30 agosto 2008

Vale a pena ler


Chamo a atenção para este interessante texto opinativo, escrito por alguém focado noutro concelho da margem Sul do Tejo e com claro alinhamento partidário (BE).
Há nesse texto matéria que, relativamente a Alcochete, abordei neste blogue mais de uma vez. Pela similitude das questões, prenderam a minha atenção aspectos como saneamento, lixo, empréstimos para obras de fachada, etc.
O caso do aeroporto e da intervenção da entidade tutelar das infra-estruturas aéreas em negócios imobiliários é outra história, mas este não é momento para discutir o assunto em pormenor.

Destaco ainda no texto os reflexos da abstenção em eleições locais, assunto que em Alcochete não me cansarei de evidenciar a quem aspira a cargos de representação política.
Combater a abstenção nunca é fácil e deveria ser preocupação permanente das forças alternativas. Como o desencanto das pessoas em relação à política é maior que em 1997, 2001 e 2005, a abstenção poderá abranger mais de metade do eleitorado e, nessas condições, a um ano de distância é fácil prever o desfecho: o caciquismo continuará a reinar.

Apontei números e factos neste e neste textos – o primeiro publicado em Fevereiro passado e o segundo em Janeiro de 2007 – mas demasiada gente continua alheada.

29 agosto 2008

Tipologia dos Criticos do «Praia dos Moinhos»




Já lá vai algum tempo desde que iniciei a minha colaboração com o Praia dos Moinhos.
Ao longo deste período de colaboração constatei que muitos dos meus comentários , à semelhança aliás do que acontece com a maior parte dos residentes deste Blogue , são objecto de atenção de um grupo reduzido de «críticos» que lidam muito mal com o facto de existir um espaço onde se abordam questões pertinentes sobre Alcochete.
Para irritação de alguns , o «Praia dos Moinhos» tem sido um espaço onde , não só se apontam , sempre de forma fundamentada e muitas vezes documentada , defeitos à forma como os últimos executivos camarários têm «gerido» os destinos de Alcochete , como um espaço onde se apresentam sugestões alternativas que visam o bem de Alcochete e dos seus munícipes.
Passado todo este tempo, e depois de fazer uma análise ao conjunto dos comentários críticos aos «posts» aqui publicados nos últimos meses , sinto-me já em condições de identificar três tipos distintos de críticos do «Praia dos Moinhos».
Antes dos enunciar , devo advertir que alguns dos críticos deste espaço cometem a proeza de se enquadrar simultanemente em qualquer dos três tipos que pude identificar e que a seguir discrimino.
Assim:
1º- Crítico Tradicional
É aquele que prefere criticar os «posts» antes mesmo de aprofundar o assunto abordado, ou de tentar pelo menos entender porque é que quem os escreve perfilha determinada opinião. São na generalidade pessoas revoltadas que pensam que todos são «farinha do mesmo saco».

2º- Crítico que não gosta de ser criticado
É o tipo de critico mais comum deste Blogue. É aquele que não quer falar mal do que se escreve aqui mas sim falar mal de quem escreve. Adora comentar os «posts» para ridicularizar os outros, mas detesta ser ridicularizado. Tudo porque importa manter a imagem que tem de si próprio de «Senhor que merece ser respeitado», na qual acredita piamente que os outros têm de si.
3º- Crítico que gosta do que critica
É o que diz não gostar de ler o que se escreve no Praia dos Moinhos mas na verdade adora. Por mais que tente negar, mantém o hábito de aceder diariamente ao blogue e dizer que odeia o que na verdade gosta de ler. A partir de um determinado momento começa a criar coragem para ridicularizar e dirigir insultos pessoais aos residentes do Blogue e àquilo que afinal gosta de ler , mas que recusa admitir.
É pois com estes Críticos que temos de conviver.

Da minha parte devo dizer que óbviamente não desisto.

Participação Cívica , Internet e Analfabetismo Funcional

Dando sequência ao meu «post» anterior intitulado «Participação Cívica e Fogaças , Arroz Doce e Touradas », venho uma vez mais chamar a atenção para a importância crescente e decisiva da Internet na consolidação dos direitos de informação e participação dos munícipes na vida política.
O relevo e a importância da Internet no âmbito dos direitos da cidadania tem como consequência uma pressão crescente sobre os poderes públicos para a sua utilização como instrumento de cidadania, com especial incidência nas autarquias locais, sobre as quais , e como referi anteriormente , recai cada vez mais o dever de a utilizar para comunicar com os seus munícipes.
Paradigma do reconhecimento dessa importância , é a consagração legal da obrigatoriedade da divulgação de informação e consulta aos cidadãos em matérias de interesse público relevante.
A título de exemplo , e para não ir mais longe , recorro novamente ao «post» de Fonseca Bastos intitulado «É a hora» , no qual , e a propósito da publicação do o
Decreto-Lei n.º 166/2008, que estabelece o regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional (REN), se aponta a consagração legal da obrigatoriedade das cartas de REN propostas pelas Câmaras , serem tornadas públicas através da Internet , e do direito de qualquer cidadão poder criticá-las e dar contributos, chamando a atenção para eventuais problemas.
O comentário do meu fiel leitor Rui Silva ao meu «post» «Participação Cívica e Fogaças , Arroz Doce e Touradas » , no qual se queixa que adormeceu ao fim de ler as 10 primeiras linhas , despertou-me contudo para uma realidade preocupante , a qual pode comprometer gravemente todo o esforço no sentido de utilizar um meio tão poderoso e universal como a Internet como instrumento de consolidação dos direitos de informação e participação dos munícipes na vida política.
Se um leitor confessa que não conseguiu ler mais do que as 10 primeiras linhas de um «post» num blogue , como é que poderá alguma vez ler , interpretar e criticar , um documento de complexidade elevada como uma carta de REN divulgada através da Internet?
O comentário do Rui Silva , em que auto denuncia a sua incapacidade para ler mais do que as 10 primeiras linhas do meu «post» , torna evidente que este despertar e desenvolvimento de uma cultura tecnológica deixa também antever um processo semelhante ao encontrado no analfabetismo funcional, onde , conforme confirma o próprio leitor Rui Silva , apesar de existirem competências de leitura e escrita , a capacidade de compreensão total da mensagem escrita ou lida é deficiente.
Neste prisma a incapacidade denunciada pelo Rui Silva , questiona a própria potencialidade da Internet ser utilizada como forma privilegiada de partilha de informação , comunicação e participação dos cidadãos na vida pública , o que finalmente não constituirá mais do que uma abordagem num prisma novo , do problema do analfabetismo funcional que atinge muitos dos cidadãos nacionais.
Este analfabetismo funcional vai necessariamente traduzir-se em analfabetismo funcional de cariz tecnológico , o que poderá por em causa o esforço de implementação das novas tecnologias como instrumento ao serviço da cidadania.
A preocupação que me assaltou quando me deparei com a confissão sincera do Rui Silva de que não conseguiu ler mais do que as 10 primeiras linhas do meu «post» , é contudo mitigada pela esperança que tenho , que as gerações mais novas consigam no futuro conciliar a sua capacidade inata de lidarem com as novas tecnologias com melhores índices de alfabetismo funcional.

28 agosto 2008

Conservação do poder


As pessoas poderiam perguntar: mas como é que os comunistas estão contra as touradas se, por exemplo, os de Alcochete apoiam as Festas do Barrete Verde e das Salinas, eminentemente taurinas?
Os comunistas apoiam as Festas do Barrete Verde e das Salinas pela mesma razão que apoiam as Festas de São João Baptista: conservação do poder.
Mas a verdade é que toda a dinâmica tomada pelos ecologistas e defensores dos direitos dos animais vai no sentido de minar os alicerces da festa taurina.
Ecologistas e defensores dos direitos dos animais comem à mesma mesa onde comem todas as esquerdas que por aí se agitam.
Portanto, os comunistas apenas contemporizam com a realidade que querem transformar quando apoiam largadas e touradas.
O que os comunistas gostam de apoiar é eventos culturais completamente artificiais para que cada vez em mais cabeças se dê o apagão da memória e as pessoas não possam comparar o que são com o que foram.
Por isso, o assumido comunista Saramago advoga: «...morreu quem fomos, nasce quem somos...» (Saramago, José, Memorial do Convento, Círculo dos Leitores, Lisboa, 1984, pág. 286).

Saramago contra a tourada


A procissão e a tourada, lídimas manifestações de religiosidade e cultura populares, são abjectamente denegridas em Saramago, José, Memorial do Convento, Círculo de Leitores, Lisboa, 1984. Leia-se, por exemplo, esta passagem sobre a tourada, p. 82-85: «Estão as bancadas e os terrados formigando de povo, reservadamente acomodadas as pessoas principais, e as majestades e altezas miram das janelas do paço, por enquanto ainda andam os aguadores a aguar a praça, oitenta homens vestidos à mourisca, com as armas do Senado de Lisboa bordadas nas opas que trazem vestidas, impacienta-se o povinho que quer ver sair os touros, já se foram embora as danças, e agora retiraram-se os aguadores, ficou o terreiro um brinco, cheirando a terra molhada, parece que o mundo se acabou agora mesmo de criar, esperem-lhe pela pancada, não tardam aí o sangue e a urina, e as bostas dos touros, e os benicos dos cavalos, e se algum homem se borrar de medo oxalá o amparem as bragas, para não fazer má figura diante do povo de Lisboa e de D. João V» sic.

