousada do Barrete Verde. Todavia, quando é distribuída à população tem sobreposta à palavra Pousada, através de um carimbo, a designação Aposento (ver imagem acima ampliada).
Tudo indica que António Rodrigues Regatão foi quem atribuiu a denominação final ao Aposento e terá também contribuído para a redacção dos seus princípios básicos e do projecto inicial de estatutos.
O Aposento do Barrete Verde nasceu a 20 de Agosto de 1944 e são seus fundadores oficiais Álvaro José da Costa, António Rodrigues Regatão, António Tomé, Augusto Atalaia, Augusto Ferreira da Costa, Augusto Ferreira Gonçalves de Oliveira, Augusto Ferreira Saloio, Carlos Pedro de Oliveira, Estêvão João Pio Nunes, João Baptista Lopes Seixal, Joaquim José de Carvalho, Joaquim Tomás da Costa Godinho, José de Oliveira, Manuel Ferreira Perinhas, Dr. Manuel Simões Arrôs e Virgílio Jorge Saraiva.
António Rodrigues Regatão, falecido em 1966 em Alcochete, era natural de Alandroal, distrito de Évora, onde nasceu em 1890. Foi fundador e presidente do Sindicato dos Ajudantes Técnicos de Farmácia, radicando-se em Alcochete no ano de 1933, para exercer a sua profissão de farmacêutico, adquirindo a Farmácia Gameiro (cujo nome lamentavelmente desapareceu quando, há pouco tempo, o estabelecimento se mudou para a Urbanização do Barris).
António Rodrigues Regatão foi também presidente da Assembleia Geral da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 e tomou parte activa na aquisição do edifício classificado onde se situa a sua sede, na Rua Comendador Estêvão de Oliveira.
Foi criador e ideólogo - na sua forma física, filosófica e programática - do Aposento do Barrete Verde, expressa na circular para angariação de sócios, datada de 22 de Agosto de 1944, publicada mais acima nesta página.
Lutou contra a ditadura do Estado Novo, foi figura destacada e de referência em Alcochete, sendo citado no «Livro Branco do Fascismo». Em consequência das suas opções políticas, foi perseguido na actividade comercial por pessoas influentes e afectas à ditadura.
Em data que não posso precisar – porque o original manuscrito não está datado – a Câmara Municipal recebeu uma proposta para atribuir o seu nome a uma artéria de Alcochete. Nunca obteve resposta. O documento deve constar do arquivo municipal e o seu teor é o seguinte:
"As Festas do Barrete Verde e das Salinas são as festas mais representativas do povo alcochetano, da sua cultura e da sua identidade. Projectaram o nome de Alcochete por todo o país, transpondo fronteiras e proporcionando, todos os anos, a reunião da família alcochetana.
"À personalidade que as criou, José André dos Santos, já foi devida e justamente prestada homenageada. Foi dado o seu nome a uma rua de Alcochete. "Houve alguém que teve a iniciativa, apoiada por um grupo de pessoas que constituíram o núcleo dos sócios fundadores, de criar uma colectividade com a obrigatoriedade de realizar as Festas do Barrete Verde e das Salinas e, consequentemente, de as perpetuar. De estabelecer os princípios que a devia corporizar: trabalhar por Alcochete; fazer a sua propaganda; pugnar pelo seu progressivo desenvolvimento, tornar conhecidas todas as suas belezas naturais; criar um lar regional representativo das tradições, do labor, das tendências e aspirações da família alcochetana e que sirva de casa de recepção de visitantes. "Foi esta mesma pessoa que materializou estes princípios, organizando e dando vida à mais representativa e importante colectividade alcochetana, o Aposento do Barrete Verde. "Este alguém foi António Rodrigues Regatão. "Por analogia com a homenagem a José André dos Santos, e dentro dos mesmos princípios, propomos que seja atribuído o nome de António Rodrigues Regatão a uma rua de Alcochete. Porque nos parece de elementar justiça e gratidão para com a memória de quem fez algo de concreto por Alcochete. Era incontestavelmente seu grande amigo e alcochetano de coração".
Tendo dado pouco ou nada a Alcochete, há quem tenha o seu nome inscrito numa artéria. António Rodrigues Regatão deu algo bem visível, mas cerca de 43 anos após a sua morte ainda não lhe foi feita justiça.

Engraçado!


Hoje, Barack Obama, no discurso inaugural logo após a tomada de posse, aludiu ao aquecimento global perante dois milhões de pessoas que o ouviam a tremer de frio.
Se eu estiver enganado nas minhas análises sobre Barack Obama, melhor para a Humanidade.

19 janeiro 2009

A realidade preterida por narrativas


Ontem, Domingo, 18 de Janeiro de 2009, pelas 17H30, dirigi-me aos Paços do Concelho para assistir à sessão solene do 111º aniversário da Restauração do Concelho de Alcochete que medalhou o contrabaixista notável Armando Crispim, a Associação GilTeatro, o Centro Social de São Brás do Samouco e a Santa Casa da Misericórdia de Alcochete.
Há muitos anos que lá não ia e muitos outros decorreriam se a tal não me visse obrigado pelo meu amigo Armando Crispim, cuja história de vida é uma vitória retumbante sobre as forças cegas desta terra de Alcochete.
Logo após as merecidas honras prestadas ao Armando, senti um impulso que me levaria a sair do salão se isso não fosse uma falta de respeito às entidades colectivas logo a seguir agraciadas.
É que eu estava agoniado pela preterição da realidade a favor da imposição de narrativas, fosse a história de vida do sr. Miguel Boieiro em espaço e tempo tão desaconselhado para tal, fosse a mistificação do dr. Luís Franco sobre a obra da Câmara ao longo destes mais de três anos. Sim, porque eu não vejo, por mais que abra os olhos, nenhuma obra digna de referência levada a cabo por estes autarcas.
NOTA: mas agora penso eu cá comigo: e se a realidade é intencionalmente preterida pela imposição de narrativas que nos oferecem a ilusão dessa mesma realidade? Aqui, a mera alienação seria substituída por um corte fulminante que passaria entre os nossos pés e o chão que pisamos. Assim, tudo nos poderia ser dito, inclusive que as raízes das árvores sobem direitas ao céu e as folhas se entranham no subsolo, que ninguém se lembraria de erguer a voz para a mínima contestação.
O meu amigo ou amiga dirá que o Marafuga está a delirar!
Olhe que não!...Olhe que não!...

