30 junho 2006

Falácia

Reli alguns dos comentários mais contundentes aos meus textos e cheguei à conclusão de que todos se reduzem a este falso dilema ou falsa dicotomia: muda de rumo ou deixa os homens da Câmara em paz. Ora eu penso que isto vale dizer "ou sim ou sopas", sem que os meus amáveis comentadores se lembrem de haver, pelo menos, uma opção adicional, a saber, a de poder denunciar o que entendo sob critérios de justeza. Não é assim que se caracteriza a própria dinâmica da Democracia?

Quem recebe cala

Lá em cima, quem recebe passa a ser obrigado a calar-se.
Cá em baixo, tal nunca foi exigido (que se saiba, pelo menos) mas nunca ouvi os que recebem tugir ou mugir.
Só mia quem fica de fora...

Lista de espera das nossas causas

Continua a crescer a lista de questões lançadas neste blogue e que esperam solução ou resposta. São as nossas causas.
No final de Junho, a relação actualizada de matérias é a seguinte:

28/11/2005 - Pedido ao presidente da câmara
2/1/2006 - Recomendação de leitura
9/1/2006 - Estão a atirar-nos água para os olhos
10/1/2006 - Negócio malcheiroso
16/2/2006 - Samouco: salvem a Casa do Mirante
13/1/2006 - Ordem na água
16/2/2006 - Samouco: sugestões para mostrar serviço
14/2/2006 - Sim e não
31/1/2006 - Um passo adiante mas...
21/2/2006 - Negócio malcheiroso (II)
22/2/2006 - Não metam água, por favor
25/2/2006 - Atenção à História local
27/2/2006 - Expliquem-se, por favor
1/3/2006 - Palmeiras engrossam, canteiros rebentam
2/3/2006 - Atenção aos eucaliptos
3/3/2006 - Escândalo em Samouco!
3/3/2006 - D. Mariana Gonçalves perdoar-nos-á?
3/3/2006 - Bucolismo
4/3/2006 - Valha-nos Deus!
6/3/2006 - Novamente o Rossio, para variar...
6/3/2006 - Aviso e recomendação
7/3/2006 - A grua não sabe voar
10/3/2006 - Há regulamento de publicidade? Não parece...
11/3/2006 - Leite por caixa; papel por árvores
13/3/2006 - Para que alguma coisa mude
14/3/2006 - Bagunça na toponímia de Alcochete
17/3/2006 - O site oficial da Câmara
19/3/2006 - Para que alguma coisa mude (4)
20/3/2006 - São Francisco: sugestões para mostrar serviço
21/3/2006 - São Francisco: sugestões para mostrar serviço (2)
22/3/2006 - São Francisco: sugestões para mostrar serviço (3)
22/3/2006 - Dêem à luz, por favor!
22/3/2006 - Aprendam mentes brilhantes!
22/3/2006 - A cola do ex-libris
23/3/2006 - Raios os partam
23/3/2006 - Intendência dos leitores
24/3/2006 - Ideias para reflectir
24/3/2006 - Para inglês ver
25/3/2006 - Sporting merece mais
25/3/2006 - Pinhal do Concelho
25/3/2006 - Um conto, um ponto, e o vigário
26/3/2006 - Passil
27/3/2006 - Torroal
27/3/2006 - O Palácio do Senhor Presidente 3
28/3/2006 - Tenham vergonha!
29/3/2006 - Comovente!
29/3/2006 - Comovente!
30/3/2006 - Olh'á barraca fresquinha!
12/4/2006 - Há alguém acordado?
12/4/2006 - Praia dos Moinhos I
13/4/2006 - Praia dos Moinhos II
13/4/2006 - Praia dos Moinhos III
13/4/2006 - Pasquim de propaganda
14/4/2006 - Estátua ao bombeiro
17/4/2006 - A praça
19/4/2006 - Não aos funcionários descartáveis
20/4/2006 - Bom exemplo de recuperação
21/4/2006 - Não se entende
23/4/2006 - Cobrador de promessas
16/5/2006 - Auditoria? Qual auditoria?
23/5/2006 - Para quando parques infantis legais?
24/5/2006 - Ai Flamingo, Flamingo!
26/5/2006 - Pedido ao presidente da câmara (2)
29/5/2006 - Negócio malcheiroso (2)
5/6/2006 - Pensar e imaginar
17/6/2006 - Barris: garagens alagadas por culpa da câmara
20/6/2006 - Faz que anda, mas não anda
21/6/2006- Avaliação? Qual avaliação?
22/6/2006 - Observações sobre urbanismo

Consumismo

Diz-se que algumas conhecidas marcas de distribuição estão interessadas em investir em Alcochete e que vamos ter novos supermercados.
Talvez a maioria dos consumidores ache bem, por não ter o hábito de comparar preços. Contudo, quem o fizer chegará a conclusões talvez úteis.
E em relação ao que resta do comércio tradicional, alguém pensa no assunto? E os produtores agrícolas locais?
Espero, entretanto, que nenhuma cadeia de distribuição aceite disparates idênticos aos da última que abriu um estabelecimento. As consequências estão à vista, excepto para quem tenha deficiência visual.

29 junho 2006

A gasolineira da vila fechou

A gasolineira do centro histórico da vila de Alcochete (Rua João Facco Viana) viu o fecho num destes últimos dias, aspiração de centenas de moradores da área desde há décadas.
Somos tão pobres que sentimo-nos aliviados com a máxima popular "mais vale tarde que nunca".
É a vida!

Béu, béu, béu, béu, béu, béu, béu

Boa tarde!
Façam o favor de "arrumar" cachorros em locais mais apropriados que varandas e terraços acanhados, para que os vizinhos não tenham de os aturar o dia todo.
Se querem cães que não sujem a casa, comprem-nos em pelúcia ou porcelana!

28 junho 2006

Comentar

Há certos comentários que, apesar de anónimos, merecem destaque. O que se segue foi colocado na caixa de comentários deste texto de João Marafuga.

"O momento que se segue ao nascimento dos filhos é também o da reavaliação da despesa familiar.
"Há quem se queixe que o novo encargo com o infantário conjugado com os factores já mencionados servem para ponderar a decisão de eventual regresso ao local de origem dos conjuges ficando, eventualmente, a família dele ou dela a tomar conta dos filhos.
"Será que ninguém pensa em criar mais vantagens comparativas na habitação local reduzindo de alguma forma os custos que as pessoas têm de suportar?"

Alguém pensa num problema que, crescentemente, condiciona a vida da maioria das famílias e, muito em especial, dos avós deste país?
Não haverá nada a fazer localmente para minimizar os efeitos sociais deste e doutros problemas?