Muitos leitores, levados pela falsa máxima de que gostos não se discutem, encolhem os ombros e concluem apenas que Saramago não gosta de touradas.

Ora o problema é de longe muito mais profundo.

As esquerdas em geral e o comunismo em particular, sem que o pareça, desprezam a cultura de raiz popular, uma vez que esta, por força dos valores intrínsecos que a estruturam, é obstáculo à progressão do marxismo, retardando assim o advento da justiça e paz perpétuas.

Esta ideia está tão arreigada nos totalitarismos (nazismo e comunismo) que matar milhões e milhões de pessoas em nome da utopia almejada é apenas um incómodo de percurso.

Ajudem-me, s.f.f.

Acabei de ler o articulado da Lei n.º 45/2008, que estabelece o regime jurídico do associativismo municipal, e a Lei n.º 46/2008, que define o regime jurídico das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, e aproveito o ensejo para lançar uma interrogação: alguém conhece, detalhadamente, quando, por quem, como e porque foi decidido que Alcochete integraria a Área Metropolitana de Lisboa?
Além do mais, tal opção limita o acesso a fundos comunitários.
Como não vejo vantagens nessa decisão – embora haja inúmeras desvantagens – talvez fosse oportuno alguém explicar por que carga de água um "carapau" decide sentar-se à mesa com "tubarões".

27 agosto 2008

Participação Cívica e Fogaças , Arroz Doce e Touradas

Á primeira vista pode parecer algo confuso e despropositado o título deste meu «post».
Com toda a razão perguntará o leitor: O que é que Participação Cívica tem a ver com Fogaças , Arroz Doce e Touradas?
Tal como o leitor , até à data de hoje julguei que se tratavam de realidades sem ligação óbvia.
Até que deparei com o comentário do leitor Rui Silva ao meu último «post».
Em comentário ao meu «post» intitulado «As práticas de sedução demagógica da Câmara Municipal» datado de 19/08 , o leitor Rui Silva escreveu o seguinte :
« Se não fosse a sapiência do Luis Proença e a subscrição do Boal, estavamos todos tramados. Quem é este Proença que escreve tão bem? De onde surgiu este iluminado? Cheira-lhe a eleições autárquicas? Não é ele um (in)dotado treinador de futebol? Quererá ele treinar o PSD local? Onde estava ele quando foi o 25 de Abril? Onde estava durante os anos de mandato do PS em Alcochete? Já foi banhar-se na Praia dos Moinhos? Gostará ele de touradas? De Fogaças? De arroz doce? Sabe onde nasceu o Padre Cruz? Porque só escreve e não dá a cara? Será daqueles de iminência parda? Até à próxima...Rui Silva»
Este comentário , escrito por UM LEITOR ANÓNIMO que se diz chamar Rui Silva ( e depois são os outros que não dão a cara...) e que arrisca ser aproveitado como guião de um sketch humoristico dos «Gatos Fedorentos» ( leva-me a afirmar que , ao contrário do que defende o leitor Rui Silva, o estatuto de alcochetano , ou pelo menos a condição de munícipe deste Concelho com todo o acervo de deveres , direitos e a inerente legitimidade para participar na vida política local e de intervir sobre temas relacionados com Alcochete , não pode ser reduzido ao universo circunscrito daqueles que gostam de fogaças (por acaso até gosto , de preferência mal cozidas…) , arroz doce ( adoro!!!) , touradas (por acaso também gosto , não fosse fazer parte de uma família ligada à história de uma conhecida sociedade tauromáquica ribatejana) , ou que frequentam a praia local com o mesmo nome deste blogue.
Ou seja , para o leitor anónimo Rui Silva , participar na vida cívica e política de Alcochete deve ficar limitado àqueles que comprovadamente apreciem touradas , fogaças , arroz doce e que frequentem a praia local , naquilo que se poderia chamar uma espécie de «apartheid local» defendido intransigentemente por aqueles que , como o Sr.Silva , reconhecem nos novos munícipes de Alcochete um eleitorado potencialmente hostil e que pode fazer perigar o seu estatuto de titulares do poder local.
Para o Sr. Silva , que pelos vistos representa neste Blogue a defesa do poder actualmente instalado na autarquia , todos aqueles que não gostem de fogaças , touradas e que não frequentem a praia local devem « ir para a sua terra», utilizando uma expressão muito querida daqueles , (felizmente cada vez menos) , que perfilham a mentalidade do Sr. Silva.
Para mim , independentemente de gostarem ou não das fogaças , das touradas , do arroz doce ou da praia local , o que importa verdadeiramente é promover a qualificação de TODOS os munícipes de Alcochete para participar de forma competente na vida cívica e política desta terra .
A qualificação dos munícipes deve mesmo , na minha opinião ,consubstanciar um objectivo prioritário para todos os que , ao contrário do Sr.Silva , (ilustre defensor do poder camarário em Alcochete e indiscutível conhecedor do futebol) , acreditam genuinamente nos valores da democracia.
Tal desígnio obtém-se por um lado através da credibilização da actividade política, e por outro pelo incentivo à cidadania, promovendo nos munícipes ( mesmo daqueles que não apreciem fogaças , arroz doce e touradas) , o sentimento de que a sua participação é efectivamente útil e é objecto de ponderação na decisão política final dos titulares do cargos autárquicos.
Nesse âmbito , e conforme já foi aventado por mais de uma vez neste blogue (vide por exemplo o último poste de Fonseca Bastos datado de 22/08 intitulado «É a hora») , é imperativo consolidar os direitos de informação e participação dos munícipes na vida política ,direitos que devem ser assegurados na fase inicial, intermédia e final da elaboração e discussão dos diferentes planos ou procedimentos camarários, mas também mediante a publicidade da actuação administrativa e a fundamentação expressa das decisões adoptadas;
A criação da figura do Provedor Municipal já por diversas vezes proposta neste Blogue , a criação de uma Loja do Munícipe que integre um gabinete de informação urbanística dotado de autonomia política e técnica relativamente à Câmara Municipal , e que preste apoio especializado aos munícipes nesta matéria , seriam medidas que certamente contribuiriam para a consolidação desse direito fundamental dos cidadãos à informação e participação na vida política local.
A estas medidas poderíamos ainda acrescentar outras de cariz estrutural que promoveriam certamente a inversão a médio longo prazo da «cultura retrógrada para quem as matérias relevantes são convenientemente mantidas sob sigilo» que Fonseca Bastos denuncia no supra citado poste , entre as quais saliento a consagração do instituto do referendo local, que utilizado de forma equilibrada e prudente, pode revelar-se um instrumento eficaz na resolução de questões polémicas em que a opinião pública se revele dividida , e a institucionalização de estruturas ao nível das freguesias que contribuam proactivamente para o envolvimento e a participação dos munícipes na discussão e resolução dos problemas locais.
Porque está na moda e porque é um dos instrumentos que mais poderia contribuir para um salto quantitativo e qualitativo na consolidação dos direitos de informação e participação dos munícipes na vida política local , não posso deixar de referir a «Internet» como uma ferramenta de comunicações essencial, para qualquer autarquia local , naquilo que alguns designaram por «E-governo»
Efectivamente , à medida que cada vez mais lares e virtualmente todos os negócios se ligam à Internet, as autarquias locais têm cada vez mais o dever de utilizar a Internet e o correio electrónico para comunicarem com os seus munícipes. Este dever é tornado ainda mais premente, pela crescente prevalência da banda larga. Estas tecnologias podem ser utilizadas para manter os munícipes informados, para disponibilizar novos serviços online, para promover o turismo e as empresas locais, assim como para atrair novos negócios .
As autarquias podem e devem utilizar o e-mail e a Internet para comunicar de forma extremamente eficiente com um universo cada vez mais alargado de munícipes.
Este instrumento permite por um lado prosseguir mais eficazmente o objectivo de INFORMAR , uma vez que disponibiliza um fluxo constante de informação acerca de acontecimentos, iniciativas e serviços ,torna disponível informação online acerca de orçamentos, representantes eleitos e detentores de cargos no conselho, encarregados, serviços administrativos, procedimentos , e divulga conselhos e instruções úteis aos munícipes em caso de crises ou desastres, por exemplo, inundações, incêndios, alertas dos serviços de saúde e intempéries.
Por outro lado permite ainda disponibilizar NOVOS SERVIÇOS ON LINE como por exemplo a transferência ou preenchimento online de formulários administrativos , a troca de documentos (planos, inquéritos, etc.), a reserva de bilhetes para espectáculos, exposições e eventos, a prestação de serviços para voto electrónico, a encomenda de cartões electrónicos do poder local quando existam, o estabelecimento de empresas e o pagamento de impostos locais.
A Internet tem também um papel importantíssimo na PROMOÇÃO do Concelho e na divulgação das suas forças vivas , nomeadamente as empresas locais existentes, através de directórios de negócios, incluindo ligações a páginas da Internet, novos empreendimentos locais através da apresentação do Concelho de Alcochete como uma localização atractiva para empresas que procurem investir, do turismo , da cultura , dos eventos e festividades locais e dos programas de actividades das associações sediadas no Concelho.
Por fim , a Internet permite tornar as CONSULTAS AOS MUNÍCIPES mais eficazes , designio que se alcançaria pela disponibilização de fóruns de debate moderados de forma isenta ( o que reconheço será difícil aceitar para quem defende um «apartheid» politico-social assente na cor do partido e no gosto pelas fogaças e pelo arroz doce), pela disponibilização online da agenda das sessões camarárias , assembleia municipal , ordens de trabalho e as respectivas actas, e ainda pela publicação da fundamentação das decisões tomadas em matérias de relevo para o Concelho.
É óbvio que o fenómeno global e universal da internet impossibilita qualquer tentativa de limitar o direito de participação política àqueles que gostam de fogaças , touradas e arroz doce , pelo que é provável que estas ideias choquem o Rui Silva.
Que me desculpe o Sr. Silva , mas apesar de não ser nascido e criado em Alcochete , gosto de fogaças ( mal cozidas) , arroz doce e touradas , e portanto aqui estou eu uma vez mais a dar o meu modesto contributo neste Blogue.
PS: O Rui Silva que não leve a mal ter referido que o seu comentário arrisca ser aproveitado para um sketch dos »Gatos Fedorentos». A verdade é que assim que acabei de o ler imaginei um cartaz de um candidato à presidência da Câmara de Alcochete , com a respectiva foto tirada em plena praia dos Moinhos , vestido de forcado , ostentando em cada uma das mãos respectivamente uma fogaça e um pratinho de arroz doce , assegurando assim que reúne as condições que os Rui Silvas que andam por aí , exigem para que se possa ser candidato nesta terra.