18 janeiro 2009

Curiosidades

Exemplo de coisas curiosas que se descobrem via Internet.

Nota - Este sítio na Internet tornou-se tão popular que, em horário laboral, por vezes vai-se abaixo. Tente aceder em horário nocturno.

Transformar a realidade ou saber vivê-la?

Que acontece se eu sou pela transformação da realidade? Em vez de observar esta, concluir e propor as medidas para nos harmonizarmos o melhor possível com o meio à nossa volta, elejo o "eu" a uma espécie de demiurgo para a transfiguração completa da estrutura da realidade, postura objectivamente satânica, haja nisso maior ou menor consciência.
A finalidade da História é trocada pelo fim da História, quer isto dizer, pelo fim da luta de classes. Quando lá chegarmos, será a eterna abundância, felicidade e paz. Para que este tempo venha, urge acabar com os Estados Unidos da América, com Israel, com a Igreja, etc., identificados como os grandes obstáculos à construção do paraíso sobre a Terra.
Ora todos estes profetas do Anti-Cristo não dizem às massas que querem meter o Infinito no finito (inversão da realidade) e desprezam o facto incontornável de que todos nascemos com o mecanismo do mal entranhado em nós, razão por que, embora cada um possa melhorar como pessoa e na relação com o outro, somos criaturas, portanto sem vocação intrínseca para a absoluta erradicação dos conflitos humanos.

16 janeiro 2009

A realidade das coisas


Alcochete tem que se tornar naquilo que sempre foi, quero dizer, terra das melhores tradições em Portugal.
Toda a questão está em achar quem defenda esta ideia. Tem que ser alguém que compreenda a realidade das coisas.
Mas que realidade é essa?
Estão com a realidade os homens e as mulheres que têm os olhos bem abertos. Muitos pensam que a propriedade privada e o livre mercado não estão ameaçados. Não pensam bem porque se vemos o Cristianismo a desfortalecer-se, a tradição a sumir-se, a família a soçobrar, o ensino a marxizar-se, o Estado a agigantar-se, etc., e não reagimos, o que menos queremos que aconteça acabará por se impor à nossa vontade.
Alguém pensa que, hoje em dia, as forças políticas ideologicamente marxistas desencadeiam a revolução começando por atacar a propriedade privada e o livre mercado? Não seja ingénuo, meu amigo e amiga, porque eu também não sou, embora já o tivesse sido.
As forças de esquerda, todas elas mais articuladas do que se possa imaginar, estão a trabalhar para o amadurecimento do fruto, e quando acharem que este está mesmo maduro, darão um pequeno abanão à árvore, rebentando-o contra o chão.

Solidariedade

Por favor não deixe morrer este assunto, pequena amostra do muito que anda por aí escondido e que podemos minorar.

Respeito e perversidade

Alcochete acaba de perder António Rei, uma das suas raras referências culturais contemporâneas. Se muitos outros motivos não existissem, o simples facto de, há três anos, ter sido agraciado pelo município com a medalha D. Manuel I justificaria uma nobre atitude pelo seu falecimento.
Um galardão de mérito atribuído por uma autarquia é um gesto de reconhecimento público pela vida e obra de alguém e, se significa algo mais que pretexto para propaganda visando a conservação do poder, a coerência exige que se respeitem a pessoa e a sua memória.
Porém, ao início da madrugada de quinta-feira, decorria o velório do seu corpo, alguém da câmara mandou iniciar um foguetório. A decisão irreflectida repetir-se-ia menos de quatro horas após o funeral. E, novamente, cerca das 20h30, 20h45, 21h00, 21h30 e 22h00.
Admito que o significado fosse a celebração da restauração da autonomia municipal há 111 anos e não um pretexto politicamente perverso.
Contudo, se a causa fosse a primeira, por respeito à memória de António Rei deveriam guardar os foguetes. Porque só a segunda explica a insensibilidade perante a morte de alguém que há três anos se lisonjeava.

15 janeiro 2009

Bem hajas, poeta!

A pedido do poeta alcochetano Manuel Rei, mais uma singela homenagem a António Rei.


O Poeta,
Não tem muito d'especial,
Mas há algo p'ra contar.
Pode trabalhar no sal,
Ou andar por esse mar,
Onde por certo é tentado,
A escrever talvez um fado...

Pode até não ser letrado.
Mas ele tem sabedoria,
Simplesmente por ser tocado
Pela mão da poesia...

O Poeta,
É por natureza bom.
Usa as armas do seu dom,
Sem jamais ser violento,
E reclama bem a fundo
Por justiça neste mundo
Dando todo o seu talento...

Escreve coisas muito belas.
Vale a pena transcrevê-las:
"PAZ É JUSTIÇA, PAZ É AMOR,
PAZ É HOMEM IGUALADO,
PAZ É SENTIR A DOR
E ESTAR AO LADO
DE QUEM SOFRE...DESIGUALDADE".

O Poeta,
É, portanto, generoso.
É amigo, é precioso,
Mais do que o ouro de lei,
É valor inestimável,
Ser poeta é formidável,
Assim é ANTÓNIO REI!