Estado de espírito do poder local

Será esta opinião individual do líder do sindicato dos presidentes de câmara partilhada pelos seus pares?
Nenhum tem a coragem de propor o seu afastamento imediato do cargo?
Por experiência própria sabia que, em Portugal, a intolerância e a arrogância são os piores defeitos da maioria dos detentores do poder. De qualquer poder e, nomeadamente, do local.
O que não sabia é que os autarcas podem dizer em público o que lhes vem à cabeça pois já ninguém os leva a sério.
Após ler a notícia referenciada acima, se nada suceder a seguir creio que doravante haverá a esperar muito pior de certos pobres de espírito com o rei na barriga.

27 junho 2006

Ah, um soneto...

As pessoas que acompanham a minha escrita desde o tempo do Tágides sempre me ouviram dizer que sou um homem de medo. Claro que é preciso ter alguma disponibilidade intelectual para que se veja o que eu quero exprimir. O meu maior medo é o de perder o amor da poesia, mas ela vai-se compadecendo de mim e deixa cair algumas migalhas.

Eu desejo fazer o poema novo
Que desfaça ilusão de fraco tempo
Assente em estética deitada ao vento
Sem dirigir qualquer aceno ao povo.


O rude verso escarpa de montanha
Deixará em farrapo traje velho.
A vinda desse gesto eu muito anelo
Que duma vez p'ra sempre varra a manha.


O homem de coragem pega e corta
Cabeça de serpente mais peçonha
Do princípio a trilhar a via torta.


Esse réptil de astúcia à grande usada
Desde o tempo que ao tempo o homem deu
Das cobras todas foi a mais safada.

No rescaldo dos papagaios


Fui ao festival de papagaios apenas na tarde do último dia e, relativamente a todas as edições anteriores, notei quatro coisas: escasso eco da manifestação nos meios informativos nacionais (além de duas presenças na TV e em períodos de baixa audiência, encontrei apenas esta superficial referência na Imprensa); o significativo aumento da afluência pôs em evidência as más condições da Praia dos Moinhos para eventos de certa dimensão; necessidade de organizar o programa de modo a valorizar a importância de alguns prestigiados praticantes convidados; exibicionismo parolo de pessoas que deviam evitar expor-se a situações ridículas.
Quanto a soluções, para o primeiro caso só conheço uma: preparar e promover o evento, bem cedo e atempadamente, com muita cautela e imagens expressivas, junto dos meios informativos, concedendo imprescindíveis meios de trabalho e, se possível, algumas facilidades individuais aos repórteres.
Para o segundo caso a solução é estender o evento ao longo da praia, do estaleiro à antiga seca da SNAB, preparando acessos, estacionamentos e locais de concentração de público. Tantos papagaios voando numa área escassa gera (e gerou) situações críticas, prejudicando, nomeadamente, a exibição de participantes cuja qualidade artística não pôde ser devidamente apreciada.
Para resolver o terceiro caso é necessário organizar o programa indicando horas precisas para os diferentes tipos de exibição, de modo a que os espectadores saibam, antecipadamente, o que podem ver e onde às 10h, às 15h e às 18 horas, por exemplo. Importa ainda exercer alguma pedagogia, pois não basta dizer que há papagaios estáticos, acrobáticos, de voo sincronizado, etc. Se temos o privilégio de apreciar alguns dos melhores artistas internacionais da especialidade, é necessário valorizar esse aspecto e dar-lhes o merecido destaque.
Só não tenho solução para o quarto e derradeiro caso.

PS - A notícia referida no primeiro comentário a este texto não consta da versão electrónica do DN, a única a que tive acesso.

26 junho 2006

Até quando?

Acabo de tomar uma bica no café da esquina aqui nos Barris. Acendo uma cigarrilha, a primeira e penúltima do dia de hoje. Olho para o exterior através de uma grande vidraça. Do sítio onde estou sentado, conto seis apartamentos à venda. Pergunto-me: qual o significado disto? Será que as pessoas se sentem defraudadas? Se a minha pergunta tem alguma pertinência, resta-me reflectir sobre as causas. Quem constrói pensa menos nas pessoas e mais no lucro. Para que este não seja alcançado à custa do bem estar de cada um, existem regras para o sector cuja superintedência cabe à Câmara. Que papel desempenhou esta a favor dos futuros moradores, ao fim e ao cabo, a favor de Alcochete?
Os Barris é um bairro praticamente sem sossego desde que foi construído nomeadamente por força das obras da 2ª variante ao longo dos últimos quase três anos, não tem espaços verdes merecedores deste nome, as ruas estão apinhadas de automóveis, etc. Quem se safou com tudo isto? Quem sofre? Como são possíveis coisas assim no Portugal da União Europeia de 2006? Por que razão as populações não se viram contra os responsáveis por toda esta situação com a mesma força que apoiam a nossa Selecção de Futebol? Que vale ganharmos o Mundial se a maioria dos portugueses não têm condições de habitabilidade dignas de um ser humano? Até quando dois simples cidadãos sem apoio de ninguém poderão continuar com esta luta contra mastodontes perigosíssimos?

25 junho 2006

Pedido de leitura


Venho pedir aos nossos benévolos visitantes que leiam o texto "Cinismo pedagógico" do filósofo brasileiro Olavo de Carvalho em http://www.olavodecarvalho.org/semana/060622jb.html
Obrigado.

Recado

Em verdade vos digo esperar, novamente, a revelação de surpresas desagradáveis daqui a algum tempo, quando se souber mais das consequências da continuada opacidade da gestão local, que a maioria tolera e consente e com a qual não me conformo.
Vexas fingem ignorar mas vêem.
Vexas pressentem algo errado mas contemporizam.
Vexas pagam mas desconhecem porquê e para quê.
Vexas votam, são enganadas e nada dizem nem fazem.
Vexas ainda pertencem a este mundo ou já partiram para o outro?