24 agosto 2008

O monstro do ambientalismo


O maior monstro que paira hoje sobre a humanidade é o ambientalismo. Prevejo mesmo que a desmistificação deste poderá levar tantos séculos como levou a do cogito cartesiano.
Há mais de cinquenta anos, quando comecei a andar na catequese, diziam-me as minhas catequistas que devíamos respeitar os animais e a natureza em geral porque são criaturas de Deus tal como nós.
Mas o problema é que foi varrido da mente das pessoas o conceito de criatura porque admitir esta é admitir o Criador, negado pelas ideologias de esquerda com todas as armas que têm e não têm.
Numa palavra, o homem põe-se em bicos de pés e desafia Deus.
Nesta conformidade, o homem julga-se o dispensador do bem, inclusive o salvador da natureza, supostamente em perigo por culpa da própria acção humana.
Evidentemente que todos, os que têm fé em Deus e os que não têm, se unem na ideia justa de que devemos respeitar a natureza.
Ora é a partir desta plataforma que subrepticiamente se vai distraindo as pessoas para sem grandes barreiras se armadilhar de totalitarismo tudo quanto é sítio.
Se eu estou a favor da defesa do ambiente, por que me descuidei e deixei cair o papelinho do meu rebuçado para o chão? A minha fealdade ou gordura ou ideias não poluirão o ambiente? Por que quero construir um grande complexo de estufas para flores no meu terreno quando neste há uma colónia de ratos cuja espécie está em vias de extinção?
Portanto, o ambientalismo serve, às mil maravilhas, para atacar a civilização industrial e o capitalismo liberal e nos pôr a todos sobre o fio de arame.
E a liberdade?

23 agosto 2008

António Aleixo já sabia


Desde o 25 de Abril de 1974 combato as forças de esquerda nesta minha terra de Alcochete.

Esse combate tem duas fases.

A primeira estende-se, mais ou menos, até ao fim do milénio. Foi para aí um quarto de século a pensar que os autarcas não serviam porque eram ignorantes.

Com a entrada do 3º milénio, fui descobrindo, paulatinamente, que os autarcas não serviam porque os partidos políticos que os arregimentavam são indignos.

Esta indignidade dos partidos comunista e socialista é coberta com várias capas (aborto, liberalização do regime jurídico do divórcio, casamento homossexual, etc.), mas a maior de todas é a do ambiente que todos querem preservar, razão por que de todos se abusa.

Para finalizar esta minha nótula, veio-me à memória uma quadra do grande poeta popular António Aleixo que sintetiza magistralmente a estratégia das esquerdas: «P'rà mentira ser segura/e atingir profundidade,/tem que trazer à mistura/qualquer coisa de verdade».




22 agosto 2008

A humildade


Há quem confunda humildade com humilhação. Esta procede do mal, aquela é uma virtude.

Nunca vi definição de humildade mais bem conseguida do que a dada por Anónimo do séc. XIV, A Nuvem do Não-Saber, Assírio & Alvim, Lisboa, 2006, minha leitura de fim de férias: «A humildade em si mesma nada mais é do que a verdadeira consciência de nós mesmos tal como somos» sic.
NOTA: acabei de ler A Nuvem do Não-Saber. Desejo prevenir as pessoas de que se não estiverem filosófica e teologicamente preparadas, poderão sair desta leitura menos cristãs do que quando começaram.
Na verdade, a obra, escrita há quase setecentos anos, não consegue disfarçar a dívida ao gnosticismo, embora, uma ou duas vezes, proteste que «...nesta vida, é só o amor que chega até Deus, e não o conhecimento» (pág. 51).

É a hora

Tendo sido hoje publicado, no «Diário da República», o Decreto-Lei n.º 166/2008, que estabelece o regime jurídico da Reserva Ecológica Nacional (REN), venho chamar a atenção de potenciais candidatos autárquicos para a necessidade de elaboração ou alteração da delimitação da REN a nível municipal no prazo de três anos.
Muito antes disso temos direito a saber que linhas estratégicas são seguidas a nível local e, consequentemente, o assunto deve constar de propostas e programas a submeter no próximo ano aos cidadãos recenseados.
Relevo ainda que, "ao longo da elaboração das orientações estratégicas (...) da delimitação da REN a nível municipal, as entidades públicas competentes devem facultar aos interessados, nos respectivos sítios da Internet, todos os elementos relevantes para que estes possam conhecer o estádio dos trabalhos e a evolução da tramitação procedimental, bem como formular observações, sugestões e pedidos de esclarecimento".
Mais uma vez a administração pública pugna pela transparência de decisões a nível local, embora continue a haver gente com cultura retrógrada para quem as matérias relevantes são convenientemente mantidas sob sigilo, em razão do que certos sítios municipais na Internet se confundem com os de empresários de espectáculos.
Volto a recordar que, em matéria de transparência na gestão autárquica, localmente vamos de mal a pior. Não é saudável para a democracia e está na hora de mudar.

20 agosto 2008

Tão raivoso por dar como por não dar

Estou no norte do País. A partir de Viseu, as minhas incursões têm sido por Castro d'Aire, Lamego, Tarouca, etc.
Visitei os mosteiros de Salzedas e S. João de Tarouca. Fiquei horrorizado com o bárbaro desprezo devotado ao património religioso de um povo pelas revoluções desde 1820. Vi estrangeiros que abanavam a cabeça. Eu próprio me senti estrangeiro na minha própria pátria.
Depois registei outra desolação que já não sentia com tanto peso há muitos anos: por todo o lado me pediam esmola. Fico tão raivoso comigo por dar como por não dar. O indigente racha-me ao meio.
Indigente sou eu, de Ti, Senhor, fonte de toda a caridade e de justiça também. Amém.


NOTA: em termos políticos, a resposta que dou ao flagelo da pobreza é a que dei neste blog a 11-08-08 sob o título "Pobreza" porque justiça é dar a cada um os direitos que tem: não acumular de taxas este para que aquele não fique privado de trabalho.