Manuel Rei
94.02.05

Faleceu o poeta António Rei



Desde há muito que passeando com o poeta António Rei pelas ruas de Alcochete ou sentado com ele à mesa de café lhe ouvia histórias cujo cenário era o mundo inteiro.

Invariavelmente António Rei começava assim: "Não sei se já lhe contei...". Eu dizia sempre: "Não, António, ainda não contou!". E pela segunda ou terceira vez ouvia a mesma história que conservava a estrutura inicial com alteração de alguns pormenores.
António Rei quis presentificar através da escrita um passado cuja trama vai de norte a sul, de ocidente a oriente. No centro está ele de vigia como vezes sem conto esteve em navios de guerra sulcando oceanos e mares.
A escrita deste marinheiro não é só saudade do passado. É também futuro porque António Rei, como todo o homem que assim mereça ser chamado, insurge-se contra a injustiça e antevê dias melhores para a humanidade.
Assim, este grande poeta popular alcochetano insere-se no movimento escatológico de todo o cristão responsável, embora reduza as velhas sacristias a monturos de calhaus. Mas também Cristo destruiu velhos templos e dá-nos todos os dias um Novo Templo cuja realização última será o Reino de Deus ou comunhão total de todos os homens.
O meu nome aparece pela primeira vez ligado ao de António Rei no Jornal Echo d'Alcochete, ano II, n.º 15, Setembro de 1989. Aí, ele ilustra com um belo poema um artigo meu sobre a greve do sal de 1957.
Ao render tão pequena homenagem a António Rei nesta hora de despedida, ligo-me indefectivelmente a todos os homens de bem que buscam o sentido nesta vida.

14 janeiro 2009

Apelo ao altruísmo de alcochetanos

A extensão de Alcochete da Cruz Vermelha Portuguesa precisa de uma cadeira rodas, de armário de cozinha e de uma torneira misturadora para famílias carenciadas residentes no concelho.
1 - Da cadeira de rodas beneficiará um idoso adulto com dificuldades de mobilidade e, tanto quanto é do meu conhecimento, o custo normal no mercado não deverá exceder os 200€ (40.000$ em moeda antiga);
2 - O armário de cozinha destina-se a uma família monoparental pobre (mãe e quatro filhos) e substituirá o existente na respectiva habitação, em muito mau estado e correndo o risco de desabar. Provavelmente haverá em Alcochete quem tenha remodelado recentemente uma cozinha, ou esteja em vias disso, não sabendo como desfazer-se do mobiliário antigo. Se estiver em condições de reutilização e se as medidas se coadunarem seria útil à família em vista;
3 - A torneira misturadora deverá adequar-se a uma bacia de casa de banho e, se bem me recordo, existem no mercado a partir de 35€ (cerca de 7000$). Presentemente, a família beneficiária socorre-se de um bidé para a higiene diária.
Recordo que as doações feitas a instituições de solidariedade social, como a Cruz Vermelha, são susceptíveis de dedução à colecta de impostos (IRS e IRC), sendo majoradas em valor variável.
A coordenadora da extensão de Alcochete da Cruz Vermelha Portuguesa assume com o leitores deste blogue o compromisso de comprovar, publicamente e através de imagens, a entrega dos donativos acima descritos. A identificação dos beneficiários é sempre registada, embora não revelada. Os nomes dos doadores serão revelados, excepto se desejarem permanecer anónimos.
Quem estiver em condições de colaborar deverá contactar-me através do endereço de correio electrónico acessível a partir da hiperligação Email existente no canto superior esquerdo desta página.

13 janeiro 2009

Carta aberta ao presidente da CCDR-LVT

Nada do que adiante escrevo é inteiramente novo. Consta de abundante documentação nacional e internacional que os decisores devem considerar quando confrontados com problemas delicados, nos quais estão em jogo interesses divergentes: de um lado promotores imobiliários e do outro cidadãos representados por instituições estatais e municipais.
A arquitectura não pode impor-se à Natureza. Cabe-lhe adequar e racionalizar os projectos visando o equilíbrio de recursos e a sustentatibilidade, sob pena de induzir efeitos profundamente negativos no meio aquático, no solo e na atmosfera.
A dimensão e características dos dois projectos pretendidos para a Praia dos Moinhos, na freguesia de Alcochete, indiciam sobretudo preocupações de acumulação de riqueza material, agravando o desequilíbrio entre áreas naturais e edificadas.
As actividades económicas previstas geram crescimento incontrolável em população e tráfego, matérias que os resumos não técnicos abordam insuficientemente mas justificadoras da imposição de alternativas consentâneas com a minimização de impactes negativos nos recursos naturais, nos consumos de energia e água e na gestão de resíduos.
Não vislumbro nos projectos suficientes objectivos de redução de:
– Consumo de recursos naturais;
– Produção de resíduos;
– Poluição do ar, do solo, da água e do ruído.
Além dos riscos ambientais, quase todos de médio e longo prazo, há também alguns imediatos, como os de coesão social: não estamos perante um projecto de requalificação da Praia dos Moinhos mas de transformação de secas de bacalhau abandonadas em condomínios fechados, embora a mínima parte do espaço seja susceptível de usufruto pelos residentes.
Num relatório elaborado em 2006, escrevem peritos europeus de ambiente que "a regeneração urbana deverá ser usada para alcançar os objectivos de desenvolvimento sustentável, mediante a reciclagem do solo anteriormente utilizado ou dos edifícios existentes, a conservação de espaços verdes e a protecção da paisagem, da fauna e da flora. Objectivos de sustentabilidade pormenorizados, incluindo o estabelecimento de relações ecológicas, uma melhor acessibilidade, eficiência energética e participação comunitária, deverão também ser perseguidos".
O Relatório Brundtland (World Commission on Environment and Development, 1987, p. 43) define desenvolvimento sustentável como "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades actuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazerem as suas próprias necessidades" e a União Mundial da Conservação, do Programa das Nações Unidas para o Ambiente e do Fundo Mundial para a Natureza (1991) considera uma outra definição complementar: "Desenvolvimento sustentável significa melhorar a qualidade de vida sem ultrapassar a capacidade de carga dos ecossistemas de suporte".
O Conselho Internacional para as Iniciativas Ambientais Locais (1994) aplica esse conceito às zonas urbanas da Europa, nos seguintes termos: "o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que presta serviços ambientais, sociais e económicos de base a todos os moradores de uma comunidade, sem ameaçar a viabilidade dos sistemas naturais, urbanos e sociais de que depende a prestação desses serviços".
Depreende-se disto que desenvolvimento sustentável é um conceito não circunscrito apenas à protecção do ambiente mas implicando preocupações com as gerações futuras, a salubridade e integridade da Natureza a longo prazo, a preocupação com a qualidade de vida, a equidade entre as pessoas no presente e entre gerações e as dimensões social e ética do bem-estar humano.
Isto conduz-nos a uma outra conclusão: o desenvolvimento deve situar-se dentro dos limites da capacidade de carga dos sistemas naturais.