23 junho 2006

Uma conversa em vossa companhia

Há uma força que me diz que devo largar tudo isto da mão e outra que me diz que fique.
Se largasse tudo isto da mão, virava-me para a continuação da minha obra literária, conselho que há vários anos me foi dado pelo sr. Miguel Boieiro. Se ficar, poderei dar mais algumas dorzitas de cabeça aos comunistas, mas corro o risco de nunca mais fazer um soneto. Conheço nomes de muitos homens que poderiam ter prestado um bom serviço à Literatura, mas desgastaram-se nas questiúnculas locais.
A minha revolta ordena-me que fique, embora cada vez sinta mais repugnância pelo charco que não me tragou só por um triz. Morreria sem nem sequer saber que tinha vivido! Eis o inferno!
Veja-se isto: como é possível que na União Europeia haja um país cuja classe média seja sustentada quase exclusivamente pelo dinheiro dos contribuintes?
Como se não bastasse a seita de tubarões que desde as Descobertas sempre se aproveitou do Estado para os próprios fins, vem a esquerda depois do 25 de Abril reforçar o jogo desses mesmos predadores. Ora como é que eles não se hão-de entender todos e como é que o País não há-de ficar para trás?
Mas a ilusão da maior parte das pessoas é tanta que consideram de direita o governo de Sócrates! Como é que isto poderá ser verdade, se o poder central não mexe na estrutura que mantém Portugal entre os países mais pobres de toda a Europa, só comparável a outros do Terceiro Mundo?
Se eu dissesse aos meus benévolos leitores que o exame nacional do 9º ano de escolaridade foi aproveitado pelo Ministério da Educação para fazer valer uma visão esquerdista do homem e do mundo, acreditariam em mim?
As coisas são feitas de modo tão subliminar que não são muitos os que as vêem. Essa subliminaridade já se tinha topado na propaganda do PS local nas últimas eleições autárquicas, mas esta estratégia repugnante nada aproveitou à referida estrutura partidária.
E os comunistas aproveitarão alguma coisa com os erros próprios e alheios cometidos no passado? Garanto-vos que não porque reconhecer o erro em mim ou no próximo e evitá-lo faz parte de uma estrutura mental cristã, não marxista.

Fechou mais uma loja?

Eis o que descobri agora mesmo, ao aceder ao sítio da CDU de Alcochete na Internet.
Reparem na nota exibida no canto superior direito da página.
Creio que nada de importante se perdeu porque, há duas semanas, continuava imutável como desde o dia 10 de Outubro de 2005.
Quanto às outras "lojas" ainda abertas, no estado actual a sua utilidade parece-me nula. Vejam aqui e aqui.
Na imagem inferior da loja socialista há até um pormenor curioso: gente sorridente entre a qual, poucos meses volvidos, há quem não se possa nem ver..

22 junho 2006

Explico-me

Sou político sem poder deixar de sê-lo porque sou cidadão, mas o meu discurso nada tem a ver com o dos políticos da nossa praça. Eis por que arrisco a verdade: desde o 25 de Abril que eu nunca vi com bons olhos as políticas de esquerda para a minha terra de Alcochete.
Até há pouco tempo julgava que o problema estava nos homens e não propriamente nos partidos comunista e socialista. Hoje penso exactamente o contrário: a causa das coisas está nas ideologias de esquerda e muito menos nos que as professam real ou aparentemente.
Explico então por que as pessoas sempre me viram a esgrimir contra quem está na Câmara: no passado, a refrega era travada contra homens ignaros cuja ignorância eu ainda distinguia dos partidos políticos que os acoitavam; no presente, esses partidos são, para mim, eles mesmos, a fonte de toda a treva que obscurece Portugal porque cada vez mais fazem depender a sociedade de decisões do Estado. Este, por exemplo, está muito mais na origem da nossa classe média do que a riqueza gerada por uma actividade produtiva. Dirão que me contradigo porque pertenço aos quadros do Estado. Eu responderia que me colocassem numa escola privada sem insinuar que quisesse o fim absoluto do ensino público.
Por tudo isto, aqui e agora, defendo para a minha terra uma coligação do PSD e CDS, isto é, defendo uma solução de direita para os destinos de Alcochete.
Bendito seja o meu estimável inimigo Miguel Boieiro que já nos anos 80 dizia para mim: «Você é de direita!». Nesse tempo eu ainda me alimentava de ilusões de esquerda e tomava as palavras deste ex-presidente da Câmara de Alcochete por insulto.

Insustentável

Os comunistas desta terra de Alcochete seguem a estratégia mais primária em gestão autárquica que consiste no controlo apertado de toda a informação substancial, embora o tempo vá decorrendo e eles não possam ocultar a obra feita ou por fazer aos olhos do munícipe a quem passam sistematicamente atestados de pura menoridade política.
O desmascaramento desta saloia libido dominandi tem sido feito pelo blog Praia dos Moinhos, sem qualquer palavra de apoio por parte da oposição local, situação que cada vez mais se vai tornando insustentável.
Como diz o grande poeta alcochetano Luís Cebola, D. Quixote «foi certamente irmão de todos nós», mas essa fraternidade com os ideais do herói manchego também tem limites.
Ou em Alcochete se forma um movimento alargado de opinião consistente que denuncie os comunistas ou este blog deixará de ser o que é.
Cada um sabe de si e Deus de todos.

Observações sobre urbanismo

Agora que é oficial a implantação de um loteamento no espaço onde funciona, há 52 anos (!), a fábrica de cortiça M. J. Orvalho – situada na confluência da Av.ª 5 de Outubro com o Largo da Feira, em Alcochete, pouco depois e no lado oposto à praça de touros – gostaria de chamar a atenção para algumas questões pertinentes:
1. A substituição de uma fábrica por prédios de apartamentos rende, em um ou dois anos, milhões de euros a um voraz município atolado em dívidas e mau investidor em elefantes multicoloridos, mas tem sérias implicações sociais e económicas, nunca desprezíveis, a curto, médio e longo prazos. Basta lembrar que o bem-estar das famílias tradicionais alcochetanas derivou da expansão industrial havida no concelho entre meados das décadas de 50 e 70 e que, ainda hoje, se centenas de aposentados locais têm pensões um pouco superiores ao mínimo de sobrevivência foi porque trabalharam nessas fábricas;
2. Gostaria que responsáveis autárquicos, antigos e actuais, tivessem a coragem de explicar, pública e claramente, as razões da ida dessa fábrica para outro concelho. O pouco que sei do assunto foi através de alguns e parece-me que os cidadãos deveriam unir-se e exigir explicações para conhecerem melhor quem os governou e governa;
3. Sendo o da fábrica Orvalho, ao que suponho, o primeiro loteamento a aprovar pelos autarcas empossados há sete meses, parece-me imprescindível exigir-lhes que os edifícios a construir doravante disponham de estacionamento (interior ou próprio, tanto faz, mas nunca em espaço de uso público) para um mínimo de dois veículos por fogo, sob pena de continuarmos a ter artérias e passeios pejados de automóveis. Observem atentamente as urbanizações do Flamingo e dos Barris, em Alcochete, e reparem nas consequências de blocos de apartamentos com seis, oito e mais condóminos mas garagens dimensionadas para metade deles, a maior parte das quais para um único veículo embora um significativo número de famílias tenha dois ou mais.
4. Leiam e reflictam ainda acerca do alcance de estudos como o constante desta notícia.

21 junho 2006

Municípios vivos, municípios mortos

Aqui está uma notícia interessante e curiosa, tanto mais que o município de Estremoz tem população equivalente ao de Alcochete.
Até há municípios vivos e atentos...