As práticas de sedução demagógica da Câmara Municipal

Por coincidência (ou talvez não) , alguns dias depois da publicação no Praia dos Moinhos de alguns comentários pertinentes sobre questões de urbanismo , e num momento em que é pública e notória a insatisfação generalizada dos munícipes perante o imobilismo camarário que caracterizou o presente mandato , foi colocada na caixa de correio dos municípes de Alcochete , uma brochura intitulada «Mostra de Estudos e Projectos», na qual é disponibilizada informação sobre algumas intervenções urbanisticas no concelho , apresentadas na sua grande maioria sob a forma de projectos a (eventualmente) implementar no futuro , propostas essas que abrangem intervenções no núcleo antigo de Alcochete , à reabilitação de espaços públicos e ambiente urbano , equipamentos e parque escolar , dando ainda ênfase a alguns projectos de promoção privada a implementar no espaço do concelho.
Ainda antes de prosseguir com esta análise ao documento , não posso deixar de chamar a atenção do leitor para dois factos que resultam evidentes:
Por um lado , a elevada qualidade gráfica da brochura e a sua dimensão , o que claramente indicia ter sido uma edição dispendiosa , facto que manifestamente contrasta com as constantes queixas do Sr. Presidente da Câmara no que respeita às dificuldades financeiras que alegadamente , e segundo as suas próprias palavras no Boletim Municipal mensal nº 10 de Julho de 2008 , «provocam constrangimentos vários no desenvolvimento e no progresso» que pretende para o concelho.
Deste facto só podemos retirar que quando se trata de «marketing» político , o executivo camarário não olha a despesas… Nesta matéria já não há constrangimentos financeiros.
Por outro lado , que do total das 23 intervenções urbanísticas da responsabilidade camarária enumeradas na brochura , apenas três respeitam a obras em curso , mais concretamente àquilo a que a Câmara Municipal apelida pomposamente de «enquadramento paisagístico» para a 2ª fase da variante de Alcochete , da Rua da Azinhaga e da Quinta da Caixeira , e que no fundo se traduz em plantação de árvores , e apenas duas representam obras concluídas , mais concretamente a reabilitação do Jardim Infantil no Rossio e a requalificação dum espaço similar no Samouco.
Ou seja , as restantes 18 intervenções urbanísticas ainda não passam de projectos ou nem isso ainda.
Portanto o leitor menos atento que se limite a folhear a brochura pode facilmente cair na convicção de que estamos perante um executivo camarário com vasta obra feita , o que manifestamente não corresponde à realidade , sendo imperativo relembrar que esta brochura , que agora é utilizada com fins obviamente políticos , visava prioritariamente uma acção de marketing e divulgação do concelho no âmbito do SIL – Salão Imobiliário e BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa.
A habilidade camarária foi então aproveitar este instrumento de marketing camarário idealizado para iniciativas de cariz comercial com fins manifestamente políticos , e é bom que o leitor e os munícipes fiquem bem cientes deste malabarismo qualificável como uma inaceitável prática politica de sedução demagógica dos eleitores.
Retomando o fio à meada , e como é hábito neste tipo de edição camarária , a brochura inicia-se com uma mensagem do Senhor Presidente da Câmara , o qual , a este propósito , esclarece que a Mostra de Estudos e Projectos agora disponibilizada aos munícipes , surge e citando as palavras do Sr. Presidente da Câmara «…no quadro de uma concepção politica que perfilhamos de democracia participada… e permanente sujeição do nosso trabalho ao escrutínio da população». No último parágrafo desse texto , o Senhor Presidente da Câmara reitera que privilegia um modelo de governação participada e que a câmara municipal persegue , permanentemente o objectivo de transformar o cidadão no centro do poder.
Confesso com todo o respeito que não pude deixar de sorrir quando li estas palavras do Sr. Presidente da Câmara.
Em tempos escrevi no Praia dos Moinhos a propósito de participação cívica , que os mecanismos criados pelo Estado para participação cívica dos cidadãos são precários e funcionam muito mal.Que adianta organizar sessões públicas ( e intencionalmente mal divulgadas) de esclarecimento se as propostas vêm mal preparadas , quando a base é fraca e é difícil saber por onde lhe pegar?
Que adianta falar em participação dos munícipes se a mesma é meramente consultiva e não vinculativa para os órgãos eleitos?
Ou seja mesmo que haja sugestões válidas dos munícipes quem é que acredita que a CMA as pondere devidamente?
O que o Sr. Presidente da Câmara parece esquecer é que para transformar o cidadão no centro do poder não basta disponibilizar informação essencial à formação de uma capacidade critica e esclarecida essencial à elaboração de propostas alternativas às apresentadas na luxuosa brochura camarária.
Para haver verdadeira e genuína participação dos munícipes nestas e noutras matérias era essencial estarem cumpridos outros quatro pressupostos:
1º - Desde logo serem criados na lei mecanismos eficazes de devolução de poderes e recursos para os municípes e os cidadãos em geral , nomeadamente pela consagração de formas de participação VINCULATIVA para os órgãos eleitos em detrimento de formas ténues de participação meramente consultiva , à semelhança do que acontece já nalguns países do norte da Europa .
2º - Mobilizar e incentivar de forma sistemática e incisiva os municípes a intervir activa, organizada e directamente nos processos de decisão e execução;
3º - Vontade politica da Câmara Municipal em incorporar efectivamente na sua actividade quotidiana os contributos participativos dos munícipes , das organizações sociais representativas das populações, dos trabalhadores, do empresariado e dos diversos grupos de interesse específicos nos domínios da cultura, do desporto, da educação, da saúde, do ambiente, da solidariedade social, da economia social, da defesa dos direitos, da justiça, etc.
4º- Por fim ao verdadeiro sufoco da iniciativa popular traduzido na concorrência da edilidade em áreas de actividade essencialmente de iniciativa social, como a cultura, o desporto, os tempos livres, a solidariedade, etc., como pela alimentação e manipulação do fenómeno do subsidismo clientelar tão em voga nas autarquias , tendência que leva ao caricato de muitas organizações e colectividades populares mudarem de responsáveis em função da cor política conjuntural da instituição que administra os subsídios.
No que respeita a este último pressuposto que aqui enumero parece-me evidente , que o perfil do partido político que controla o executivo camarário , as tentações evidentes de governar com base em pura cosmética politica e a proximidade de eleições , impedem qualquer veleidade quanto à sua concretização.
Face ao exposto não se caia no erro crasso de acreditar nas palavras do Sr. Presidente da Câmara quando refere na brochura «Mostra de Estudos e Projectos» que esta iniciativa é paradigmática de um modelo de governação que privilegia a participação do cidadão visando torná-lo no centro de poder.
A democracia representativa portuguesa está a anos luz de ser uma democracia participativa.
Tudo o que se disser em contrário é pura demagogia.

PS: Uma vez que a brochura em causa exibe um vasto conjunto de projectos volto a dirigir à Câmara um desafio que já fiz anteriormente.
Em nome da transparência de procedimentos que o Senhor Presidente da Câmara defende no seu texto de apresentação daquele documento , seria este o momento ideal para informar os munícipes se houve gabinetes privados que eventualmente colaboraram com a Câmara na elaboração dos projectos apresentados na brochura « Mostra de Estudos e Projectos. Quem são os respectivos proprietários , identificando , sempre que tal ocorresse , relações entre esses gabinetes e funcionários, antigos funcionários ou familiares de funcionários e finalmente qual o seu custo.
Vamos a isso Senhor Presidente da Câmara.

19 agosto 2008

Solidariedade

Lamento ler esta notícia acerca do Alcochetense. Escuso-me de descer aos pormenores porque não vale a pena perder tempo com o futebol. Tal como esta democracia também já não tem povo.

Isto é podridão a mais

Sentado à mesa de uma esplanada desta Praça da República em Viseu, salto para Alcochete.
Desta vez dou comigo a pensar que quando alguém alega a mesma causa para justificar factos diferentes pode estar a esconder algo que não quer expor às claras.
Repare-se nisto: as madeiras do tecto da capela de Nossa Senhora da Vida estavam podres e chão com elas; os choupos da Avenida da Restauração estavam podres e chão com eles.
Isto é podridão a mais.
Por todo o Portugal a madeira é material que suporta arte de todos os estilos ao longo da nossa história; por todo o Concelho de Alcochete sei de choupos tão viçosos como estavam há cinquenta anos.
O que se passou no caso da capela de Nossa Senhora da Vida é que se abalançaram a uma obra sem verbas para o competente restauro; o que se passou no caso dos choupos da Avenida da Restauração é que davam mais despesa que a opção das palmeiras.
Que ambos os espaços, pertencentes ao povo de Alcochete, ficassem depauperados, isto é pormenor de pouca monta.

18 agosto 2008

A Fundação João Gonçalves Júnior (3)

Nos últimos tempos a minha participação neste espaço de diálogo não tem sido muita, por escassez de tempo. No entanto não resisto a um comentário a este maravilhoso texto do Fonseca Bastos. Aproveito para recordar que no programa eleitoral, em 2005, expressei a vontade de entregar a Fundação à Igreja Católica. Naquela altura e no único debate realizado o actual Presidente e o seu antecessor fizeram um sorriso de gozo, demonstrativo da ignorância da História. Aqueles aqui acrescentaram comentários estatizantes, são da mesma índole daqueles outros que à sombra de um ideal já desaparecido com a queda de um muro, enganam o povo nas várias terras, apregoando um estilo de vida que nem eles o praticam. E quando não têm argumentos que sirvam para o contraditório, lá vão ao baú buscar a cassete, mas esquecem-se que a História se faz com homens bons, mesmo que em alguns casos tenham estado posicionados em campos opostos ao meu pensamento. Antes de finalizar, pergunto porque certa plebe tem medo que as novas gerações conheçam o que houve de bom e de mau na História de Portugal? Será que estes mesmos já se dignaram visitar certas zonas de Alcochete? Termino deixando um repto a todos quantos participam neste blog ou noutros não tenham receio de assumir a sua identificação, as perseguições não são feitas aqui.Como alguém disse no passado todos temos direito à indignição; acrescento agora, mal vai este cantinho, porque as pessoas têm receios dos caciques.