Tanto quanto é possível depreender da documentação disponível para consulta pública, nada disso sucederá na Praia dos Moinhos, na qual, salvo melhor opinião, me parece terem sido realizados inventários e medições algo apressados e pouco aprofundados.
Por tudo isto e invocando ainda a maior parte do que lhe escutei, há semanas, durante um seminário realizado em Alcochete, peço-lhe a rejeição dos empreendimentos imobiliários previstos na Praia dos Moinhos, por a densidade de construção ser inapropriada num local de grande sensibilidade ambiental, inteiramente incluído na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, num Sítio da Rede Natura 2000 e confinando com uma zona sob gestão ambiental da Fundação das Salinas de Samouco onde a conservação da avifauna constitui também uma preocupação.

P.S. - Este texto foi citado no blogue «Alcochetanidades», agradecendo a Luís Proença a gentileza.

Nomes injustiçados

Em seu texto um pouco abaixo, Fonseca Bastos faz alusão ao fundador do Aposento do Barrete Verde, o Sr. António Rodrigues Regatão. Este nobre varão - saiba Deus porquê - não tem uma artéria da vila de Alcochete com o seu nome, o que me parece ultrapassar os limites de toda a ingratidão.
Mas não é só António Rodrigues Regatão o grande injustiçado nesta terra de Alcochete.
O Eng.º Ferreira do Amaral (Firestone), o Dr. Elmano Alves (Pavilhão Gimnodesportivo), o Dr. Luís Santos Nunes (Bairro da Caixa), o Sr. Estêvão Nunes (fundador dos Bombeiros Voluntários de Alcochete), os Srs. António da Cruz e Manuel Martins (construtores navais), o Sr. António José Garrancho (empreendedor), etc., são alguns dos grandes vultos, inexplicavelmente esquecidos, que bem serviram Alcochete.
Perante estes factos, não sei como poderei tecer uma escrita branda e não dizer que estamos perante uma total estreiteza de espírito da parte dos responsáveis que têm detido as rédeas da administração local desde o 25 de Abril.
Será possível mudar todo este estado de coisas?
Eu penso que sim se fôssemos capazes de vencer o preconceito, mudando a direcção do voto a favor de forças mais consentâneas com os princípios e valores dos nossos pais e avós.

12 janeiro 2009

Ainda há distraídos?

Não sei se muita gente reparou no assunto mas – para que, mais tarde, ninguém diga que o desconhecia – recomendo a consulta dos seis documentos subordinados aos títulos «Conjunto Turístico da Praia dos Moinhos» e «Hotel de Apartamentos da Praia dos Moinhos» disponíveis nesta página da CCDR-LVT.
Decorre a consulta pública acerca desse empreendimento e o prazo para a recepção de reacções termina na próxima quarta-feira.


P.S. - Em meu entender os resumos não técnicos contêm matéria suficiente para justificar a reprovação imediata de ambos os projectos, dado que a densidade de construção e de uso do solo colidem com os princípios legais da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo e de Sítio integrado na Rede Natura 2000.
Facto é que, no estado actual, as antigas secas desagradam a todos. Mas pertencem ao passado de má memória argumentos como desenvolvimento, emprego, turismo e tudo o mais que justificava monstruosidades urbanísticas.
A Praia dos Moinhos é uma das zonas mais sensíveis do ponto de vista ambiental e projectos desta dimensão não se coadunam com a conservação da Natureza.
Como cidadão atento não quero deixar ainda de recordar que estes empreendimentos da Praia dos Moinhos nunca constaram da agenda informativa municipal entre 2001 e 2005 (gestão PS). Contudo, 32 dias após a tomada de posse do actual executivo (CDU) entrava nos serviços da câmara um pedido de consulta prévia.

A Igreja da Misericórdia

Clique sobre o texto para poder ler.
Os postais n.º 21 e n.º 22 são respectivamente as Igrejas da Misericórdia e Matriz, qualquer delas em grande plano. Publicá-los-ei oportunamente ou enviá-los-ei a algum condómino que possa precisar destas imagens para a ilustração de algum trabalho.

Alcochete (17)

Em primeiro plano o Miradouro e os seus antigos eucaliptos de que conservo vaga memória. Para o fundo vê-se a Igreja de Nossa Senhora da Vida que fica no cabo mais a ocidente do Concelho de Alcochete.