Computador não morde

Perante esta notícia, resta-me lembrar aos cidadãos receosos dos computadores que, via Centro de Emprego de Montijo, poderão frequentar cursos de formação que os habilitarão a trabalhar com eles. Aproveitem. Os computadores não mordem...

Avaliação? Qual avaliação?

Esta avaliação é somente para conhecimento interno da burocracia estatal, mas deveria ser pública, notória e de publicação obrigatória. Se não se vislumbra, em parte alguma, o que fizeram os nossos serviços municipais no primeiro semestre de 2006, quem conseguirá definir e fazer cumprir objectivos para o segundo semestre?
E os cidadãos pagantes virão algum dia a conhecer esses objectivos e os desvios verificados? Poderão avaliar e ajuizar?
Presumo que a tesouraria é o único serviço municipal a funcionar bem, pelo menos quanto ao pagamento de ordenados, pois se assim não fosse haveria mosquitos por cordas. Diz-se que a máquina está menos bem oleada quanto ao pagamento a fornecedores, mas cá para mim são "manobras da reacção".
A culpa não é dos funcionários municipais, seguramente, mas de quem está no topo da pirâmide hierárquica e se mostra incapaz de valorizar as respectivas aptidões e capacidades a bem da comunidade.
Se houvesse a preocupação elementar de dignificar os funcionários perante os munícipes, publicar-se-iam regularmente listas dos trabalhos efectuados num determinado período.

20 junho 2006

Que andam a fazer os comunistas?

Que andam a fazer os comunistas que nada se sabe do que a fazer andam?
Andam a ajeitar as gamelas para o grande festim antropofágico?
Isso não me surpreenderia nada porque a corrupção vem directamente da estratégia comunista voltada para a demolição das instituições a passo de lesma, mas firme e sem desvios.
Eu denuncio a desinformação comunista; denuncio a omissão intencional de notícias que interessem verdadeiramente aos munícipes; denuncio a propaganda camuflada em miseráveis boletins municipais.
Mas também pergunto: que anda a fazer toda a oposição política nesta terra de Alcochete? Fica à espera de tirar dividendos do trabalho levado a cabo neste blog? Se assim é, isso em português tem um nome que todos sabem que eu sei.
Bom, por agora não vou mais longe.

Faz que anda, mas não anda


Propositadamente, deixei passar duas semanas antes de abordar o tema da manchete da última edição do jornal da terra (7/6/2006): "Rua do Norte vai ter um passeio".
Presumo que a maioria terá lido o texto e, se entretanto não o esqueceu, recordar-se-á que o executivo municipal de Alcochete determinou e mandou publicar duas coisas:
a) Construa-se um passeio na Rua do Norte e mude-se o piso;
b) Quem estaciona na dita artéria passará a fazê-lo no Largo da Feira e daqui a um ou dois anos haverá lá um parque para tal.
É muito fácil o executivo municipal, que dispõe de garagem, telheiro e de uma artéria inteira (Rua do Mercado) para estacionar os seus popós, decidir que os munícipes deixam os respectivos veículos a 400 metros de casa.
Mais difícil – e até ver impossível, como ficou demonstrado nos primeiros meses de mandato – é o executivo esclarecer directamente os munícipes acerca dos seus projectos e respectiva fundamentação técnica, usando meios práticos e cómodos de informação, nomeadamente os que todos pagamos. Era seu dever fazê-lo, ainda, porque a coligação de que emana o inscreveu no programa eleitoral.
Se o objectivo deste executivo é apenas devolver à população zonas pedonais no núcleo histórico da vila de Alcochete, evidencia o populismo bacoco do costume e demonstra incompreensão pelos cinco principais problemas aí existentes: fuga de residentes, deserção de visitantes, falência do comércio não alimentar, edifícios degradados e inexistência de áreas de estacionamento permanente.
Daí que, ao invés de concorrer ao PRAUD (Programa de Recuperação de Áreas Urbanas Deagradadas) para construir um passeio – através do qual obterá o financiamento ridículo de 25% para essa acção – deveria aproveitar a vertente do mesmo programa que financia em 75% a criação de gabinetes técnicos de reabilitação ou renovação e começar a estudar o problema em profundidade, com a colaboração de técnicos qualificados.
Se bem me recordo, o anterior executivo municipal chegou a pedir a um ministro (ou anunciou que iria fazê-lo?) o financiamento de tal gabinete, que formalmente mandou instalar no rés-do-chão do edifício da biblioteca municipal.
Depois de estudados os problemas e analisadas as propostas técnicas partir-se-ia então para acções concretas no terreno, porque as decisões urgentes e imprescindíveis ultrapassam em muito a simples construção de um passeio.
Aliás, se alguém do executivo municipal gastar cinco minutos a consultar num motor de busca da Internet a informação devolvida pela palavra-chave PRAUD, descobrirá que vários municípios nacionais pegaram no programa da forma mais conveniente e correcta e alguns até já têm planos de recuperação delineados.

19 junho 2006

O seu a seu dono


Não sendo adepto do programa nem do seu animador, ontem à noite, casualmente, passei pelo canal SIC e deparei com um vereador da Câmara Municipal de Alcochete no programa de Herman José.
A razão dessa presença era o VI Festival Internacional de Papagaios de Alcochete, que decorrerá na Praia dos Moinhos, entre 21 e 25 deste mês (principais eventos decorrerão sexta, sábado e domingo).
Sempre achei que uma manifestação com tamanha beleza e ineditismo merecia ampla divulgação nacional, tanto mais que depressa se tornou numa referência internacional para os entusiastas dos papagaios. Basta procurar o tema na Internet para perceber que este festival é a única manifestação regular que, até ao momento, projectou o concelho muito além dos seus limites geográficos.
Por isso nunca compreendi as razões que levavam a autarquia de Alcochete a alhear-se da adequada promoção e divulgação do festival, bem como de outras relevantes manifestações locais, nos meios de informação de expressão nacional.
Oxalá ao sexto ano, finalmente, o festival de papagaios saia da acanhada afluência observada no primeiro lustro e Alcochete consiga ser notícia nos meios de informação nacionais sem ser, como quase sempre sucede, pelos piores motivos.
Bem sei que toda gente tem direito a 15 minutos de fama, mas não compreendo a que título ela foi concedida ontem a um vereador municipal que como cidadão julgo ter andado ausente do evento nos cinco anos anteriores.
A organização do festival é do Gilpapagaios e resulta, principalmente, do entusiasmo e da dedicação de Carlos Soares, limitando-se a câmara a patrocinar.
Era ao discreto Carlos Soares – por sinal presente na plateia – que deveria ter sido dado plano de destaque, porque sabe do assunto e bem o merecia por muitas e variadas razões nunca publicamente reconhecidas.