Notícias desta paróquia

O contador deste blogue ultrapassou hoje os 50.000 acessos registados em menos de três anos.
Por acaso o(a) visitante a que corresponde esse número acedeu a partir de Alcochete.
Aproveito a oportunidade para revelar que, embora pareça haver aqui pouca matéria que desperte o interesse da maioria, a audiência deste blogue continua a duplicar anualmente: de 2.152 acessos em Agosto de 2007 saltámos para 4.325 no mês passado.
Estatisticamente, os acessos registados no mês anterior correspondem a cerca de 1/4 da população residente. Qualquer blogue da "primeira divisão" nacional com nível equivalente deveria ter cerca de 2,5 milhões de acessos mensais. Contudo, em Portugal, tanto quanto sei nunca algum se aproximou sequer de metade disso.
Continua igualmente a crescer o número de autores aqui inscritos, embora nem todos sejam assíduos na edição de textos porque a vida está difícil e escasseia o tempo para trabalho cívico. Tenho pena que não escrevam, sequer, uma linha semanal.

Porque estamos a pouco mais de um ano das eleições para as autarquias locais e não sou nem pretendo ser candidato a nada, nem a coisa alguma, é o momento ideal para este cidadão se remeter a um papel reservado.
Estão registadas e catalogadas neste blogue vastas ideias. Se as minhas interessarem a alguém, nada mais têm a fazer que procurá-las no arquivo usando palavras-chave.
Daqui por diante o filme desenrolar-se-á no plano da luta política, com a qual nada tenho a ver porque preservo a minha independência, deixando o protagonismo para eventuais pré-candidatos. Podem revelá-lo aqui ou noutro lado, como preferirem. Aqui a porta continua aberta a todos.
Continuarei atento e interessado no que me rodeia, mas desejo manter prudente distanciamento em relação a um período que, na fase mais aguda, será conturbado e mesmo explosivo. Disso tenho a certeza, em face do que pressinto, do que observo e do que me revelam.
Há mais vida para além das eleições e essa é, verdadeiramente, a que me preocupa.

17 agosto 2008

A casa dos beirados


Esta é uma das casas mais belas desta terra de Alcochete.

Pertenceu ao administrador camarário Dias de Sousa, marido de Mariana Gonçalves.

Penso que a casa dos beirados, com entrada na Avenida da Restauração e janelas viradas para o Rossio, depois de várias vicissitudes, pertence hoje ao sr. Eng.º João Manuel Dias de Sousa, filho daquele administrador.

El-Rei D. Manuel


Depois de um formidável texto do sr. Bastos a uma das minhas fotos abaixo expostas, não resisti a colocar aqui esta foto de um dos grandes reis de Portugal e par dos maiores da Europa do seu tempo.

Esta minha atitude nada tem de gratuito, inspirando-se antes no que diz este meu companheiro de blog.

Quer as pessoas acreditem ou não, avanço com o meu rosto para dizer que não estamos combinados, a não ser nas linhas mais gerais que animam o espírito deste órgão de comunicação.

As retretes do Rossio


Estávamos nos fins dos anos 80.
Uma das câmaras presidida pelo sr. Boieiro ofereceu ao Rossio, contra a vontade expressa dos moradores deste, umas retretes.
Por trás é a casa onde nasceu o Padre Cruz.
Eu próprio e dezenas de outras pessoas indignadas fomos à Assembleia Municipal que agendou a discussão deste problema, mas toda a gente me deixou a falar sozinho contra os comunistas.
Era o medo como ainda é hoje!

Perguntar não ofende


"Perguntar não ofende" é o que diz o nosso povo numa demonstração de tão grande racionalidade quanto de ingenuidade.
De facto, se lermos Voegelin, Eric, Ciência, Política e Gnose, Ariadne, Coimbra 2005, ficamos a saber que os totalitarismos se ofendem com a pergunta, razão por que esta é proibida.
Isto mesmo não passou despercebido no filme O Pianista de Roman Polanski. Quando um judeu, prisioneiro, faz a pergunta "para onde vamos?" a um soldado alemão, este dá-lhe um tino na cabeça. Foi a resposta.
Mas vamos lá ao que nos interessa: se deixarmos a Estrada da Atalaia e entrarmos no Bairro dos Barris pela Rua da Escola Secundária, todos os prédios à nossa direita não ultrapassam o terceiro andar; mas já os que ficam à esquerda são uma mistura de terceiros e quintos andares, sendo que estes últimos erguem-se em esquinas como a foto ilustra. Por que razão isto acontece?
Como o meu próprio linguajar sobre a matéria prova, eu domino insuficientemente temáticas urbanísticas. Sou licenciado em Línguas e Literaturas Modernas e não em Engenharia ou Arquitectura.
Tal facto não me deve desqualificar e inibir de fazer um juízo sobre as coisas e colocar perguntas porque este é mesmo o dever de todo o cidadão que se preze.
Fico à espera.

16 agosto 2008

Dão-se alvíssaras


Esta é a janela central (nove ao todo) do palacete por trás da estátua de D. Manuel I.

Há qualquer coisa nela que a distingue de todas as outras.

O que é?

Faça a sua pesquisa.

Dão-se alvíssaras a quem descobrir.

(Aqui deixo a minha homenagem ao pintor alcochetano João Santana que puxou a minha atenção para o curioso pormenor que agora partilho com todos).

Nasci em Alcochete


Nasci em Alcochete, eco de moiros,

Ia o século a meio já dobrado,

No grande Largo do Marquês de Soydos,

Em rés-do-chão pequeno ao mar virado.

Compare vovê mesmo


Repare nesta foto tirada hoje (16-08-08) e compare-a com duas do mesmo local (Avenida da Restauração) deixadas por mim em Julho último neste blog.

As fotos dos choupos (ou tílias?) são de há quase trinta anos.

Depois da paciente pesquisa, que comentário é que o meu amigo ou amiga faria?

Clique na imagem para ver melhor.

15 agosto 2008

Comunismo não respeita a criança


A menina à esquerda é a dona da verdadeira voz da canção Ode à Pátria ouvida pelo mundo inteiro na abertura dos jogos Olímpicos Beijing 2008, mas por ser considerada feia pelos comunistas da China, foi escondida atrás dos bastidores e substituída pela menina da direita classificada de "boa aparência".
Eis o que comunistas de todas as cores entendem por direitos humanos.

13 agosto 2008

A Fundação João Gonçalves Júnior (2)


Concordo com a sugestão do sr. João Marafuga, expressa no texto anterior, e, em memória de quem a instituiu no final de 1951, penso que a Fundação João Gonçalves Júnior deve sair da alçada autárquica.
Desconheço se a hierarquia diocesana da Igreja Católica está ou não interessada no assunto – seria bom que alguém a alertasse – e reconheço ser necessário muito trabalho e alguma coragem para que a fundação retorne à sua função original.
Porque, ontem como hoje, a sua missão original é necessária em prol dos mais necessitados. Além disso, não creio ser vocação de nenhum município ou autarca controlar e gerir uma fundação com características vincadamente sociais.


A Fundação João Gonçalves Júnior tem pouco menos de 57 anos de existência e continuam, felizmente, entre nós inúmeras pessoas que, directa ou indirectamente, a ela estiveram ligadas desde início e bem conhecem os objectivos da sua instituidora.
Por continuarem desconhecidos da maioria inúmeros factos, repito-os seguidamente. São pormenores não inéditos porque foram, pela primeira vez, publicados, em 2004, no portal «Tágides».