11 janeiro 2009

Levante-se uma cultura anti-corrupção


Contra a corrupção não basta legislar.
A legislação até pode não servir de nada se não se fizer a reviravolta das mentalidades.
Urge criar uma cultura anti-corrupção. Por esta, o político corrupto é devotado ao completo desprezo da sociedade porque de pária se trata que habilmente se serve do dinheiro dos contribuintes e confiança que recebeu destes para proveito próprio.
A emergência de uma cultura anti-corrupção é reclamada pela própria sobrevivência da sociedade que o corrupto põe em perigo iminente.
O muro contra a corrupção é o valor do trabalho sem o qual a própria condição humana enfrenta o risco da regressão.
Deus criou-nos à sua essência, mas por força da riqueza desta, somos todos diferentes, razão por que me interrogo: eu trocaria a minha salvação por um punhado de euros?

Alcochete (16)

É o Rato

10 janeiro 2009

O corrupto é o grande animal


Ao longo do primeiro lustro desta década costumava eu dizer publicamente: o corrupto é o grande animal.
Há muitos anos que já lhe conheço a fronha. Esta, talvez mais depressa que se imagine, por todos será conhecida...estou eu em crer.
Mas será mais a própria vocação autofágica dos comparsas da besta que a deglutirá do que os tribunais a julgarão.
Quanto ao resto...veja o SOL desta semana.

Alcochete (15)

O postal n.º 17 (Asilo Barão de Samora Correia) é o que encima o artigo imediatamente anterior de Fonseca Bastos. No espaço que estamos a ver através da imagem em foco fica hoje o vulgarmente chamado "Jardim da Igreja".

09 janeiro 2009

Municipalismo de outrora (8): saúde dos pobres

Até às obras de 1972, quando foi acrescentado o piso superior, era este o traçado original do edifício do Lar Barão de Samora Correia da Santa Casa da Misericórdia de Alcochete. Antes do lar de idosos neste edifício existiu uma fábrica de fósforos.


Interrompida há semanas por razões de oportunidade, retomo agora a publicação de artigos baseados numa consulta a actas municipais com mais de seis décadas. O primeiro artigo está aqui.

Nos sete anos anos abrangidos por esta pesquisa (1938-45), a câmara suportava elevadas despesas com o transporte, tratamento e internamento hospitalar de doentes pobres, cujas profissões mais frequentemente citadas eram jornaleiro (trabalho à jorna) e doméstica.
Como não havia ainda corpo de bombeiros (fundado em 1948), os doentes eram transportados em carros de praça e, por exemplo, na sessão de 19 de Abril de 1939 é autorizado o pagamento de 37$60 pelo transporte de um enfermo ao Hospital de São José.

Em quase todas as sessões camarárias era aprovada a emissão de guias de hospitalização gratuita a favor de munícipes sem recursos e, em Março de 1940, realiza-se um pagamento de 617$50 à Empresa Portuguesa de Navegação Fluvial, respeitante a passes no vapor «Alcochete» para doentes pobres em tratamento no hospital de Lisboa.
A câmara pagava também à Santa Casa da Misericórdia de Alcochete um pequeno subsídio anual, de valor variável, destinado ao asilo. Em 1938 e 1939 o subsídio era de 600$, mas a partir de 1940 baixaria para 230$, possivelmente devido à II Grande Guerra e aos problemas financeiros dela derivados.
Neste mesmo ano, em duas sessões sucessivas aparece um caso curioso respeitante a um indivíduo de apelido Chatillon. Numa primeira sessão, a vereação nega-lhe guia de hospitalização gratuita por constar na vila ter meios de subsistência e, nomeadamente, bens noutro concelho. Na sessão seguinte a decisão é revogada, com o argumento de que os bens (acções do Banco de Portugal) pertenciam a um irmão.
A miséria grassava no concelho e os doentes indigentes eram em número significativo, pelo que, além de pagar verbas elevadas aos hospitais de Lisboa e em transportes, a câmara dispunha ainda de médico próprio para assegurar a assistência local imediata.
Em Março de 1939 foi saldada uma dívida de 2128$90 ao Hospital Escolar de Lisboa e outra de 5512$34 aos Hospitais Civis.
No Natal de 1939 foram também pagos 57$70 ao Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto.

António Rodrigues Regatão

Em acta de 7 de Junho de 1939 surge ainda uma autorização de pagamento de 4$80 a António Rodrigues Regatão – primeiro proprietário da Farmácia Gameiro – pela aquisição de "creolina, sublimado e álcool puro para desinfecção de habitações de pessoas pobres".


(continua)


Ler artigo anterior

Alcochete (14)

À esquerda vê-se a Farmácia Nunes e a porta de entrada que está virada para o actual monumento ao Forcado. Para baixo é o antigo Largo do Chafariz.

08 janeiro 2009

Novo Blogue sobre Alcochete

Volto por momentos ao Praia dos Moinhos para anunciar o lançamento do meu Blogue pessoal sobre Alcochete , o «Alcochetanidades»
É sem qualquer intuito concorrencial que decidi arrancar com o «Alcochetanidades». Depois da experiência excepcional do Praia dos Moinhos , espaço do qual me afasto para evitar que um conflito de vizinhança perturbasse a obra de Arnaldo Fonseca Bastos, a quem aproveito desde já para agradecer publicamente a oportunidade e o privilégio de poder colaborar no seu prestigiado blogue , decidi continuar a escrever sobre Alcochete.
Problemáticas que me são tão queridas como o desenvolvimento sustentado do concelho , urbanismo , gestão municipal e outros problemas que podem interessar quem realmente se preocupa com o destino deste concelho motivaram-me para fundar este espaço virtual e constituirão o seu objecto central.
Sem prejuízo do seu cunho pessoal , o «Alcochetanidades» não deixará de ser um espaço aberto para todos aqueles que queiram contribuir validamente para a temática central do Blogue , independentemente da sua filiação partidária.
Para já e sabendo de antemão que o futuro destas iniciativas é sempre incerto , fica o mote. É um espaço POR ALCOCHETE.