Outro dia, noutro programa da RTP, o presidente da câmara fez algo semelhante e ainda mais despropositado. Então achei preferível ignorar o assunto, mas desta vez tomo posição na expectativa de que isto não se torne num hábito.
Pessoalmente nada tenho contra os dois autarcas, mas parece-me mais correcto que quem pontifica no município se destaque por obra feita e não se sirva do cargo para fins de promoção pessoal e política.
Promovam bem o festival de papagaios e manifestações de índole local em que a maioria se revê, contribuam para o sucesso dessas iniciativas e elevem o nome do concelho a patamares de divulgação nunca antes alcançados. Depois, sim, colham os frutos desse trabalho.

17 junho 2006

Barris: garagens alagadas por culpa da câmara


A esta hora haverá proprietários de garagens na urbanização dos Barris, em Alcochete, que ainda ignoram uma surpresa desagradável: a sua pode ser uma das inúmeras alagadas ao princípio da tarde desta sexta-feira, após pouco mais de meia hora de chuva intensa.
Algumas chegaram a ter água a 30 ou 40cms de altura, o que me leva a supor haver prejuízos assinaláveis em casos pontuais.
Ninguém me contou. Eu estava na zona, observei tudo e ajudei a evitar males maiores numa das artérias. Pelo menos, a maior parte das garagens situadas nas ruas Manuel Gomes da Mestra e Artur Garrett meteu água.
Culpa de quem? Da Câmara Municipal de Alcochete, obviamente, por dois motivos:
1. Além de aplicar o máximo em imposto sobre imóveis, é pontual e inflexível a cobrar taxa de saneamento (25% do valor do consumo de água) mas não cuida da limpeza regular nem da conservação periódica de caleiras e caixas de águas pluviais. Quem tiver dúvidas vá observá-las de perto;
2. Emite licenças de utilização sem fiscalização adequada das diferentes fases de construção e das ligações às redes públicas, tendo aprovado e aceite tacitamente uma urbanização nova – iniciada há sete anos e há ano e meio apenas sob a alçada definitiva do município – onde se acumulam problemas que a autarquia deveria ter evitado em tempo oportuno, cujos órgãos deliberativo e executivo ainda podem ajudar a minorar e resolver a posteriori, sem necessidade dos proprietários recorrerem ao penoso e dispendioso calvário dos tribunais, pois conhecem urbanizadores e construtores e sabem como lidar com eles em casos extremos.
Após um aguaceiro breve mas muito intenso, nesta sexta-feira foram postas a descoberto novas anomalias inconcebíveis: em espaços acentuadamente desnivelados, como os situados junto às garagens, há algerozes que despejam directamente na via pública, caixas de escoamento de águas pluviais com tubagens de diâmetro ridículo e calhas de drenagem com quase 100 metros de comprimento mas uma única saída (estreita) para a rede pública num dos extremos.
Em momentos críticos como o deste dia, o laxismo e a incúria têm consequências funestas: refluxo de águas pluviais (a água não se escoa pelas saídas mas brota delas), impossibilidade de evitar a subida do nível da água enquanto a chuva persistir e prejuízos para alguns desprevenidos proprietários (a maior parte dos quais estava a trabalhar).
Gostaria ainda de referir mais três detalhes importantes:
a) Numa situação de maré vazia, como a que se verificava no período em que a chuva caiu intensamento, creio que o fenómeno de refluxo das águas pluviais prenuncia anomalias graves na rede geral;
b) Duas horas após cessar a chuva foi visto na urbanização dos Barris um veículo municipal com dois ocupantes. Nas artérias indicadas no início deste texto limitaram-se a observar o estado das áreas desniveladas adjacentes às garagens e foram-se embora. Não limparam caleiras pejadas de terra e detritos e não verificaram o estado das caixas de escoamento. Provavelmente a sua missão era outra. Mas como o tempo continuará instável até segunda-feira, pelo menos, espero não ter de voltar ao assunto dentro de algumas horas;
c) Sendo uma das maiores e mais recentes, a urbanização dos Barris espelha, novamente, a incapacidade do poder local em mandar fiscalizar convenientemente as obras particulares, apesar de serem os municípios as únicas entidades com poderes legais para tal.
Há edifícios com paredes, azulejos e cantarias pejados de fissuras; infiltrações de água através de portas e janelas e deficiente impermeabilização de empenas, varandas e terraços; chaminés de lareiras mal construídas; algerozes que desaguam em varandas e terraços; tubos de ventilação forçada que espalham odores pela habitação e são caixas de ressonância de disputas domésticas; torneiras de admissão de água inacessíveis porque localizadas atrás de máquinas de lavar; e nos dias quentes sente-se odor intenso a gás metano (oriundo das sarjetas porque há prédios com esgotos domésticos mal ligados à rede pública).
A propósito ainda da não fiscalização de obras particulares, jamais me esquecerei que o anterior presidente da câmara disse em tempos que, se algum dia acontecer uma fatalidade, pouco mais há a fazer que enterrar os mortos e prender os responsáveis.
Quem vos avisa...

16 junho 2006

Isto não se faz, sr. presidente


A imagem ao lado reproduz anúncio inserido na pág. 7 da edição de hoje do «Jornal do Montijo».
Então isto faz-se aos velhotes?
Se a moda pega...

15 junho 2006

Liberdade de consciência

Matei. A pergunta que logo me faço é a seguinte: eu permaneço livre ou mais morto que o morto a meus pés? A minha consciência diz-me que permaneço mais morto que o morto a meus pés. Torno a perguntar-me: eu sou livre para não ser livre? Nada disto faz sentido.
Eu preciso do sentido. Que me diz este? Que eu sou livre para me ordenar ao Bem. Aqui está o caminho que é o júbilo da minha própria consciência.

14 junho 2006

Livre Arbítrio (2)

No meu primeiro textinho sobre o tema livre arbítrio, perguntava o seguinte: na verdade, se não sou livre para escolher, como vou depois aceitar a culpa de uma escolha minha que prejudique o outro? Daqui concluo que a liberdade de escolha não é um fim porque das duas, uma: ou julgo que vivo no mundo sozinho ou estou certo de que vivo em relação com o outro.
Se julgo que vivo no mundo sozinho, cultivo um egoísmo suicida; se estou certo de que vivo em relação com o outro, então imponho-me regras. Ora estas não se conciliam com aquelas minhas escolhas que prejudiquem a liberdade do outro.
Todas as regras que salvaguardem as relações de liberdade entre os homens nunca se poderão opor à minha liberdade de escolha, uma vez que a liberdade do outro é a minha liberdade.
Portanto, a ideia de que sou livre para matar nada tem a ver com o livre arbítrio, mas com o manifesto abuso deste porque eu não posso encarar o mal como escolha alternativa.
Por cima da minha liberdade de escolha está a multiplicidade dos rostos emanados do Rosto supremo que Deus é.