Em 5 de Dezembro de 1951, D. Mariana Gonçalves Dias de Sousa Rodrigues – cujo nome de solteira era Mariana Augusta da Cruz Gonçalves e que nunca teve filhos – em seu leito de doente terminal, em circunstâncias dramáticas e na presença de duas testemunhas, resolve ditar testamento e disposição de sua última vontade perante o notário dr. Fernando Tavares de Carvalho, que tinha a seu cargo o 9.° Cartório Notarial de Lisboa.
Conforme cópia do testamento em meu poder e que reproduzo na imagem acima, D. Mariana Gonçalves Dias de Sousa Rodrigues dispõe dos seus bens dividindo a herança pessoal em três partes iguais:
– A primeira deixa em propriedade plena a sua irmã, Emília da Cruz Gonçalves;
– A segunda parte, também em propriedade plena, transfere-a para outra irmã, Maria José Gonçalves Facco Viana;
– A terceira parte, também sem qualquer reserva, deveria ser aplicada numa fundação, cujos fins expressos são: "a distribuição de uma sopa aos pobres da freguesia de São João Baptista, de Alcochete, Fundação que tomará o nome de meu pai João Gonçalves Júnior e será administrada pelo Padre Crispim António dos Santos [à época pároco da freguesia], pelo dr. José Grilo Evangelista, médico em Alcochete, e pelo dr. José Maria Gonçalves Guerra, médico no Montijo".
Deixa bem expresso no testamento que a sede da fundação "será em Alcochete e que dado o caso de falecimento de qualquer dos nomeados administradores será ele substituído pelo que os sobreviventes nomearem".
Determinaria ainda que, "se por qualquer motivo, a fundação se extinguir, os bens que a tiverem representado serão deferidos a favor de todos os meus sobrinhos, filhos de todas as minhas irmãs, falecidas ou não falecidas, entre as quais deverá ser incluída, nas mesmas condições, a minha prima Ilda Gonçalves de Oliveira".
Em 7 de Janeiro de 1952 – menos de um mês decorrido após a elaboração do testamento – verifica-se o óbito da doadora, aos 63 anos de idade.
É instaurado o processo de Inventário Orfanológico obrigatório, que viria a ser profusamente recheado de incidentes processuais e de recursos para os tribunais superiores.
A fundação é legalmente criada em 1953 e litiga com isenção de custas, pelo que os recursos são subscritos em seu nome.
O litígio arrastar-se-á por onze longos anos, sem que os administradores nomeados em testamento conseguissem pôr a funcionar a fundação e a sua sopa dos pobres.
Em 30 de Maio de 1962, o ministro da Saúde e Assistência emite um despacho nomeando uma Comissão Administrativa para a fundação.
A posse será conferida no dia seguinte, em Setúbal, pelo Governador Civil do distrito, dr. Miguel Rodrigues Bastos. A comissão é constituída por dr. Francisco Elmano Cruz Alves, advogado; dr. José Grilo Evangelista, médico em Alcochete; e António Antunes, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alcochete, tendo como objectivos prioritários terminar o processo judicial, entrar na posse dos bens da herança e pôr a instituição em funcionamento efectivo.
Em 15 de Agosto de 1962 é aprovado o primeiro orçamento da Fundação João Gonçalves Júnior e, em 15 de Janeiro seguinte, arrendado o prédio então pertencente a Aires Salvado de Carvalho, sito na Rua Dr. Ciprião de Figueiredo (ex -D. Manuel I), n.°s 24 a 28 – hoje edifício de propriedade municipal e abandonado – no qual se instalam provisoriamente a sopa dos pobres e a secretaria da instituição.
Começava, finalmente, a cumprir-se a última vontade da benemérita doadora.

Em Abril 1963 iniciam-se as obras de adaptação do edifício arrendado e procede-se ao seu apetrechamento.
Em 15 de Novembro do mesmo ano saldam-se as contas com o dr. Carlos Zeferino Pinto Coelho, advogado que representou a fundação em juízo durante doze anos.

Em Dezembro de 1963 obtém-se a colaboração da Congregação das Irmãs Franciscanas de Calais, que virão dirigir a sopa dos pobres e o futuro patronato das crianças, celebrando-se na Igreja Matriz solenes exéquias em memória da fundadora.
Então a Comissão Administrativa resolve, dentro de uma interpretação extensiva dos fins testamentários definidos para a fundação, que a assistência a prestar aos pobres não seria restrita ao plano alimentar – onde, aliás, as carências em Alcochete vinham diminuindo com o surto de industrialização.
As carências educacionais eram tanto ou mais importantes como o pão para a boca e a criação de um jardim infantil preencheria essa lacuna, visto que muitas mães trabalhadoras não tinham a quem confiar os filhos durante o dia.
Em 7 de Janeiro de 1964, com a presença do Governador Civil do distrito, e do dr. Manuel Medeiros, em representação do Director-Geral da Assistência, é inaugurada a sede provisória da sopa dos pobres.
Dezasseis dias depois é proposta a alteração dos estatutos, para contemplar o jardim infantil e aumentar de três para cinco o número de administradores da fundação.
A 20 de Março de 1964 delibera-se adquirir à família Barreto, herdeira de D. Mariana Rosa Adivinha da Costa, o prédio sito no Largo de São João, n.ºs 23 a 27, por 330 contos, a fim de aí erguer a futura sede (o edifício hoje existente).
Em 15 de Abril seguinte chega a Alcochete a comunidade religiosa, composta por quatro irmãs e a superiora, que se dedicarão inteiramente à sua missão.
Em Outubro desse ano terminaria o primeiro arrendamento das marinhas de sal, celebrado em 1962 – as marinhas do Brito, junto à Praia dos Moinhos, foram integradadas no terço do testamento atribuído à fundação – e, em Março do ano seguinte, realizar-se-ia a primeira ida à praça do arrendamento, não aparecendo candidatos. A segunda praça ficará igualmente deserta.
Perante este cenário, em 24 de Abril de 1965 resolve-se, corajosamente, empreender a exploração directa das salinas, contratando um encarregado para dirigir a exploração. Ainda hoje essas marinhas estão a cargo da fundação, embora com significativo apoio financeiro do município, visto serem deficitárias.
Voltando um pouco atrás, a 7 de Janeiro de 1965, data do 13.º aniversário do óbito da fundadora, é inaugurado na sede o busto em bronze do seu patrono, João Gonçalves Júnior, da autoria do escultor Luís Castelo Branco (o mesmo da estátua do Padre Cruz), hoje visível na entrada principal do jardim infantil, na Rua Carlos Manuel Rodrigues Francisco.
Ao tempo o jardim infantil funcionava com 50 crianças e a escritura de aquisição do prédio original à família Barreto é outorgada em 17 de Novembro de 1965, sendo doado pelos vendedores um donativo de 20 contos.
A forma amiga como decorreram todas as as negociações levaria a fundação a atribuir a duas salas de aula os nomes de D. Mariana Rosa Adivinha da Costa e D. Maria José da Graça Barreto de Bragança, Duquesa de Lafões.
Em 2 de Janeiro de 1966 é entregue ao arquitecto Lopes Galvão a elaboração do projecto do actual edifício sede da fundação, prevendo as mesmas três frentes que continuam a existir.
Em 9 de Outubro de 1966 o dr. Elmano Alves propõe a sua substituição na presidência da fundação pelo Padre José Gonçalves dos Santos, pároco de Alcochete, que se concretizaria apenas em Julho de 1968.
Em 15 de Janeiro de 1969, o então Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, dá a benção à primeira pedra da sede, as obras iniciam-se de imediato e em força.
Entretanto surge a oportunidade de instalar, no rés-do-chão do Largo de São João, a agência do Banco Pinto de Magalhães, a primeira dependência bancária que houve Alcochete, hoje pertencente ao Millenium.
Em Setembro de 1972 conclui-se a negociação do arrendamento com o Banco Pinto de Magalhães, mediante a renda mensal de 6.000$00 (importância que na época correspondia ao valor dos salários do pessoal da fundação), além da entrega de mais 300.000$00 e de um donativo de 100.000$00 para o jardim infantil.
Em Junho de 1975 o dr. Elmano Alves renuncia definitivamente à administração da fundação, de imediato aceite pelos seus pares, e o então comandante Fuzeta da Ponte – hoje almirante na reserva – que, ao tempo, assumia funções de Governador Civil designado pela Junta de Salvação Nacional, pressionava o saneamento da administração da Fundação João Gonçalves Júnior.
O resto da história é conhecida de alguns e conviria que a revelassem hoje em pormenor.

A Fundação João Gonçalves Júnior


No dia 06-06-08 recebo imprevisivelmente um telefonema do sr. Joaquim Pereira, solicitando-me que - conforme lhe chegara a conhecimento por amigo comum - não publicasse um artigo que eu tinha em mente sobre a Fundação João Gonçalves Júnior.

No dia 12-06-08, outra vez o sr. Joaquim Pereira pede-me que eu fique com o seu contacto pessoal para posteriormente combinarmos encontro e falarmos sobre a mesma Fundação, disponibilidade do Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alcochete que eu gentilmente declinei.

O artigo de hoje (13-08-08), Jornal de Alcochete, pág. 3, sobre a Fundação João Gonçalves Júnior, obriga-me definitivamente a tornar público o que eu tinha pensado há coisa de três meses atrás.

Quer queiramos ou não enfrentar as coisas, a Fundação João Gonçalves Júnior foi municipalizada pela Câmara de Alcochete algum tempo depois do 25 de Abril.

Foi municipalizada, disse, para não dizer que a instituição em foco foi roubada à sua lídima vocação em prol dos pobres por testamento de Mariana Gonçalves, a doadora.

A Fundação João Gonçalves Júnior deve voltar à tutela da Igreja Católica porque foi sob a égide da Santa Mãe que a doadora a fundou em meados do século.

Não vai ser fácil a desmunicipalização. Por isso, a favor desta, a minha sugestão é que se crie um movimento de cidadãos do seio do qual brote um manifesto à população que denuncie o abuso levado a cabo contra o espírito do testamento de Mariana Gonçalves.