A partir de agora estarei em www.alcochetanidades.blogspot.com/

Alcochete (13)

O postal n.º 14 (Largo António dos Santos Jorge) pode ver-se neste blog no mês de Nov./2008. Este é o Largo da Praça para os antigos e Largo da República ou simplesmente do Salineiro para os mais novos. Esta praça situa-se na zona mais alta da vila. Por aqui ficava o Paço e o Pelourinho que teria sido destruído mesmo antes da implantação da República. A casa em frente, azulejada, a do Zé Canta da minha infância, foi sede da Câmara nos fins do séc. XIX e princípios do XX. Nos anos cinquenta lembro-me de um chafariz nesta praça e da esplanada do Garrancho, o D. Sebastião à medida de Alcochete.

07 janeiro 2009

Espero respostas

Provavelmente, no futuro a História de Portugal registará que a minha geração consentiu com indiferença, em democracia e durante mais de três décadas, o saque fiscal à sua carteira, o enriquecimento fácil de especuladores públicos e privados e pagar uma casa durante toda a vida embora apenas precisasse de um lar decente para habitar e constituir família.
A minha geração iludiu-se com uma bolha imobiliária iniciada na década de 60, supondo investir em património com valorização garantida para no futuro usufruir de uma aposentação mais digna e menos difícil que a dos progenitores e/ou herança para transmitir à descendência. Hoje, porém, esse património nada produz e é inegociável: a gula estatal, municipal e privada excedeu os limites da decência e o país tinha, já há dois anos, todas as habitações de que necessita até 2050, enquanto a lei do arrendamento é uma mistificação.
Ao invés de rendimento esse património pago com esforço gera hoje despesas imprevistas, porquanto o Imposto Municipal sobre Imóveis atingiu valores brutais e a conservação das habitações tem custos incontroláveis, alguns resultantes de legislação avulsa que encara o cidadão como dono de um poço de petróleo. Acresce que as casas usadas se desvalorizam vertiginosamente e já pouco falta para que o valor fiscal das mais recentes exceda o de mercado, embora os poderes central e local continuem indiferentes ao problema.
A minha geração caiu num conto do vigário inédito na História e boa parte dela pode estar condenada a ir para a cova ou para o crematório deixando uma herança infinda de problemas, uma vez que os sucessores são obrigados a pagar dívidas mesmo que a elas alheios. Património de que dificilmente usufruirão, pois a volatilidade e a precariedade do emprego obrigam todos os portugueses activos à migração forçada, como outrora os servos da gleba.
Vem tudo isto a propósito de quê? Da recomendação e da interrogação que se seguem.
Começando pela recomendação, justifico o que acima escrevi com esta notícia da edição do «Público» de 6 de Janeiro.
Concluo com a interrogação: que soluções imediatas e urgentes propõem os autarcas e os candidatos às próximas eleições locais, uma vez que a economia está em recessão há meses, o desemprego começou a disparar em Setembro, haverá muito mais famílias em dificuldades, algumas deixarão de amortizar o empréstimo da habitação, de pagar o IMI, a água e o mais que adiante se verá?

P.S. - Convém ler também esta notícia do «Jornal de Negócios» e consultar a tabela cuja ligação é fornecida no texto.

Alcochete (12)

É o Rossio visto do Largo Marquês de Soydos. Quando por aqui quiseram instalar uma gasolineira (anos sessenta), era administrador do Concelho o sr. João Leite da Cunha que em sede própria fez esta declaração para a posteridade: «Não concordamos com a instalação de uma bomba de gasolina no Rossio porque essas terras foram doadas à Câmara pelo meu bisabô para passeio público». Outros tempos!

06 janeiro 2009

Pessoas que estão pior que gritem

A frase que serve de título a este texto não é de minha autoria mas do bispo de Setúbal, D. Gilberto Canavarro dos Reis, tendo sido proferida em entrevista à Rádio Renascença, pouco antes do Natal.
A entrevista teve pouco eco e passou quase despercebida na comunicação social, facto habitual nos dias de hoje quando alguém fala alto e grosso.
O prelado alerta para coisas que exigem mobilização e busca de soluções rápidas e eficientes, porque os problemas existem mesmo: aumento de pobres no distrito, pobreza envergonhada e crianças que apenas tomam a refeição diária fornecida na escola.
Alcochete desconhece isto? Não, infelizmente conhece! Basta falar com meia dúzia de pessoas próximas destes problemas para perceber que o alheamento generalizado é incompreensível.
Parece-me oportuno estranhar a inacção do poder local, que, no mínimo, há muitas semanas deveria ter esboçado alguma reacção de alerta, nomeadamente nos órgãos informativos próprios.
Estes problemas não são de ontem, nem se agravaram somente na semana passada. Sempre existiram e agudizam-se desde há cerca de três meses.

Existem, no âmbito do município, um Gabinete de Acção Social e um grupo de trabalho denominado Conselho Local de Acção Social, os quais presumo transmitirem aos órgãos executivo e deliberativo informação mais que suficiente para agirem em tempo oportuno e em várias frentes.
Consequentemente, creio competir aos autarcas serem expeditos na definição de acções, algumas das quais podem partir da próprias autarquias e constituir exemplos para os cidadãos em geral.
Dar as mãos e contribuir um pouco para a solução pode evitar males maiores que ninguém desejará.