Ota vs. Rio Frio (2)


Achei curiosa esta notícia e chamo a atenção para ela, pois parece haver a vaga probabilidade de o novo aeroporto acabar por "aterrar" no nosso prato da sopa.
Ler ainda esta e esta notícias complementares, relacionadas com o mesmo tema.
Há sete meses, no dia em que iniciei este blogue, o primeiro texto então escrito referia-se ao assunto aeroporto. Esse texto está aqui. Estava (e estou ainda) convicto de que a maioria dos pareceres técnicos se inclina para Rio Frio e só inextricáveis interesses político-económicos justificariam a Ota.
Mas eis que, entretanto, alguém chega à conclusão de que até o Campo de Tiro de Alcochete é muito melhor que Ota. Lá isso é, o pior é que será necessário criar uma carreira de tiro alternativa para os militares, algures no país e longe da fronteira Leste, porque os pilotos dos F-16 e dos Alpha-Jet, por exemplo, não treinam à pedrada nem com fisgas.
É bom lembrar que o Campo de Tiro se situa a 10kms da vila de Alcochete e as pistas poderiam localizar-se a uns 15kms, no máximo, embora as orientações recomendadas para as mesmas (Norte/Sul) afastem os corredores aéreos de zonas residenciais densas.

13 junho 2006

Livre Arbítrio

Falar do livre arbítrio será difícil para qualquer pessoa, o que não deve justificar a fuga a este problema que o cristianismo coloca desde os primórdios.
Livre arbítrio quer dizer que eu sou inteiramente livre quando faço escolhas. Ora o que eu para já entendo é que as coisas têm que ser assim porque se assim não fossem jamais eu poderia ser responsabilizado pelos meus actos. Na verdade, se não sou livre para escolher, como vou depois aceitar a culpa de uma escolha minha que prejudique o outro?
Não deixa de ser curioso que o materialismo do séc. XVIII exclua o livre arbítrio e Lenine o considere uma fábula estúpida (cf. Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Editorial Verbo, Lisboa, vol. 12, 1971). E porquê? Porque os marxistas defendem a relação entre determinismo e liberdade. Esta é posta em causa pelo efeito de tão desastrosa perspectiva filosófica. Por exemplo, não conta a vontade do indivíduo que queira recusar o Partido único; conta a vontade geral que é determinada e imposta a todos por aquela estrutura política.

11 junho 2006

Primeiro cristão, depois político

Eu já disse aos meus benévolos leitores que não estou aqui numa missão envangelizadora. Sinceramente, nunca foi essa a minha ideia de base nem sê-lo-á.
Eu disse que a minha função neste blog é eminentemente política, mas devo acrescentar mais qualquer coisa porque primeiro sou cristão e só depois político.
Quero então dizer que, para mim, a salvação não está na política. Se eu pensasse que a salvação está na política, ao fim e ao cabo seria marxista porque da salvação pela política à salvação pela matéria venha o Diabo e escolha.
Todos temos que nos preocupar pela política, isto é, pela cidade dos homens, mas esta perde sentido se não a unirmos à cidade de Deus, pão da vida.
Em conclusão, a política não é um fim, mas sim um meio para um bem superior que é o respeito por cada pessoa, única e irrepetível.

Curioso discurso

Não se resignem, tento eu alertar aqui quase todos os dias.
Não se resignem, disse ontem o Presidente da República.
Ainda há alguém por aí?

10 junho 2006

Muitos querem ignorar...


Muitos querem ignorar que «[...] as desigualdades não são geradas na peculiaridade das economias capitalistas, que as desigualdades não foram abolidas - e sim acentuadas - nas experiências socialistas e que as economias de mercado são o único locus onde, não obstante as desigualdades, verifica-se a redução da pobreza, a igualdade objectiva de oportunidades e o enriquecimento relativo geral em comparação com qualquer outra experiência histórica» (Nivaldo Cordeiro: 2001).

A ilusão do bom comunismo

A triste ilusão de que é possível salvar o comunismo significa que não se admite o falhanço de uma vida inteira.
Tenho 56 anos. Ora eu vivi a maior parte destes anos acalentando ilusões de esquerda. Estas começaram a ser postas em causa quando percebi intelectualmente que a Idade Média não era tão má como no-la pintam nem a Era Moderna tão boa como nos ensinaram na juventude.
Perceber a fundo o Teocentrismo e o Antropocentrismo e ser consequente obriga a ter de optar, respectivamente, pela direita ou pela esquerda.
No Teocentrismo, o homem assume-se criatura à imagem e semelhança de Deus; no Antropocentrismo há a forte tendência para o endeusamento do homem.
Sem agora recuar às raízes mais profundas do Antropocentrismo, afirmo que este só poderia ter desembocado no iluminismo, endeusamento da razão humana; no positivismo, endeusamento da ciência; no marxismo, endeusamento da matéria porque esta, o ser na filosofia do comunismo, recebe o primado.
Assim sendo, como é possível pensar no resgate de um bom comunismo? Há algum ponto de partida bom e universal no comunismo que o salve?
O comunismo deixá-lo-ia de ser se admitisse que o homem é criado à essência de Deus. Só a admissibilidade deste princípio pode travar os efeitos nefandos do materialismo que precipitariam a humanidade na escravidão mais hedionda.

09 junho 2006

O céptico


O céptico pergunta-me: por que é que o respeito pelo outro é uma certeza absoluta? Eu respondo-lhe que o respeito pelo outro é uma certeza absoluta porque condição sine qua non para os homens viverem em paz. O céptico olha para mim com o olhar da mal disfarçada superioridade e volta à carga: por que é que os homens precisam de viver em paz? Eu topo o primarismo da pergunta de alguém desinteressado de qualquer ponto de encontro, mas aguento para que o céptico não volte contra mim o meu legítimo direito de lhe voltar as costas. Já não sei o que lhe responder com um mínimo de exigência intelectual, mas para ver até onde ele seria capaz de chegar, adianto: sem paz, o homem cairia na antropofagia final. Atalha o céptico: o que entendes por antropofagia final? Fatigado, ainda respondo: o desprezo total pelo outro.
O céptico lançou sobre mim um sorriso luciferino e muito correctamente voltou-se para o colega sentado à esquerda.

Alcochetense: diz-se, diz-se

Disseram-me haver já solução directiva para o Desportivo. A assembleia eleitoral realizar-se-á, terça-feira à noite, na sua sede social.
Ainda bem.