Portugal ainda é um Estado de direito ou não?

12 agosto 2008

Festa é festa (3)

Quem tiver acesso à Internet com uma ligação de alta velocidade (nomeadamente cabo ou ADSL), poderá ver na respectiva página no YouTube (largada) o vídeo com maior definição (logo abaixo da imagem, na janela Rate, escolha a opção watch in high quality).

Sou pobre


Defendo o capitalismo liberal, mas sou pobre.
Este mesmo computador de que me sirvo para meter estas palavras na Internet foi comprado a prestações. O meu anti-vírus é todos os anos uma fortuna (passe a hipérbole que não é gratuita). Ao longo de quase trinta anos acumulei vários milhares de horas a escrever generosamente, tendo sempre Alcochete por pano de fundo.
Mas muita gente que vem aqui criticar-me sem pés nem cabeça nada em dinheiros públicos, nada fazendo na vida senão defender os oprimidos.
Fora a demagogia! Haja vergonha!
(Sei que estou a pedir o impossível).

11 agosto 2008

Pobreza


Tirar a quem tem (através de impostos) e dar a quem não tem é a fórmula indigente de muitos para a resolução da pobreza.

Se a carga tributária aumenta progressivamente sobre quem trabalha, progressivamente também as camadas laboriosas, começando pelas menos fortes, vêem-se obrigadas a arrear os braços e, até, a engrossar o contingente de pobres.

Se queremos acabar com a pobreza, pelo menos mitigá-la, devemos deixar trabalhar quem quer trabalhar sem que uma carga abusiva de taxas desmotive o espírito empreendedor que gera emprego.

O que acabo de dizer levanta-se para mim como uma aparição de contornos cada vez mais nítidos.

Mas por que muitos não querem encarar as coisas assim?

Porque acabar com a pobreza é acabar com a revolução que se sustenta à custa do sistema capitalista, culpando este, ainda por cima, da situação dos deserdados.

Festa é festa (2)


Foi prejudicada a actuação da banda da Sociedade Recreativa e Musical União Sebastianense, à meia-noite deste domingo, no Largo de São João.
É uma banda açoriana da ilha Terceira, foi fundada em 1886 – sendo 12 anos mais antiga que a local – pertence à freguesia e vila de São Sebastião e merecia mais gente, mais atenção e menos ruído de fundo.
Infelizmente, são raras as oportunidades de escutar bandas doutras origens. Tenho profundo respeito por todas as filarmónicas portuguesas e continuo a crer que, em Alcochete, é possível organizar um concurso ou festival anual com bandas nacionais e estrangeiras e, através dessa manifestação, potenciar outras iniciativas de índole cultural e turística.

O meu aplauso a quem na Câmara Municipal de Alcochete teve a iniciativa de organizar o encontro de embarcações tradicionais do Tejo, coincidindo com as Festas do Barrete Verde e das Salinas. Estiveram presentes cerca de dezena e meia de embarcações de Alcochete, Barreiro, Cascais, Moita, Montijo, Sarilhos Grandes e Seixal.
Como início esteve bem. Mas soube-me a pouco. É preciso ser-se mais ousado, porque Alcochete tem condições excelentes para uma regata ou concentração de barcos tradicionais à vela de pequeno calado e o estuário do Tejo é extraordinário para desfiles náuticos de envergadura.
Acresce existirem milhares de embarcações típicas portuguesas espalhadas pelo país e juntar algumas centenas, uma vez por ano, no Mar da Palha, em Alcochete, não me parece nada do outro mundo.
Aproveito para recordar que, a partir de uma lista de antigas e famosas embarcações que nas décadas de 60 e 70 existiram em Alcochete, em tempos andei a pesquisar na Internet e, muito provavelmente, algumas continuarão a navegar e estão no Sul de França, na Holanda e na Grã-Bretanha. Também nos EUA deverão ainda existir outras. Há duas décadas, na costa Leste, vi algumas.
Na Internet localizam-se inúmeras embarcações descritas como tendo origem portuguesa, algumas estão registadas com designações coincidentes com as referenciadas em Alcochete e várias têm páginas próprias na Web.
Ao contrário de Portugal – que as vendeu e deixou fugir barra fora em meados dos anos 70 ou, simplesmente, apodreceram um pouco por todo o lado – lá fora as embarcações antigas continuam a ser preciosidades bem conservadas.
Curiosamente, não há muito tempo descobri que na Austrália realizam-se cruzeiros num lago com um barco bastante semelhante ao primeiro vapor «Alcochete» do início do século passado (na gíria local era o "Menino", cuja reprodução consta da imagem acima).

Defesa da propriedade privada


Tenho insistido não poucas vezes na afirmação de que os governos de esquerda ameaçam a propriedade privada.
Como fazem essa ameaça à propriedade privada? Esgotando-a por um excesso de encargos e de impostos.
Sobre esta matéria, vejamos o seguinte passo da encíclica Rerum Novarum (1891) de Leão XIII: «Não é das leis humanas, mas da natureza, que emana o direito à propriedade privada; a autoridade pública [Estado] não o pode pois abolir; o que ela pode é regular-lhe o uso e harmonizá-lo com o bem comum. É por isso que ela age contra a justiça e contra a humanidade quando, sob o nome de impostos, sobrecarrega desmedidamente os bens dos particulares» sic.

10 agosto 2008

Festa é festa

Dois excertos de filmes da noite de sábado, 9 de Agosto, e da madrugada de domingo, 10 de Agosto, na 67.ª edição das Festas do Barrete Verde e das Salinas, em Alcochete (2008).
Quem tiver acesso à Internet com uma ligação de alta velocidade (nomeadamente cabo ou ADSL), poderá ver na respectiva página no YouTube (charanga e sardinha) ambos os vídeos com maior definição (logo abaixo da imagem, na janela Rate, escolha a opção watch in high quality).


Charanga




Noite da Sardinha assada


Os extremos tocam-se


A Igreja Católica conta com a economia de mercado, o que não faz surpreender ninguém porque a mesma Igreja não abre mãos do valor da propriedade privada. Esta «...é para o homem de direito natural» (Rerum Novarum, Leão XIII, 1891).
Quando a Igreja defende a propriedade privada, inclui a defesa da propriedade pública cuja cabeça é o Estado. Este é erguido a instância reguladora, travão contra aquele liberalismo sem rosto que mergulharia as sociedades por inteiro no mais feroz individualismo.
Individualismo e colectivismo são os extremos do mesmo fio condenados pela Igreja, o que não faz surpreender ninguém porque os extremos tocam-se.

09 agosto 2008

Rerum Novarum e Quadragesimo Anno


Todo o estudo que se faça ao Estado Novo à revelia das grandes encíclicas sociais Rerum Novarum (1891) de Leão XIII e, sobretudo, Quadragesimo Anno (1931) de Pio XI sai inevitavelmente coxo.

Para ilustração, vejam-se estes dois parágrafos da Quadragesimo Anno: «81 - O primeiro objectivo que devem propor-se tanto o Estado como o escol dos cidadãos, o ponto em que devem concentrar todos os esforços, é pôr termo ao conflito que divide as classes, e suscitar e promover uma cordial harmonia entre as diversas profissões. 82 - É necessária uma política social, portanto, a fim de reconstituir os corpos profissionais. Actualmente a sociedade continua num estado violento e por isso instável e vacilante, pois se funda sobre classes que se movem por interesses desencontrados e, por consequência, dada a fraqueza humana, tendem com facilidade para a inimizade e para o conflito».

Portanto, como se verifica, a ideia do corporativismo já estava afirmada pelo Papa Pio XI na célebre encíclica que comemorava o quadragésimo aniversário da publicação de Rerum Novarum.


Festas: sugestão aceite

Uma sugestão feita, há dias, em «Praia dos Moinhos», está concretizada no sítio do Aposento do Barrete Verde na Internet.
Quem quiser contribuir para a 67.ª edição das Festas do Barrete Verde e das Salinas e não atendeu as equipas voluntárias que fizeram o peditório porta-a-porta, poderá agora enviar um donativo através do computador ou de um terminal Multibanco, usando o NIB de destino indicado na primeira página do sítio do Aposento:

0045 5030 4003 2387 5555 1

08 agosto 2008

Rádio nas Festas do Barrete Verde



Pedem-me da RDP Internacional que anuncie a realização da sua habitual Festa de Verão das Comunidades, em Alcochete, pelas 22h30 da próxima terça-feira, 12 de Agosto, dedicada ao Fado.
Os fadistas Rodrigo da Costa Félix e Ana Sofia Varela são os convidados para essa noite de fados, acompanhados por três guitarristas, que actuarão no palco instalado no Largo de São João.
A RDP Internacional transmitirá o espectáculo para todo o mundo, directa e integralmente, através da sua rede de emissores de Onda Curta, de satélite, de FM e ainda via Internet (quem tiver som no computador pode escutar a emissão através desta hiperligação).
A Festa de Verão das Comunidades integra uma programação mais geral, que este ano acompanha as Festas dos Barrete Verde e das Salinas, pelo que a RDPI fará também a transmissão do espectáculo musical do dueto Os Anjos, na noite de 11 de Agosto.
Durante estas festas outros programas da RDP Internacional serão, igualmente, transmitidos de Alcochete, cujo estúdio está instalado no Coreto Municipal, situado no Largo Almirante Gago Coutinho, junto à Igreja Matriz.
Entretanto, no próximo domingo, 10 de Agosto, entre as 16 e as 17 horas, a RDP Internacional abrirá as portas do Centro de Emissão de Ondas Curtas, situado em S. Gabriel (Pegões), a quantos queiram conhecer antenas, emissores e equipamentos que asseguram a transmissão dos programas da estação pública. Recomendo vivamente esta visita, para se ter noção das infra-estruturas técnicas que permitem levar Rádio de Portugal aos cinco continentes.
A RDP Internacional é, desde há décadas, o elo de ligação radiofónica de Portugal com os portugueses espalhados pelo mundo.