Alcochete (11)


Álvaro Velho, no roteiro da viagem de Vasco da Gama em 1497, comparou Melinde com Alcochete: «Esta vila de Melinde está em uma angra e está assentada ao longo de uma praia, a qual vila se quer parecer com Alcochete; e as casas são altas e mui bem caiadas; e tem muitas janelas, e tem ao longo dela, da banda do sertão que está pegado com as casas, um palmeiral muito grande, e toda a terra derredor são lavouras de milho e outros legumes» (Álvaro Velho, Relação da Viagem de Vasco da Gama).

05 janeiro 2009

Minhas previsões locais para 2009

- Agravamento de problemas sociais devido ao desemprego;
- Colectividades relevantes defrontar-se-ão com crises financeiras e directivas;
- Abstenção superior a 50% nas eleições;
- CDU continuará a deter maioria nos órgãos do município;
- BE obterá resultado inédito nas eleições locais;
- Caso não ocorra alteração da lei eleitoral para as autarquias locais, PSD elegerá um vereador. Havendo alteração da lei, CDU cederá cargos de vereador a membros da oposição.

Localmente não tem sido dedicada a atenção necessária aos pobres e desprotegidos, bem como ao crescendo de problemas sociais derivados do aumento do desemprego, quase parecendo fenómenos inexistentes. Infelizmente existem, apesar de banidos da agenda informativa por conveniência política.
Porque a maioria dos residentes é indiferente às colectividades e muitas delas se habituaram à subsídio-dependência municipal, nunca se preocupando em demonstrar a sua relevância nem em captar novos associados, a crise agravará problemas antigos e mal resolvidos. Um simples mas significativo exemplo: num dos primeiros concelhos do país em poder de compra, a corporação de bombeiros tem um número de associados equivalente à quarta parte dos domicílios existentes. Nos restantes 3/4 de lares ninguém sente necessidade de ajudar os bombeiros, quanto mais não seja como simples medida de precaução?
Será a irrisória quota mensal de 1€ excessiva para a maioria!

Alcochete (10)

O edifício em primeiro plano - hoje Centro Paroquial - foi a casa de António Gouveia Abrantes. Por morte deste senhor, o imóvel passou a propriedade de sua viúva, D.ª Aliete, pessoa de conhecimentos e bom gosto que interferiu na formação de muitas crianças alcochetanas. Se a minha memória não me atraiçoa, nos anos sessenta, esta casa foi adquirida por 700 contos para a Fábrica da Igreja pelo Padre José Gonçalves dos Santos que Deus haja (em caso de alguma imprecisão, a favor de todos, corrijam-me).

04 janeiro 2009

Alcochetanidade


Clique sobre o texto para ver melhor.

Alcochete (9)

Logo à esquerda é a escola do Rossio onde eu aprendi a ler nos anos 50. A primeira casa de primeiro andar é a do Padre Cruz segundo as inscrições da lápide incrustada na parede. Claro que se a casa em 1859, data do nascimento do nosso Beato, ainda não estava construída, o menino Francisco Rodrigues da Cruz jamais poderia lá ter nascido. Tudo isto porque não faltam vozes nesta terra de Alcochete a asseverarem que a maior glória da Igreja Católica em Portugal do séc. XX nasceu na humilde Rua Senhora Sant'Ana. Se esta é a verdade - eu creio que sim - estamos pela milésima vez perante a eterna lição do Cristianismo.

03 janeiro 2009

Alcochete (8)

Este é o Largo de S. João, mais conhecido dos mais velhos pelo Largo do Poço. Com efeito, consegue divisar-se um pouco para o fundo da imagem o poço e a sua roda, espaço de encontro das meninas com os namorados a pretexto da água e para troca de novidades entre os adultos. Em primeiro plano, o que terá o miúdo nas mãos ao pé do banco?

02 janeiro 2009

Ambiente e contrasenso


Quantas e quantas vezes, quando leio textos teóricos do ecologismo, a expressão, qual conceito operatório, que salta recorrentemente é «mãe natureza».
Obviamente que estamos perante a divinização da natureza, isto é, da criatura, o que nos faz regredir civilizacionalmente e mergulhar na idolatria.
Curiosamente, os ecologistas invocam a figura de São Francisco de Assis como uma espécie de patrono. Porém, a verdade é que o Povorelo não dizia «mãe natureza», mas sim «irmã natureza»: irmão Sol, irmã Lua, irmão vento, irmã água, etc. Isto tem tudo a ver com o sentido do Cristianismo que hierarquiza as criaturas, irmanando-as entre si.

Alcochete (7)

Em primeiro plano há uma rampa que não faz parte da minha memória; já a inexistência da muralha é uma recordação permanente; nas primeiras casas da foto, à esquina da esquerda, separada da estrada por um estreito passeio, era a taberna do Arriaga, homem castiço cuja lembrança está bem impressa em mim, pai do poeta alcochetano Manuel Rei; ao largo vêem-se nitidamente duas faluas e mastros de outras, o vapor de Alcochete ou um rebocador, etc.

Quem está mal muda-se... (2)

Este texto é uma reacção ao imediatamente anterior, colocado por Luís Proença.