Não tenho vontade de rir

Penso que esta notícia não tem piada alguma, porque o Dia das Mentiras é a 1 de Abril.
Chamo a atenção para ela por várias razões, espelhadas da primeira à última linha.
Uma séria: o poder local que nos coube em sorte, há oito meses, não só é o mais opaco de sempre como entrou já na fase delirante.
A mais divertida razão: a artéria descrita na notícia existirá, possivelmente, apenas em Marte.
Somadas todas as razões, estamos tramados.

08 junho 2006

A Encarnação

Digam-me uma coisa: eu tenho que demonstrar que o Sol ilumina a Terra ou que este planeta recebe a luz daquela estrela? Desta pergunta passo para outra: eu tenho que demonstrar que a razão (logos) me habita?
Se a razão me habita, poderei resistir à ideia de que o logos permeia todo o Universo?
Esta é uma forma de chegar à Encarnação, quero dizer, a Cristo, Acto de Deus: partir de baixo para cima como fazemos quando subimos uma escada.
Sem excluir todos os paradigmas racionais que se alicerçam na realidade, que me deverá demover de uma racionalidade pouco acolhida entre os bem-pensantes? Dever-me-á demover o facto de eu não ser cientificamente correcto? Mas eu vivo para a correcção dos responsáveis por este mundo que me cerca?

Há soluções


Alcochete integra a terceira mais importante zona húmida europeia, maioritariamente abandonada e com as consequentes erosão e degradação, fuga de aves limícolas, exploração dispersa, especulativa e desregrada de recursos, riscos para a saúde pública e nulo benefício de condições naturais que noutras latitudes são úteis e geralmente rentáveis.
Resolvi investigar o tema na Internet e concluí haver generosos apoios de fundos europeus e internacionais para a conservação da natureza, que várias regiões mediterrânicas enfrentaram problemas semelhantes e que é possível dar passos seguros na preservação, recuperação e rentabilidade das nossas pouco úteis zonas húmidas.
Despertou a minha atenção o facto de haver duas fundações locais a explorar salinas (com resultados financeiros desastrosos) e da Misericórdia de Alcochete, que vive com dificuldades, ter boa parte do seu património improdutivo porque constituído por salinas abandonadas em zona de paisagem protegida.
As pistas mais óbvias surgiram na consulta ao site da MedWet, Iniciativa Mediterrânica das Zonas Húmidas.
Quem tiver curiosidade e paciência consulte esta útil fonte de orientação e informação, com pistas de sobra para delinear um projecto de recuperação das nossas tristes e abandonadas zonas húmidas, de que ninguém beneficia e que no estado actual representam um risco para a saúde pública.
Aparentemente nem é necessário muito dinheiro próprio. Alguns projectos postos em prática no âmbito da MedWet são quase autofinanciados.
Quem se der ao trabalho de ler e pensar um pouco nas pistas da iniciativa MedWet, que apresente sugestões.
Outra pista importante está no site da convenção Ramsar.
Por agora sugiro que o ponto de partida seja a oferta de disponibilidade de pessoas que se incumbam de contactar e sensibilizar as entidades certas para desencadear as acções.
Espero que neste debate, além das ideias e sugestões de leigos, apareçam também contributos de técnicos e estudiosos do tema.
Sem a pressão dos cidadãos não iremos a parte alguma...

Ideologias

Sempre que falo em ideologias, falo nas ideologias de esquerda.
De facto, para me ficar pelo caso português, o PSD-PPD e o CDS-PP não defendem nenhuma ideologia que seja uma representação total do homem e do mundo.
Representação total do homem e do mundo pretende ser, por exemplo, o marxismo porque para esta ideologia a questão fundamental da filosofia é a relação entre o pensamento e o ser. Aqui por ser entende-se a matéria cujo primado é defendido pelo marxismo. Para esta dita filosofia do comunismo, os que defendem o primado do pensamento são idealistas.
Caio em mim e penso: defender o primado da matéria ou do pensamento é o mesmo porque tanto aquela como este me aprisionam numa abjecta imanência. Na verdade, a diferença entre matéria e pensamento é a mesma que há entre pedra e picareta. Eis por que, para mim, o cogito cartesiano é a negação de Deus.
Concluindo, o marxismo é uma ideologia, ou seja, o discurso do interesse. Por esta senda, pouco se desviará da opinião.

07 junho 2006

Não esqueça

Se não leu nem reflectiu sobre o conteúdo deste texto, faça-o quanto antes e exprima os seus pontos de vista na respectiva caixa de comentários.
No futuro, as suas opiniões poderão ser úteis.
Prometo que, oportunamente, abordarei a circulação e o estacionamento de veículos no centro histórico de Alcochete.

Estejam alerta

No passado, sempre que as coisas foram feitas pela calada tempos depois viria a descobrir-se haver algumas impensáveis.
Como as decisões e os compromissos tinham ocorrido há muito, depois pouco ou nada se podia fazer.
É sabido que, por causa disso, ainda hoje há vários imbróglios não resolvidos nem esclarecidos nesta nossa terra. A lista é razoável e não vale a pena entrar agora em pormenores. Será suficiente recordar que com essas trapalhadas poucos ganharam alguma coisa, mas colectivamente perdemos muito.
Para evitar a repetição de tais casos, quem tiver conhecimento de compromissos, contratos, protocolos, autorizações e outras decisões críticas de interesse público deve denunciá-los o mais depressa possível.
Usem os meios que entenderem, mas denunciem-nos antes que seja tarde demais.

06 junho 2006

O comunismo é uma utopia

O comunismo é uma utopia cujas raízes recebem muito húmus na Utopia de Thomas Morus (1477-1535). Mas na obra deste autor renascentista não se conta com o pecado original, categoria teológica que todos aceitarão se eu a traduzir por criminalidade hereditária.
Nesta conformidade, cai por terra aquele optimismo antropológico com origem em Rousseau (1712-1778) que defende a bondade natural do homem corrompida pela história.
Mas todo o pensamento anti-histórico é gnóstico como gnóstica é a esquerda para a qual a tradição institucional no campo civil, político e religioso deve ser banida a favor de uma nova racionalidade que ninguém sabe dizer qual seja.

Não se passa nada

Tudo calmo e pacífico em Alcochete. Não se passa nada.
Mas não se fala de outra coisa: da coceira causada por nuvens de moscas minúsculas.
São marroquinas, dizem por aí. Se mouras ou enviadas por D. Sebastião, foi coisa que não consegui esclarecer.
Observei-as à lupa e não são moscas comuns.
Nada de grave. Hoje é o dia 06.06.06, o dia da Besta do Apocalipse.