Aproveito a oportunidade para enaltecer o esforço de quantos – e muitos foram, certamente – ajudaram o Aposento do Barrete Verde a pôr de pé a 67.ª edição das Festas do Barrete Verde e das Salinas. Oxalá tudo decorra tão bem como todos desejam, porque esse será o melhor prémio para mais uma demonstração de dedicação a Alcochete, às suas tradições e cultura.

O Fugas


O Fugas nasceu a meio do século numa casinha virada ao mar que este é o nome do Tejo em Alcochete.
Era o mais velho de um rancho de irmãos que ou estavam na escola ou brincavam na areia da praia.
Uma vez o pai, que lhes arrancava o pão às ondas do mar, deu uma boneca à única menina dos seus filhos.
O Fugas ficou cheio de ciúmes e só olhava para a irmã que só olhava para a boneca. Aquilo não podia ficar assim. Ele tinha que fazer qualquer coisa. Mas o quê?
Foi durante a noite, quando a mãe o deitou a ele e aos irmãos, que lhe ocorreu uma ideia. A boneca deitá-la-ia ao mar sem que a irmã visse e depois, por mais que a Rita chorasse, ele faria ouvidos de mercador.
De manhã, logo que se levantou para ir para a escola, foi ao quarto da irmã que dormia com a boneca ao lado, tirou-a devagarinho, meteu-a dentro da sacola, comeu o que a mãe lhe deu e saiu de casa.
A maré estava vazia, mas o fio de água parecia-lhe ali mesmo à frente dos olhos. Desce à praia e entra no lamaçal com o fito de deitar a boneca ao mar. À medida que avança, cada vez atasca mais os pés na lama, mas o Fugas avança sempre pronto a levar a cabo a ideia da véspera.
Os pés enterram-se quase até ao joelho. O Fugas não olha para trás, a água está ali mesmo à vista, mas não há meio de lá chegar.
Nisto ouve gritos atrás de si. É o pai avisado por alguém que passou pela muralha. O Fugas mal se pode mexer, começa a chorar, a boneca na mão à espera que o pai o arranque daquela situação.
O velho pescador puxa-o por um braço e quando chegou ao areal deu-lhe um par de estalos e só disse: «És parvo!».
O Fugas seguiu para a escola, já não era o mesmo rapazito do dia anterior.
Quando chegou a casa à hora do almoço, a Ritinha, agarrada à sua boneca, nem deu pela chegada do irmão.

Um bom autarca vê-se em épocas de crise ( A crise tem as costas largas)

«Por estas e outras razões, suponho que a malfadada crise não é o maior problema destes autarcas (eu acrescento - autarcas de Alcochete). A sua desatenção surpreendeu-me no início do mandato e, quase três anos volvidos, os sinais de emenda continuam invisíveis.»
As doutas palavras de Fonseca Bastos retiradas do seu último texto publicado hoje sob o título «Palavras Traiçoeiras: Comunicação», reportam-se à inclinação do executivo camarário (e concordo que não passa de uma mera inclinação sem contornos profissionalizados) para um «marketingzinho» politico que procura utilizar alguns investimentos como bandeira de realização e competência, esquecendo contudo ,que as provas do contrário (ou seja da falta de capacidade de realização e de competência) estão afinal à vista de todos, como bem evidencia Fonseca Bastos através dos seus textos e fotos, tornando verdadeiramente caricaturais e até risíveis, os esforços destes autarcas para «tapar o sol com a peneira».

Aliás não será descabido afirmar que é o próprio Presidente da Câmara Municipal de Alcochete que auto denuncia a sua incapacidade e a do seu executivo em promover o desenvolvimento e o progresso no Concelho.

Se assim não fosse, que necessidade teria o Senhor Presidente da Câmara de iniciar a Nota de Abertura ao último Boletim Municipal «inAlcochete», edição nº 10 de Julho de 2008, com a desculpa já gasta e conhecida de todos que a culpa é da crise?
Escreve o Senhor Presidente da Câmara logo na abertura :
«Vivemos numa época difícil e conturbada, com uma grave crise económica e social… que …provoca constrangimentos vários no desenvolvimento e no progresso que pretendemos instituir no Concelho.»
A opção por iniciar com esta advertência a Nota de Abertura a esta edição do informativo mensal camarário, denuncia que o Senhor Presidente da Câmara está antes de mais preocupado em «amortecer» ou «suavizar» com a já esfarrapada desculpa da crise, a opinião dos munícipes, que ele próprio adivinha critica, para o evidente imobilismo e ausência de estratégia com que tem conduzido os destinos da autarquia.
Ciente da sua má performance, o Senhor Presidente da Câmara, revelando uma clara tendência para a resignação, procura antes de mais que os munícipes o ilibem ou desculpem pela sua gestão deficiente. É a crise diz ele!
A crise tem as costas largas. Serve para justificar a incompetência, a má gestão, a improdutividade, a falta de qualidade dos serviços, a ausência de estratégia, a pouca capacidade de risco, os investimentos disparatados... (ai o Valbom…) Enfim, é uma oportunidade de ouro para a desresponsabilização, para a inércia, para o «deixa andar» tão ao gosto deste executivo camarário.
O texto do Senhor Presidente da Câmara denuncia que aquele continua a preferir agarrar-se à muleta da crise e a continuar a mancar até que as nuvens negras passem. Entretanto, pode ser que as audiências realizadas junto dos ministros do Governo surtam algum efeito...
O Senhor Presidente da Câmara, que intuiu há muito a imagem negativa, a desilusão e a insatisfação dos munícipes de Alcochete, opta então pela fuga para a frente, valorizando excessivamente os factores externos à sua gestão ( a crise económica , a escassez de recursos financeiros) , em detrimento dos factores internos (produtividade, qualidade do serviço, motivação da equipa, coerência estratégica, capacidade de investimento...), quando a atitude deveria ser a contrária.
O que se espera de um bom autarca, é que em momentos de crise, olhe para dentro da sua autarquia para aí encontrar forças para combater a adversidade. A dinâmica interna é fundamental para rechaçar eventuais impactes negativos, ao contrário do que tem acontecido na Câmara de Alcochete, cuja gestão, como denuncia o próprio Presidente da Câmara, depende quase em exclusivo da evolução dos factores externos.
O que o Senhor Presidente da Câmara revela uma vez mais aos munícipes no boletim informativo de Julho de 2008 , é que só podem esperar mais dele e da sua equipa quando as condições favoráveis ao crescimento apareçam , graças, unicamente, a fenómenos exteriores.
E quanto a criar internamente um ambiente favorável à gestão da autarquia, assumindo a crise sem temores, motivando a sua equipa para um esforço redobrado, afinando a estratégia e apostando na inovação?
A resposta a esta pergunta é confrangedora: NADA SE FAZ!
Ora, é nos momentos difíceis que se descobrem, por vezes, energias, recursos, potencialidades que permaneciam escondidas ou subaproveitadas. A crise seria, ao contrário do que afirma o Senhor Presidente da Câmara no boletim informativo, um momento privilegiado para a autarquia se descobrir a si própria devido à pressão a que está sujeita, e não um momento para usar como desculpa ou álibi para desempenhos menos conseguidos.
Nessa perspectiva eu considero que um bom autarca se vê nos períodos de retracção económica e não em períodos de «vacas gordas» em que tudo é muito mais fácil de resolver.
A capacidade de adaptação das autarquias à crise é pois um dos principais critérios de aferição da capacidade de gestão dos seus responsáveis.
Quando a gestão é competente, quando há capacidade de inovação e criatividade, quando se quebram modelos e se criam outros, quando há estratégias bem definidas e equipas mobilizadas, os factores externos à gestão da autarquia acabam por ter um peso menos significativo no seu dia a dia.
Caso contrário Senhor Presidente da Câmara Municipal de Alcochete, tudo o que disser ou divulgar não passa de fachada.
Portanto, PARE DE SE DESCULPAR COM A CRISE!