Confesso, sinceramente, a minha incompreensão quando se rejeitam e menosprezam pessoas devido aos seus pontos de vista políticos, religiosos ou sociais.
A intolerância é inimiga da democracia e os inábeis ou incapazes de reconhecer e respeitar crenças e opiniões diferentes nunca serão democratas, nomeadamente se tentam calar ou suprimir opiniões divergentes ao invés de manifestar discordância com dignidade, respeito, inteligência e racionalidade.
Conheço alguma coisa do ambiente político de Alcochete, onde campeiam a intolerância doentia e as tentativas de amordaçar os discordantes.
Por isso tentei que as divergências entre Luís Proença e João Marafuga não ultrapassassem o plano emocional, evitando que se transformassem numa guerra entre "deuses" que encarnam homens mutuamente insuportáveis. Porque esta sociedade precisa de mulheres e homens simples, desinteressados e verdadeiros, pois os "deuses" que a têm infestado colocaram-na à beira do abismo.
Por ambos e por Alcochete, pedi-lhes uma coisa muito simples: que seguissem em frente e se preocupassem menos com quem escreve neste blogue, porque o mais importante é o que há para além dele. Os alcochetanos!
Perdi essa batalha e, em paz com a consciência, respeito a decisão de Luís Proença. Somos todos gente livre: de entrar, de estar, de sair e até de regressar. Quem não estiver de bem com a sua consciência faça o que ela lhe ditar. Se e quando mudar de opinião poderá também retornar. Sempre assim procedi e nisso não mudarei!
Pedi o impossível a ambos? Provavelmente sim. Mas julgo conhecer as verdadeiras causas, embora sobre elas prefira escrever em momento oportuno. A vida ensinou-me a ser paciente e a ter razão apenas quando posso comprová-la!
Sobre verdade e mentira escrevi algo, pela primeira vez em Alcochete, a 1 de Outubro de 2004. Um ano e quatro dias depois toda a gente percebia por que tinha razão. Desta vez suponho ser desnecessário esperar tanto.
Este blogue não acaba aqui e terão de inventar outras razões para calar quem nele queira escrever.

01 janeiro 2009

Quem está mal muda-se...

Sendo FBastos o mentor deste Blogue não faz qualquer sentido ser ele a auto suspender-se pelas razões apresentadas (ver pelos motivos explicados num comentário apenso a texto publicado mais abaixo).
Depois daquele que considero o momento mais baixo deste blogue , momento representado por um «post» de JMarafuga intitulado «Por Alcochete» datado de 19.12.2008 , subsequente ao meu «post»«Poder Local e Partidos Politicos - Uma Visão de Futuro Optimista» datado de 18.12.2008 , a que se seguiu novo exercício provocatório de JMarafuga no seu «post» «Lealdade no Combate» , reforçei a convicção que em tempos já comunicara a FBastos , e que é aliás partilhada por muitos alcochetanos que me vão transmitindo diariamente o seu desencanto pelo facto deste espaço estar literalmente a estiar pela sua progressiva transformação num palco de reflexão pessoal de índole filosófico-religiosa de um dos seus condóminos.
Depois de sem qualquer razão válida JMarafuga ter abandonado este Blogue e ter criado o seu próprio intitulado «Marafuga» (cujo link é aliás disponibilizado neste Blogue) , e ter constatado que praticamente ninguém se interessou pelo mesmo , o condómino em questão decidiu «retornar» ao «Praia dos Moinhos» , para o transformar num palco privado para as suas exibições de auto afirmação intelectual , traduzidas em reflexões pessoais de índole filosófico-religiosa ( de tendência marcadamente evangélico-fundamentalista) sem qualquer relação com o objecto deste espaço , utilizando-o até para a divulgação da sua «obra poética» (em que não prescinde de auto comentar os seus próprios «posts»).
É manifesto que JMarafuga não aceita facilmente partilhas de protagonismo. Evidência desta conclusão é a forma como imediatamente reage sempre que qualquer outro condómino publica um texto , «submergindo-os» literalmente em sequências de «posts» de sua autoria , numa ânsia notória de os esconder dos leitores , e de os tornar despercebidos. O post «Por Alcochete» e «Lealdade no Combate» são por si só outras evidências de que JMarafuga lida muito mal com o facto (desculpável) de não possuir competências , experiência profissional ou conhecimentos técnicos que lhe permitam discorrer sobre a temática central deste Blogue (incompetência que ele próprio já assumiu) , optando então por uma atitude de repulsa contra quem procura avalizadamente e de forma criteriosa contribuir para a mesma , atitude que se pode resumir no seguinte: «Se eu não sei mais ninguém pode saber».
Vale a pena pesquisar nos «posts» relacionados com a Autarquia , Câmara Municipal , Urbanismo , Aeroporto , quantos foram assinadados por JMarafuga...
FBastos sabe tão bem como eu como é que o número de acessos ao blogue oscila em função deste tipo de comportamento.
O «Praia dos Moinhos» está transformado em «Marafuga» e tornou-se no quintal de JMarafuga que conduz o blogue para o abismo .
Repito portanto que não é FBastos que tem de suspender a sua intervenção no blogue. Fazendo jus ao velho ditado «quem está mal muda-se» , sou eu que em coerência me devo afastar deste espaço no qual , por culpa de JMarafuga , não há mais espaço para uma intervenção credível , fundamentada e racional sobre a temática proposta «Aspirações, ideias, comentários e debate sobre assuntos relacionados com o concelho de Alcochete».
Saio com a consciência tranquila de ter dado um contributo válido para a temática proposta. FBastos pode estar descansado. De certeza que não vai haver mais picardias.
Peço públicamente desculpa a FBastos , mas ao contrário de JMarafuga não posso deixar de explicar publicamente as razões que me levam a suspender a minha colaboração com o Praia dos Moinhos , nem que para isso tenha que «partir alguma loiça»... O Partido Comunista encontrou em JMarafuga um inesperado aliado na sua luta pelo silenciamento das vozes incómodas de Alcochete!
Parabéns Prof.Marafuga ... agora é que o Praia dos Moinhos é (quase) todo seu!
Fico a aguardar com ansiedade as suas opiniões criticas sobre questões de relevo para a vida actual e futura do nosso concelho e os seus comentários às opções politico-administrativas da Câmara Municipal e dos partidos da oposição em questões de interesse para o municipio.