05 junho 2006

Tenho muitas dúvidas mas algumas certezas

Há pessoas que vivem sem nenhuma certeza. Então, à força, tudo tem que ser relativo para todos.
Eu tenho muitas dúvidas mas algumas certezas. Sem estar a insinuar que não falho perante o outro, eu sei que o respeito pelo rosto do outro é absoluto. A partir desta certeza que nunca poria sobre uma mesa de negociações, começo paulatinamente a estruturar o mundo à minha volta.
Então penso: sem liberdade, eu não posso reconhecer o rosto do outro. Se o respeito pelo rosto do outro é um bem absoluto, a liberdade também o é, uma vez que a ausência de liberdade é véu opaco que se interpõe entre os rostos.
Sem liberdade todo o homem se transforma num gestor do medo; sem liberdade, no rosto do outro não vejo o meu próprio rosto, senão o objecto da minha desconfiança; sem liberdade, desvivo a vida.
Mas logo a seguir, penso: é o homem que é o dispensador da liberdade? Se afirmo que sou livre, não dou fé de um absoluto transcendente, imagem e semelhança de Alguém a um tempo absolutamente transcendente e imanente ao próprio dinamismo do meu agir? Eis-me chegado a Deus, o Rosto dos rostos.
Portanto, da certeza de que o respeito pelo rosto do outro é absoluto, eu transito para a certeza de que a liberdade é um bem absoluto e ascendo ao Dispensador absoluto de todos os bens que é Deus.

Pensar e imaginar

Alguns nem sempre coerentes especialistas dizem que a melhoria da situação económica do país depende de consumirmos menos, importarmos menos e exportarmos mais.
Não sou versado na matéria mas parece-me que consumindo preferencialmente produtos nacionais dar-se-ia mais emprego à nossa gente e lucros a um maior número de empresários, diminuindo as importações de bens facilmente substituíveis e criando condições para a futura exportação.
Vem isto a propósito do que observo, frequentemente, em estabelecimentos comerciais e estradas do concelho: flores, batata, cenoura e cebola que vejo à venda em supermercados são quase sempre de proveniência estrangeira, embora depare amiúde com camiões franceses e holandeses que carregam flores, batata, cenoura e cebola em Alcochete.
Diria o capitão Haddock das histórias do Tintim: com cinquenta milhões de macacos! Não há forma de consumirmos cá o que se produz cá, a um preço inferior porque o transporte seria desnecessário?
Penso eu "de que" podem fazer-se várias coisas. Por exemplo: criar uma feira ou mercado regular exclusivamente para bens de consumo localmente produzidos e uma etiqueta «Produzido em Alcochete».
Suponho ainda que alguma criatividade daria também resultados positivos. Temos em Alcochete uma das maiores catedrais de consumo da Europa, pelo menos no seu género, mas não enxergo nada localmente produzido.

03 junho 2006

O Deus Pessoal


A afirmação de que sou pessoa, preservada de qualquer representação, é um absoluto que mora no mais profundo da minha existência pessoal. Por trás desse absoluto está Alguém a um tempo absolutamente transcendente e imanente ao agir da criatura que sou. Esta poderá ser uma janela para que a razão se una à no Deus Pessoal da confissão cristã.
A luta pela dignidade da pessoa humana é a luta pela liberdade que lhe é intrínseca contra todas as escravidões.

02 junho 2006

Mudar «Salineiro», sim ou não?


Como muitos sabem – se nunca reparou nisso, vá observá-la de perto – a escultura dedicada ao salineiro, da autoria de Francisco Simões, situa-se no Largo da República, em Alcochete, e tem dimensões manifestamente inadequadas para o local.
Parece-me também estar um pouco "escondida" e, porque se pretendeu, com indiscutível justiça, homenagear uma actividade outrora tradicional no concelho e a determinação dos que lutaram contra duras condições de trabalho, creio merecer maior visibilidade.
Os mais antigos residentes recordar-se-ão, certamente, que a obra, inaugurada a 1 de Dezembro de 1985, suscitou na época acaloradas discussões na vila, precisamente porque a escultura era desproporcionada em relação ao espaço e ao casario envolvente. Além disso, a sua implantação fez desaparecer um terreiro que, durante décadas, fora privilegiado local de convívio e de cavaqueira.
Na mente de algumas pessoas paira – há muito, disseram-me há meia dúzia de anos – a ideia de transferir a obra escultórica para uma das zonas de antigas salinas.
Em duas décadas Alcochete cresceu muito, tanto em dimensão como em rotundas, parecendo-me que, actualmente, o mais difícil será escolher o local ideal para a recolocar.
Porque também escasseiam acolhedores espaços de convívio, nomeadamente no centro histórico, faria todo o sentido remodelar e humanizar o pequeno Largo da República – incompreensivelmente pejado de automóveis – criando um pequeno e acolhedor jardim público.
Se alguém estiver com disposição de pensar no assunto, apresento seguidamente algumas alternativas. Usando a caixa de comentários, convido outras pessoas a pronunciarem-se sobre isto, justificando os seus pontos de vista.
Hipóteses que deixo à consideração geral:
– Recolocar a estátua junto ao fórum cultural, se e quando for possível acabar o espaço envolvente, porque algumas das mais importantes salinas principiavam perto;
– Mudá-la para a rotunda da Avenida da Revolução, junto à Rua D. Maria Teresa de Noronha, substituindo o dispensável OMNI (objecto metálico não identificado) hoje aí existente. A volumetria das actuais edificações e das previstas parece-me corresponder, adequadamente, à dimensão da obra escultórica;
– Transferi-la para a rotunda do Entroncamento, a principal e mais movimentada entrada no concelho. Confesso ser esta a sugestão que menos me agrada. Defendi, há muito, que essa rotunda fosse repensada e arranjada com urgência. Creio hoje que uma boa solução para o espaço central seria a colocação de um grande mastro com uma bandeira do município de dimensões apreciáveis.
Aproveito para sugerir gosto artístico e algum investimento no arranjo das inúmeras rotundas criadas no concelho. São já mais de uma dezena e nenhuma faz sentido no estado actual.

01 junho 2006

A contradição

Por todo o lado oiço dizer que o Partido Socialista executa uma política de direita.
Será mesmo assim?
Peguemos no vexame que está a ser feito a todos os professores deste País.
Como é que o ataque aos professores se coaduna com a defesa da liberdade? E sem liberdade como é possível a cidadania? Ou o exercício desta será favorecido pela ignorância? Sim, porque será à mais rasteira ignorância de todo um povo que levará o pacote legislativo agora congeminado contra os professores. Ora como é que isto tudo se articula com os direitos individuais, condição sine qua non para uma verdadeira sociedade liberal?
Em conclusão, ou a política de direita já não defende os direitos individuais ou este PS da Inernacional Socialista é da mais refinada esquerda.

Obrigado

Estou grato ao editor de «Escândalos no Montijo», que decidiu republicar a minha carta aberta aos sócios do Alcochetense.
Agradeço também às pessoas que, via e-mail, se solidarizaram com o escrito.